"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 27, 2012

Depois de queda nas ações da OGX, Eike perde sete posições em ranking dos mais ricos do mundo


O empresário Eike Batista caiu da 14ª posição para a 21ª posição no ranking da Bloomberg News das pessoas mais ricas do mundo. Segundo o levantamento divulgado há pouco, o empresário perdeu US$ 2,4 bilhões nos mercados nesta quarta-feira, encolhendo sua fortuna para US$ 21,1 bilhões.

Um dia antes, na terça-feira, o empresário já tinha recuado da 13ª posição para a 14ª posição do ranking, liderado atualmente pelo mexicano Carlos Slim (US$ 70,5 bilhões), seguido pelos americanos Bill Gates (US$ 61,1 bilhões) e Warren Buffett (US$ 45,8 bilhões).

Somadas, as empresas do conglomerado EBX listadas na Bovespa perderam R$ 8,37 bilhões de valor de mercado somente no pregão desta quarta-feira, de R$ 45,812 bilhões para R$ 37,443 bilhões.

Já na última lista anual dos mais ricos do mundo da revista americana “Forbes”, divulgada no início de março, o empresário Eike Batista avançou uma posição no ranking. O mineiro de Governador Valadares passou à sétima posição, com uma fortuna calculada em US$ 30 bilhões.

De acordo com nota divulgada pela assessoria, o Grupo EBX afirmou seguir firme no seu plano de investimentos da ordem de US$ 15,7 bilhões em dois anos.

"As companhias do Grupo estão capitalizadas, com recursos suficientes para garantir a execução dos projetos estruturantes desenvolvidos no país. Todas as empresas do Grupo EBX vêm cumprindo seus planos de negócios e geram 20 mil postos de trabalho nos empreendimentos em operação e construção".


O Globo

Mudança na aposentadoria pode acabar com tempo de contribuição

Para acabar com o fator previdenciário e aplicar, em substituição, a fórmula 85/95 para os atuais trabalhadores da iniciativa privada (INSS), o governo quer fazer mudanças substanciais para os novos trabalhadores (os que vão entrar no mercado de trabalho após a aprovação da mudança): acabar com a aposentadoria por tempo de contribuição - hoje 30 para mulheres e 35 para homens - e estabelecer apenas a aposentadoria por idade, que, nos dias de hoje, seria 60 anos para mulheres e 65 para homens.

Nas discussões desta quarta-feira no Ministério da Fazenda, chegou-se a discutir em idade mínima de 65 para mulheres e 75 para homens, mas os próprios ministros, além dos líderes, consideraram impossível de ser aprovada.

A proposta de substituição do fator previdenciário foi acordada nesta terça-feira, em reunião entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, e os líderes da base aliada no Congresso. Pelo que foi firmado, prevalecerá a fórmula proposta pelo então deputado Pepe Vargas (PT-RS), agora ministro do Desenvolvimento Agrário:
o fator não existirá quando a soma da idade e do tempo de contribuição resulte em 85 anos para as mulheres e 95 para os homens, com idade mínima de 50 anos para mulher, e para homens, de 60 anos.

Depois da reunião o líder do governo na Câmara , Arlindo Chinaglia (PT-SP), deixou claro para o Executivo que o destino do fator previdenciário - que é usado como parâmetro para o cálculo do valor das aposentadorias - será votado no Congresso em, no máximo, dois meses. Ele aceitou novo encontro no próximo dia 10, tendo em vista que a equipe econômica ainda não tem dados definitivos para negociar a melhor saída para substituir o mecanismo.

Faremos uma nova reunião no dia 10, depois do governo ter levantado o número e as implicações, mas com o compromisso que em até dois meses nos votaremos. É claro que é mais fácil falar do que fazer mas era meu papel e dos líderes mostrar para o governo que este é um tema que está pautado e vai ser votado. Então é preciso ter os elementos disponíveis para negociar disse ao deixar o ministério.

