"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 05, 2012

O brasil QUE ENOJA.

No dia 15 de maio, quando o Congresso deve parar para ouvir o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pode ser que as atenções se dividam com a loira de 27 anos que ganhou fama desde que ele foi preso, em fevereiro.

Sua atual mulher, Andressa Mendonça, estará presente e, segundo disse ao GLOBO, o companheiro está superorientado e não vai prejudicar ninguém.
Afirma que ele aproveitará o momento para defender a legalização dos jogos no país.


Andressa não quis falar do escândalo envolvendo o marido e das relações dele com o senador Demóstenes Torres e outros políticos. Ela conta que já recusou convite para posar nua na Playboy e que prepara o casamento para quando Cachoeira deixar a prisão.

O GLOBO:
Como Carlinhos Cachoeira recebeu a notícia do depoimento no dia 15?


ANDRESSA MENDONÇA:
O Cachoeira está em paz, muito bem, muito equilibrado. Ele está muito bem orientado por três advogados: a doutora Dora Cavalcanti, o doutor Márcio Thomaz Bastos e o doutor Augusto Botelho. Eu tenho certeza de que ele não quer prejudicar ninguém. Ele não é uma pessoa fria. Mas também não está nervoso.

É uma pessoa bem preparada e bem orientada para enfrentar esse momento.
Eu conversei hoje (ontem) com alguns deputados sobre como seria, e eles me garantiram que ele não irá algemado ou com roupa imprópria, da prisão.

Eles me disseram que tem um regimento que garante que ele compareça sem algemas, com traje costume, terno e camisa social.


Você vai acompanhá-lo no depoimento à CPI?

ANDRESSA:
É lógico!
Estarei ao seu lado o tempo todo.


Com sua beleza, pode se transformar na musa da CPI...

ANDRESSA:
Não gosto dessa história de musa.
Sou uma pessoa focada, uma mãe de família que está lutando para ver o companheiro fora disso tudo o mais rápido possível.
O Carlinhos gosta, mas acho que eu não sou fotogênica (risos).


Você vai posar para a Playboy como musa da CPI?

ANDRESSA:
Eu fui convidada. Mas não vou dar esse gostinho, não! (risos).
Deixa só para o Cachoeira. Eu contei do convite e ele gostou, morreu de rir.
É bem-humorado e espirituoso. Me ligaram convidando para ir conhecer a empresa, ver como é a produção da revista, foram super educados. Mas eu agradeci e disse que meu papel, nesse momento, não é esse.


Quinta-feira foi aniversário do Cachoeira.
Vocês comemoraram os 49 anos dele na prisão?


ANDRESSA:
Eu fiz uma petição à direção da penitenciária, mas eles não liberaram porque a visita é só às terças-feiras, durante uma hora. Eu fui lá na Papuda (presídio federal em Brasília) só levar um cartão, mas não pude vê-lo nem levar presentes.
Deixei um cartão de felicitações onde escrevi coisas lindas de uma mulher apaixonada.


Na visita de uma hora vocês se veem só pelo vidro?

ANDRESSA:
Por enquanto, só pelo vidro, mas estou muito otimista que logo, logo tudo se resolverá. Quando a gente conversa, ele diz que vai acabar tudo bem. Eu também digo que a gente tem de ficar confiante, que é apenas uma turbulência na vida. Quem não passa por isso? Quem está livre de ser preso?
Eu digo:
não é só você que está preso.
Eu estou presa junto com você.
Estou esperando-o muito ansiosa.
Quando sair, será muito bem recebido.
O Cachoeira é uma pessoa encantadora.


Por isso encantou tanta gente, né?

ANDRESSA:
Acredito que sim (risos).


Os planos de casamento no aniversário não se realizaram. Vocês podem se casar na cadeia?

ANDRESSA:
Existe essa possibilidade de a gente se casar na cadeia. Já combinamos e demos entrada nos proclames. Mas não quero me casar com ele preso, não!
A gente merece coisa muito melhor que isso.
Vai ter um monte de surpresas boas quando ele sair da cadeia.


A empresa Delta perdeu os contratos e está à venda. Os negócios de Cachoeira também estão sendo afetados com o escândalo?

ANDRESSA:
Não tenho conhecimento disso.
Mas acredito que ele vai aproveitar esse momento para levantar uma grande bandeira pela legalização dos jogos no país. Ele está nessa batalha há muitos anos e agora é a hora de conscientização da importância da legalização dos jogos.


O Globo

"COISA DE MENSALEIRO" - CANALHICE E TORPEZA : Gurgel abre guerra a mensaleiros do PT

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Incomodados com a negativa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em aceitar o convite para depor na CPI do Cachoeira, parlamentares petistas falam em convocá-lo como investigado à comissão, o que, em tese, obrigaria seu comparecimento.

A atitude fez a PGR acusar, pela primeira vez, aqueles que defendem a convocação de Gurgel de estarem provocando o procurador-geral por temor ao julgamento do mensalão, tese defendida por parlamentares da oposição desde o início da CPI.

A ideia de um grupo petista ligado aos acusados no escândalo do mensalão é analisar o conteúdo das interceptações telefônicas do inquérito enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e tentar detectar subsídios para que Gurgel seja investigado pela suposta demora em pedir o indiciamento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em 2009, quando o PGR teve acesso às investigações.

