Dilma diz que todas as atenções do governo estão voltadas ao combate à inflação. Mas até agora nenhuma medida se mostrou eficaz para segurar os preços
No Distrito Federal, o preço da gasolina pega fogo.
Depois de seguidas altas, já passou dos R$ 3.
Ovo,
tomate,
cebola,
pimentão,
carne…
Tudo está mais caro.
E, pouco a pouco, um monstro que parecia banido do país voltou a por as garras de fora e desafia o governo.
Em guarda, a presidente Dilma expressou preocupação com a fera.
“Todas as nossas atenções estão voltadas para o combate acirrado à inflação”, disse, ontem, após tomar vacina contra a gripe.
Para 2011, o governo estabeleceu como teto da inflação um IPCA — índice oficial que mede o custo de vida — de 6,5%.
Pelas projeções do mercado, a mais de oito meses do fim do ano, o indicador já bate nos 6,34%.
E caminha célere para superar a meta.
Preocupada, a presidente diz que o governo não se curvará à escalada dos preços. Mercado já vê alta de 6,34%
Nada do que o governo fez até o momento foi suficiente para salvar as expectativas de inflação do pessimismo de especialistas e consumidores.
Até mesmo as projeções para 2012 foram contaminadas e já superam o centro da meta (4,5%) — por enquanto, estão em torno de 5%.
A situação se agravou a tal ponto que a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a se manifestar.
Em uma tentativa de afugentar a descrença que se abateu sobre o combate à carestia, ontem ela admitiu que a escalada de preços não é mais tolerável e ainda classificou o fenômeno como algo impossível de ser ignorado.
“Nós (o governo) temos imensa preocupação com a inflação.
Não haverá hipótese alguma que o governo se desmobilize diante dela.
Todas as nossas atenções estão voltadas para seu combate acirrado”, disse Dilma, antes de se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Mas, questionada se haveria o anúncio de novas medidas com o intuito de conter a alta de preços, ela preferiu não se pronunciar.
O tema dominou a agenda com o auxiliar. Na pauta, discutiu-se a continuidade da estratégia das ações alternativas aos juros — o que já vem ocorrendo — para conter o encarecimento do custo de vida.
A moderação do Banco Central, depois de ter reduzido a alta dos juros durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, foi o que colocou lenha na fogueira da descrença do mercado em relação ao BC.
Foi também o que forçou Dilma a entrar em campo.
Enquanto a autoridade monetária promoveu um ajuste de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), o mercado pedia 0,50, como sinal do compromisso para frear a carestia.
Como o aperto maior não veio, especialistas avaliaram que a crise entre os analistas financeiros e a instituição deve se acirrar.
“O BC colocou em xeque sua própria credibilidade. Está jogando toda responsabilidade para as medidas macroprudenciais, que não têm histórico de eficiência”, avaliou Rossano Oltramari, analista-chefe da corretora XP Investimento.
Cenário ruim
A publicação semanal do Boletim Focus, do Banco Central, que divulga a média das estimativas de aproximadamente 100 instituições financeiras para a economia brasileira, evidencia a crise de credibilidade. Pela sétima vez seguida, o levantamento elevou a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011.
Em 12 meses até 15 de abril, o índice oficial já acumula alta de 6,44%. E caminha a passos largos para o limite estabelecido como teto da meta de inflação (6,5%): registrou 6,34% na semana passada e, na visão de economistas, vai piorar depois de a Selic não ter sido elevada no patamar esperado pelo mercado.
Especialistas alertam que o resultado do Focus ainda não captou a última decisão do Copom, já que a coleta de informações terminou antes de o BC anunciar a taxa de juros básica de 12% na semana passada.
“Por isso, a tendência é piorar”, explicou Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management.
A inflação real também continua pressionada.
Enquanto o governo enfrenta dificuldades para contê-la e convencer os analistas, os consumidores amargam uma mesa menos farta.
Frustração
A dona de casa Mara Almeida, 33 anos, é um exemplo.
Esposa de servidor público, ela conta que tem realizado cortes severos no orçamento familiar.
“Normalmente, gasto cerca de R$ 700 em compras no mercado, mas neste mês estou levando apenas R$ 400”, contou.
Na avaliação dela, alimentação e limpeza foram as principais vilãs para as contas de sua família.
“Os legumes subiram bastante, mas são itens que não faltam na mesa de ninguém. O preço das carnes também está muito salgado. Lá em casa, a gente gosta muito de fazer um churrasco no fim de semana, mas se mantivermos isso, vamos acabar estourando o orçamento”, disse.
Apesar da insatisfação, Mara tem esperança de que o cenário de alta dos preços se reverta. “Tomara que mude. Eu me sinto um pouco frustrada, porque votei na Dilma e achava que os preços de várias coisas, como o dos combustíveis, se manteriam parados por um bom tempo, mas até agora só vi subida”, reclamou.
A esperança da dona de casa, entretanto, deve demorar um pouco para se confirmar. Para Teles, o IPCA fechado de abril, com anúncio aguardado para 6 de maio, vai mostrar que o custo de vida encareceu 0,80%.
“O número é bastante alto.
Está pressionado pelos preços de combustível, alimentação, vestuário e saúde, por conta de reajuste de remédios”, disse.
Victor Martins, Sílvio Ribas e Fábio Monteiro Correio Braziliense
Um comentário:
Seu blog esta em minha lista de favoritos e fica aparecendo este traste la ....porca miseria
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