"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 24, 2011

TROPA DE CHEQUE

Fica cada vez mais clara a falta de convicção do governo quanto à lisura das atividades público-privadas de Antonio Palocci. Só isso explica a escalação de uma verdadeira tropa de choque para blindar o ministro, como a que se viu em campo ontem.

O que interessa é garantir que os cheques continuem rolando para os poderosos cofres petistas.

Na semana passada, o alvo da ofensiva governista foi a Câmara, com o fechamento de comissões, arregimentação de leões de chácara para constranger parlamentares da oposição e acionamento do rolo compressor chapa-branca para evitar a aprovação da convocação do ministro. Hoje o campo de batalha deve se transferir para o Senado.

Ministérios e governadores de Estado também viraram joguete nas mãos do poder petista, a fim de proteger o ministro suspeito. Ontem, cinco governadores saíam a campo para defender Palocci.

A manifestação não foi de todo desinteressada: os mesmos mandatários também aproveitaram a ocasião para pedir a rediscussão de suas dívidas com a União. Apoio tem preço.

Simultaneamente, para fingir que o governo "está trabalhando e não foi contaminado pelas denúncias", a presidente convocou quatro ministros para reunião no Planalto.

O pretexto era discutir o andamento das obras da Copa, calamidade que já vem de longuíssima data. O contexto, porém, era cobrar-lhes fidelidade canina à defesa de Palocci.

Coincidência ou não, os quatro ministros convocados por Dilma Rousseff ontem são os declaradamente "políticos", ou seja, os diretamente indicados pelos seus respectivos partidos em troca de apoio ao governo, como bem observou O Globo: Alfredo Nascimento (Transportes), Carlos Lupi (Trabalho), Mário Negromonte (Cidades) e Orlando Silva (Esportes). Voto tem preço.

Palocci - o mesmo acusado de ordenar a quebra de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa por causa de uma operação de R$ 24 mil - continua sem explicar o seu show dos milhões.

Promete para breve apresentar respostas às perguntas algo vagas que a Procuradoria-Geral da República, considerada "pouco incômoda" na atual quadra, lhe enviou na semana passada.

Se a vida pregressa de Palocci fosse um mar de rosas, até poderia caber-lhe o benefício da dúvida, como advogou ontem o ministro José Eduardo Cardozo. Mas seus negócios mal explicados em Ribeirão Preto, cidade da qual foi prefeito dez anos atrás, continuam sem esclarecimento, flutuando como ectoplasmas.

As negociatas ribeirão-pretanas envolvem suspeita de manipulação de licitação para compra de merenda escolar - só ganhava quem pusesse ervilha misturada no molho de tomate - e desvios reiterados das empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana para os cofres petistas.

Nada muito diferente, por exemplo, do que está acontecendo em Campinas neste exato momento.

Não é mera coincidência que o PT se veja novamente às voltas com escândalos de subtração de dinheiro público para bolsos partidários - os mesmos que envolveram Palocci em Ribeirão e agora implicam petistas campineiros abrigados na administração do prefeito Hélio dos Santos (PDT).

As fontes são sempre vistosas: prefeituras de gordas arrecadações. Campinas já rendeu até assassinato de um prefeito petista e agora os cupins de lá arremetem contra o cofre da companhia de saneamento local.

Estão metidos na encrenca desde o vice-prefeito (petista) até a primeira-dama, além de mais 18 nomes. Amigos do ex-presidente Lula também estão na embrulhada, revela O Estado de S.Paulo.

Para quem pensa que pode ser caso isolado, outra notícia publicada pelo jornal hoje é esclarecedora: "Contra a ofensiva da promotoria criminal que mira aliados importantes do ex-presidente Lula, o PT entrou em cena.

No domingo à noite, até o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desembarcou em Campinas para uma reunião às pressas com vereadores e lideranças do partido".

Palocci e a máfia campineira são faces de uma mesma moeda: a que busca garantir que os cofres do PT sejam permanentemente irrigados para financiar o projeto de poder do partido. Sempre que este projeto está ameaçado, o governo grita alto e manda chamar sua tropa do cheque.

Tem sempre um monte de mercenários à disposição.

Fonte: ITV

Este ano, até 29 de maio, brasileiro trabalhará só para pagar impostos.

