"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 13, 2012

O (P) artido (T) orpe atrás das grades

O Supremo Tribunal Federal condenou os integrantes da cúpula responsável pela ascensão do PT ao poder a passar uma temporada atrás das grades. Se, com seus 26 anos de penas somadas, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares eram o que de melhor o partido que há dez anos governa o Brasil tinha a oferecer, que outras mazelas os petistas não têm escondidas por aí?

Nos primórdios do mensalão, José Dirceu era presidente do PT e, já no governo, assumiu a chefia da Casa Civil. Era, em síntese, o "capitão do time", nas palavras do próprio presidente da República. Se não tivesse sido apanhado montando e comandando o maior esquema de corrupção da nossa história política, provavelmente teria sido a opção dos petistas para suceder Lula na presidência do país.

Dirceu é, agora, um condenado da Justiça, com pena de dez anos e dez meses de cadeia pela prática dos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Pelo menos um ano, nove meses e 20 dias ele terá que gramar atrás das grades, provavelmente num presídio de segurança máxima em São Paulo. Também será banido da vida política brasileira, inelegível até 2031, quando terá completado 85 anos.

José Genoino também colecionara todos os cargos de relevo na direção partidária petista. Depois de liderar o partido na oposição, assumira a presidência do PT em sucessão a Dirceu, já com a estrutura do mensalão azeitada e operante. Cuidou de assinar contratos de empréstimos fictícios que compuseram a farsa montada para dar ares de legalidade a parte dos R$ 78 milhões já comprovadamente desviados dos cofres públicos.

Genoino também é, desde ontem, um condenado pela Justiça a seis anos e 11 meses de prisão pela prática dos mesmos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Terá, porém, melhor sorte que Dirceu, podendo cumprir a pena definida pelo Supremo em regime semiaberto, ou seja, terá apenas que passar as noites na cadeia.

Já Delúbio Soares era o responsável por movimentar a dinheirama que lubrificou a relação do PT com seus aliados e pavimentou a conquista do poder pelo partido em 2002. Com Lula na cadeira presidencial, tinha livre trânsito no Palácio do Planalto e andava despreocupadamente por aí com malas de dinheiro, talvez por acreditar que tudo jamais passaria de "piada de salão".

O tesoureiro do mensalão pegou oito anos e 11 meses de cadeia, a serem cumpridos, assim como a pena de José Dirceu, também em regime fechado pelos mesmos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Na prisão, provavelmente terá regalias distintas daquelas do capitão do time e nenhum motivo para rir de nada.

Dirceu, Genoino, Delúbio e mais 22 réus do mensalão estão indo para a cadeia por comandar um esquema que desviou dinheiro público para corromper parlamentares, comprar voto no Congresso, subjugar um poder da República (o Legislativo) a outro (o Executivo) e, assim, perpetrar um ataque ao Estado Democrático de Direito. Terão um bom tempo de xilindró para se arrepender do que fizeram.

Com a decisão dos ministros do Supremo, a democracia brasileira começou a se defender de tanto acinte, de reiterados desrespeitos, de insidiosas investidas, que também se manifestam por meio da nefasta ocupação e instrumentalização do aparelho estatal por parte do PT e seus aliados.

"[Os condenados] estavam juntos a serviço de algo maior: de uma política de governo que usa agentes políticos, banqueiros, empresários, publicitários. De uma política de governo que usa o público e o privado, a lei, o contrato e os partidos políticos para ameaçar a democracia", escreve Joaquim Falcão, professor da FGV, na (Folha de S.Paulo). 

A tudo isso, o país, na figura do Supremo Tribunal Federal, dá agora um basta.
Não é do dia para noite que a corrupção será banida do país. 
Mas o julgamento do mensalão é certamente um passo definitivo nesta direção. 

Não devemos, porém, nos iludir: 
assim como outros notórios corruptos se transmutaram e renasceram sob as bênçãos do PT, os petistas estarão sempre tentando reescrever a história, para que o que há de pior na política continue a prevalecer. 

