"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 21, 2014

A má sina da Casa Civil‏. MÁ SINA? TÁ DE BRINCADEIRA.


Quase todos os que passaram pela Casa Civil ao longo dos últimos 12 anos se enredaram em falcatruas. É o microcosmo do que aconteceu de maneira disseminada na era petista

De tão repetitivo, quase cansa. Mas o assunto é inevitável: o assalto que os petistas perpetram na Petrobras. Inevitável porque a cachoeira de denúncias não para de jorrar, cada vez mais próxima do Palácio do Planalto. São denúncias novas quase diárias.

Para ser exato, as suspeitas de falcatruas já não rolam próximas, mas simplesmente inundam o centro do poder. Neste fim de semana, soube-se que Gleisi Hoffmann, ex-ministra-chefe da Casa Civil, pode ter recebido uma bolada de R$ 1 milhão do esquema criminoso que se instalou na estatal na era petista.

Gleisi parece confirmar uma triste sina do principal ministério da República na era petista. Quase todos os que por lá passaram ao longo dos últimos 12 anos se enredaram em falcatruas. Quase sempre das grossas.

José Dirceu foi o primeiro deles, tirado de lá pelas denúncias do mensalão. Julgado pelo STF, cumpre pena na penitenciária da Papuda em Brasília, condenado por corrupção ativa – do crime de formação de quadrilha, ele conseguiu se livrar na repescagem...

Foi sucedido por Dilma Rousseff, cuja missão era envergar o figurino de eficiente gerente e tornar-se a "mãe do PAC". Pelos pífios resultados que o governo dela, como presidente, produziu nestes últimos quatro anos, vê-se sem dificuldades o tamanho do engodo.

Sucedeu-a Erenice Guerra, cujas traficâncias na Esplanada dos Ministérios tinham proporções familiares. Reconhecida como "braço direito" de Dilma, não aguentou seis meses no cargo, apanhada em tenebrosas transações. Ainda hoje, contudo, vaga, assim como seus familiares, por gabinetes de Brasília...

Já no governo da atual presidente, Antonio Palocci mal aguentou seis meses no cargo. Caiu sem conseguir explicar como enriquecera tanto na condição de ex-todo poderoso ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva.

Gleisi Hoffmann foi até longeva no cargo, que ocupou por quase três anos. Eleita senadora pelo PT do Paraná e derrotada no início do mês quando tentava o governo do estado, pode ter tido sua campanha financiada pelo dinheiro sujo do esquema criminoso que se instalou na Petrobras, segundo afirmou Paulo Roberto Costa em depoimento à Polícia Federal.

No sábado, a presidente da República, que até então só dera crédito às denúncias do ex-diretor da Petrobras quando elas envolveram o nome de um ex-dirigente tucano, admitiu que houve desvio de dinheiro público na estatal: "Houve, viu?", afirmou, finalmente, ela. Ontem, em debate na TV Record, deu um passo atrás, dizendo que enxerga só "indícios".

A Casa Civil é apenas o microcosmo mais vistoso do que acontece de maneira disseminada no organograma petista. Dilma e Lula ficarão marcados na história como governos em que a corrupção comeu solta. O segundo gabinete mais poderoso da República poderá ter sido onde foram servidos os banquetes mais fornidos.

ITV

Números Imbatíveis

Na pior das hipóteses, Aécio e Dilma disputam a vitória cabeça a cabeça. Não há nenhuma indicação evidente de que a candidata à reeleição tenha, de fato, vantagem no momento

É evidente que a pesquisa do Datafolha divulgada ontem e publicada hoje nos jornais serve como luva à estratégia petista de tentar esfriar os ânimos dos eleitores de Aécio Neves. Mas há razões de sobra para acreditar que as chances de vitória tucana continuam presentes e elevadas. A votação é só no próximo domingo.

Para começar, a corrida eleitoral mantém-se na condição de empate técnico. Segundo o Datafolha, a petista alcança hoje 52% dos votos válidos e Aécio, 48%. Embora Dilma Rousseff apareça numericamente na frente, a margem de erro de dois pontos percentuais permite vê-los ainda pau a pau da disputa pelos 141 milhões de votos.

