"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 23, 2010

BALANÇA COMERCIAL TEM DEFICIT DE US$ 663 milhões.

A balança comercial já sofre o impacto do aumento de importações como as de veículos e de eletroeletrônicos — especialmente agora, às vésperas do Natal.

Os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), de deficit de US$ 663 milhões na terceira semana de novembro, confirmam a tendência do avanço das compras de importados pelos brasileiros.

Esses produtos estão cada vez mais competitivos no mercado interno, diante da queda do dólar frente ao real e, com isso, marcaram o primeiro saldo negativo do ano desde janeiro, quando o deficit ficou em US$ 177 milhões.

As expectativas dos comerciantes são de que 2010 terá o melhor Natal dos últimos dez anos, mas a indústria não tem muito o que festejar, pois vê o deficit de produtos manufaturados aumentar.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fez um levantamento recente com base na balança comercial brasileira e prevê um deficit de US$ 73,5 bilhões neste ano.
Esse volume é praticamente o dobro do deficit de 2009, de US$ 35,6 bilhões.

A China, sozinha, representará um terço desse resultado, conforme as projeções da entidade. O produto manufaturado nacional perde cada vez mais competitividade. Isso porque o país, apesar de estar em evidência na economia global, não fez as reformas necessárias (a Tributária, a Trabalhista e a Previdenciária) e isso poderá comprometer o crescimento do país nos próximos anos”, afirma o presidente do conselho de Relações Internacionais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), Mário Marconini.

O novo governo terá um grande desafio pela frente e não sei se terá as condições e a popularidade do atual para fazer as reformas necessárias e assim garantir um crescimento sustentável nos próximos anos. O superavit da balança ainda é devido às exportações das commodities agrícolas e de minérios”, acrescenta Marconini. Custos

Os custos brasileiros tanto de produção quanto de mão de obra impedem uma melhor competitividade do produto brasileiro com o chinês, destaca Marconini.

Empresários estrangeiros se assustam quando chegam ao país e são obrigados a ter um departamento tributário ou fiscal até cinco vezes maior do que em suas matrizes devido à complexidade dos impostos brasileiros.

A carga tributária e a burocracia são fatores prejudiciais à competitividade da indústria nacional. Agora, o cenário é cada vez mais preocupante, pois a economia brasileira avançou mais devido à crise no resto do mundo do que por méritos próprios e também porque o país não conseguiu fazer as reformas necessárias para garantir uma continuidade do crescimento”, completa.

De acordo com dados do Mdic, até a terceira semana de novembro, as exportações somaram US$ 12,108 bilhões e as importações, US$ 11,446 bilhões. No ano, as exportações somaram US$ 175,417 bilhões e as importações, US$ 160,134 bilhões.

Os itens que tiveram mais aumento nas importações em relação a 2009 foram: aeronaves e peças (135,9%),
alumínio (117%) e cobre (116,3%).
As importações de veículos tiveram um avanço de 36,5% no ano, mas algumas marcas registraram aumentos bem acima dessa média.

É o caso da alemã BMW, que deve encerrar 2010 com um salto de 70% nas vendas do Mini, para 1,7 mil unidades.

Pessimismo na indústria

A enxurrada de importações que invade o país tem desanimado os empresários brasileiros. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou 0,8 ponto em novembro e atingiu 62 pontos.

Desde o início do ano, o indicador caiu mais de 6 pontos, o que demonstra que, apesar do relativo otimismo (o Icei ainda continua acima da média histórica de 59,6 pontos), o futuro é uma preocupação para as companhias brasileiras.

A pesquisa da CNI mostra ainda que a confiança dos entrevistados é menor tanto quando avaliam a situação atual da empresa e da economia nacional quando ao analisam os meses à frente.

No primeiro caso (a situação atual), o recorte caiu de 56,8 para 55,9 pontos, enquanto no segundo (as expectativas) o otimismo recuou de 65,9 para 65,1 pontos.

Rosana Hessel Correio Braziliense

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