"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 07, 2012

E ENQUANTO ISSO...III SEM "MARQUETINGUE" NO brasil maravilha DA "GERENTONA" : Policiais federais de todos os estados aderem à greve


Em greve nacional a partir desta terça-feira, 7, os policiais federais dos 26 estados do País e do Distrito Federal pedem por reestruturação da carreira e reajuste do piso salarial da categoria.

O País conta com aproximadamente 9 mil agentes federais, entre policiais, escrivães e papiloscopistas. A categoria deve suspender o trabalho de 70% de todo o efetivo, o que pode causar a adesão de 5 e 6 mil trabalhadores.

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Wink explica que as reivindicações vão além de reajuste salarial. Para ele, desde 1996 - quando a categoria passou a exercer cargos de nível superior - a legislação que trata das atribuições dos policiais federais de todo o País não sofreu correções em relação ao desempenho do cargo de nível médio.

"É preciso que o papel reconheça aquilo que é feito no dia a dia e que não está lá", diz.


Na pauta de protesto há o pedido da reestruturação da carreira. Wink afirma que um policial federal com 15 anos de carreira já alcança o topo da função e não há motivações para a permanência na academia.

"Não houve até hoje reajuste legal nas nossas atribuições", argumenta o presidente da federação.


Cada um dos estados deve avaliar a relevância de seus serviços e determinar quais não podem ser interrompidos. Não serão interrompidas as emissões de passaportes de emergência, investigações importantes, a segurança de testemunhas assim como a custódia de presos.

"Todo o serviço vai sofrer restrições, mas haverão exceções porque o nosso objetivo não é parar tudo e sim conseguir conversar e negociar a situação atual", diz Wink.


O governo federal ainda não se manifestou sobre a greve nacional. Wink afirma que nenhuma reunião de negociação está agendada e que a categoria aguarda a solução do problema.

GHEISA LESSA/Estado

Privatizem a Petrobras!

A Petrobras possui controle estatal, mas tem capital misto, com milhares de investidores brasileiros e estrangeiros. O uso político da estatal tem custado cada vez mais a esses investidores, cujos interesses são ignorados pelo governo.

O prejuízo divulgado na sexta é mais uma prova disso.

O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma.

É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos.

Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é "estratégico".

A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram "estratégicas".

Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas.

O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor.

Por outro lado, países como Venezuela,
México,
Irã,
Arábia Saudita,
Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo.

Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários.

O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que "o petróleo é nosso!"

Nosso de quem, cara-pálida?

O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre:
somente 2,4% ao ano.
Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES.

A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso.

A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor.
Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo.

Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40%, e a Vale, mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa.

Por que não há maior revolta?
Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado.
Outra parte diz respeito à enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.

Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os "amigos do rei"?

Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho "Land Rover", o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.

Artistas e cineastas engajados da "esquerda caviar" também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011.
Isso sem falar de blogueiros "chapa-branca", que recebem gordas verbas da estatal.
A lista é longa.

Os políticos, então, nem se fala.
Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da "governabilidade", aquela diretoria que "fura poço"?
O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez.

Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa:
sua privatização!


Rodrigo Constantino

PETEBRAS : Caso típico de gestão temerária


Impacto negativo da desvalorizaçãodo real sobre suas operações financeiras, insucesso na perfuração de poços em águas ultraprofundas, gastos excepcionais com importação de derivados -,vendidos subsidiados, por imposição do governo.

As explicações para o elevado prejuízo (R$ 1,3 bilhão) registrado pela Petrobras no segundo trimestre, o primeiro desde 1999, podem ser pontuais, mas, na verdade, este resultado vinha sendo desenhado pelo tipo de gestão temerária que o acionista controlador, o Tesouro Nacional, por determinação do Planalto, impôs à companhia, por propósitos meramente políticos e partidários.

No período de José Sérgio Gabrielli na presidência (2005-2012), a partidarização avançou bastante na estatal. A atual diretoria, à frente Graça Foster, assumiu com a tarefa de corrigir tal rumo desastroso, mas, num grupo gigante como a Petrobras, o trabalho equivale a manobrar um transatlântico.

Por algum tempo, a Petrobras tenderá mais a refletir o longo período de gestão temerária do que o de correção de rumos.