Se pesquisa decidisse eleição, Aécio não teria passado nem perto do segundo turno. Sua ascensão mal foi captada pelos institutos – todos os institutos – na véspera da votação de 5 de outubro. Quando as urnas foram apuradas, a candidatura tucana saiu-se muito melhor do que qualquer pesquisa previra.

O Datafolha mesmo foi um dos que errou mais feio. No dia anterior ao pleito, deu a Aécio 26% dos votos válidos e à petista, 44%. Apurados os votos, o tucano atingiu 34% e Dilma ficou com apenas 42%. Nenhuma margem de erro justifica isso. Os números não batem.

O viés comum às pesquisas é sempre o mesmo: 
tendem a superfaturar os votos favoráveis ao governo e sub-representar os votos da oposição. Uma das explicações técnicas para isso seria um desvio de amostra, a saber: na base pesquisada por institutos como o Datafolha há mais eleitores dos estratos que se identificam mais com Dilma e o PT – renda e escolaridade menores – do que com Aécio.

Segundo quem analisa a fundo pesquisas de intenção de voto, só este fator já é suficiente para prejudicar em até 4 pontos percentuais as intenções de voto em candidaturas que têm mais força entre os eleitores de renda média e alta e escolaridade maior, como a de Aécio.

Outro fator relevante é a abstenção, que as pesquisas não levam em conta. Ela tende a ser maior no Nordeste, onde o governo costuma ser mais forte, e nos estados onde não haverá segundo turno. Considerando as votações de primeiro turno, este componente também tende a pesar a favor da candidatura de Aécio.

Tudo considerado, resta evidente que a atual disputa pela presidência da República continua duríssima. A realidade indica que, na pior das hipóteses, Aécio e Dilma disputam a vitória cabeça a cabeça. Não há nenhuma indicação evidente de que a candidata à reeleição tenha, efetivamente, vantagem no momento.


Há, isto sim, sinais manifestados pelos brasileiros país afora de que querem um Brasil novo, melhor e diferente do que aí está. Diante disso, a candidatura oficial foi buscar forças na sua velha e suja estratégia de difamação, boataria e ódio. Quem está desesperado são eles.



ITV

A HORA DE A ONÇA BEBER ÁGUA OU : É isso aí, bichos... Se A DELINQUENTE DE RAPINA for eleita, teremos o início de um bolivarianismo “cordial”.

Dilma Rousseff: 
seu duro passado de militância e luta lhe deixou um viés de rancor e vingança, justificáveis. Ela foi uma típica “tarefeira” da VAR-Palmares e hoje, como tarefeira do PT, ela quer realizar o sonho de sua juventude. Por isso, quer estatizar o que puder na economia, restos de sua formação... (eu ia dizer “leninista”, mas é“brizolista”).

Seus olhos fuzilam certezas sobre como converter (ou subverter) a pátria amada. Petistas e brizolistas acham que democracia é “papo para enrolar as massas”, como já declarou um professor emérito da USP; ela idealiza o antigo “proletariado” e despreza a classe média“fascista”, como acha outra emérita professora.

Ela desconfia dos capitalistas e empresários, ela quer se manter no poder e virar o PT num PRI mexicano; ela finge ignorar a queda do muro de Berlim, o fim da Guerra Fria, ela ama o Lula, seu operário mágico que encarnou o populismo “revolucionário”.

Conheci muitas “Dilmas” na minha juventude. As Dilmas eram voluntariosas, com uma coragem irresponsável diante da muralha da ditadura. Professavam uma liberdade mais grave do que os hippies da época; era uma liberdade dolorosa, perigosa, sacrificial, suicida, sem prazer, liberdade e luta. Até respeitável.

Mas, para as “Dilmas” e os“Dirceus” do passado, a democracia era uma instituição “burguesa”. Ela se considerava e se acha ainda “membro” (ou “membra”?) de uma minoria que está “por dentro” da verdade, da chamada “linha justa” que planejava um outro tipo de“liberdade” (Lênin: “É verdade que a liberdade é preciosa; tão preciosa que precisa ser racionada cuidadosamente” ).

