"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 02, 2010

INFLAÇÃO ALASTRA-SE PELA ECONOMIA.

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Elevação dos preços aparece também no mês de novembro.
Os alimentos são os que mais sobem, 2,27%, diz a FGV.

O orçamento do consumidor brasileiro continua sendo solapado pelos constantes aumentos de preços em produtos básicos fundamentais.
O registro dessa deterioração apareceu novamente no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que apontou avanço de 1% no levantamento de novembro, maior alta desde a segunda semana de fevereiro (1,04%).

Mais uma vez, o grupo alimentação foi o principal responsável pelo resultado, com expansão de 2,27%.
Entretanto, o segmento não foi o único.

Ao contrário do que ocorreu no início do ano, as pressões inflacionárias agora estão se disseminando na economia e elevando as preocupações com a perda do poder de compra da moeda, segundo avaliação da Fundação Getulio Vargas, responsável pelo indicador.

Para o coordenador do estudo, professor Paulo Picchetti, a diferença fundamental entre os primeiros meses de 2010 e o encerramento do ano é que, naquela ocasião, apesar de a inflação também ter sido liderada pelos produtos alimentícios, foi decorrente de choques pontuais.

Agora, os problemas não são climáticos ou ocasionados por falta de produção interna, como antes. Estamos vendo uma grande pressão de demanda externa, resultante de uma alta dos preços de commodities”, comentou.

Estrago

O professor destaca ainda que há outros componentes apontados no IPC-S que reforçam a disseminação da carestia e o caráter mais estrutural da inflação.
As medições de núcleo avançaram rapidamente nos últimos três meses.
Entre setembro e outubro, o recorte do índice passou de 4,62% para 4,76% (no acumulado de 12 meses).
Em novembro, cresceu para 4,95%.

Juros vão subir

O cenário atual carrega todas as características que sustentam a necessidade de um novo aumento na taxa Selic: inflação em alta, trajetória ascendente dos núcleos e expectativas do mercado se deteriorando.
Para alguns analistas, os juros devem subir já na próxima reunião, em 7 e 8 de dezembro.

Para Élson Teles, da Máxima Asset Management, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode aproveitar o próximo encontro para sinalizar a alta e deixar o arrocho para o novo presidente, Alexandre Tombini.

Gabriel Caprioli/Correio Braziliense

CONTAS A PAGAR : DÍVIDA INFLADA E METAS FISCAIS EXPLODIDAS.

Não se deve olhar o resultado das contas públicas divulgado ontem meramente pela ótica contábil.
O emaranhado de cifras e conceitos é quase incompreensível para a população em geral.

A questão é política:
o que interessa é mostrar que a parcela crescente de recursos que o país compromete com gastos do governo é o preço que a gestão Lula impôs à sociedade para eleger Dilma Rousseff.
São contas a pagar por muitos e muitos anos.


A despeito de toda a criatividade contábil empregada pelos técnicos oficiais para inflar as receitas do governo, é bem possível que a meta fiscal não seja atingida neste ano. Nos últimos 12 meses, o superávit primário está em R$ 99,1 bilhões ou 2,85% do PIB.

O resultado de outubro (superávit de R$ 9,7 bilhões) foi o pior para este mês do ano desde 2005. Até o mês passado, a meta de superávit para este ano era de 3,3% do PIB. Foi reduzida para 3,1% com a exclusão dos investimentos da Eletrobrás dos cálculos.

A estatal é um sorvedouro de dinheiro público e, com sua gestão temerária, estava puxando o resultado das estatais para baixo. Ao invés de tentar saneá-la, o governo preferiu varrer seus gastos para debaixo do tapete.

Mas, mesmo emagrecida, nem Papai Noel é capaz de fazer a nova meta fiscal de 2010 ser alcançada. O resultado primário é tradicionalmente deficitário no fim do ano, quando o governo tem que arcar com pagamento de 13º salário do funcionalismo.

No ano passado, o déficit nominal saltou de R$ 114 milhões em outubro para R$ 10 bilhões em dezembro. Isso significa que o governo petista não executará neste ano o esforço fiscal necessário para reduzir a dívida pública.

