"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 27, 2010

LENINE/PT : TAXAI-OS(OS BURGUESES) DE TUDO O QUE SÃO(CRIMINOSOS) E ACUSAI-OS DE TUDO QUE VOCÊS FAZEM(CRIMES)

Estamos próximos de uma nova eleição no Brasil, que nos poderá levar para uma ditadura de esquerda disfarçada, ou mesmo ostensiva, como a de Hugo Chàvez, ou mesmo a de Fidel.

E estamos próximos do GRUPO GUARARAPES completar 19 anos de luta, faltando apenas 30 dias.

Um GRUPO de militares, logo seguido de civis, sentiu a necessidade de se criar uma organização para combater a desorganização e a corrupção que se implantavam no País, bem como o ressurgimento de uma esquerda, que querendo o Poder, usava do mais torpe instrumento: o fim justificava os meios.

Previmos a crise COLLOR, pois não acreditamos em salvador da pátria.

A arrogância, o dono da verdade e as demonstrações de super-homem indicavam que estávamos diante de um impostor.

Não deu outra, uma crise institucional violenta com roubos e a esquerda atacando com toda a virulência possível, para tirar vantagens.
Quanto pior melhor para ela.

Veio Itamar Franco que tentou colocar ordem na casa e moralizar os costumes políticos.
Sofreu uma campanha violenta da esquerda.
Criou a Comissão Especial de Investigação, mostrando sua vontade de combater a corrupção e logo todo trabalho jogado fora pelo governo FHC.

A esquerda votando contra tudo como sempre fez em toda parte do mundo, para criar o clima de desconfiança e assumir o Poder.

Se já tinha sido contra Sarney, Collor, Itamar e FHC taxando-os de todos adjetivos depreciativos, ia minando toda a sociedade brasileira, criando um clima de que só eles eram os democratas e honestos.

Quem conhece a esquerda sabe como ela é reacionária.
Só eles são os donos da verdade.
Quem era esquerda (LACERDA, OLAVO DE CARVALHO, FERREIRA GULLAR, TROTSKI etc) e passa a discordar de seus métodos são taxados de reacionários, de direitistas e quando ao contrário, como Helder Câmara, que era integralista e passou a ter idéias de esquerda é santo.

Quando Arthur Koesrler, que viveu dentro da cúpula comunista soviética, deixou o comunismo e escreveu O ZERO E O INFINITO sofreu todas as pressões do partido comunista francês para que não fosse publicado.

Quando Kruchov fez o célebre discurso no XX Congresso do Partido Comunista da URSS e colocou a nu toda a miséria praticada por Stalin passou a ser um traidor, pois contrariou as diretrizes do Partido.

E no Brasil o que acontece?
A mesma coisa.

A “SANTA ESQUERDA” chega o ao PODER.

Tudo pelo Partido, que é sagrado.
Denúncias graves de Paulo Venceslau de corrupção nas prefeituras do PT paulista e defesa do roubo.
A Comissão que chegou à verdade foi desmoralizada, pois contrariava o Partido.

Os casos de Santo André e Campinas foram blindados para salvar o Partido.

O escândalo do Mensalão é bem a obra prima da ação esquerdista para salvar o governo, que é sagrado para eles.
Qualquer escândalo (são dezenas no governo LULA) toda cúpula parte em defesa do Partido e dos ladrões, mentirosos etc. que praticaram os diversos crimes.

Para encobrir as suas safadezas jogam lama e muita lama nos escândalos praticados por canalhas que não sejam deles.

As prisões dos governadores de Brasília e Amapá são fatos claros de como procuram encobrir seus roubos mostrando em toda mídia estas bandalheiras.

Os seus ladrões não são presos.

Estamos na luta eleitoral.

Crimes praticados dentro da Casa Civil e na Receita Federal.
Ninguém preso e todos pulando dentro da arena para defender a corrupção e a candidata deles.