Ela se julgava e se julga superior— como outros e outras que conheci (inclusive eu mesmo — oh, delícia de ser melhor que todos; oh... que dor eu senti ao perder essa certeza...). Nós éramos os fiéis de uma “fé cientifica”, uma espécie de religião da razão que salvaria o mundo pelo puro desejo politico — éramos o “sal da terra”, os “sujeitos da História”. Toda a luta progressista de hoje se trava entre a esquerda que amadureceu e ficou social-democrata e a esquerda que continua na ilusão de 63. A velha esquerda brasileira existe como nostalgia de uma esquerda que desapareceu.

Dilma foi executiva da comissão de frente que organizou a aliança de Lula com a liderança sindicalista-pelega e com a direita mais vergonhosa do país, liderada por Sarney et caterva. Como ela era “trabalhadeira”, Lula se impressionava com ela (ele que odeia o batente) e transformou-a em um “poste” que se revelou persistente no erro, com a típica burrice dos teimosos.

E aí ela começou a governar com um medidas e táticas pretensamente “socialistas” em um país capitalista. Dá em bolivarianismo, esse terror contra o povo da Venezuela.

A “clique” sindicalista que subiu ao poder nunca desistiu de seus planos; suas mentes são programadas para repetir as mesmos táticas. A esquerda velha continua fixada na ideia de “unidade”, de“centro”, de Estado-pai, ignorando a intrincada sociedade com bilhões de desejos e contradições. 

Muitos riquinhos e mauricinhos hoje dizem que votam na Dilma porque ela seria “contra a pobreza”. Não sabem de nada, tinham 10 anos quando FHC fez o Plano Real contra a vontade do PT e seus aliados. Hoje, esses mauricinhos se dão ao luxo de se sentirem de “esquerda”antes de irem para a balada.

São absolutamente ignorantes sobre política e acham que o PT é um partido de “esquerda”, quando é claramente de“direita”.

(“É a economia, estúpidos!” —James Carville, assessor do Clinton contra Bush). O povão do Bolsa Família não pode entender isso, mas esses babacas que estudaram deviam ser menos primitivos. Os petistas dão graças a Deus que muitos de seus eleitores não sabem ler. Por exemplo, eles não têm ideia do que seja o escândalo da Petrobras e do aparelhamento do Estado cleptomaníaco que foi montado. Não entenderam nem o mensalão, pois, como disse o Lula, “povo pensa que dossiê é doce de batata”. Votarão no escuro de suas vidas. Como se explica isso?

Resposta: 
o país tem um movimento“regressista” vocacional. 
O verdadeiro Brasil é boçal, salvacionista, para gáudio dos seus exploradores. 
E o PT aproveita.

A crescente complexidade da situação mundial na economia e na política os faz desejar um simplismo voluntarista que rima bem com o fundamentalismo islâmico ou com a boçalidade totalitária dos fascistas:
 “complexidade é frescura, o negócio é radicalizar e unificar, controlar, furar a barreira do complexo com o milagre simplista”(Lênin: “Qualquer cozinheiro devia ser capaz de governar um país”).

O Plano Real, e uma série de medidas de modernização que abriram caminho para a economia mundial favorecer-nos, é tratado como se fosse uma política do governo atual, que só fez aumentar despesas públicas e inventar delírios desenvolvimentistas virtuais. Não houve um lampejo de reconhecimento pelo país que FHC deixou pronto para decolar e que foi desfeito (Stalin: “A gratidão é um sentimento de cachorros...”).

Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não. 
O grave é que tramam uma mudança radical na estrutura do governo, uma mutação dentro do Estado democrático. Querem fazer um capitalismo de Estado, melhor dizendo, um “patrimonialismo de Estado”. 
Para isso, topam tudo: 
calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.

Não esqueçamos que o PT não assinou a Constituição de 88, combateu a Lei de Responsabilidade Fiscal, foi contra o Plano Real para depois roubá-lo como se fosse obra do Lula. Alardeiam coisas novas que “vão” fazer, se eleitos de novo mas, pergunta-se: por que não fizeram nada durante 12 anos? 

É isso aí, bichos... Se Dilma for eleita, teremos o início de um bolivarianismo “cordial”. 

