"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 09, 2011

RICAÇOS : MAIS 6 MIL NO TOPO DA PIRÂMIDE NO PAÍS. FECHARAM 2010 COM R$ 371 bi INVESTIDOS NOS BANCOS.

Mais de seis mil pessoas viraram milionárias no Brasil no ano passado. Balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostra que o número de pessoas com mais de R$1 milhão aplicado nos bancos brasileiros cresceu para 63.224 no fim de 2010, um aumento de 11% em relação aos 56.991 milionários de 2009.

Total de ativos cresceu 23% em relação a 2009 e número de milionários aumentou 11% no País no ano passado


Os brasileiros de alta renda, aqueles com pelo menos R$ 1 milhão aplicado, fecharam 2010 com R$ 371 bilhões investidos nos bancos, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) sobre o mercado de "private banking".

Na comparação com o ano anterior, houve crescimento de 23% no total de ativos aplicados.

No ano passado, houve alta de 11% no total de milionários no Brasil, para 63,224 mil pessoas.
A estimativa dos bancos é que haja cerca de 150 mil brasileiros com esse nível de renda.

Risco.

Os produtos preferidos dos milionários para aplicar recursos são fundos de investimento, que ficaram com R$ 162,2 bilhões dos ativos desses investidores em 2010.
Papéis de renda fixa, como títulos públicos emitidos pelo governo, respondem por R$ 118,6 bilhões.

Já as ações de empresas lançadas da bolsa ficam com R$ 68,2 bilhões.
Os recursos restantes estão investidos em outros produtos, como poupança e planos de previdência, segundo o levantamento da Anbima.

De acordo com Portásio, os milionários preferem aplicações um pouco mais arriscadas quando comparados com o investidor comum.

Um exemplo são os fundos multimercados, que respondem por 50,7% das aplicações dos endinheirados em fundos de investimento.
Na média geral do setor, a participação desses fundos, que aplicam em ações, renda fixa, câmbio e derivativos, é de 28%.

Os dados da Anbima foram coletados com o próprios bancos e essa é a primeira vez que a entidade divulga informações anuais do mercado de private banking.

O objetivo da entidade é fazer estatísticas regulares desse mercado, que até o ano passado não tinha dados consolidados.
Ao todo, 22 bancos passaram informações à Anbima.

Distribuição

R$ 162,2 bi
foram aplicados em fundos de investimento em 2010

R$ 118,6 bi
foram aplicados em papéis de renda fixa, como títulos públicos

R$ 68,2 bi
foram aplicados em ações

55,3%
das aplicações estão em São Paulo

18,3%
das aplicações estão no Rio

13%
das aplicações estão no Sul

5,5%
das aplicações estão no Nordeste

Altamiro Silva Junior O Estado de S. Paulo

PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO : LÁ VEM A INFLAÇÃO SUBINDO A LADEIRA SOB O COMANDO DA GERENTE DE NADA E COISA NENHUMA E O MINISTRO BUFÃO.

Começou bem o governo da presidente Dilma Rousseff:
a inflação voltou a subir forte no primeiro mês da nova gestão.
O IPCA (que serve de referência para o regime de metas) atingiu 0,83% em janeiro.

Foi a maior alta desde abril de 2005, igualando a marca de novembro passado.

O que está ruim deve piorar e a inflação mensal pode superar 1% neste mês de fevereiro. Atingir a meta prevista para este ano já é dado como missão impossível - o IPCA acumulado em 12 meses já está em 5,99% e deve furar o teto da margem de tolerância do sistema em meados deste ano.
O fogo do dragão está incinerando a renda do brasileiro.

Para quem quer que tenha que fazer uma compra de supermercado ou pagar o serviço de uma manicure, está mais que evidente que a inflação está voltando a ser um problema cotidiano no país.
Não para Guido Mantega e a equipe econômica petista.

O ministro da Fazenda continua na sua ladainha de que o que o Brasil experimenta é o mesmíssimo processo que se espraia pelo mundo todo, valoriza o preço dos alimentos e puxa os índices de preços para cima.
Seria tudo, portanto, um fenômeno global e uma onda passageira (sazonal).

Entoando este loa, Mantega vai vendo a caravana passar.
A chefe dele também assiste.

O triste é que os dados - estes estraga-prazeres - contradizem Mantega.
A inflação de janeiro foi a maior para este mês do ano desde 2003, ou seja, não há sazonalidade.
Os aumentos dos alimentos, também ao contrário do argumento oficial, foram bem menores agora do que haviam sido em novembro passado - outro mês de inflação igualmente nas alturas.

Em novembro, os alimentos subiram 2,22% e agora quase metade disso:
1,16%.
Não é, portanto, o chuchu o vilão da inflação corrente, como sonha Mantega, talvez saudoso dos anos de chumbo quando desculpas como esta colavam.

Os subíndices que compõem o IPCA, 70% aumentaram em janeiro - isto é, o movimento de alta é generalizado.
Se no comércio a remarcação de preços corre solta, na prestação de serviços já virou epidemia:
a inflação acumulada em 12 meses bateu em 7,88%, nível que não se observava no país desde 1997.

Para o ministro da Fazenda, segundo O Estado de S.Paulo, o importante é "evitar que se instale na economia um 'pessimismo' generalizado em torno da alta de inflação". Assim, o sábio Mantega prefere investir na "comunicação" da posição do governo. Melhor faria se agisse, definisse logo como o governo vai reduzir gastos e administrar melhor o dinheiro do contribuinte.

O tempo urge, porque vem mais inflação por aí.
O IGP-DI, que mede a inflação no atacado, mais do que dobrou:
passou de 0,38% em dezembro para 0,98% em janeiro.
Logo, logo esta onda também baterá no varejo e inchará ainda mais os índices ao consumidor.

Assustadas, as indústrias estão apertando a margem de lucros para não perder vendas, como mostra O Globo.
Não demora, também terão de repassar os custos represados para os preços. Enquanto mantêm os ganhos menores, tendem a cortar investimentos. Neste ciclo, perde o trabalhador em renda e em emprego.

Segundo a Folha de S.Paulo, Dilma Rousseff avaliou como "ruim" o resultado da inflação de janeiro e considera que "o número reforça sua decisão de fazer um 'forte' ajuste fiscal neste início de governo".
A presidente pode alegar tudo, menos surpresa.

A escalada inflacionária foi denunciada pela oposição na campanha eleitoral do ano passado. Dilma negou-a.
A necessidade de impor controle mais robusto sobre os gastos públicos foi defendida pela oposição no ano passado.
Dilma negou-a.

Não pode agora é negar-se a fazer o que é preciso para preservar a maior conquista da sociedade brasileira na história contemporânea: a estabilidade da moeda, conquista esta que seu partido sempre se negou a apoiar

Fonte: ITV

HOJE GOVERNO ANUNCIA O MONTANTE DE CORTES NO ORÇAMENTO.

SÃO PAULO (Reuters) -

O Ministério do Planejamento informou que o anúncio do montante dos cortes no Orçamento da União de 2011 será realizado às 16h desta quarta-feira.

O dado vem sendo aguardado há semanas por economistas, em meio às medidas que vêm sendo anunciadas pelo governo para tentar conter a inflação.

O governo não sinalizou qual o volume que deve ser contingenciado do Orçamento deste ano, mas números em torno de 40 a 50 bilhões de reais têm percorrido os jornais e profissionais do mercado.

Os cortes seriam um meio de conter a demanda doméstica e conter as pressões inflacionárias e evitar que o Banco Central tenha que promover um aperto ainda maior na política monetária. Em janeiro, o BC já elevou a Selic de 10,75 para 11,25 por cento ao ano.

A expectativa das instituições financeiras é de que novos aumentos da taxa serão necessários, assim como mais medidas macroprudenciais, como as anunciadas em dezembro pelo mesmo BC para conter o ritmo de crescimento do crédito.

Na véspera, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou avanço de 0,83 por cento em janeiro, mesma taxa de novembro, que fora a maior desde abril de 2005.

(Por Aluísio Alves, com reportagem adicional de Isabel Versiani)

CRISTALEIRAS


Nosso universo social se divide em bens e serviços e, na categoria dos bens, há os móveis e os imóveis.
Os primeiros vão da camisa (que, dizem os sábios, só precisamos de uma unidade para sermos felizes) ao automóvel, a casa e a conta bancária que fala daquilo que permeia - como as orações no mundo religioso e o favorecimento partidário no político - tudo.


Sobram, é claro, os "móveis" que fabricam a paisagem da casa e são o foco ou a imagem central - símbolos como diriam Geertz, Victor Turner ou Lévi-Strauss - do que chamamos de "propriedade privada".

Pois quase sempre começamos nossas vidas de casados comprando os móveis (a cama e a mesa) da casa para depois completarmos o seu interior com poltronas, armários, aparadores, guarda-roupas, criados-mudos e esse objeto impar e, até onde vai minha enorme ignorância e vã e superada antropologia, as cristaleiras.

Eu só tive consciência desse móvel quando fui aos Estados Unidos e verifiquei que os americanos davam mais valor às suas vastas e confortáveis poltronas e estantes do que a esse repositório de "cristais", situado justamente num local de destaque nas salas de jantar ou em outros espaços nobres das residências.
(...)
O fato é que na América sempre tocquevileana não existiam essas um tanto ostensivas cristaleiras feitas de vidro e espelhos, um móvel que lembra uma catedral, uma caixa de joias e os cetins que envelopavam (revelando, contudo) o corpo das mulheres.

Objeto destacado da casa a ser visto, admirado e eventualmente aberto com extremo cuidado para visitantes ilustres ou ocasiões preciosas como aniversários, mortes e casamentos - os grandes ritos de passagem que marcam as nossas vidas.

