"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 23, 2010

DÉFICIT EM CONTA CORRENTE : US$ 3,7 BI EM OUTUBRO


A conta corrente no balanço de pagamentos registrou em outubro déficit de US$ 3,7 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central.

O resultado ficou dentro das estimativas colhidas pelo AE Projeções junto a 20 instituições, que previam um resultado negativo entre US$ 2,4 bilhões e US$ 4,9 bilhões.

O déficit é inferior à mediana do levantamento, que era de déficit de US$ 3,9 bilhões.

Na última sexta-feira, 19, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estimou que o déficit em conta corrente deve se ampliar para US$ 67 bilhões em 2011, ante uma expectativa de que o saldo da balança de pagamentos feche o ano US$ 39 bilhões deficitário.

O déficit de outubro foi determinado por um superávit de US$ 1,853 bilhão da balança comercial e de um déficit de US$ 5,650 bilhões na conta de serviços e rendas.

O resultado também sofreu interferência de US$ 97 milhões de transferência unilaterais.

No acumulado do ano, a conta corrente registra saldo negativo de US$ 38,763 bilhões, o equivalente a 2,37% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos 12 meses encerrados em outubro, o déficit chega a US$ 47,987 bilhões, o que corresponde a 2,43% do PIB.

Novembro

O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, anunciou que o mês de novembro deve terminar com déficit em transações correntes de US$ 4,4 bilhões.

Se confirmado, o valor será maior que o observado em outubro, quando o saldo negativo somou US$ 3,7 bilhões.

Maciel explicou o aumento do rombo externo pela sazonalidade do fim do ano, quando a balança comercial apresenta resultados mais fracos - já que há aumento das importações no período.

Ao mesmo tempo, ele observa que há elevação dos gastos em serviços - como viagens internacionais - e há maior volume de remessas de lucros e dividendos por empresas nos últimos meses do ano.

Dívida externa

A dívida externa total brasileira chegou em outubro a US$ 254,076 bilhões. Em setembro, a dívida externa total era estimada em US$ 249,045 bilhões.

O último dado fechado da dívida externa é referente ao mês de junho, quando estava em US$ 228,649 bilhões. Desse total, a dívida de médio e longo prazos naquele mês era de US$ 182,724 bilhões e a de curto prazo, de US$ 45,925 bilhões.

A dívida de médio e longo prazos no mês passado somava US$ 194,152 bilhões, ante US$ 190,786 bilhões no mês anterior. Já a dívida de curto prazo, em outubro, totalizava US$ 59,924 bilhões, ante US$ 58,259 bilhões em setembro.

Taxa de rolagem

A taxa de rolagem dos empréstimos de médio e longo prazos contratados no exterior ficou em 912% em outubro. De acordo com dados divulgados pelo BC, o porcentual é bastante superior ao observado em outubro de 2009, quando a renovação dos financiamentos internacionais ficou em 223%.

Segundo o Banco Central, o resultado do mês passado foi obtido especialmente pela elevada taxa de renovação dos empréstimos garantidos por títulos, cuja taxa alcançou 1.799%.

Já os empréstimos diretos tiveram rolagem de 540%. No acumulado de janeiro a outubro, a taxa de rolagem é de 233%, sendo que o índice está em 221% em operações via títulos e 263% em financiamentos diretos.

Célia Froufe e Fernando Nakagawa, da Agência Estado

PETROBRAS : METAS DE PRODUÇÃO SERÃO DIVULGADAS POR FAIXAS. ESTATAL NÃO CUMPRE O PREVISTO HÁ 3 ANOS.


A Petrobras vai mudar a forma de divulgar a sua meta de produção anual de petróleo a fim de reduzir "a ansiedade do mercado" com o dado, que há pelo menos três anos não é alcançado.

A informação foi dada ontem pelo presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, ao informar que a elaboração do Plano de Negócios 2011-2015 está em pleno andamento, mas somente será conhecido no ano que vem.

- Vamos apresentar metas em faixas, não vamos mais apresentar metas absolutas, para evitar essa ansiedade do mercado. Todo mês somos cobrados - explicou Gabrielli.

Este ano, a Petrobras previa produzir em média 2,1 milhões de barris diários de petróleo, mas já anunciou que ficará abaixo da margem de segurança de 2,5% estabelecida pela companhia.

O Globo

ALIMENTOS EM ALTA : MERCADO APONTA INFLAÇÃO DE 5,58 ESTE ANO

Ainda sob pressão dos alimentos e expectativas sobre a política fiscal do governo da presidente eleita Dilma Rousseff, o mercado piorou suas projeções de inflação para este ano e para o próximo.

De acordo com a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada ontem, as contas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) de 2010 passaram de 5,48% para 5,58%, enquanto as de 2011 saíram de 5,05% para 5,15%.

Em ambos os casos, os números estão afastando-se do centro da meta da inflação para os dois períodos, que é 4,5%.

- A inflação de alimentos continua apertando e tem sido responsável pelas elevações dos indicadores - resumiu o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.

Em outubro, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 5,20%, com os alimentos respondendo por 1,68 ponto percentual do índice.
A inflação nos dez primeiros meses do ano está em 4,38%. Apesar do dólar em queda, os preços internacionais das commodities e problemas climáticos têm pressionado os preços de alimentos no Brasil.

A expectativa sobre como será a política fiscal do próximo governo também tem pesado nas contas do mercado, já que Dilma ainda está escolhendo sua equipe econômica. A maioria dos analistas acredita que, como a demanda está aquecida e a inflação já sobe por outros motivos, caberia ao governo um aperto nos gastos - disposição que ainda não está clara.