O fator previdenciário é uma fórmula que relaciona a idade da aposentadoria com a expectativa de vida do beneficiário. Quanto menor for a idade em que a pessoa se aposenta, menor será o benefício recebido, uma vez que há a expectativa de que esta pessoa passe mais tempo recebendo recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O Globo


O mensalão e seus filhotes

Agora é oficial:
o mensalão começa a ser julgado no próximo dia 2 de agosto. Será a chance de passar a limpo o maior escândalo da história política do país, marcado pela compra de apoio parlamentar pelo governo do PT. Também poderá servir para inibir a proliferação de esquemas de corrupção, uma ninhada de filhotes que o mensalão gerou.

O último passo para que a data do julgamento fosse fixada foi dadoontemcom a conclusão do relatório do ministro revisor do caso, Ricardo Lewandowski. Funcionou, portanto, o empenho da sociedade para que a revisão fosse finalizada dentro do cronograma aprovado no início do mês pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

A data permite a apreciação do mensalão com a Corte completa e sem atropelos. Será possível ao ministro Cezar Peluso, que se aposenta compulsoriamente em setembro, votar, bem como ao atual presidente do STF, Carlos Ayres Britto, que se retira em novembro.

Não se conhece, ainda, o teor do voto do revisor. Mas, nos jornais de hoje, especula-se que Lewandowski possa ter assumido postura mais favorável aos réus do processo.
n'O Globo, Merval Pereira arrisca:
"O voto do revisor (...) caminha no sentido de indicar que, na sua opinião, o Supremo Tribunal Federal deve optar por penas mais brandas para os réus".

Por penas mais brandas, entenda-se a prescrição de crimes como formação de quadrilha, pelo qual respondem 22 dos 38 réus, entre eles José Dirceu. O prazo de prescrição varia de acordo com a condenação a que são submetidos:
pode se dar em quatro ou em oito anos. Como a denúncia foi recebida pelo Supremo em 2007, a hipótese existe.

O Estado de S.Paulo também reforça a suspeita de que, no voto concluído ontem, Lewandowski tenha tendido a beneficiar os réus. O ministro levou seis meses no trabalho de revisão e, se dependesse estritamente de sua vontade, consumiria mais uns tantos, empurrando o julgamento do mensalão para depois das eleições municipais de outubro.

"O cronograma adotado por Lewandowski indica que ele desceu ao mérito das questões. Nos bastidores, a avaliação é de que o ministro construiu um voto que faz reparos ao voto do relator, ministro Joaquim Barbosa",especulao jornal.

Não custa lembrar que Lewandowski foi o mesmo flagrado pelaFolha de S.Pauloalguns anos atrás num telefonema indiscreto. Teria dito, em conversa ouvida pela repórter Vera Magalhães, que o STF votara o acolhimento da denúncia do mensalão, em agosto de 2007, "com a faca no pescoço" e a tendência dos ministros era "amaciar para [José] Dirceu".

Também por estas razões, o julgamento do mensalão servirá para dissipar todas as suspeitas, punir culpados e, se for o caso, inocentar quem nada deve. O que não cabe é os atos da "sofisticada organização criminosa" denunciada pela Procuradoria-Geral da República continuarem sem ser apreciados pelo Supremo. Quanto antes, melhor.

O julgamento do esquema de compra de apoio parlamentar montado pelo governo Lula para garantir sua perpetuação no poder também terá o condão de coibir a proliferação de malfeitos similares país afora. Depois que tentou reduzir o mensalão a um crime eleitoral "que todo o mundo faz" e, posteriormente, transformá-lo em "farsa", o PT deu a senha para que seus seguidores exorbitassem nos ilícitos.

Basta ver como os casos de corrupção envolvendo petistas se sucederam desde então. Há o escândalo dos aloprados, agora denunciados pelo Ministério Público no Mato Grosso; o esquema de desvio de dinheiro público recém-descoberto no Banco do Nordeste, e que envolve a mesma turma celebrizada pelos dólares na cueca; o submundo da arapongagem usado na campanha presidencial de 2010 contra o candidato da oposição... A lista é extensa.

Com a marcação do início do julgamento, o STF também mostrou reação adequada à tentativa de Lula de interferir no processo, postergando-o. A imprudência do ex-presidente acabou por precipitar os trâmites, ou seja, mostrou-se um favor a quem deseja ver o caso julgado mais celeremente.