Arnaldo Jabor
É hora de a onça beber água.

ENQUANTO A DESAVERGONHADA TESTA DE FERRO CALUNIADORA ESTÁ NA GANDAIA COM OS PATIFES... Com alimentos mais caros, prévia da inflação sobe 0,48% em outubro


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do País, registrou alta de 0,48% em outubro, após subir 0,39% em setembro. O principal impacto veio do grupo Alimentação e Bebidas, que avançou 0,69%. 

O grupo teve impacto de 0,17 ponto na inflação final do IPCA-15. A prévia da inflação mostra que fazer churrasco ficou mais caro em outubro: além das carnes, que subiram 2,38%, outros produtos que apresentaram aumentos significativos de preços foram a cerveja (3,52%), o frango (1,75%) e o arroz (1,35%). 

O item carnes teve um impacto de 0,06 ponto na inflação. A forte alta das carnes ocorre no mesmo mês no qual o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, causou polêmica ao sugerir que, diante dos preços mais caros, o brasileiro trocasse carne por ovo. A título de curiosidade, o ovo de galinha caiu 2,07% no IPCA-15 de outubro e avança 5,95% no ano.

O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que esperavam inflação entre 0,47% e 0,63%, com mediana de 0,51%. 

Com o resultado, o IPCA-15 acumula taxas de 5,23% no ano, taxa acima da registrada no mesmo período em 2013 (4,46%). No acumulado de 12 meses até outubro, a taxa se manteve em 6,62%.

Moradia. As despesas com Habitação aumentaram 0,80% em outubro. Em setembro, a alta tinha sido de 0,72%. O resultado foi puxado pelo encarecimento das tarifas de energia elétrica, com alta de 1,28% em outubro, e do gás de cozinha, que subiu 2,52%. 

No caso da energia elétrica, o maior resultado foi registrado em Goiânia (15,54%), onde as tarifas tiveram reajuste de 19% em 12 de setembro. Em Brasília, a alta foi de 5,99%, devido ao reajuste de 18,88% em vigor desde 26 de agosto. Nas demais regiões, houve variações na conta de energia decorrentes de alterações no PIS/PASEP/COFINS.

O resultado do grupo Habitação levou a uma contribuição de 0,12 ponto porcentual no IPCA-15 do mês, o segundo maior impacto de grupo, atrás apenas de Alimentação e Bebidas. Juntos, os dois grupos responderam por 0,29 ponto porcentual do IPCA-15 registrado em outubro (de 0,48%), o equivalente a 60,42% da inflação do mês. 

Empregados domésticos. As despesas das famílias com empregado doméstico aumentaram 0,73% no IPCA-15 de outubro. Após três meses de resultados estimados, devido à falta de informações da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), prejudicada pela greve de servidores no instituto, os economistas da Coordenação de Índices de Preços puderam enfim fazer o ajuste com os valores de fato apurados.

As informações de rendimentos da PME para as regiões metropolitanas de Porto Alegre e Salvador estiveram indisponíveis por três meses, o que levou a uma adaptação da metodologia de cálculo do IPCA e IPCA-15 nos índices de julho, agosto e setembro. Segundo o instituto, diante das informações divulgadas sobre os rendimentos nessas duas regiões, os cálculos do item empregado doméstico realizados nos meses anteriores "foram, excepcionalmente, refeitos através da metodologia normalmente adotada". 

Para obter o resultado mensal, foi calculada a variação acumulada pelo item de julho a outubro em cada uma das regiões, para em seguida serem descontados os valores acumulados na estimativa feita anteriormente nos meses de julho a setembro. No IPCA-15 de outubro, o item empregado doméstico teve alta de 1,25% em Porto Alegre e queda de 4,15% em Salvador.

