"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 26, 2011

NA GOVERNANÇA DO ( P) ARTIDO (T) ORPE : O PAÍS DE TODOS OS SALAFRÁRIOS E AMIGOS DO CANALHA.

Uma das entidades que mais firmou convênios com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Oxigênio Desenvolvimento de Políticas Públicas e Sociais, deixou de capacitar milhares de alunos, mesmo tendo recebido integralmente os repasses de dinheiro do MTE.

Desde 2004, a Oxigênio assinou convênios que somam R$ 23,3 milhões, o último deles em janeiro deste ano.
Um dos dirigentes da organização sediada em São Paulo é o petista Francisco Dias Barbosa, o Chicão, amigo e ex-companheiro do ex-presidente Lula no sindicato dos metalúrgicos.

Auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) em três convênios da Oxigênio com o MTE — todos eles já pagos — identificaram que a entidade deixou de capacitar uma grande quantidade de alunos.

No primeiro convênio, de R$ 5,92 milhões, a Oxigênio se absteve da qualificação de 1.120 trabalhadores.
A CGU constatou “multiplicidade de registros de alunos em dois ou mais cursos”.
O curso, na área de construção civil, era voltado a famílias beneficiadas pelo Bolsa Família.

O mesmo problema foi identificado no outro convênio, de R$ 1,62 milhão, com a mesma finalidade do anterior.

“Há uma baixa taxa de execução do convênio e uma alta taxa de evasão. Apenas 29 alunos foram qualificados”, cita a auditoria da CGU.
Num terceiro convênio, de R$ 4 milhões, os auditores constataram multiplicidade de registros de 807 capacitados.

O curso deveria qualificar 5,4 mil trabalhadores em São Paulo (SP), Porto Alegre (SP) e Brasília. Problemas como os detectados na execução dos convênios da Oxigênio são constantes no programa de qualificação do MTE, como o Correio já revelou numa série de reportagens, publicadas em fevereiro e março deste ano.

Direcionamento na seleção de entidades, favorecimento político-partidário, baixa execução dos convênios e diversos tipos de fraudes colocam em xeque o Plano Setorial de Qualificação (Planseq).

Correio/Web

O DRAGÃO DA INFLAÇÃO CONTRA A EX-GUERRILHEIRA.


Dilma diz que todas as atenções do governo estão voltadas ao combate à inflação. Mas até agora nenhuma medida se mostrou eficaz para segurar os preços


No Distrito Federal, o preço da gasolina pega fogo.
Depois de seguidas altas, já passou dos R$ 3.
Ovo,
tomate,
cebola,
pimentão,
carne…
Tudo está mais caro.
E, pouco a pouco, um monstro que parecia banido do país voltou a por as garras de fora e desafia o governo.


Em guarda, a presidente Dilma expressou preocupação com a fera.
“Todas as nossas atenções estão voltadas para o combate acirrado à inflação”, disse, ontem, após tomar vacina contra a gripe.

Para 2011, o governo estabeleceu como teto da inflação um IPCA — índice oficial que mede o custo de vida — de 6,5%.
Pelas projeções do mercado, a mais de oito meses do fim do ano, o indicador já bate nos 6,34%.
E caminha célere para superar a meta.


Preocupada, a presidente diz que o governo não se curvará à escalada dos preços. Mercado já vê alta de 6,34%

Nada do que o governo fez até o momento foi suficiente para salvar as expectativas de inflação do pessimismo de especialistas e consumidores.

Até mesmo as projeções para 2012 foram contaminadas e já superam o centro da meta (4,5%) — por enquanto, estão em torno de 5%.
A situação se agravou a tal ponto que a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a se manifestar.

Em uma tentativa de afugentar a descrença que se abateu sobre o combate à carestia, ontem ela admitiu que a escalada de preços não é mais tolerável e ainda classificou o fenômeno como algo impossível de ser ignorado.


“Nós (o governo) temos imensa preocupação com a inflação.
Não haverá hipótese alguma que o governo se desmobilize diante dela.
Todas as nossas atenções estão voltadas para seu combate acirrado”, disse Dilma, antes de se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Mas, questionada se haveria o anúncio de novas medidas com o intuito de conter a alta de preços, ela preferiu não se pronunciar.

O tema dominou a agenda com o auxiliar. Na pauta, discutiu-se a continuidade da estratégia das ações alternativas aos juros — o que já vem ocorrendo — para conter o encarecimento do custo de vida.


A moderação do Banco Central, depois de ter reduzido a alta dos juros durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, foi o que colocou lenha na fogueira da descrença do mercado em relação ao BC.
Foi também o que forçou Dilma a entrar em campo.