Resta agora esperar que os ministros do Supremo deem aos integrantes da quadrilha do mensalão o destino que lhes cabe na História:
bem longe da vida pública, quitando suas dívidas com a Justiça.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O mensalão e seus filhotes

O "VENDEDOR DO brasil" ENTREGA O QUE PROMETE? OGX decepciona e tomba quase 30% no dia e Bovespa cai, dólar sobe


Os investidores se decepcionaram com a nova capacidade de produção dos poços de petróleo da OGX, petrolífera do bilionário Eike Batista. A empresa vai extrair um terço do óleo que chegou a prever anteriormente.

Isso fez as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia derreterem quase 30% na manhã desta quarta-feira, quando tombaram 29,39%, a R$ 5,91. O papel tem o quinto maior peso (3,80%) no Ibovespa principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Por isso, o tombo da OGX era o principal motivo de queda do índice, que recuava 0,69%, aos 53.469 pontos, por volta de 14h50m. No mercado de câmbio, o dólar comercial subia 0,82%, a R$ 2,087 e R$ 2,089 para venda.

Segundo analistas, a petrolífera é enxergada como o projeto com maior potencial de lucros de Eike. Ações da mineradora MMX e da empresa de logística LLX, que também pertencem ao bilionário, sofrem forte queda e contribuem para puxar o Ibovespa para baixo.

As empresas do Eike são projetos ainda. Então, se uma cai, traz desconfiança. Com tanta volatilidade no mercado, a queda da OGX está contaminando toda a nossa bolsa diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW corretora.

Por volta de 14h50, o papel da OGX recuava 26,04%, a R$ 6,19. O motivo de tanta frustração dos investidores foi a divulgação de um comunicado na noite de ontem, após o fechamento dos mercado. No documento oficial, a companhia informou que, após testes por cinco meses no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, foi constatado que idealmente os dois poços em produção na área devem extrair 5 mil barris de óleo equivalente por dia.

Em março, a empresa estimava uma produção de 10 a 13 mil barris por dia em cada um. Em janeiro, a empresa falava de uma produção de 10 mil a 20 mil barris diários.

Foi uma reversão de expectativas. Para poços que estão começando a produção, é um resultado fraco. Se começa a diminuir a produção prevista em todos os campos, atrasa a geração de caixa para a empresa como um todo diz Luiz Otávio Broad, analista da Ágora corretora.

A ação preferencial da Petrobras (PN, sem direito a voto) caía 1,22%, a R$ 17,77, enquanto Petrobras ON recuava 0,91%, a R$ 18,38.

Vale PN caía 0,23%, a R$ 38,84, apesar de a mineradora ter informado que obteve licença prévia (LP) ambiental para produzir minério de ferro em Carajás, no Pará, em uma mina com capacidade estimada de 90 milhões de toneladas métricas anuais e início de operação previsto para o segundo semestre de 2016.

Em relatório a clientes, o Bank of America Merrill Lynch reduziu a recomendação para as ações da OGX, de neutra para underperform (expectativa de retorno abaixo da média do mercado). Isso significa na prática que o banco americano passou a recomendar a venda do papel.
O preço-alvo, que projeta quanto a ação pode estar cotada no fim do ano, caiu de R$ 19,50 para R$ 7,30.

Embora ainda seja um bom nível, ficou abaixo dos patamares mais baixos que haviam sido projetados pela administração. Nós vemos o fato como um grande desapontamento, que provavelmente terá um efeito de longo prazo na valorização da OGX, diz o relatório do Bank of America Merrill Lynch.

O Globo

Memória :

Camuflados

ENQUANTO ISSO NA REPÚBLICA TORPE... CHANTAGEM OU CONLUIO ? Responsáveis pela liberação de emendas entram em greve hoje



Os analistas de convênios dos ministérios, responsáveis pela análise e liberação das emendas aprovadas pelo Congresso no Orçamento da União, vão aderir ao movimento grevista por reajuste salarial. Senadores e deputados apontam que o potencial de prejuízo nas eleições municipais será grande.

