"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 02, 2012

MENTIRA E POLITICAGEM ! PROCESSO DE TRANSMUTABILIDADE DA MAMULENGA : SAI A "FAXINEIRA DE NADA E COISA NENHUMA", AGORA É A VEZ DA "DOTÔRA 1,99" MOCINHA PALADINA DA ENGANAÇÃO.

O governo Dilma Rousseff está em busca de uma bandeira para chamar de sua.
A candidata da hora é a redução dos juros.

O problema é que, nos últimos nove anos, as gestões petistas se comportaram como francas usurárias, praticando as maiores taxas do planeta.
Não adianta, agora, a presidente querer posar de mocinha.


Todo mundo quer juros mais baixos.
A questão é que não é possível baixá-los apenas na vontade, no grito, na marra, como Dilma tenta fazer. São necessárias medidas, projetos, ações, que o governo até agora não tomou.

Na base da machadada, a despeito de todo o gogó da presidente, os juros não cairão como precisam.


À frente de um governo ora insosso, ora mergulhado em denúncias de corrupção nestes seus 16 meses de existência, tudo o que Dilma mais sonhava era com a bola levantada pela Febraban no início de abril.

Desde a fatídica declaração de Murilo Portugal, a presidente ganhou um mote: bater, dia sim, dia também, nos juros e nos bancos.

O ápice, pelo menos até agora, foi catapultar a taxa Selic à condição de tema central do discurso presidencial transmitido em cadeia nacional por ocasião do Dia do Trabalho.

Inusitadamente, os juros dominaram a maior parte dos mais de sete minutos da fala de Dilma no 1° de maio, numa espécie de propaganda enganosa e extemporânea.


No trecho mais comentado, a presidente da República disse:
"O setor financeiro não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros. A Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de credito não diminuem."

Mas o que o governo fez até agora para quebrar tal "lógica perversa"?
A taxa Selic vem caindo desde agosto, é verdade, mas ainda se mantém como a segunda mais alta do mundo em termos reais, ou seja, descontada a inflação - só na Rússia cobra-se mais dos tomadores de crédito.

O primeiro a praticar a usura é, portanto, o próprio governo.


O governo é, também, o responsável-mor pelos bancos serem tão acomodados nas taxas que cobram na concessão de crédito:
o Tesouro Nacional tem R$ 1,9 trilhão em títulos no mercado, ou seja, valor quase igual aos R$ 2,1 trilhões do estoque geral de crédito no país.


"Se têm à sua disposição um devedor que paga bem e no mole; se esses financiamentos não oferecem risco de crédito; e se não acarretam custos operacionais relevantes de financiamento; por qual motivo os bancos têm de dar melhores condições para conquistar clientes?", comenta Celso Ming na edição de hoje d'O Estado de S.Paulo

O tremendo endividamento público está, portanto, na raiz dos juros escorchantes praticados no Brasil - que chegam a quase 240% ao ano nas operações de cartão de crédito.

Como o gasto do governo cresce sem parar, os bancos não têm a menor preocupação em diversificar suas operações, e o espaço para uma queda maior dos juros acaba ficando reduzido.


Se quer apelar para o voluntarismo, a presidente poderia, por exemplo, mandar sua equipe econômica baixar os juros que cobra de estados e municípios pela dívida refinanciada no fim dos anos 1990. O pleito é justo, liberaria dinheiro para investimento e para a melhoria da vida da população.

Mas o governo só aceita trocar seis por meia dúzia, enquanto concede, no balcão do BNDES, dinheiro baratinho para empresários amigos.
Não é uma "lógica perversa"?


Se exige dos bancos que pratiquem uma correlação mais equilibrada entre o que cobram na concessão de crédito e o que pagam a seus investidores, o governo também poderia olhar para o FGTS.

O dinheiro depositado nas contas dos trabalhadores é remunerado à menor taxa do mercado:
inacreditáveis 3% ao ano.Por que não pagar mais aos empregados e também romper esta "lógica perversa"?


Não adianta o governo vir dizer que mandou seus dois maiores bancos públicos cortar as taxas de juros. Como os jornais se cansaram de mostrar nos últimos dias, a redução só foi boa pra poucos - e não "pra todos", como propagandeia o Banco do Brasil na TV.

