Em sua coluna deste domingo (6/10), publicada na Folha de São Paulo e em O Globo, o jornalista Elio Gaspari afirma que em 2007 o BNDES ressuscitou o “zumbi da anabolização de empresários amigos” e anunciou que o governo pretendia um núcleo de campeões nacionais, inserindo-o no mundo das grandes empresas multinacionais. Para isso, disse ele, colocou perto de R$ 20 bilhões em empresas companheiras. Para o jornalista, numa mesma semana, dois fatos demonstraram o fracasso dessa política.
A OGX, produção megalomaníaca de Eike Batista na qual o BNDES financiou R$ 10,4 bilhões, diz ele, está no chão. A supertele Oi, segundo Elio “produto da fusão pra lá de esquisita e paternal da Telemar com a Brasil Telecom”, tornou-se uma campeã nacional portuguesa, fundindo-se com a Portugal Telecom. Em 2010, continua ele, o BNDES e os fundos de pensão tinham 49% da empresa. A nova "supertele" nasce com uma dívida de R$ 45,6 bilhões. E novamente receberá recursos do BNDES e dos fundos companheiros.
O ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, afirma Gaspari, garante que essa fusão é uma estratégia. “Vá lá, desde que ele acredite que o Unibanco fundiu-se com o Itaú”, afirmou. A carteira de ações do BNDESPar caiu de R$ 89,7 bilhões em 2011 para R$ 72,8 bilhões em 2012. A campeã do ramo de laticínios chamava-se LBR e quebrou. A Fibria, resultante da fusão da Aracruz (chumbada) com a Votorantim, atolou, lembra o jornalista.
O frigorifico Marfrig, continua Gaspari, tomou R$ 3,6 bilhões no banco e acabou comido pela JBS, cujos controladores movem-se num perigoso mundo onde convivem a finança internacional e a política goiana. Já o Bertin, afirma ainda o jornalista, teve que ser vendido logo depois de o BNDES entrar na empresa. (Até 2013, esse setor recebeu a maior parte dos investimentos do BNDES.)
O BNDES, segundo Elio Gaspari, anunciou há meses que abandonou a estratégia da criação dos campeões nacionais. “Falta só explicar quanto custou, quanto custará e que forças alavancaram os afortunados”, afirma ele. Essa tarefa, finaliza Gaspari, será fácil para alguns petistas e para o doutor Luciano Coutinho. “Eles conhecem a história do banco”, diz ele.
Jornal do Brasil
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