Os parlamentares estão preocupados porque o prazo para empenho (promessa de pagamento) de emendas ao orçamento deste ano vai até 7 de julho, noventa dias antes do pleito, por exigência da legislação eleitoral. A execução (pagamento) de restos a pagar de 2010 e de anos anteriores já empenhados também fica comprometida:
de acordo com decreto editado no ano passado, eles terão validade até o dia 30 de junho. Depois disso, aqueles que não tenham ao menos a primeira parcela quitada, são cancelados.

Se essa greve vier a prejudicar a análise e o empenho de emendas, causa um prejuízo muito grande em vários municípios. E quando falamos em municípios, nos referimos a indivíduos. Isso ainda vai causar um rebuliço muito grande entre os deputados, afirma o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

A queixa dos parlamentares, que se avoluma desde o início do governo Dilma Rousseff, deve-se ao baixo índice de empenho e pagamento de emendas. De acordo com levantamento feito pela liderança do DEM, este ano apenas R$ 826 milhões de um total de R$ 20 bilhões previstos no orçamento para emendas foram empenhados, o equivalente a 3,97%.

Há até quem desconfie da greve, ainda que de brincadeira.


Essa greve tem cara de jogo combinado com o governo. São os prefeitos que mais vão sentir esse corte. Eles nos cobram mais verbas perto das eleições, porque precisam concluir as obras nos municípios diz o líder do PR, Lincoln Portela (MG).

A baixa execução dos restos a pagar de anos anteriores também é motivo de reclamação entre os parlamentares. Ainda segundo o levantamento feito pelo DEM, dos R$ 4 bilhões de 2011 inscritos para serem pagos em 2012, apenas R$ 516 milhões (12,8%) foram pagos até agora.

Dos R$ 5 bilhões de 2010, R$ 615 milhões (12,3%); e dos R$ 2,6 bilhões de 2009, apenas R$ 382 milhões (14%).


Somente em novembro, após as eleições municipais, e já com restos a pagar de 2010 e de anos anteriores cancelados, os parlamentares poderão voltar a empenhar emendas parlamentares inseridas no Orçamento para atender suas bases eleitorais.

Aí matou tudo. É o pretexto para matar as emendas. Se não for agora, só em novembro. Atrasa tudo, os projetos ficam parados, as prefeituras ficam na não. É uma via crucis arrancar verba do governo para fazer obras para os pequenos municípios reclama o senador Benedito de Lira (PP-AL).

O Globo

GATO GORDO - Com salário de R$ 23 mil, garagista da Câmara está há 6 anos fora da garagem


Símbolo da discrepância de remunerações na Casa, Alexandre Pereira é, na verdade, assessor parlamentar do vereador Juscelino Gadelha

Um garagista da Câmara Municipal de São Paulo não trabalha na garagem há pelo menos seis anos. Alexandre Camargo Pereira, de 37 anos, é, na verdade, assessor parlamentar do vereador Juscelino Gadelha (PSB). Segundo o site da Casa, seu salário bruto é de R$ 23.206,96 - mais que o dobro do que ganha o presidente José Police Neto (R$ 9,3 mil).

Veja também:
Kassab brinca que quer ser garagista da Câmara
Câmara reajusta em R$ 18 mil verba de gabinete dos deputados

O salário dos garagistas, maior também que o dos 55 vereadores, de R$ 7,2 mil mensais, chamou atenção até do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Um dia após a divulgação dos salários do Legislativo - a Câmara de São Paulo foi o primeiro órgão desse poder a abrir os vencimentos dos seus funcionários -, o prefeito brincou e disse que gostaria de ser garagista da Casa.

Até a revista inglesa The Economist falou sobre os holerites dos servidores paulistanos, a quem apelidou de "gatos gordos".

Pereira nunca prestou concurso para trabalhar no Legislativo. Foi nomeado assessor parlamentar de Gadelha, que vai trabalhar com carro próprio e não usa motorista da Casa, em janeiro de 2005. Filho de Joaquim Nabuco Pereira, que recebeu em maio - em valores brutos - R$ 17 mil para coordenar os motoristas, ele hoje é um "faz-tudo" no gabinete de Gadelha.

Ajuda tanto a descarregar caixas que chegam ao gabinete quanto na elaboração de ofícios que são enviados a secretarias municipais. "Quem trabalha na garagem é meu pai, o supervisor dos motoristas.

