"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 23, 2010

ALIMENTOS EM ALTA : MERCADO APONTA INFLAÇÃO DE 5,58 ESTE ANO

Ainda sob pressão dos alimentos e expectativas sobre a política fiscal do governo da presidente eleita Dilma Rousseff, o mercado piorou suas projeções de inflação para este ano e para o próximo.

De acordo com a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada ontem, as contas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) de 2010 passaram de 5,48% para 5,58%, enquanto as de 2011 saíram de 5,05% para 5,15%.

Em ambos os casos, os números estão afastando-se do centro da meta da inflação para os dois períodos, que é 4,5%.

- A inflação de alimentos continua apertando e tem sido responsável pelas elevações dos indicadores - resumiu o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.

Em outubro, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 5,20%, com os alimentos respondendo por 1,68 ponto percentual do índice.
A inflação nos dez primeiros meses do ano está em 4,38%. Apesar do dólar em queda, os preços internacionais das commodities e problemas climáticos têm pressionado os preços de alimentos no Brasil.

A expectativa sobre como será a política fiscal do próximo governo também tem pesado nas contas do mercado, já que Dilma ainda está escolhendo sua equipe econômica. A maioria dos analistas acredita que, como a demanda está aquecida e a inflação já sobe por outros motivos, caberia ao governo um aperto nos gastos - disposição que ainda não está clara.

Apesar das estimativas mais sombrias para a inflação, o mercado não mudou sua projeção para a taxa básica de juros e continua apostando que o BC voltará a elevar a Selic - hoje em 10,75% ao ano - somente em abril de 2011, chegando a dezembro a 12%.

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), o mercado manteve suas estimativas de crescimento de 7,60% em 2010 e de 4,5% em 2011.

O aumento das expectativas de inflação provocou ontem alta nos contratos interbancários de juros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Os contratos DI para janeiro de 2012 subiram para 11,77% ao ano.

Na sexta-feira, haviam fechado em 11,66%. Para janeiro 2013, avançaram para 12,35% e os com vencimento em janeiro de 2015, para 12,36%.

Rumor de saída de Meirelles faz juro futuro subir

O aumento dos juros futuros pesou sobre as ações do setor de construção e contribuiu para a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que recuou 1,78%, aos 69.632 pontos pelo Ibovespa, índice de referência.

O dia foi de queda nos mercados mundiais, sob temores de contaminação dos problemas da Irlanda em outros países da zona do euro, como Portugal e Espanha.

Os papéis ligados a commodities foram os que mais sofreram. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram 2,49%. Já as ordinárias (ON, com voto) caíram 2,99%.

As incertezas ficaram maiores depois que agência Moody"s informou ter colocado em revisão, para rebaixamento, a classificação de risco irlandês. Em outubro, a agência atribui rating "Aa2" para o país - grau de investimento.

O dólar comercial subiu 0,63%, para R$1,73.

Patrícia Duarte e Bruno Villas Bôas O Globo

Nenhum comentário: