"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 07, 2013

A força das oposições

Falta um ano para as eleições presidenciais e, nesta altura dos acontecimentos, a única coisa que se pode afirmar, sem medo de errar, é que nunca foram tão fortes as manifestações contrárias à perpetuação do PT no poder. 

O ciclo do partido de Lula, Dilma e José Dirceu parece fadado a terminar no ano que vem.

A presidente Dilma Rousseff terá que enfrentar duas candidaturas potentes em outubro de 2014: a do PSDB e a das forças que agora reúnem Marina Silva e Eduardo Campos. Embora antagonistas do petismo, tais grupos se distinguem pelo fato de o PSDB ser uma oposição sem adjetivos e a união Rede-PSB ter sua gênese em dois ex-ministros de governos do PT.

A decisão de Marina de manter-se no jogo político, filiando-se ao PSB, reforça a tendência de uma eleição a ser definida em dois turnos. 
É bom para o país que assim seja. 
Desta forma, o eleitor terá condições de avaliar diferentes propostas alternativas ao que está aí e, numa segunda rodada, escolher a que melhor se contrapõe ao que o PT representa.

O que o novo quadro traz de bom é o repúdio de um amplo espectro partidário e da cidadania ao vale-tudo que o PT quis tornar natural na política brasileira. Até poucos dias atrás, os petistas, tendo Lula à frente, pareciam prontos a querer zombar dos adversários, na ânsia de reduzir a eleição do ano que vem a um passeio que, de resto, já está claro que não existirá.

Neste aspecto, foram significativas as declarações do ex-presidente da República adiantando que será uma espécie de "candidato-dublê" de Dilma, transformando-se em sua "metamorfose ambulante", conforme entrevista concedida na semana passada ao Correio Braziliense
É como se, na visão de Lula, o eleitorado fosse um joguete a ser embalado pelas vontades do PT.

Na mesma linha vão as declarações do marqueteiro João Santana publicadas na edição da revista Época desta semana. Para ele, os adversário de Dilma irão protagonizar uma "antropofagia de anões", levando a presidente a uma fácil vitória em primeiro turno. Não é mera coincidência que a soberba de Santana e a empáfia de Lula tenham se manifestado na mesma semana.

Também não é simples coincidência que a própria presidente, agora sem disfarces no seu figurino de candidata full time, tenha intensificado sua agenda de viagens pelo país e, mais ainda, aumentado seu tempo disponível para conceder à imprensa entrevistas que passou anos evitando.

N'O Estado de S.Paulo de hoje, José Roberto de Toledo contabiliza o tamanho do maquinário que a presidente transformou em moeda para angariar a simpatia de políticos em viagens pelo país afora: 
7.326 máquinas pesadas doadas a quatro em cada cinco prefeituras do país, das quais mais de 6 mil entregues neste ano, e outras 11 mil a entregar até a eleição. Que nome pode se dar a isso senão vale-tudo?

Nesta estratégia, voltada a sufocar a oposição, o governo jogou seus maiores esforços na tentativa de barrar a criação de novos partidos. 
Conseguiu impedir, por ora, o nascimento da Rede Sustentabilidade, mas não aplacou o desejo de mudança que subjaz tanto nos partidários de Marina, quanto nos de Eduardo Campos, quanto nos do PSDB.

Aproxima-se a eleição da mudança. 
Caberá aos contendedores mostrar aos brasileiros que podem levar o país a um caminho mais venturoso, livre das manipulações que se tornaram corriqueiras no atual governo, dos atentados à ética e dos retrocessos que vêm nos fazendo perder anos preciosos para a construção de um novo Brasil. 
Quanto mais alternativas, melhor para a nossa democracia.

ITV

10 ANOS... DE OBSCURIDADE/FARRA/ESBÓRNIA/MARACUTAIA/CORRUPÇÃO/MENTIRA E ATRASO : Política do BNDES para criar os campeões nacionais naufraga . Banco fez investimentos bilionários e agora carrega as dívidas

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Em sua coluna deste domingo (6/10), publicada na Folha de São Paulo e em O Globo, o jornalista Elio Gaspari afirma que em 2007 o BNDES ressuscitou o “zumbi da anabolização de empresários amigos” e anunciou que o governo pretendia um núcleo de campeões nacionais, inserindo-o no mundo das grandes empresas multinacionais. Para isso, disse ele, colocou perto de R$ 20 bilhões em empresas companheiras. Para o jornalista, numa mesma semana, dois fatos demonstraram o fracasso dessa política.

A OGX, produção megalomaníaca de Eike Batista na qual o BNDES financiou R$ 10,4 bilhões, diz ele, está no chão. A supertele Oi, segundo Elio “produto da fusão pra lá de esquisita e paternal da Telemar com a Brasil Telecom”, tornou-se uma campeã nacional portuguesa, fundindo-se com a Portugal Telecom. Em 2010, continua ele, o BNDES e os fundos de pensão tinham 49% da empresa. A nova "supertele" nasce com uma dívida de R$ 45,6 bilhões. E novamente receberá recursos do BNDES e dos fundos companheiros.

O ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, afirma Gaspari, garante que essa fusão é uma estratégia. “Vá lá, desde que ele acredite que o Unibanco fundiu-se com o Itaú”, afirmou. A carteira de ações do BNDESPar caiu de R$ 89,7 bilhões em 2011 para R$ 72,8 bilhões em 2012. A campeã do ramo de laticínios chamava-se LBR e quebrou. A Fibria, resultante da fusão da Aracruz (chumbada) com a Votorantim, atolou, lembra o jornalista.

O frigorifico Marfrig, continua Gaspari, tomou R$ 3,6 bilhões no banco e acabou comido pela JBS, cujos controladores movem-se num perigoso mundo onde convivem a finança internacional e a política goiana. Já o Bertin, afirma ainda o jornalista, teve que ser vendido logo depois de o BNDES entrar na empresa. (Até 2013, esse setor recebeu a maior parte dos investimentos do BNDES.)

O BNDES, segundo Elio Gaspari, anunciou há meses que abandonou a estratégia da criação dos campeões nacionais. “Falta só explicar quanto custou, quanto custará e que forças alavancaram os afortunados”, afirma ele. Essa tarefa, finaliza Gaspari, será fácil para alguns petistas e para o doutor Luciano Coutinho. “Eles conhecem a história do banco”, diz ele.

Jornal do Brasil