O Presidente é o primeiro a se expor.

Grita e vai aos comícios dizer que é a oposição que faz o jogo baixo. Eles roubam e os culpados são seus inimigos.

Atacam a IMPRENSA E PREGAM A CENSURA.
Assim vão fabricando a mentira, o engodo e a população acreditando que eles são os perseguidos.

A CANDIDATA OFICIAL JÁ FALA QUE NEM CRISTO LHE TIRA A VITÓRIA, MESMO QUERENDO.
MAIS SOBERBA E ARROGÂNCIA.

Na URSS matavam, prendiam e, aqui, já matam (prefeitos de Santo André e Campinas) e prendem quando interessa ao Partido, tentam matar a promotora do caso de Santo André, pois prejudica o Partido.

Os filhos queridos são defendidos.

Na URSS proibiam a publicação de livros que atacassem o sistema e aqui já fazem isso.
O livro O CHEFE – de IVO PATARRA – sofreu todas as pressões possíveis para não ser editado e não houve nem quem quisesse ser o apresentador.

ZÉ DIRCEU JÁ SINALIZA QUE A IMPRENSA TEM LIBERDADE DEMAIS.
O PNDH-3 é outro instrumento que bem mostra a vontade do atual governo de manter o controle da sociedade e do Estado.

ESTAMOS diante de uma nova escolha.
Cada cidadão irá exercer o direito do VOTO.
NÃO VOTE NA DILMA!
POIS É VOTAR NO MAL, CONTRA VOCÊ MESMO(A), E O BRASIL.

Não esqueçam o que disse Lenine: “taxai-os (os burgueses) de tudo o que vocês são (criminosos); acusai-os de tudo o que vocês fazem (crimes)”.

Estão aplicando muito bem no Brasil

VAMOS REPASSAR! A INTERNET É A NOSSA ARMA!

Publicada em: 27/09/2010 Estamos Vivos! Grupo Guararapes! Personalidade Jurídica sob reg. Nº 12 58 93, Cartório do 1º registro de títulos e documentos, em Fortaleza.

COMO FOI MESMO ESSE MAIOR NEGÓCIO DO MUNDO?


Tendo o presidente Lula proclamado que a capitalização da Petrobrás foi "o maior negócio da história do capitalismo mundial", é obrigatório que a gente se debruce sobre o assunto.

Ele deve saber o que diz, pois, como ex-sindicalista, conhece profundamente a história do capitalismo, apesar de sabermos da sua conhecida tendência de hiperdimensionar quase tudo o que ocorre no seu governo e subdimensionar quase tudo o que ocorreu nos governos dos outros - desde a invenção da República moderna.

É necessário, por isso, ir atrás de detalhes de acontecimento tão importante para a maioria dos brasileiros, principalmente para os que são, ou pretendem ser, acionistas da "segunda maior petroleira do mundo", conforme trombetearam jornais com base nos R$ 120 bilhões alegadamente arrecadados na oferta de ações da gigantesca financiadora da propaganda de si mesma e do governo nos canais de televisão, nas rádios e na imprensa em geral.
(...)
No momento o grande esforço de qualquer jornalista deve ser no sentido de explicar em linguagem inteligível a formidável capitalização da Petrobrás.

É o seguinte:
dos R$ 120 bilhões, um pouco mais de R$ 74 bilhões vieram, ou virão, do setor público (Tesouro, BNDES, Caixa, Banco do Brasil, fundos de pensão de funcionários, etc.).

O restante, que de fato representa dinheiro em caixa, sai do setor privado (nacional ou estrangeiro, bancos, fundos, empresas, pessoas físicas, etc.).

Aqueles R$ 74 bilhões do setor público equivalem à "cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo" que a União, maior acionista da Petrobrás, detém como dona de uma parcela do petróleo descoberto pela empresa, no pré-sal ou fora dele.