Enquanto a autoridade monetária promoveu um ajuste de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), o mercado pedia 0,50, como sinal do compromisso para frear a carestia.

Como o aperto maior não veio, especialistas avaliaram que a crise entre os analistas financeiros e a instituição deve se acirrar.


“O BC colocou em xeque sua própria credibilidade. Está jogando toda responsabilidade para as medidas macroprudenciais, que não têm histórico de eficiência”, avaliou Rossano Oltramari, analista-chefe da corretora XP Investimento.

Cenário ruim
A publicação semanal do Boletim Focus, do Banco Central, que divulga a média das estimativas de aproximadamente 100 instituições financeiras para a economia brasileira, evidencia a crise de credibilidade. Pela sétima vez seguida, o levantamento elevou a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011.

Em 12 meses até 15 de abril, o índice oficial já acumula alta de 6,44%. E caminha a passos largos para o limite estabelecido como teto da meta de inflação (6,5%): registrou 6,34% na semana passada e, na visão de economistas, vai piorar depois de a Selic não ter sido elevada no patamar esperado pelo mercado.


Especialistas alertam que o resultado do Focus ainda não captou a última decisão do Copom, já que a coleta de informações terminou antes de o BC anunciar a taxa de juros básica de 12% na semana passada.
“Por isso, a tendência é piorar”, explicou Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management.

A inflação real também continua pressionada.
Enquanto o governo enfrenta dificuldades para contê-la e convencer os analistas, os consumidores amargam uma mesa menos farta.


Frustração
A dona de casa Mara Almeida, 33 anos, é um exemplo.
Esposa de servidor público, ela conta que tem realizado cortes severos no orçamento familiar.
“Normalmente, gasto cerca de R$ 700 em compras no mercado, mas neste mês estou levando apenas R$ 400”, contou.

Na avaliação dela, alimentação e limpeza foram as principais vilãs para as contas de sua família.

“Os legumes subiram bastante, mas são itens que não faltam na mesa de ninguém. O preço das carnes também está muito salgado. Lá em casa, a gente gosta muito de fazer um churrasco no fim de semana, mas se mantivermos isso, vamos acabar estourando o orçamento”, disse.


Apesar da insatisfação, Mara tem esperança de que o cenário de alta dos preços se reverta. “Tomara que mude. Eu me sinto um pouco frustrada, porque votei na Dilma e achava que os preços de várias coisas, como o dos combustíveis, se manteriam parados por um bom tempo, mas até agora só vi subida”, reclamou.

A esperança da dona de casa, entretanto, deve demorar um pouco para se confirmar. Para Teles, o IPCA fechado de abril, com anúncio aguardado para 6 de maio, vai mostrar que o custo de vida encareceu 0,80%.
“O número é bastante alto.

Está pressionado pelos preços de combustível, alimentação, vestuário e saúde, por conta de reajuste de remédios”, disse.


Victor Martins, Sílvio Ribas e Fábio Monteiro Correio Braziliense

BRASIL SEGUE MUDANDO E "PROGREDINDO" : DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL EM MARÇO FECHOU EM R$1,695 trilhão


A disparada da inflação criou mais uma dor de cabeça para a equipe econômica:
o encarecimento da dívida pública federal.

Segundo relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional, o custo médio da dívida em 12 meses vem subindo gradativamente e saltou de 9,6% ao ano, em março de 2010, para 11,76%, no mês passado.

Os índices de preços corrigem hoje cerca de 30% do estoque e, quando sobem, afetam o endividamento não apenas nessa parcela, mas também na atrelada à Selic - hoje, 32,3% do total.
Em março, o custo médio da dívida subiu 0,06 ponto percentual devido às altas do IPCA e da Selic.

A dívida subiu 1,39% em março e fechou o mês em R$1,695 trilhão.
O aumento ocorreu devido a uma emissão líquida de títulos públicos no valor de R$6,87 bilhões e à incorporação de R$16,39 bilhões em juros que corrigem o estoque. Do valor total, R$1,611 trilhão corresponde à dívida mobiliária interna e R$83,53 bilhões, à externa.

Segundo o relatório do Tesouro, os títulos prefixados aumentaram a participação na dívida, passando de 33,63% do total em fevereiro para 34,56% em março.
Já os títulos corrigidos pela Selic reduziram sua parcela no endividamento de 33,33% para 32,34% no mesmo período.

Os papéis indexados a índices de preços, por sua vez, passaram a responder por 28,33% do total (contra 28,05% em fevereiro).
A parcela da dívida corrigida pela Selic está hoje acima da meta fixada pela equipe econômica para a composição do estoque - entre 28% e 32% em 2011.

Martha Beck O Globo