Eu já fui motorista do Zé Eduardo (José Eduardo Martins Cardoso, atual ministro da Justiça, vereador até 2003), já fiz esse trabalho, mas agora estou no gabinete do Juscelino", confirmou Pereira nesta terça-feira, 26, ao Estado.

Segundo o vereador, Pereira foi colocado "em função errada" e seu salário real é de cerca de R$ 7 mil - ele teria recebido o salário errado de R$ 23 mil por "dois ou três meses". Gadelha diz ainda que o valor recebido a mais será devolvido aos cofres públicos, "mesmo que ele tenha de tirar a diferença "do próprio bolso".

Nesta terça, o holerite de Pereira, publicado no site da Câmara, ainda mostrava os vencimentos de maio, com salário bruto que chega a R$ 23 mil. Procurado, ele afirmou que a reportagem deveria pedir mais explicações ao chefe de gabinete de Gadelha, Edson Dominguez.

"O que sei é que foi um erro do vereador. Ele não trabalha na garagem, o Juscelino nem usa motorista", admitiu Dominguez. A presidência da Casa informou que "no próximo mês haverá a atualização de dados, com o novo salário".

Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli O Estado de S. Paulo

VERSO E REVERSO SEM "MARQUETINGUE" : Economia fraca derruba arrecadação

O governo federal arrecadou R$ 77,971 bilhões em impostos e contribuições em maio, valor recorde para o mês. O número representa uma alta real, acima da inflação, de 3,82% sobre o mesmo mês do ano passado, quando o valor foi de R$ 71,534 bilhões. Em comparação com abril, no entanto, a arrecadação teve uma queda de 16,3%.

O resultado se deve, sobretudo, à redução do ritmo do setor produtivo, que já aparece no recolhimento dos tributos. Em maio, o pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica caiu pela metade em relação ao mês anterior. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por sua vez, caiu 44,5%, sinais da desaceleração da atividade econômica.

- O que a gente percebe é que há uma queda na lucratividade das empresas, que está atingindo todos os segmentos - disse Zayda Manatta, secretária adjunta da Receita Federal.

Menos lucratividade reduz impostos de empresas

A secretária observa que, na comparação com maio do ano passado, o recolhimento desses impostos caiu 22,39%. Houve uma retração no pagamento até mesmo por parte do setor financeiro. Para Zayda, uma explicação é o balanço que as empresas fazem nesta época do ano, caso percebam que as estimativas feitas para o ano estão acima do lucro que efetivamente será obtido.

- Se, no acumulado do ano, considerarem que pagaram o imposto previsto para o ano, podem suspender ou reduzir o recolhimento - explicou.

Mesmo com a queda na lucratividade, as instituições financeiras continuam puxando a arrecadação no resultado dos cinco primeiros meses. Os bancos foram responsáveis por 70,9% do crescimento da receita de janeiro a maio.
Em seguida destacam-se os setores varejista; responsável por 20,2% do crescimento; e o de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, com 11,4%.

Na lista dos dez segmentos que mais puxaram a arrecadação, há apenas um representante da indústria:
o de fabricantes de bebidas, o que mostra que o setor continua patinando apesar dos pacotes anunciados pelo governo.


No acumulado dos cinco primeiros meses, entraram R$ 427,448 bilhões nos cofres públicos, ante os R$ 382,883 bilhões do mesmo período do ano passado. Isso significa que, a cada dia, incluindo sábados, domingos e feriados, os brasileiros jogaram R$ 2,8 bilhões nas contas do governo.

Zayda afirmou que a arrecadação deverá crescer entre 4% e 4,5% este ano., mas ainda sobre parâmetros econômicos não revisados.

Cristiane Bonfanti O Globo

DESMISTIFICAÇÃO E HIGIENIZAÇÃO ? A Petebrás sem O FILHO...do brasil, O PARLAPATÃO CACHACEIRO.

O toque de realismo, a melhor parte do novo plano de negócios da Petrobrás, pode ter mais que um significado econômico.

Se for levado a sério pelo próprio governo, mostrará o caminho para uma gestão mais séria, mais comprometida com o longo prazo e menos propensa ao ilusionismo e à mistificação da Era Lula.