Se o passivo não cai, o espaço para o corte de juros fica menor, os gastos saudáveis com investimentos públicos não acontecem e o país mantém-se pagando caro para rolar sua dívida, que cresceu R$ 18,8 bilhões em outubro e atingiu R$ 1,64 trilhão.

O governo tenta defender a escalada de gastos dizendo que era preciso fazer frente à crise econômica. Isso poderia ser - e foi - válido para 2009.

Mas, neste ano, acelerar a gastança foi pura e exclusivamente irresponsabilidade. Ou em português mais claro: uso descarado dos recursos da sociedade em favor de um projeto político.

Gastou-se muito para eleger a sucessora de Lula, não para acelerar o crescimento. O governo do PT está conseguindo jogar no limbo o arcabouço institucional que permitiu ao país emergir da descrença internacional que grassava até a década de 90 para um patamar respeitável.

O firme tripé baseado em responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante encontra-se trôpego. No caso das contas públicas, o resultado deste ano só não é numericamente catastrófico porque a equipe econômica, sob as bênçãos do reconduzido ministro Guido Mantega, lançou mão de uma série de mandracarias para engordar as receitas.

Sem elas, os R$ 99 bilhões do superávit fiscal seriam um terço menores. O golpe mais vistoso foi desferido quando R$ 31,9 bilhões de uma dívida feita para capitalizar a Petrobras foram transformados em R$ 31,9 bilhões de receitas.

Shazam!
A União também garantiu outros R$ 1,4 bilhão com a venda de créditos que tinha na Eletrobrás para o BNDES e mais R$ 958 milhões com o pagamento antecipado, pela Caixa, de dividendos ao Tesouro.
(...)
Uma das operações mais esdrúxulas foram os empréstimos a frigoríficos, em especial ao grupo JBS/Friboi. Foram R$ 11,4 bilhões desde 2008, considerando também a compra de participação pelo BNDES no capital do JBS e do Bertin, hoje enfeixados no mesmo grupo empresarial, conforme análise de Mansueto Almeida.

Isso tornou o JBS o segundo maior grupo privado nacional, atrás apenas da Vale - até 2005, o frigorífico goiano jamais figurara sequer entre as 200 maiores corporações brasileiras. Quase ninguém entendeu a atração do BNDES pelo JBS - conglomerado privado onde o banco mais pôs dinheiro na sua história e do qual é hoje dono de 21%.

A operação não aumentou a capacidade de exportação do país (mas elevou a dos EUA, onde o JBS adquiriu a Swift Foods), nem gerou um bife sequer de inovação tecnológica ou criou novos empregos - pelo contrário.
Mais eis que surge agora uma bela explicação para tamanha camaradagem oficial com o JBS: o grupo foi o maior doador da campanha vitoriosa de Dilma Rousseff.

Foram nada menos que R$ 10 milhões, conforme mostra O Estado de S.Paulo em sua edição de hoje. O valor supera até mesmo o de construtoras e bancos, dois dos setores mais satisfeitos com o governo do PT.

Depois do JBS aparecem, nesta ordem, a Camargo Corrêa e a Queiroz Galvão. Ambas têm uma vistosa carteira de obras incluídas no PAC, algumas envoltas em suspeita de irregularidades e polêmicas, como a bilionária hidrelétrica de Belo Monte.

Fecha-se, então, o círculo:
o governo abriu a torneira dos gastos, irrigou negócios amigos e recebeu em retribuição, na campanha eleitoral, o auxílio financeiro dos companheiros subsidiados.
Com o país atolado neste "capitalismo estatal", não surpreende que os resultados fiscais sejam cada vez piores.

A conta da eleição de Dilma está sendo apresentada agora à sociedade.
Quem vai pagar por isso?

Fonte: ITV Contas a pagar

ERRADO : " O POVO SOU EU". CERTO : O BÊBADO ABJETO , SOBERBO E PARLAPATÃO SOU EU. QUANTO MAIS VAZIA A CARROÇA(cérebro) MAIS BARULHO ELA FAZ!