Irão defrontar-se, cada vez mais, com a resistência da oposição.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O PT atrás das grades

AEIOU : Por que uma tele inativa interessa à Nextel


Uma pequena operadora de telefonia celular, endividada, inativa e considerada falida pelo mercado está na mira da Nextel como uma opção estratégica de aquisição para ganhar competitividade nos serviços de terceira geração.

Envolta em um cenário político sob acusações de favoritismo que envolvem a ex-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, a Unicel, antiga aeiou, foi desativada sem nunca ter decolado. Agora, aguarda a aprovação de anuência prévia da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para ser vendida para a Nextel.

O que está em jogo não são os ativos da tele, com licença para atuar na área metropolitana de São Paulo. Com apenas 13 mil clientes, a empresa endividou-se com a Anatel para comprar a banda E (15 MHz + 15 MHz na faixa de 1,8 GHz) em 2007, e, mais tarde, uma faixa de extensão de 2,5 MHz + 2,5 MHz na faixa dos 900 MHz, por cerca de R$ 15 milhões.

A companhia também contraiu dívidas com a Huawei, fornecedora da infraestrutura de rede. O valor total da dívida não é conhecido.

A importância da Unicel está justamente nas faixas adquiridas. As operadoras de serviços móveis disputaram em leilão neste ano as faixas de 2,5 GHz para oferta de 4G e ainda tiveram de levar como obrigação as de 450 MHz, mais indicadas para áreas remotas. No caso da Unicel, não existe essa imposição. A Nextel não adquiriu licença de 2,5 GHz no leilão.

"A Nextel não pagou uma fortuna por 2,5 GHz, como as demais teles, e consegue o espectro comprando a aeiou", disse Arthur Barrionuevo, economista e especialista em telecomunicação pela EAESP/FGV.

O negócio vem sendo analisado pela Nextel há mais de um ano, disse ao Valor o vice-presidente da empresa, Alfredo Ferrari. Foi a primeira vez que o executivo falou sobre o assunto. Nesse período, afirmou, foram feitas auditorias, avaliações jurídicas e negociações com credores.

Ferrari não entrou em detalhes sobre como seriam usados os espectros, caso a compra seja aprovada. "Cada empresa tem sua estratégia, umas querem ir para 4G, outras querem ficar em 3G. Mesmo se adquirir a Unicel, a Nextel ficará com menos faixas de frequência que as demais operadoras, disse o executivo.

Em 2010, a Nextel comprou a banda M, de serviços móveis, para atuar no Rio de Janeiro e nas regiões Norte e Nordeste. "É natural também buscar a faixa de 1,8 MHz na região metropolitana de São Paulo, disse Ferrari. O executivo não informou o valor da proposta feita pela Unicel, que corre sob sigilo da Anatel.

A Unicel chegou a anunciar investimento inicial de R$ 250 milhões para colocar 230 sites em operação, em 2008. A meta era atingir 500 mil clientes em um ano, mas o número não passou de 20 mil.

A Anatel não vai se manifestar oficialmente. Fontes do órgão, contudo, informaram ao Valor que no prazo de até 60 dias a agência deverá julgar a caducidade das licenças da Unicel. Caso haja parecer favorável à perda da licença, ficaria "inócuo" o pedido de anuência para compra pela Nextel.

Os dois processos são analisados de forma autônoma. Quanto à anuência, a Anatel tem dúvidas jurídicas sobre a transferência de controle, já que as duas empresas detêm licenças em São Paulo.

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, o processo de devolução de licenças é longo e o prazo não estaria vencido para a Unicel.

Ferrari não quis comentar as denúncias sobre a Unicel. 

Ivone Santana | De São Paulo Valor Econômico
(Colaborou Rafael Bitencourt, de Brasília)

SEM "MARQUETINGUE" ! UM POUCO DO BRASIL REAL : Uma parada para repensar

 
 A recuperação econômica que se esboçou no trimestre passado e se refletia de forma tênue no ânimo dos empresários, começa novamente a se esvair. A recuperação mais vigorosa na produção industrial e nos investimentos, que se esperava a partir deste último trimestre do ano, não está se materializando e nem há sinais efetivos de que isso acontecerá em 2013.

A taxa de inflação teima em persistir num patamar incômodo. A mudança promovida pelo governo no conjunto de preços macroeconômicos para recuperar a competividade da indústria e reduzir o custo do capital - taxa de câmbio menos apreciada e taxa real de juros Selic menor -, não têm promovido estímulos esperados nem mesmo nas expectativas.

Medidas de desoneração tributária, redução nas taxas de juros, redução no custo de energia e outras de proteção à indústria nacional produzem resultados pontuais, fundamentais no curto prazo para evitar uma recessão e promover a recuperação. No entanto, seus efeitos sobre o crescimento são a médio prazo.

O conjunto não trivial de medidas de estímulo tomadas pelo governo afeta mais a demanda no curto prazo, que não é o nosso problema central, particularmente no setor de serviços.

O problema central é que não há resposta adequada da indústria, setor vital para o crescimento. O nível de emprego e a folha de pagamento real caíram neste ano no acumulado até setembro, e tanto a participação no Produto Interno Bruto (PIB) como a produtividade também vêm declinando. Os investimentos e o saldo comercial também.

Os estímulos pontuais e de curto prazo não repercutem nas expectativas de longo prazo

Paradoxalmente, mesmo neste quadro de contração da indústria, os seus custos continuam subindo, o salário real médio aumentou 4% de janeiro a setembro, a despeito da queda de 3,5% da produção no mesmo período. Apesar da depreciação da taxa de câmbio, as importações continuam de vento em popa, mas com custos mais elevados.

O que se depreende é que está havendo uma óbvia redução na margem de lucro da indústria. Em contraste com esse quadro de retração na indústria, o setor de serviços vem ampliando o nível de emprego em 3,5%, de janeiro a setembro deste ano em relação ao ano anterior.

O salário médio vem aumentando 8,1%, acima da inflação no mesmo período, com forte pressão nos custos. Por ser um setor não comercializável não sofre competição externa como a indústria, repassa os custos aos preços acelerando a inflação, que vem se mantendo persistentemente em nível preocupante e próximo a 9%.

O quadro descrito acima pede uma parada para repensar. Afinal, nem as mudanças na política macroeconômica pró-crescimento, nem as medidas sucessivas de incentivos tributários e creditícios estão provocando reações, no médio prazo, na indústria, para acelerar o crescimento econômico.

Mais do que isso, as medidas de estímulo afetam a demanda agregada no curto prazo, mas em grande parte estão beneficiando o exterior e elevando os preços dos serviços, pois o setor de serviços responde, mas a oferta da indústria é incapaz de atender aos estímulos mencionados.

Das muitas explicações plausíveis duas são imediatas.
Primeiro, que o quadro de deterioração e perda de competitividade da indústria brasileira é muito maior que imaginávamos.

Alguns dados sobre a estagnação da produtividade, pressão nos custos, particularmente da energia elétrica e transportes e elevação na carga tributária somada ao "custo Brasil" indicam que as medidas de estímulos, a depreciação cambial e redução nos juros nem de longe conseguem compensar as perdas sofridas pelo setor nos últimos anos.

Significa que são necessárias medidas mais fortes e profundas que revertam a dinâmica perversa em que atolou a indústria brasileira. De fato, instalou-se um círculo vicioso de pressão de custos e queda da produtividade e das margens de lucro.

Neste quadro, os estímulos pontuais e de curto prazo não repercutem nas expectativas de longo prazo que deprimem os investimentos. É preciso repensar a economia brasileira, estendendo o horizonte temporal, com um planejamento estratégico de longo prazo, reformando e reestruturando e definindo claramente o papel que cabe ao estado.