Soou como promessa de novos tempos a insistência do diretor financeiro, Almir Barbassa, em relação à paridade dos preços internos com os internacionais. A presidente da estatal, Graça Foster, reforçou essa mensagem.

A revisão dos cronogramas e metas, o reconhecimento dos problemas de produção e a avaliação crítica do projeto da Refinaria Abreu e Lima serão mais um marco importante na história da empresa, se os próximos passos forem compatíveis com esse discurso.


A presidente Graça Foster ainda manifestou a esperança de ver realizada a associação com a PDVSA naquela refinaria, mas essa ressalva pode ter sido apenas diplomática. O custo do projeto foi revisto de US$ 13,4 bilhões para US$ 17 bilhões. Sua primeira unidade só deverá entrar em operação em 2014, com um ano de atraso em relação à última previsão.

A participação venezuelana, até agora, foi nula.


O caso da Abreu e Lima é um claro exemplo de como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva misturou objetivos ideológicos, partidários, pessoais e econômicos em seus oito anos de exercício direto do poder. O adjetivo "direto" é justificável.

Lula deixou o Palácio do Planalto, mas impôs vários ministros a sua sucessora e nunca renunciou de fato à interferência na administração federal.


A maior parte daqueles ministros caiu de podre, no meio de escândalos indisfarçáveis, mas nem isso eliminou a influência do ex-presidente. Apesar disso, a presidente Dilma Rousseff demonstra, talvez contra a própria inclinação, crescente dificuldade para realizar sua tarefa sem abandonar a incômoda herança deixada por seu antecessor e mentor.

Parte desse legado é a aliança com o presidente Hugo Chávez para a construção de uma refinaria em Pernambuco. Esse compromisso resultou daquela mistura de objetivos. A associação deveria servir às ambições - jamais concretizadas - de influência regional do presidente brasileiro.

Em pouco tempo ficou evidente o risco de só a Petrobrás custear o projeto, porque nem o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aceitou as garantias oferecidas pela PDVSA. Mas Brasília insistiu na aventura.

A mudança no plano de negócios da Petrobrás e os comentários da presidente Graça Foster evidenciam um limite: tornou-se impossível insistir, sem graves consequências, num estilo de gestão irrealista, moldado segundo as concepções e ambições do presidente Lula.

A crítica, no entanto, só avançou até certo ponto. A presidente Graça Foster ainda se arriscou na defesa da política de conteúdo nacional mínimo.


Essa política, no entanto, é apenas uma das manifestações de um padrão desastroso de governo. Pesquisar, extrair, refinar petróleo e distribuir derivados já são tarefas imensamente complexas. Essas tarefas se tornam ainda mais difíceis quando se inclui na agenda a exploração de reservas profundas como as do pré-sal.

Apesar disso, o presidente Lula decidiu converter a Petrobrás em instrumento de política industrial, impondo mais um peso à sua administração e mais custos aos projetos desenvolvidos pelo grupo - além, é claro, de continuar subordinando a gestão dos preços de combustíveis à política de controle da inflação.

Ninguém deve surpreender-se quando a multiplicação de funções e de alvos prejudica o negócio central de uma empresa.


Ao impor seus objetivos à Petrobrás, o presidente Lula combinou sua vocação autoritária (revelada também nas tentativas de comandar a Vale e a Embraer) com a tendência à busca dos caminhos mais fáceis. É muito mais simples criar reservas de mercado, índices mínimos de nacionalização e barreiras comerciais do que imaginar e executar uma política de produtividade e competitividade.

Além disso, uma política sadia é incompatível com uma administração aparelhada, com o desperdício de recursos públicos e com a irracionalidade tributária.

A presidente Dilma Rousseff continua fiel à maior parte dessa herança, como comprovam sua política protecionista e sua insistência em maquiar com o financiamento habitacional os balanços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Mas a revisão da estratégia da Petrobrás pode ser um início de mudança.


Há poucos dias, a presidente previu uma visita do Inexorável da Silveira à zona do euro e a consequente adoção de políticas mais eficientes de ajuste e de crescimento. Talvez o sr. Silveira tenha dado uma rápida passada por Brasília.

Rolf Kuntz O Estado de S. Paulo