Então, a União como que empresta para a Petrobrás os 5 bilhões de barris da sua parte no petróleo, que passam a integrar o capital da Petrobrás.
(...)
Mas esse empréstimo virtual, de 5 bilhões de barris de petróleo que estão no fundo do poço, se materializa num empréstimo real de R$ 74 bilhões em títulos do governo, que a Petrobrás pagará ao longo dos anos, à medida que for vendendo os barris de petróleo ou apurando mais lucros do que hoje em dia.

Bom, essa é a operação em si, contada pelo governo e pelos jornais.

E, caros leitores, é uma história que decorei para contar aos leitores - repetindo o que diz meu colega Rolf Kuntz.

Mas ficarei embaraçado se me perguntarem se entendi.

Sim, porque há coisas que não estão explicadas direito ou só poderão ser explicadas quando forem desvendadas e exploradas as tais reservas do pré-sal.

Uma delas é como foi que se chegou à conclusão de que os 5 bilhões de barris da tal "cessão onerosa" valem R$ 74 bilhões.

Firmas de consultoria estimaram o preço dos barris entre US$ 5 e US$ 12, o que na média dá US$ 8,5 - que, multiplicado por 5 bilhões, dá US$ 42,5 bilhões ou mais ou menos os tais R$ 74 bilhões, com o dólar, digamos, a R$ 1,74.

Mas houve um outro cálculo que levou em conta a quantidade e os preços do petróleo que haveria em cada uma das seis áreas a serem exploradas e cuja média ponderada daria US$ 8,51 o barril, curiosamente, quase a mesma coisa da estimativa feita pela média aritmética simples.

Mas tanto num caso quanto no outro o preço é pura ficção.

É que nas sete áreas de reservas marítimas que justificaram a gigantesca engenharia financeira só foi feito um furo até agora, cabendo então perguntar: qual a garantia de que dali se poderá extrair os 5 bilhões de barris que a Petrobrás "comprou" da União na operação, mais os que serão propriedade dela?

Finalmente, há que mencionar as nebulosas condições de exploração do pré-sal: quem disse que tirar petróleo de 8 mil metros de profundidade terá custos suportáveis pelos preços por que se consegue vendê-lo?
Quem disse que os desafios tecnológicos já estão todos resolvidos, mesmo que a Petrobrás seja especialista em águas profundas?
Quem disse que os riscos do empreendimento são previsíveis, depois do que aconteceu no Golfo do México?

Quem disse que vai ser fácil e barato encontrar seguradoras para arcar com esses riscos?

Tantas incertezas deveriam afastar, e não atrair, investidores privados.
Mas é que não são investidores.
São jogadores do cassino financeiro moderno.
E, no momento, só estava aberta no salão a "mesa" Petrobrás.
Amanhã irão para outra.

Quanto ao maior negócio da história do capitalismo mundial, foi o dinheirinho de fretamento do Mayflower, o navio que levou um punhado de ingleses para a Nova Inglaterra, nos EUA, e que deu, de "lucro", a mais pujante economia do planeta.

Marco Antonio Rocha O Estado de S. Paulo

QUAL OPOSIÇÃO ?

Em recente evento no Secovi-SP, seu presidente, João Crestana, numa mesa-redonda, colocou a seguinte questão: "Qual o papel da oposição num mais que provável governo Dilma Rousseff?"

De minha parte, respondi: Qual oposição?

Não consigo bem entender a pergunta!

A questão provocou uma indagação relativa ao que tem sido o exercício das oposições e, mais particularmente, dos tucanos na campanha presidencial.

Com efeito, a oposição não agiu enquanto tal, salvo, agora, de forma atabalhoada, quando a derrota se vislumbra no horizonte imediato.

Uma oposição digna desse nome deveria ter apresentado propostas, mostrado o seu contraste com o governo, expondo o que fez no passado e sugerindo medidas alternativas.

Não deveria ter-se escondido enquanto oposição, fingindo ser uma outra forma da situação.