Por meio de assessoria, a PGR repudiou a ação:
“O Ministério Público vê esse tipo de afirmação absurda como uma provocação dos que temem muito o julgamento do mensalão, agora próximo”.

Além do próprio procurador-geral, diversos membros do MP estariam incomodados com os esforços de petistas para levar Gurgel à CPI, uma estratégia que, segundo alguns procuradores, seria “coisa de mensaleiro” com o objetivo explícito de desgastar o PGR.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), integrante da CPI, está na linha de frente dos que defendem uma manobra para trazer Gurgel à comissão.
“Temos que ouvir as fitas para saber o motivo de Gurgel ter escondido essas informações da sociedade e não ter tomado as medidas que deveriam ser tomadas.

Se houver indicação de que ele está envolvido em algum ilícito, aí será convocado.
Se foi por má-fé que não pediu o indiciamento de Demóstenes em 2009, isso cria as condições para que ele seja convocado como investigado no âmbito da CPI.

Quero saber o que ele escondeu da sociedade”, insinua o deputado.
Segundo Vaccarezza, as denúncias que o procurador-geral apresentou em março ao STF seriam de conhecimento de Gurgel desde 2009 e já seriam, segundo o deputado, suficientes para a denúncia contra Demóstenes.
“Por que ele não fez? Por inépcia ou por má-fé?”, indaga.

Cortina de fumaça
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que esteve com Gurgel na última quinta-feira para tratar das articulações de parlamentares aliados para levá-lo à CPI, criticou a manobra do grupo de petistas:
“Isso é um absurdo, ele não é investigado e não há sentido nessa insistência”.

O tucano reforça que a meta dos parlamentares governistas que trabalham pela convocação de Gurgel é política. “Há aí outro objetivo, que é diminuir a autoridade do procurador-geral no momento em que ele é o advogado de acusação no julgamento do mensalão”, afirma.

O senador Humberto Costa (PT-PE) é mais cauteloso em seu discurso.
Segundo ele, que também integra a CPI, a suposta demora de Gurgel poderia ser criticada, mas não deve ser apontada, a priori, como indicação de ato ilícito.

“Acho prematuro levantar esse tipo de questão. A demora pode ter sido um deslize da parte dele, mas é difícil afirmar que há indício de conivência.
Para ser convocado como investigado, teria que haver esse indício de irregularidade”, diz.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), que também é membro da comissão, as pessoas que desejam levar o magistrado à CPI devem revelar, antes, qual fato será investigado. “Quem tem essa acusação contra Gurgel, que tenha a coragem de apresentar”, desafia.

Para Taques, também fica claro que a intenção é desgastar o procurador-geral. Ainda por meio da assessoria, a PGR reforçou a existência do impedimento jurídico para Gurgel comparecer à CPI, conforme adiantou o Correio no domingo, e informou que, se houver convocação no sentido de investigação, o tema será analisado no momento oportuno.

"Se foi por má-fé que não pediu o indiciamento de Demóstenes em 2009, isso cria as condições para que ele seja convocado como investigado na CPI"
Cândido Vaccarezza (PT-SP), deputado federal

"O MP vê esse tipo de afirmação absurda como uma provocação dos que temem muito o julgamento do mensalão"

Resposta da Procuradoria-Geral da República
O bloco do procurador
GABRIEL MASCARENHAS

A tentativa frustrada dos governistas de convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI do Cachoeira trouxe à tona a criação de um
bloco informal no colegiado, uma espécie de grupo dos dez, em referência ao número de parlamentares que o compõem.

Independentes e oposicionistas se uniram
para, segundo eles, atuar sem amarras nas investigações.
A primeira vitória foi exatamente barrar a convocação de Gurgel.

O bloco é formado por senadores e deputados.
Entre eles estão Pedro Taques (PDT-MT),
Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE)
e Randolfe Rodrigues (PSol-AP),
além dos deputados Bruno Araújo (PE), líder do PSDB na Câmara;
Duarte Nogueira (PSDB-SP),
Rubens Bueno (PPS-PR)
e Miro Teixeira (PDT-RJ).

Há uma avaliação majoritária de que é necessário atrair mais parlamentares, principalmente petistas de peso para aumentar o número de votos e, consequentemente, o poder decisório na CPI.

O primeiro nome ventilado foi o do senador Humberto Costa (PE), relator do processo contra o Demóstenes Torres no Conselho de Ética.

O movimento que abafou a convocação de Gurgel teria sido acertado na primeira reunião, num tradicional restaurante em Brasília, na noite anterior à sessão da CPI, terça-feira passada. "Jogamos a isca, e o (senador Fernando) Collor caiu direitinho", afirma um dos membros do grupo.

A ida de Gurgel à comissão poderia comprometer a conclusão da CPI, já que, como procurador-geral, ele receberá o relatório final elaborado pelos parlamentares. Comparecendo a uma sessão como testemunha, futuramente, ficaria impedido de analisar o documento e encaminhar denúncia à Justiça.

No posicionamento, arquitetado na noite anterior, Randolfe pediu a palavra para defender que a convocação dos procuradores poderia colocá-los sob impedimento.

Collor afirmou que não só os procuradores, mas o PGR deveria ser convocado.
Pedro Taques deu sequência ao teatro e interveio, afirmando que não haveria risco para os procuradores, ao contrário do PGR.

Outros integrantes do bloco se manifestaram em favor da opinião de Taques e, ao menos, adiaram o chamado a Gurgel.

JÚNIA GAMA Correio Braziliense