Apesar das estimativas mais sombrias para a inflação, o mercado não mudou sua projeção para a taxa básica de juros e continua apostando que o BC voltará a elevar a Selic - hoje em 10,75% ao ano - somente em abril de 2011, chegando a dezembro a 12%.

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), o mercado manteve suas estimativas de crescimento de 7,60% em 2010 e de 4,5% em 2011.

O aumento das expectativas de inflação provocou ontem alta nos contratos interbancários de juros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Os contratos DI para janeiro de 2012 subiram para 11,77% ao ano.

Na sexta-feira, haviam fechado em 11,66%. Para janeiro 2013, avançaram para 12,35% e os com vencimento em janeiro de 2015, para 12,36%.

Rumor de saída de Meirelles faz juro futuro subir

O aumento dos juros futuros pesou sobre as ações do setor de construção e contribuiu para a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que recuou 1,78%, aos 69.632 pontos pelo Ibovespa, índice de referência.

O dia foi de queda nos mercados mundiais, sob temores de contaminação dos problemas da Irlanda em outros países da zona do euro, como Portugal e Espanha.

Os papéis ligados a commodities foram os que mais sofreram. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram 2,49%. Já as ordinárias (ON, com voto) caíram 2,99%.

As incertezas ficaram maiores depois que agência Moody"s informou ter colocado em revisão, para rebaixamento, a classificação de risco irlandês. Em outubro, a agência atribui rating "Aa2" para o país - grau de investimento.

O dólar comercial subiu 0,63%, para R$1,73.

Patrícia Duarte e Bruno Villas Bôas O Globo

BALANÇA COMERCIAL TEM DEFICIT DE US$ 663 milhões.

A balança comercial já sofre o impacto do aumento de importações como as de veículos e de eletroeletrônicos — especialmente agora, às vésperas do Natal.

Os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), de deficit de US$ 663 milhões na terceira semana de novembro, confirmam a tendência do avanço das compras de importados pelos brasileiros.

Esses produtos estão cada vez mais competitivos no mercado interno, diante da queda do dólar frente ao real e, com isso, marcaram o primeiro saldo negativo do ano desde janeiro, quando o deficit ficou em US$ 177 milhões.

As expectativas dos comerciantes são de que 2010 terá o melhor Natal dos últimos dez anos, mas a indústria não tem muito o que festejar, pois vê o deficit de produtos manufaturados aumentar.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fez um levantamento recente com base na balança comercial brasileira e prevê um deficit de US$ 73,5 bilhões neste ano.
Esse volume é praticamente o dobro do deficit de 2009, de US$ 35,6 bilhões.

A China, sozinha, representará um terço desse resultado, conforme as projeções da entidade. O produto manufaturado nacional perde cada vez mais competitividade. Isso porque o país, apesar de estar em evidência na economia global, não fez as reformas necessárias (a Tributária, a Trabalhista e a Previdenciária) e isso poderá comprometer o crescimento do país nos próximos anos”, afirma o presidente do conselho de Relações Internacionais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), Mário Marconini.

O novo governo terá um grande desafio pela frente e não sei se terá as condições e a popularidade do atual para fazer as reformas necessárias e assim garantir um crescimento sustentável nos próximos anos. O superavit da balança ainda é devido às exportações das commodities agrícolas e de minérios”, acrescenta Marconini. Custos

Os custos brasileiros tanto de produção quanto de mão de obra impedem uma melhor competitividade do produto brasileiro com o chinês, destaca Marconini.

Empresários estrangeiros se assustam quando chegam ao país e são obrigados a ter um departamento tributário ou fiscal até cinco vezes maior do que em suas matrizes devido à complexidade dos impostos brasileiros.

A carga tributária e a burocracia são fatores prejudiciais à competitividade da indústria nacional. Agora, o cenário é cada vez mais preocupante, pois a economia brasileira avançou mais devido à crise no resto do mundo do que por méritos próprios e também porque o país não conseguiu fazer as reformas necessárias para garantir uma continuidade do crescimento”, completa.

De acordo com dados do Mdic, até a terceira semana de novembro, as exportações somaram US$ 12,108 bilhões e as importações, US$ 11,446 bilhões. No ano, as exportações somaram US$ 175,417 bilhões e as importações, US$ 160,134 bilhões.

Os itens que tiveram mais aumento nas importações em relação a 2009 foram: aeronaves e peças (135,9%),
alumínio (117%) e cobre (116,3%).
As importações de veículos tiveram um avanço de 36,5% no ano, mas algumas marcas registraram aumentos bem acima dessa média.

É o caso da alemã BMW, que deve encerrar 2010 com um salto de 70% nas vendas do Mini, para 1,7 mil unidades.

Pessimismo na indústria

A enxurrada de importações que invade o país tem desanimado os empresários brasileiros. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou 0,8 ponto em novembro e atingiu 62 pontos.

Desde o início do ano, o indicador caiu mais de 6 pontos, o que demonstra que, apesar do relativo otimismo (o Icei ainda continua acima da média histórica de 59,6 pontos), o futuro é uma preocupação para as companhias brasileiras.

A pesquisa da CNI mostra ainda que a confiança dos entrevistados é menor tanto quando avaliam a situação atual da empresa e da economia nacional quando ao analisam os meses à frente.

No primeiro caso (a situação atual), o recorte caiu de 56,8 para 55,9 pontos, enquanto no segundo (as expectativas) o otimismo recuou de 65,9 para 65,1 pontos.

Rosana Hessel Correio Braziliense