No atual cenário de crise financeira global, este último aspecto se tornou fundamental. Sem uma reforma do estado, melhorando a sua competência técnica, que é hoje absolutamente medíocre, melhorando a eficiência de seus serviços e desonerando, tanto do ponto de vista tributário como em custos de transação, o setor privado dificilmente terá o horizonte desanuviado e disposto a elevar a taxa de investimento na magnitude que necessitamos.

Se estas reformas não forem executadas, permaneceremos no medíocre crescimento médio da última década de pouco mais de 3%.

A segunda explicação para o quadro paradoxal se refere à falsa exuberância do setor de serviços em contraste com o retrocesso na indústria. Aqui, a taxa real de câmbio apreciada por longos anos promoveu a substituição da produção nacional pelas importações, desindustrializou o país, provocou enormes pressões de custos e reduziu a margem de lucro e o estímulo aos investimentos.

Afinal, hoje se impõe os efeitos de um longo período com um preço relativo (taxa de câmbio) desfavorável para o setor industrial de bens comercializáveis e favorável aos serviços.

O que mais poderíamos esperar?
Afinal, os preços relativos são determinantes fundamentais da dinâmica dos mercados.

Yoshiaki Nakano, mestre e doutor em economia pela Cornell University. Professor e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV). Ex-secretário da Fazenda do governo Mário Covas (SP).

ELE É UMA "JÓIA" DO brasil maravilha dos FARSANTES - E NAS EMPRESAS DO "HOMEM" QUE LÊ HOJE OS JORNAIS DE 2015... Empresas de Eike Batista têm prejuízo de R$ 554 milhões no terceiro trimestre.

As seis empresas de capital aberto do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, registraram juntas um prejuízo de R$ 554,1 milhões no terceiro trimestre do ano, segundo levantamento da Economática. 

O número, entretanto, é inferior ao prejuízo registrado no segundo trimestre, quando o prejuízo acumuladoi ficou em R$ 976,8 milhões. A economatica lembra, entretanto, que a empresa PortX, de transportes e serviços, fechou capital e seus números não estão incluídos na soma dos prejuízos do terceiro trimestre.

A única empresa do grupo com lucro é a OSX Brasil, de veículos e peças, que no ano de acumula R$ 13,5 milhões de lucro, até setembro, contra R$ 7,5 milhões em 2011.

O prejuízo acumulado pelas empresas do grupo nos nove primeiros meses de 2012 é de R$ 1,67 bilhão. O número já é maior do que todo o prejupizo acumulado pelas empresas do grupo no ano passado, quando a perda chegou a R$ 1,02 bilhão.

Veja o prejuízo do Grupo X no terceiro trimestre

CCX Carvçao (mineração) - R$ 26,4 milhões
LLX Log (logística) - R$ 5,1 milhões
MMX Miner (mineração) - R$ 100,6 milhões
MPX Energia (energia elétrica) - R$ 86,6 milhões
OGX Petróleo (petróleo e gás) - R$ 343,3 milhões
OSX Brasil (veículos e peças) - R$ + R$ 8,1 milhões

O Globo

A estética da corrupção

Meu Deus, como a CPI do Cachoeira e o "mensalão" do Zé Dirceu têm nos ensinado no último ano... Aprendemos muito sobre a estética da corrupção, sobre a semiologia dos casos cabeludos.

Eu adoro o vocabulário das defesas, das dissimulações, as carinhas franzidas dos acusados na TV ostentando dignidade, adoro ver ladrões de olhos em brasa, dedos espetados, uivos de falsas virtudes. Quando explode um choro, é um êxtase. Alegam, entre soluços, que são sérios, donos de empresas impecáveis. Vai-se olhar as empresas, e nunca nada rola normal, como numa padaria.