Só alguns têm conseguido pagar menos de fato; o grosso continua pendurado no cheque especial.


Na luta retórica do governo Dilma contra os juros, a primeira vítima real a tombar deverá ser a caderneta de poupança. Segundo a Folha de S.Paulo, hoje mesmo a equipe palaciana deve começar a implodir o modelo atual, diminuindo a remuneração dos depósitos.

Atacar problemas como a alta tributação do crédito e adotar mecanismos que poderiam diminuir a inadimplência, como o cadastro positivo e a portabilidade de dívidas, nem pensar.


Dilma Rousseff percebeu que os efeitos de sua ilusória "faxina" desvaneceram no imaginário da população. Viu que era preciso erigir novos mitos para manter sua popularidade em alta. Com tanto banqueiro falastrão dando sopa por aí, foi fácil.

O difícil será fazer os juros caírem a níveis realmente civilizados.
Só com base na saliva e no marketing, eles continuarão perversamente onde estão.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A 'lógica perversa' dos juros

COMISSÃO COM TELHADO DE VIDRO - A TAL CPI DA "SOBRIEDADE E FOCO" : "A única coisa que pode fazer essa CPI funcionar é o fato de ser uma guerra política, usada para descredenciar adversários”


Pelo menos um terço dos 32 titulares da Comissão Parlamentar inquérito (CPI) mista que investigará as ligações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários já estiveram do outro lado do balcão, expostos a denúncias e desconfiança da opinião pública.

A personificação das reviravoltas políticas é o ex-presidente da República e agora senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Vinte anos depois de descer a rampa do Palácio do Planalto pela última vez, como unanimidade nacional, ele volta à cena para investigar um de seus pares, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

Na lista de representantes do Congresso indicados para buscar a verdade, há ex-fichas sujas, aliados de figuras controversas, nomes envolvidos em escândalos nacionais e até deputado pego no bafômetro.

Collor subiu à tribuna do Senado esta semana para anunciar que trabalhará contra o vazamento de informações à imprensa. Ele confidenciou a aliados que uma de suas motivações na CPI será colocar luz nas relações de repórteres e veículos de comunicação com a quadrilha de Cachoeira.

A antiga condição de vidraça, no entanto, não é exclusividade do senador alagoano.

Relator do colegiado, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) foi acusado de usar sua cota de passagens aéreas para financiar a viagem de um amigo entre Buenos Aires e o Rio. Cunha nega, argumentando que o bilhete foi adquirido com milhas e que pagou a taxa de embarque legalmente, segundo ele.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) teve o mandato de governador cassado em 2009. A Justiça entendeu que, durante a campanha de 2006, ele usou um programa social do governo em benefício de sua candidatura à reeleição. Então considerado ficha suja, só assumiu em 2011 a cadeira no Senado, um ano depois da eleição.

O Supremo Tribunal Federal (STF) foi favorável à posse por interpretar que a pena de inegibilidade já havia sido cumprida.

Outro que já esteve no centro do noticiário foi o senador Humberto Costa (PT-PE). Ele era o ministro da Saúde quando veio à tona o escândalo dos sanguessugas:
esquema de desvio de recursos da pasta que deveriam ser empregados na aquisição de ambulâncias. Costa, relator do processo que corre no Conselho de Ética da Casa contra Demóstenes, foi absolvido das denúncias.

Escutas

O senador Jayme Campos (DEM-MT) acumula processos na Jutiça, entre eles um de improbidade administrativa. Todas as ações são herança do período em que foi governador de Mato Grosso. Já a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) teve seu nome citado em escutas feitas pela Polícia Federal durante a Operação Satiagraha, em 2008.

Um aliado do empresário Daniel Dantas afirmava que a parlamentar recebera R$ 2 milhões de uma empresa para apresentar emendas a uma medida provisória, da qual ela era relatora. A alteração iria de encontro aos interesses de Dantas.
A denúncia nunca foi comprovada.

Cientista político da UnB, o professor Leonardo Barreto enxerga na ficha dos parlamentares motivos para endossar o senso comum de que CPI é sinônimo de pizza.

“A única coisa que pode fazer essa CPI funcionar é o fato de ser uma guerra política, usada para descredenciar adversários”, analisou Barreto.

Leonardo Barreto, cientista político da UnB