O mesmo presidente Lula que aconselhou um repórter deste jornal a fazer psicanálise para se tratar da "doença do preconceito", revelou ter dito de si certa vez algo que deveria levá-lo ao divã do terapeuta mais próximo.

Não fosse a inconfidência, a sua grosseria com o jornalista Leonencio Nossa, baseado no Palácio do Planalto, mereceria ser largada no aterro onde se amontoam os incontáveis rompantes, bravatas e despautérios do mais prolixo dos governantes brasileiros.

Mas o encadeamento das coisas obriga a revolver as palavras do presidente, em consideração ao interesse público.


As cenas constrangedoras se passaram quando Lula visitava as obras da hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, para o fechamento simbólico da primeira das 14 comportas da usina.
Perguntado pelo repórter do Estado se a visita era uma forma de agradecer o apoio da oligarquia Sarney ao seu governo, ele perdeu as estribeiras.

Embora o presidente do Senado seja o patriarca do clã que sabidamente controla a vida política maranhense há cerca de meio século e embora seja também notória a sua sintonia com os interesses do lulismo - e vice-versa -, Lula reagiu com indisfarçada hostilidade.


A pergunta "preconceituosa", investiu, demonstraria que o jornalista não teria aprendido que o Senado é uma instituição autônoma e que, ao se eleger e tomar posse, todo político "passa a ser uma instituição". "Sarney não é meu presidente", emendou.

"É o presidente do Senado deste país." Lula domina com maestria o tipo de mentira que consiste em omitir uma parte, a mais importante, da verdade. No caso, o pacto de mútua conveniência entre ambos - que se sobrepõe ao caráter institucional das relações entre dois chefes de Poderes.


Que o diga o PT do Maranhão, obrigado este ano a desistir da candidatura própria no Estado em favor da reeleição da governadora Roseana Sarney. Foi ao pai que Lula se dirigiu em dada ocasião para transmitir uma ameaça ao Congresso.

Segundo a história que o presidente contou na sua fala de improviso em Estreito, no decorrer da crise do mensalão, em 2005, pediu que Sarney advertisse os parlamentares da oposição de que, "se tentassem dar um passo além da institucionalidade, não sabem o que vai acontecer".

Porque "não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora"

Ou, mais precisamente, porque ele é "a encarnação do povo". Não há o mais remoto motivo para duvidar de que isso é o que ele enxerga quando se olha ao espelho. Luiz XIV teria dito que "o Estado sou eu". Era, de toda sorte, uma constatação política - e a mais concisa definição que se conhece do termo autocracia.

Mas nem o Rei Sol, que via a sua onipotência iluminando a França, tinha a pretensão de encarnar os seus súditos. Não ousaria dizer "o povo sou eu".
Em psiquiatria há diversas denominações para o que em linguagem leiga se chama mania de grandeza.


Lula disse ainda que de início tinha medo do que lhe poderia acontecer à luz de um passado que incluía o suicídio de Vargas, a tentativa de impedir a posse de Juscelino, a deposição de Jango, a renúncia de Jânio e o impeachment de Collor.

A julgar por sua versão, o migrante que passou fome e privações e refez a vida sem renegar as suas origens seria um candidato natural a engrossar a lista dos governantes brasileiros apeados do poder de uma forma ou de outra, no que seria uma interminável conspiração dos descontentes.

Mas "eles", teria dito naquela conversa com Sarney, "vão saber que eu sou diferente".


O que espanta, além da teoria encarnatória, são as circunstâncias que levaram Lula a invocar alguns dos momentos mais turbulentos da história nacional.
Em 2005, a oposição não conspirava para "dar um passo além da institucionalidade" nem o País estava convulsionado por um confronto ideológico que se resolveria pela força.

Os brasileiros, isso sim, estavam aturdidos com as evidências de que o lulismo usava dinheiro que transitava pelos desvãos da política e do governo para comprar votos na Câmara dos Deputados - o mensalão. Lula não estava nem um pouco preocupado com as instituições.

Queria dar dimensão histórica ao que não passava de um caso de polícia.
Encarnou uma mistificação.

O Estado de S.Paulo
O povo sou eu