A oposição tucana alçou Lula a um pedestal, como se ele estivesse acima do bem e do mal.

Colocou-se, numa espécie de servidão voluntária, na posição de continuação do atual governo, interditando-se qualquer crítica ao atual mandatário.

A chiadeira atual de que ele está ameaçando as instituições nada mais é do que o resultado de sua incompetência, o fruto desse reconhecimento preliminar de que a condenação do atual governo não deveria fazer parte de sua agenda política.

É o estertor de uma política que não deu certo!

Nesse sentido, foi forjada a ideia de que Lula não é o PT.

Logo, se ele não é o PT, como sua criatura seria a representante mesma do partido? Ela deveria ser "lulista", e não "petista", se essa distinção fizesse sentido.

(...)

Não deveria, pois, surpreender a declaração do ex-ministro José Dirceu de que a diferença principal entre Lula e Dilma reside em que o primeiro é "duas vezes o tamanho do PT", enquanto a segunda é menor do que o partido.

O que disse foi simplesmente uma verdade.

A celeuma, nessa perspectiva, não tem nenhuma razão de ser, na medida em que pode ser constatada por qualquer pessoa preocupada em compreender a realidade tal como ela é.

Outra pessoa tivesse dito a mesma coisa, a controvérsia nem se teria estabelecido nem os juízos de valor sobre a pessoa que a enunciou.

A propaganda eleitoral tucana que trata o ex-ministro como um representante do "mal" é só uma forma de continuar preservando a figura de Lula como encarnando o "bem", procurando dessa maneira atingir a candidata Dilma.

Não dá para entender.

Fica-se com a impressão de que Dirceu é ainda ministro da Casa Civil, ou mesmo candidato, ou, ainda, que Dilma é sua criatura.

A confusão é total.

(...)

Criou-se, assim, a ficção de que Lula não é o PT e que as posições mais revolucionárias do partido estariam descartadas.

Não o foram, pois elas continuam animando boa parte de suas tendências.

(...)

O período que se abre num mais que provável governo Dilma é o de como o PT vai resolver suas contradições internas.

O que se convencionou chamar de "lulismo", e outros chamam de "pragmatismo" petista, expressa a predominância de correntes internas que optaram por abandonar a ruptura com o capitalismo, visando à instauração de uma sociedade socialista autoritária no Brasil.

(...)

O PMDB, não esqueçamos, faz parte da aliança governamental e pelas boas e más razões não embarcará numa aventura revolucionária.

Quanto mais não seja, para não perder os benefícios que extrai do status quo.

A atual situação é-lhe mais que favorável e tudo fará para que não se altere.

Ele continuará compartilhando o "pão", talvez com mais voracidade.

Há um novo jogo aqui, o das disputas internas do PT, que se tornará mais complexo com a atuação do PMDB, procurando ocupar os mesmos espaços.

As oposições, que sairão derrotadas deste pleito, serão, num primeiro momento, meras espectadoras.

Terão, preliminarmente, de responder à pergunta "qual oposição?", se pretenderem, num segundo momento, um papel de protagonismo.

Denis Lerrer Rosenfield - O Estado de S.Paulo

PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

O PIOR DOS MUNDOS

Desde o início do governo Lula, o Brasil adotou um padrão novo de posicionamento em questões relacionadas aos direitos humanos, passando a votar a favor de países como Irã e Coreia do Norte.

Não foi a primeira vez que o Brasil beneficiou regimes de força, mas a partir de então consolidou uma política que destoou cada vez mais das nações democráticas.

Houve um acentuado declínio nos valores da civilização na nossa política externa, embora os últimos meses de 2010 possam ser de regeneração benigna.

A partir do fim de 2008, a diplomacia brasileira recrudesceu seu novo comportamento, amplamente criticado pelos movimentos de defesa dos direitos humanos.