O mesmo cálculo foi aplicado ao item mão de obra para pequenos reparos, do grupo Habitação. O resultado de outubro situou-se em 0,14% em Porto Alegre e 0,66% em Salvador. (Com informações da Agência Estado)



PRECISAMOS DESASSENHOREAR O PAÍS DA BANDIDAGEM/TORPES/VELHACOS/CANALHAS VAGABUNDOS E RECUPERAR O BRASIL DECENTE : Tucanos planejam auditoria na Caixa e no BNDES. Economistas da equipe de Aécio consideram a medida fundamental para conhecer a real situação dos dois bancos

A equipe econômica do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, já escolheu a primeira coisa a fazer, caso ele vença as eleições: uma devassa nas contas da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo auxiliares do candidato, a ordem é começar a trabalhar nisso “já na próxima segunda-feira”. 


Os integrantes da equipe econômica do tucano estão convencidos de que esses dois bancos públicos acumulam um grande volume de valores a receber do Tesouro Nacional, sem que se saiba exatamente quanto. 

Esses créditos são fruto de programas que cobram juros abaixo do mercado como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI). 

Para manter o juro baixo, governo precisa pagar um subsídio. Ou seja, ele “banca’’ parte da bondade com recursos públicos, saídos do Tesouro Nacional, que são entregues aos bancos que fazem o empréstimo. Mas, já há alguns anos, a área econômica vem segurando o repasse dos subsídios. Isso é facilitado pelo fato de ficar tudo “em casa’’, pois quem deixa de receber são bancos públicos. 

Especialistas de fora do governo acreditam que o maior volume de subsídios não pagos esteja no BNDES. O economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, calcula que sejam R$ 28,8 bilhões. Mas há, na equipe de Aécio, grande preocupação com a Caixa, cuja contabilidade é menos transparente. 

Ajuste. “A primeira coisa é saber o tamanho da encrenca’’, diz um auxiliar tucano. Essa informação é fundamental para dar aos agentes de mercado a informação mais aguardada: o plano de voo do ajuste das contas públicas. 

Em outras palavras, o que será feito para atingir o objetivo já anunciado de, no prazo de dois a três anos, produzir um saldo nas contas públicas grande o suficiente para conter o crescimento da dívida pública. 

Depois de duas décadas comportada, a dívida começou a aumentar este ano. Em setembro, ela estava em 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de haver iniciado o ano em 33,1% do PIB. Esse crescimento se dá porque a economia que o setor público faz não é suficiente para pagar nem os juros. 

Para controlá-la, será preciso apertar o cinto ou arrecadar mais. Pelos cálculos do economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica e atual vice-presidente do Insper, a economia, chamada de resultado primário, teria de ser da ordem de 2,5% do PIB. No dado oficial mais recente, o saldo acumulado em 12 meses estava em 0,94% do PIB. Mas há suspeita generalizada entre os especialistas de que, na ponta do lápis, o resultado esteja negativo. 

Isso porque o atraso no pagamento de subsídios é apenas uma das manobras a que o governo recorreu para melhorar artificialmente o resultado oficial das contas públicas, segundo demonstraram várias reportagens que o Estado publicou ao longo deste ano. Outra foi exigir dos mesmos bancos, Caixa e BNDES, o pagamento antecipado de dividendos. 

Segundo informações da área técnica, a Caixa teria sido levada também a pagar benefícios sociais, como abono e seguro-desemprego, sem haver recebido do Tesouro os recursos para isso - um mecanismo batizado de “pedalada’’. Nos bastidores, a informação é que o fluxo teria sido regularizado em agosto. 

Meta. O propósito da equipe de Aécio Neves é limpar as contas públicas de todos os truques desse tipo, conforme consta do programa econômico divulgado pelo candidato. “Esta é uma necessidade absoluta para a construção de um regime macroeconômico robusto e para que se cumpra a Lei de Responsabilidade Fiscal’’, diz o documento. 

Paralelamente ao levantamento da real situação das contas públicas, a ordem é acelerar a elaboração da proposta de reforma tributária, que Aécio prometeu enviar ao Congresso no início de seu mandato.

A proposta já está delineada do ponto de vista técnico. Mas como o candidato aparecia em terceiro lugar nas pesquisas às vésperas do 1.º turno, os trabalhos foram desacelerados. 

A ideia agora é dialogar com os especialistas que já estiveram envolvidos nas tentativas anteriores. E, assim, saber quais são os principais obstáculos.

Lu Aiko Otta - O Estado de S. Paulo