Dir-se-ia que a vida marcada pelo ascetismo laico calvinista e pela religiosidade cívica rousseauneana bloqueava essas demonstrações ostensivas de coisas preciosas, já que, para eles, o viver para dentro era mais importante do que essa vida cristalizada para os outros (sobretudo para as visitas importantes ou de maior prestígio), como é o nosso caso.

Vi muitas cristaleiras na minha infância e juventude e, quando casei, compramos a nossa, que imitava o móvel dos nossos lares de origem.

Um dia, numa discussão acalorada entre professores mais velhos, ouvi de um deles o seguinte:
"O Fulano procede como um macaco em cristaleira!"

Jamais ouvi definição melhor daquele colega que por qualquer coisa, usava um canhão para matar um passarinho e fazia uma tempestade num copo d"água, numa descalibragem tão recorrente nos sistemas autoritários, de Estado forte, nos quais a cleptomania se legitima em cleptocracia como faz prova hoje em dia a nossa elite política enriquecida e, mais que isso, aristocratizada com o dinheiro dos nossos impostos que segue diretamente não para obras públicas, mas para as suas cristaleiras.
(...)
Como figura situada entre os anjos e os homens, por contraste com as que (sem casa e cristaleira) dialogavam com as forças satânicas que, entretanto, permitiam o teste e demonstravam a existência desse dom complexo chamado de "liberdade" que nos foi dado por Deus na forma do livre arbítrio.

Dom sem o qual faria com que tudo fosse determinado e justificado, tirando o mérito das escolhas e impedindo que o mundo tivesse significado.
Pois o problema não é a cristaleira, mas a inefável transparência que a constitui, deixando ver em dobro tudo o que colocamos dentro dela.

No plano coletivo, sou inclinado a sugerir que a cristaleira de um país é o seu governo e, no seu governo, o seu Parlamento.
A tal transparência tão invocada pelos mais atrasados coronéis que hoje mandam na nossa riqueza, gastando-a com nomeações de partidários e familiares.

Transparência que é, de fato, uma mera palavra de ordem para encobrir os moveis de chumbo de um Brasil sem crítica, sem contraditório político, sem - enfim - igualdade e transparência.

Esse translúcido móvel feito em vidro e espelho que permeava as casas que, como a República e a Democracia, guardava pureza, honra, compaixão e uma honestidade que sumiram da política nacional.

Roberto DaMatta O Globo -

SENADO : CASA FAZ FESTA PARA "REFORMA". POBRE BRASIL.


Enquanto caso dos atos secretos está parado na CCJ, edição especial destaca ‘transparência’.

Um ano e sete meses depois do escândalo dos atos secretos do Senado - que abalaram a gestão do seu presidente, José Sarney (PMDB-MA) e envolveram 37 senadores em manobras ocultas para criação de novos cargos e benefícios - a Mesa Diretora da Casa investiu numa caprichada edição comemorativa de seu "Biênio da Transparência e da Cidadania", para dizer que o episódio foi superado e está tudo bem.

Sob o título "Crise dos atos secretos dá início a mudanças profundas", a revista traz, em meio a editoriais e autoelogios disfarçados em balanços, uma reportagem sobre tudo o que foi providenciado pela gestão José Sarney para acabar com aqueles abusos.
Menciona punições de dois diretores, a abertura de três inquéritos administrativos, noticia que reagiu a denúncias "abrindo acesso aos dados". Sobre os atos em si, repete as conclusões de um relatório de 2009 segundo as quais "a maioria dos atos secretos tratavam (sic) de temas corriqueiros".

Argumenta, ainda, que "não pairava qualquer dúvida" quanto à "legalidade dos respectivos conteúdos".
Para arrematar, o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), assina um pequeno artigo em que define aquele episódio como "uma das piores crises que o Senado já viveu" mas conclui: "Posso dizer que conseguimos superá-la".

Na gaveta.
Os fatos indicam que a conclusão é apressada.
Uma reforma administrativa anunciada às pressas, em 2009, feita pela Fundação Getúlio Vargas, não agradou a senadores e servidores e está, há tempos, parada na Comissão de Constituição e Justiça.
"Não me parece parada a matéria", disse Sarney em nota no dia 31 de janeiro.
A reforma está recebendo sugestões - cerca de 600 já teriam chegado, adiantou ele.

Na prática, a grande mudança ocorrida na Casa, desde então, foi a recente aprovação de um novo plano de carreira com reajustes de 25% nos salários.
A promessa de reduzir as diretorias de 44 para sete não saiu do papel.

O quadro total de funcionários continua em torno de 10 mil, um terço dos quais "de confiança", escolhidos sem concurso. Servidores fantasmas e falta de controle de horas extras continuam sendo rotina.

A terceirização rola solta, como antes. Mas o editorial que abre a revista, do próprio presidente Sarney, tem como título "Um Senado cada vez mais transparente".

Gabriel Manzano O Estado de S. Paulo

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