As empresas sempre são "em sanfona", "en abîme" - uma dentro da outra, sempre com "holdings", subsidiárias, firmas sem dono, sem dinheiro, sem obras, vagando num labirinto jurídico e contábil que leva a um precioso caos proposital, pois o emaranhado de ladrões dificulta apurações.
Me emociona a amizade dentro das famílias corruptas.
São inúmeros os primos, tios, ex-sócios, ex-mulheres que assumem os contratos de gaveta, os recibos falsos, todos labutando unidos.

Baixa-me imensa nostalgia de uma família que não tenho e fico imaginando os cálidos abraços, os sussurros de segredo nos cantos das varandas, o piscar de olhos matreiros, as cotoveladas cúmplices quando uma verba é liberada em 24 horas, os charutos comemorativos; tenho inveja dos vastos jantares repletos de moquecas e gargalhadas, piadas, dichotes, sacanagens tão jucundas, tão "coisas nossas", que até me enternecem pela preciosidade antropológica de nossa sordidez.

Adoro ver as caras dos canalhas. Muitos são bochechudos, muitos cachaços grossos, contrastando com o "style" anoréxico das vítimas da seca, da fome - proletários "chiques", "elegantérrimos" pela dieta da miséria.

Os corruptos tendem para a obesidade e parecem acumular dentro das barrigas suas riquezas sempre iguais:
piscinas,
fazendas,
lanchões,
"miamis".
Todos têm amantes, todos com esposas desprezadas e tristes se consumindo em plásticas e murchando sob litros de botox, têm filhos paspalhões, deformados pelas doenças atávicas dos pais e avôs.

Aprecio muito bigodões e bigodinhos.
Nas oligarquias, os bigodes corruptos são poderosos, impositivos, bigodes que ocultam origens humildes criadas à farinha d"água e batata-de-umbu, camuflando ancestrais miscigenados com índios e negros, na clara dissimulação de um racismo contra si mesmos.

Amo o vocabulário dos velhacos e tartufos. É delicioso ver as caras indignadas na TV, as juras de honestidade, ouvir as interjeições e adjetivos raros: "ilibado", "estarrecido", "despautério", "infâmias", "aleivosias"...

Os corruptos amam a norma castiça da língua, palavras que dormem em estado de dicionário e despertam na hora de negar as roubalheiras. São termos solenes, ao contrário das gravações em telefone: "Manda a grana logo para o F.d.p. do banco, que é um grande *#@, senão eu vou #@** a mãe deste *#&@ !!!"

Outra coisa maravilhosa nos canalhas é a falta de memória.
Ninguém se lembra de nada nunca:
"Como? Aquela mulher ali, loura, "popozuda", de minissaia?
Não me lembro se foi minha secretária ou não".
E o aparente descaso com o dinheiro?
Na vida real, farejam a grana como perdigueiros e, no entanto, dizem nos inquéritos:
"Ih!... como será que apareceram R$ 10 milhões na minha conta? Nem reparei. Ah... esta minha memória!..."

E logo acorrem os juízes das comarcas amigas, que dão liminares e mandados de segurança de madrugada, de pijama, no sólido apadrinhamento oligárquico, na cordialidade forense e sempre alerta, feita de protelações, dasaforamentos, instâncias infinitas, até o momento em que surge um juiz decente e jovem, que condena alguém e é logo xingado de "exibicionista".

Adoro as imposturas, as perfídias, os sepulcros caiados, os beijos de Judas, os abraços de tamanduá, as lágrimas de crocodilo. Adoro a paisagem vagabunda de nossa vida brasileira, adoro esses exemplos de sordidez descarada, que tanto ensinam sobre o nosso Brasil. Amo também ver o balé jurídico da impunidade.

Assim que se pega o gatuno, ali, na boca da cumbuca, ali, na hora da "mão grande", surgem logo os advogados, com ternos brilhantes, sisudos semblantes, liminares na cinta, serenidade cafajeste e, por trás de muitos deles, dá para enxergar as faculdades malfeitas, as "chicaninhas" decoradas, os diplomas comprados.