Sem uma política industrial capaz de inserir o setor no novo contexto mundial em que os países asiáticos se tornaram protagonistas da manufatura tradicional, o governo passou os últimos anos concentrando na Petrobras o esforço para o país manter um parque fabril ativo.
Na prática, isso tem significado enormes estouros de orçamento, prazos não cumpridos e elevação de custos operacionais.

Como uma grande companhia estatal que se beneficiou de um monopólio longevo (e ainda não desfeito pelas forças de mercado), entende-se que a Petrobras seja obrigada a ter mais responsabilidades dentro de políticas públicas, e seja um importante agente na execução de alguns programas de Estado.

No entanto, a Petrobras não é puramente estatal.
Tem milhões de acionistas, muitos dos quais participantes de fundos de investimento nos quais aportam suas economias na expectativa de constituir uma poupança que lhes garanta boa qualidade de vida no futuro.

Nessa lista, devem ser considerados também aqueles que aplicaram parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Não foi por falta de metas ambiciosas que a Petrobras deixou de apresentar bom desempenho. Trata-se da companhia petrolífera com maior volume de encomendas de plataformas de exploração e produção, de construção de navios, dutos e equipamentos para refinarias.

Em uma das mais audaciosas iniciativas de capitalização que o mercado de capitais já viu no mundo, a Petrobras buscou recursos por meio de lançamento de ações conjugado à cessão onerosa de reservas prováveis de petróleo que poderão chegar à casa de cinco bilhões de barris (equivalentes a um terço de suas atuais reservas provadas).

O mínimo que se pode esperar é que se abandone a ingerência na empresa, deixando-a retomar o caminho da competência que a Petrobras já mostrou possuir em sua atividade-fim.


O Globo

E ENQUANTO ISSO...II : Inflação preocupa


A inflação, que deveria voltar a ser um problema só no ano que vem, vai dar dor de cabeça no curto prazo.

O Banco Central contava conseguir colocar a taxa oficial neste ano no centro da meta, que é de 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Mas, se a expectativa do mercado se confirmar, mais uma vez a taxa vai ficar acima do centro, ainda que permaneça dentro da margem de segurança de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Segundo o relatório Focus divulgado ontem, a estimativa de inflação está em alta para 2012. Pela quarta semana consecutiva o mercado financeiro ajustou para cima a projeção para o IPCA do ano, de 4,85% para exatos 5%.

Há uma semana o índice estava em 4,98%. A alta foi pequena, mas dá uma ideia do pessimismo que anda dominando os mercados. Para o próximo ano, a projeção se mantêm em 5,50% pela sexta semana seguida.

Não foi a única má notícia do dia quanto a esse tema. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acelerou em julho e fechou com alta de 1,52%. Em junho, ficou em 0,69% em junho.

Embora não seja o índice oficial da inflação e tenha deixado de ser utilizado para reajustar tarifas de telefone, a taxa acumulada do IGP-DI ainda é um importante indicador. Corrige, por exemplo, as dívidas dos estados com a União. Com o resultado de mais um mês, o indicador acumula, no ano, variação de 5,16% e de 7,31% nos últimos 12 meses.

Preços agrícolas

De acordo com a FGV, três indicadores principais compõem o IGP-DI. O IPA-DI, que representa o atacado, subiu 2,13% em julho, após registrar alta de 0,89% no mês anterior. Esse componente é fortemente influenciado pelos preços agrícolas, que tiveram forte aumento.

O IPC-DI, que apura a evolução de preços no varejo, teve aumento de 0,22% em julho, em comparação com a alta de 0,11% em junho. Já o INCC-DI, que trata da variação de preços na construção, apresentou elevação de 0,67% em julho. Foi a única parcela que caiu em relação a junho, quando subiu 0,73%.

Já o núcleo do IPC-DI , que serve como um indicativo de tendências, subiu apenas 0,25% em julho, taxa inferior à registrada no núcleo anterior, referente a junho (0,32%).

Vânia Cristino Correio Braziliense

E ENQUANTO ISSO... Marasmo governamental

"É a economia, estúpido!", escreveu James Carville, o marqueteiro do então candidato à presidência dos Estados Unidos, Bill Clinton, em cartaz fixado no comitê da campanha.

A frase curiosa explicava as razões da vitória de Clinton sobre George Bush, o pai, que tentara a reeleição inspirado na onda de patriotismo gerada pela vitória americana na Guerra do Golfo, um ano antes.