O brasileiro terá de trabalhar 149 dias este ano apenas para pagar os tributos (impostos, taxas e contribuições) cobrados pelos governos federal, estadual e municipal. Isso significa que tudo que o contribuinte tenha recebido entre 1º de janeiro e o próximo domingo, dia 29, terá servido exclusivamente para quitar impostos.
É o que mostra estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Intitulado "Os dias trabalhados para pagar tributos - 2011", o estudo considera toda a tributação incidente sobre os rendimentos, como salários e honorários, em que destacam-se o Imposto de Renda e as contribuições previdenciária (INSS) e sindicais.

No cálculo, entram também taxas de lixo e iluminação

No cálculo da fatia que os tributos comem da renda dos cidadãos, o estudo contabiliza ainda impostos embutidos nos preços de produtos e serviços, como o PIS, ICMS e IPI, a tributação de patrimônio (IPTU, IPVA e ITBI, entre outros), além de taxas como limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos e iluminação pública.

Realizado desde 2003, o estudo do IBPT mostra também que o comprometimento da renda para pagar tributos não para de crescer no Brasil. Naquele ano, o brasileiro destinou 36,98% do seu rendimento bruto para este fim.

Em 2006, a mordida tributária avançara para 39,72%, bateu em 40% no ano seguinte e chegou a 40,82% este ano.

Valendo-se da mesma metodologia, o IBPT repetiu o cálculo dos dias gastos por cidadãos de outros países para pagar tributos, que resultou num ranking.
No topo, aparece a Suécia, com 185 dias,
seguida de França e Brasil, ambos com 149 dias.
Na Espanha, os tributos consomem 137 dias anuais de trabalho,
nos Estados Unidos, 102, na Argentina 97,
no Chile, 92, e no México, 91.

O estudo destaca ainda que, no caso do Brasil, a qualidade dos serviços públicos segue descolada do progressivo aumento da carga tributária.

"Enquanto é costumeira a notícia de recordes sucessivos de arrecadação de impostos, o brasileiro convive com problemas na saúde pública, educação deficiente, falta de segurança pública e infraestrutura caótica", diz Olenike.

Ronaldo D"Ercole O Globo

Dívida federal atinge R$1,734 trilhão.


A dívida pública federal em títulos cresceu quase R$40 bilhões em abril e fechou o mês em R$1,734 trilhão.
Segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, o aumento se deveu principalmente a uma emissão líquida de papéis de R$25,32 bilhões, mas também à incorporação de juros que corrigem o estoque e que somaram R$14,31 bilhões no período.

Somente a dívida interna ficou e
m R$1,653 trilhão, enquanto a externa acumulou R$81,6 bilhões.

Tradicionalmente, abril é um mês que concentra vencimentos de títulos da dívida interna. Isso leva o Tesouro a resgatar papéis e reduzir o estoque. No entanto, este ano o quadro foi diferente:
o governo resgatou apenas R$26,79 bilhões e emitiu R$52,74 bilhões.
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, houve uma forte procura dos investidores pelos títulos do governo.


- Abril foi um mês positivo para a emissão de títulos públicos. O mercado ficou mais confortável com o comportamento da inflação e deixou de pedir taxas tão elevadas - disse Garrido.

Ele lembrou ainda que o total emitido em ofertas públicas em abril (R$47 bilhões) foi um recorde histórico:
- Isso se deve ao fato de o mês passado ter tido cinco semanas - afirmou.

Fatia de estrangeiros volta a crescer e chega a R$186 bi

De acordo com o Tesouro, os títulos prefixados aumentaram sua participação na dívida em abril, passando de 34,56% do total em março para 34,81% no mês passado.
Já os remunerados por taxas flutuantes (como a Selic) caíram de 32,34% para 32,13% no mesmo período.
A participação dos papéis corrigidos por índices de preços, por sua vez, subiu de 28,33% para 28,54% do total.


Apesar das medidas do governo para conter a entrada de dólares no país, os investidores estrangeiros continuam procurando os títulos brasileiros.
Segundo o relatório, a participação desses aplicadores no estoque subiu de R$183,31 bilhões em março para R$186,6 bilhões em abril.


- De setembro para cá, houve uma parada expressiva nos investimentos estrangeiros de curto prazo. Mas a tendência continua ser a de um aumento gradual na participação desses aplicadores na dívida - disse o coordenador.

Martha Beck O Globo