Supostamente em nome de mais diálogo e menos politização, o governo passou a liderar um processo de revisão dos procedimentos na ONU, sugerindo que o mundo parasse de censurar os violadores contumazes.

Embora o discurso oficial se contradiga e oscile entre os ideais wilsonianos de paz e o pragmatismo amoral da realpolitik, a política externa está mais para a mal engendrada weltpolitik, caracterizada pela maior assertividade e pressa com que busca a projeção mundial.

No afã de aparecer como ator independente e garantir um lugar ao sol, o governo acabou inconfessadamente se associando a ditaduras, ainda que não tenha trazido qualquer vitória internacional ou ganho concreto ao Brasil.

O governo Lula defendeu que países da periferia saiam do jugo dos EUA.

Fez isso com a pretensão de expandir a influência brasileira no mundo mediante a relação especial que desenvolveu justamente com os desafetos de Washington, em sua maioria governos repressores de todo tipo.

Para a diplomacia comandada pelo ministro Celso Amorim, os EUA de algum modo atrapalham a plena ascensão do Brasil, querendo limitá-lo à América do Sul.

As grandes potências temem que nações emergentes minem a ordem internacional na qual já ocupam posição privilegiada.
Tanto quanto os EUA e a Europa, na prática China e Rússia não gostariam que o Brasil ascendesse como uma potência mundial.

Não é estranho, portanto, que o Brasil tenha ficado isolado no Conselho de Segurança da ONU, no qual as cinco potências se alinharam contra Ahmadinejad, incluindo a França, com quem estabelecemos parceria estratégica e passamos a importar material bélico fundamental, por exemplo, para a defesa do pré-sal.

Se o Brasil almeja de fato um assento permanente no principal foro de decisão político-militar do mundo, não seria conveniente polarizar com as potências que, ao final, podem vetá-lo.
Não só isolados, podemos acabar também sendo excluídos de uma nova balança de poder.

A ONU comemorará 70 anos em 2015.

Seria uma excelente oportunidade para fazer as reformas multilaterais, desde que tenhamos uma estratégia diplomática mais consistente, capaz de explorar as brechas do sistema mediante propostas flexíveis.

Por sua vez, quando o governo avança em territórios longínquos acaba por descuidar-se da própria região.

Colômbia e Venezuela tensionaram suas relações já bastante complicadas, e o Brasil não exerceu o mesmo empenho pela mediação se comparado à polêmica nuclear iraniana.

Não podemos pretender uma liderança global sem exercê-la regionalmente, onde ela é mais possível.

Basta observar a evolução da ordem internacional para ver que um sistema de relações entre países não funciona bem, e pode acabar muito mal, quando se abdica da liderança política.

Evidentemente, o Brasil não deve alardear sua liderança, pois isso costuma gerar efeitos contrários.

Mas tampouco devemos permitir ficar com o pior dos mundos, isto é, aumento da instabilidade regional, desgaste no campo dos direitos humanos e deterioração na qualidade das exportações.

Lembremos as sucessivas quedas no saldo da balança comercial, que em nada se coadunam com uma diplomacia realmente pragmática e interessada no pleno desenvolvimento do país.

Em vez de mandar carta aos países da ONU pedindo para aliviar a vida dos tiranos, o Itamaraty deveria considerar os efeitos perversos de longo prazo, relacionados a uma política externa que de algum modo apoia regimes de força.

A infeliz frase "negócios são negócios" pode um dia ser usada contra o Brasil, um país sem grande poder militar, com riquezas tão vastas quanto as suas vulnerabilidades.

Um mundo sem princípios não é do nosso interesse.

Marcelo Coutinho O Globo

PETROBRÁS : CAPITALIZAÇÃO E POLÍTICA

Áreas do pré-sal que a União entrega à Petrobras como sua parte na capitalização da empresa. Os acionistas privados que não quiserem investir, cederão o direito à União.

O governo pode considerar um sucesso a capitalização da Petrobrás - tanto para os objetivos da empresa quanto para as ambições do atual grupo no poder.