No Brasil não é diferente.
As popularidades de Lula e Dilma estão diretamente relacionadas à expansão da classe média, à melhoria na distribuição de renda e à ampliação do emprego. Os fatos são decorrentes de políticas acertadas, mas, sobretudo, do desempenho da economia.

Assim, nem o julgamento do mensalão fará tão mal à eventual reeleição de Dilma quanto a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB), já apelidado de "pibinho" pela oposição.


Desta forma, estão a caminho novas medidas de estímulo à economia. A intenção é despertar o "instinto animal" dos empresários em favor dos investimentos.

Afinal, depois de 2010, quando o PIB cresceu 7,5%, a economia empacou, com espasmos curtos e esporádicos, fazendo jus à comparação com o "voo da galinha". A verdade, porém, é que o próprio governo não tem feito o dever de casa.


As obras da Copa de 2014, por exemplo, continuam com execução pífia. A Infraero, que promete investir R$ 2 bilhões neste ano, aplicou apenas R$ 368 milhões (18%) no primeiro semestre.

Para a adequação do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Antonio Carlos Jobim, o Galeão, estão previstos R$ 200,4 milhões até o fim do ano, mas foram investidos irrisórios 9,7% no primeiro semestre de 2012, o equivalente a R$ 19,5 milhões.

Aliás, a estatal vive, há anos, verdadeira "anorexia" quanto aos seus investimentos. Nos últimos 12 anos, somadas as dotações autorizadas pelo Congresso Nacional, chega-se a R$ 10,5 bilhões, enquanto as aplicações foram de R$ 5,4 bilhões (51%).

A diferença acumulada de mais de R$ 5 bilhões explica o caos nosso de cada dia nos aeroportos brasileiros. O bordão "imagina na Copa" circula nas redes sociais, sendo assunto diário em todas as cidades-sedes.


Os investimentos da União estão no mesmo ritmo. Neste ano, de cada R$ 4 previstos, apenas R$ 1 foi aplicado até julho. Além disso, em valores constantes, o investido em obras e equipamentos até o mês passado é inferior em R$ 3 bilhões às aplicações do mesmo período em 2010.

A letargia tem nome e endereço:
Ministério dos Transportes, localizado no bloco R da Esplanada dos Ministérios. Vale lembrar que a Pasta ficou "sob nova direção" após as irregularidades que vieram à tona em 2010 e implicaram na demissão do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento.

Diante da "casa arrombada", os novos gestores trancaram a execução, até para não serem envolvidos em escândalos semelhantes àqueles que provocaram a demissão dos antecessores.


Assim, em 2012, tanto os investimentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) quanto os da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. são os menores dos últimos três anos, mesmo em valores correntes.

No Dnit, as aplicações nos primeiros sete meses deste ano atingiram R$ 4,1 bilhões, inferiores aos R$ 6,1 bilhões e aos R$ 5 bilhões de 2011 e 2010, respectivamente.


Na Valec, que vive a "síndrome do Juquinha" - referência ao ex-presidente preso na Operação Trem Pagador -, os investimentos decaíram de R$ 1 bilhão (janeiro/julho de 2010) para R$ 451,9 milhões nos primeiros sete meses deste ano.

Diante do marasmo, a ministra do Planejamento tem despachado no bloco R, tentando agilizar os investimentos, as parcerias e as novas concessões.

Com as visitas frequentes ao Ministério dos Transportes, Miriam Belchior ganhou dos técnicos da Pasta o apelido de Supernanny, personagem de um programa de televisão inglês, reproduzido no Brasil, no qual uma superbabá dá orientações a pais de crianças rebeldes. Faz sentido.

Para os que não entendem a presença quase diária da ministra no prédio vizinho, que mobiliza grande parte dos investimentos federais, a resposta é clara:
"É a economia, estúpido."


Como a iniciativa privada costuma ficar à espreita analisando a gestão pública, o governo, antes de atiçar o "instinto animal" dos empresários, precisa despertar o seu, para dar amplitude e altura ao "voo da galinha".

Afinal, se as metáforas sobre o crescimento da economia estão associadas ao reino animal, os investimentos públicos não podem caminhar na velocidade de um cágado...


Gil Castello Branco O Globo