Imagino a adrenalina que lhes acende o sangue quando a mala preta voa em sua direção, cheia de dólares. Imagino os olhos covardes dos juízes que lhes dão ganho de causa, fingindo não perceber a piscadela cúmplice que lhes enviam na hora da emissão da liminar. Os canalhas explicam o Brasil de hoje. Eles têm raízes: avô ladrão, bisavô negreiro e tataravô degredado. Durante quatro séculos, homens como eles criaram capitanias, igrejas, congressos, labirintos.

 Nunca serão exterminados; ao contrário - estão crescendo.
Acham-se sempre certos, pois são "vítimas" de um mal antigo:
uma vingança pela humilhação infantil, pela mãe lavadeira ou prostituta que trabalhou duro para comprar seu diploma falso de advogado.

Não adianta prender nem matar; sacripantas, velhacos, biltres e salafrários renascerão com outros nomes, inventando novas formas de roubar o País.

Adoro ver como eles gostam do delicioso arrepio de se saberem olhados nos restaurantes e bordeis; homens e mulheres veem-nos com volúpia: "Olha, lá vai o ladrão..." - sussurram fascinados por seu cinismo sorridente, os "maîtres" se arremessando nas churrascarias de Brasília e eles flutuando entre picanhas e chuletas.

Enquanto houver 25 mil cargos de confiança no País, enquanto houver autarquias dando empréstimos a fundo perdido, eles viverão. Não adiantam CPIs querendo punir. No caso do mensalão, durante suas defesas no STF, vimos que muitos contavam justamente com as deficiências da Justiça para ganhar.

Pode ser que agora mude tudo, depois desse julgamento histórico. Mas, enquanto houver este bendito Código de Processo Penal, eles sempre renascerão como rabos de lagartixa.

Arnaldo Jabor 

ENQUANTO ISSO, NO brasil maravilha dos FARSANTES.... PETEBRAS E SUA CONTABILIDADE "CRIATIVA" : Petrobras adia registro de US$ 6 bi nas contas - adia registro de importação e infla saldo comercial do País em US$ 6 bi

  Saldo comercial está superestimado porque a Petrobras ainda não contabilizou importações. Enquanto a quantidade importada cresceu 13,5% no terceiro trimestre, o registro na balança comercial aponta queda de 38,8%

 As importações brasileiras estão subestimadas em cerca de US$ 6 bilhões este ano por causa de compras de petróleo e derivados realizadas pela Petrobrás que ainda não foram contabilizadas na balança comercial.

A discrepância ajuda a melhorar o superávit do País, que vem sendo duramente afetado pela crise global. Se essas importações já tivessem sido computadas, o saldo comercial estaria em US$ 11,4 bilhões, em vez dos US$ 17,4 bilhões apurados de janeiro a outubro.

No período, o superávit registra recuo de 31,6% em relação ao ano passado. Sem a "ajuda" do petróleo, essa queda poderia chegar a 55,2%. Uma comparação entre os dados do balanço da Petrobrás e os registros da balança comercial mostra o tamanho do descompasso.

A quantidade de petróleo e derivados importada cresceu 13,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, conforme o balanço da estatal, mas recuou 38,8% segundo a Secretaria de Comércio e Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento. Exclusivamente na gasolina, a diferença é maior: alta de 90% segundo a Petrobrás e queda de 35,8% pela Secex.

Com a produção estagnada, a Petrobrás tem recorrido crescentemente às importações para fazer frente ao aumento do consumo de combustíveis no País, resultado de reduções de tributos para estimular a venda de carros. De janeiro a outubro, foram licenciados 3,13 milhão de veículos novos, alta 5,7% em relação ao mesmo período de 2011.

Apesar dessa situação, os dados do ministério mostram que a importação de petróleo e derivados caiu de 12 milhões de toneladas no segundo trimestre para 7,38 milhões no terceiro. Se o ritmo de alta registrado pela Petrobrás no período (13,5%) tivesse sido o mesmo nas estatísticas do governo, o País deveria ter importado 13,69 milhões de toneladas no terceiro trimestre.