Pelo menos um dos obstáculos à exploração do pré-sal, o financeiro, será menos assustador a partir de agora.

Com a venda de ações no valor de R$ 120,4 bilhões, equivalentes a cerca de US$ 70 bilhões, a companhia obtém um reforço importante para a execução, em cinco anos, de investimentos estimados em US$ 224 bilhões.

Além disso, o novo capital tornará mais atraente o balanço da companhia, permitindo reduzir a relação entre dívida e recursos próprios, a chamada alavancagem.

Para o governo, a operação propiciou, além desses objetivos e de possíveis dividendos políticos, um aumento de participação do setor público no capital total da empresa.

A soma das fatias da União e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve passar de 39,8% para cerca de 48%.

Qual a vantagem dessa mudança, se a União já detém a maioria das ações com direito a voto e, portanto, o controle administrativo?

O assunto pode justificar uma boa polêmica, exceto quanto a um ponto: uma participação governamental muito além da necessária para o controle da empresa é um desperdício.

Esse fato é ainda mais evidente quando se considera o prazo de retorno dos investimentos no pré-sal.

O dinheiro aplicado além do necessário seria muito mais útil se fosse destinado a outras finalidades. Seria fácil produzir uma lista de carências muito importantes em vários setores.

A decisão de aumentar a participação estatal na empresa foi tomada bem antes do lançamento das ações. Talvez faltasse definir a nova porcentagem, mas a intenção era clara.

Há poucos dias foi anunciada a disposição do governo de garantir o dinheiro necessário à capitalização, se o número de ações comprado pelos minoritários fosse insuficiente.

Os preços de oferta dos papéis foram fixados segundo os padrões previsíveis, um pouco abaixo dos níveis do mercado - com redução de 1,98% para as ações ordinárias e de 1,87% para as preferenciais, tomando-se como referência as cotações de quinta-feira. Até aí, nenhuma surpresa.

A novidade foi outra.

A Petrobrás surpreendeu os investidores ao oferecer um lote adicional equivalente a apenas 8,7% do volume básico da operação. Pelas informações anteriores, poderia haver uma oferta extra de 20% e, se o total ainda fosse insuficiente, mais um lote de 5% seria posto à disposição dos investidores.

Surpreendidos, analistas e operadores propuseram diferentes explicações para essa decisão. A Petrobrás poderia, por exemplo, ter decidido adiar parte da oferta para aproveitar a reação favorável do mercado, se fosse o caso.

Ou talvez tivesse reestimado a demanda. Ou talvez o anúncio anterior da oferta adicional em duas etapas tenha sido um truque para atrair os investidores.

A demanda pode não ter sido tão grande quanto se calculou a partir das primeiras informações. Mas, segundo novas estimativas divulgadas ontem, a procura foi quase um terço maior que o total dos papéis oferecidos.

À tarde, o assunto continuava misterioso.

Mas esse não é o único ponto obscuro na longa e complicada história dessa capitalização.

O processo foi iniciado há mais de um ano e desde o começo foi viciado pela decisão do governo de aumentar a presença estatal na exploração e na produção de petróleo.

Tudo se tornou ainda mais confuso quando se estabeleceu a forma de participação do governo no aumento de capital.

A ideia da cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal criou problemas de fixação de preços e até de cálculo dos volumes disponíveis.

Esta segunda questão continua sem resposta, porque só um furo foi feito, até agora, nas áreas selecionadas, mas as decisões finais foram tomadas como se houvesse conhecimento suficiente.

Por esses e outros fatores, não se pode avaliar a magnitude das apostas feitas neste momento. Os dados até agora conhecidos indicam a existência de reservas muito grandes nas amplas áreas conhecidas como pré-sal.

Por enquanto, o risco de ingerência política nas atividades da Petrobrás é mais preocupante que as incertezas técnicas.

O Estado de S.Paulo