Por essas contas, não teriam sido computadas 6,3 milhões de toneladas que, ao preço médio do terceiro trimestre, equivalem a US$ 4,67 bilhões. Ainda não há dados públicos da Petrobrás para outubro, mas mantido patamar equivalente de discrepância do mês passado, a perda sobe para US$ 6,2 bilhões.

Receita.
Segundo as assessorias do Ministério do Desenvolvimento e da Petrobrás, uma nova instrução normativa da Receita Federal "acentuou as divergências de metodologia" entre a Secex e a estatal.

A Receita não respondeu ao pedido de entrevista.
A Petrobrás contabiliza a importação quando tira o produto do navio, enquanto a Secex no momento em que a estatal entrega a documentação completa para a Receita. Publicada em 16 de julho, a instrução normativa 1.282 mudou as regras para o desembaraço de petróleo e derivados.

Na prática, o prazo para a Petrobrás entregar os documentos à Receita aumentou em 50 dias. Segundo a estatal e o ministério, é isso que explica a queda abrupta das importações de petróleo a partir de julho. "Haverá sempre essa diferença entre os dados do Mdic e da Petrobrás", diz nota do ministério. A contar desse prazo,as importações de petróleo e derivados deveriam ter se normalizado em setembro.

No entanto, permaneceram baixas por 120 dias e só começaram a se normalizar este mês. A média diária de importação desses produtos caiu de US$ 211 milhões em junho para US$ 137 milhões em julho, US$ 87milhões em agosto, US$ 138 milhões em setembro e US$ 121milhões em outubro. Nas duas primeiras semanas de novembro, voltou para US$ 231milhões.

Raquel Landim O Estado de S. Paulo

Jornais estrangeiros tratam condenação de Dirceu como caso histórico

 Os jornais estrangeiros trataram a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na segunda-feira como a mais dura sentença por corrupção contra um político do alto escalão do governo no Brasil. O Financial Times destacou que a decisão do Supremo Tribunal Federal abriu um precedente no país, cujas elites agem frequentemente com a certeza da impunidade.

O caso está sendo considerado como um divisor de águas em um país onde os políticos e as elites são acusados de usar um sistema jurídico ineficiente para agir com impunidade, escreveu o Financial Times. O Brasil tem uma longa e pitoresca história de políticos que cometem crimes e escapam da punição, com a Suprema Corte condenando nenhum até esse caso, acrescenta.

O jornal cita o ex-presidente Fernando Collor, que hoje é senador apesar de ter sofrido impeachment por por corrupção, e o pai dele, Arnon Mello, um senador que assassinou outro senador na Casa em 1963 e nunca foi punido pelo crime.

O Financial Times encerra matéria dizendo que o ex-presidente Lula insiste que não sabia nada sobre o esquema.

O New York Times descreveu José Dirceu como uma das figuras mais poderosas do governo do Partido dos Trabalhadores. Segundo o jornal americano, ele foi condenado a quase 11 anos de prisão por orquestrar um vasto esquema de compra de votos que abalou o sistema político brasileiro.

O jornal reproduziu a opinião do professor de Direito da FGV Thiago Bottino, que também é consultor do GLOBO na cobertura do julgamento: A extensão da sentença para um político influente e a mera possibilidade de ele cumprir parte da pena na prisão, antes de receber liberdade condicional, atua como um precedente histórico na cultura política do país em que a impunidade em casos de corrupção que tradicionalmente prevalece.

O jornal americano noticiou ainda a condenação de José Genoino e ressaltou que falta ver ainda se os condenados vão realmente para a prisão e quando, pois a defesa ainda vai tentar protelar o cumprimento da sentença.

É muito raro no Brasil um político do alto escalão passar muito tempo na prisão por corrupção ou outros crimes, conclui o jornal.