"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 28, 2013

Maus conselhos


Dilma Rousseff aproveitou ontem uma plateia classe A para destilar, mais uma vez, o veneno de seu discurso sectário. Apropriou-se, de novo, de feitos que não são exclusividade sua, fez previsões temerárias e celebrações tão apressadas quanto extemporâneas. 
Exercitou, novamente, a desonestidade e a arrogância que marcam o PT, o partido dos mensaleiros. 
 
A ocasião exigia sobriedade, mas a candidata-presidente engatou o ritmo de campanha que move seus passos desde que se aboletou em cima de um palanque, cinco anos atrás, e de lá nunca mais saiu. 

Foi a nona vez que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social reuniu-se nesta gestão, mas apenas o terceiro encontro do qual Dilma participou. 
Óbvio: queria ribalta.

A presidente da República deveria ter aproveitado a presença da nata do PIB brasileiro no encontro de ontem para discutir seriamente os problemas que afligem o país - amanhã, por exemplo, seremos oficialmente apresentados ao pibinho que Sua Excelência produziu em seu segundo ano de mandato, deixando-nos na vice-lanterna do continente... 

 
Mas ela usou o espaço e o tempo valioso para, novamente, fazer proselitismo político. Desancou, raivosamente, as ações sociais da gestão tucana e enalteceu, talvez precipitadamente, a política energética de seu governo - num momento em que, neste ano de poucas chuvas, nem São Pedro é capaz de garantir o suprimento de energia. 

 
Na reunião de ontem, a presidente da República avocou ao PT todo e qualquer mérito por ter montado a rede de proteção social que hoje existe no país. Em linhas gerais, mimetizou sua abjeta declaração de uma semana atrás, em que desdenhou o esforço dos brasileiros ao longo de 500 anos de história: 
"Não herdamos nada; construímos". 
 
Desta vez, ela apegou-se a um aspecto acessório para desmerecer a criação, pelo governo Fernando Henrique, dos programas sociais posteriormente enfeixados sob o Bolsa Família. 
Alegou aos empresários que coube ao PT criar o cadastro que permite identificar os beneficiários:
 "É conversa que tinha cadastro", destrambelhou-se. 
Passou longe da verdade.

O Cadastro Único para Programas Sociais foi criado ainda em julho de 2001, por meio do decreto n° 3.877. Naquela época, os programas sociais ainda eram fragmentados, mas já existiam.
 Posteriormente, o PT unificou-os e, obviamente, ampliou progressivamente seu alcance, dando sequência natural a um legado que poderia até ser incipiente, mas que não se pode negar que existisse. 
Ou seja, herdaram, não construíram.

Se sua apreciação sobre os programas sociais é maldosa e falsa, a abordagem da presidente sobre a questão energética é temerária. Aos empresários classe A que lá estavam, Dilma não poderia ter dito, se agisse honestamente, que "não vai haver racionamento" neste ano. 
Não quando transcorreram apenas dois meses do ano e os reservatórios ainda penam.

A questão que se coloca é: a que preço esta suposta segurança energética está sendo obtida? E, dois: são verdadeiras as premissas nas quais a presidente se baseia para dar aos empresários uma garantia que não existe?

O racionamento só não veio - ainda - por duas razões: o péssimo desempenho da economia em 2012 e o acionamento recorde do parque termoelétrico gestado na época da crise energética de 2001 e legado ao governo petista. Há um custo alto nisso, além de uma estiagem acima da desejada no horizonte. Vejamos.

O acionamento das térmicas em razão do baixo nível de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas está implodindo as contas das empresas do setor elétrico. As geradoras já estão arcando com um gasto extra de R$ 4 bilhões e as distribuidoras, de R$ 1,5 bilhão por mês.

O aumento exponencial dos custos da energia termelétrica já foi suficiente para anular o ganho que as indústrias teriam com a redução tarifária.

 A associação dos grandes consumidores de energia calcula que a tarifa da indústria tenha caído R$ 24 por megawatt-hora em razão da lei, mas o custo das térmicas comeu R$ 22, informa hoje a Folha de S.Paulo.

Infelizmente também talvez seja muito, muito cedo para Dilma cantar vitória contra o racionamento. Os reservatórios da região Centro-sul, onde se concentra o grosso do parque gerador nacional, terminarão março com nível de armazenamento de apenas 54% e os do Nordeste, com 41%, segundo o Valor Econômico

Para aquilatar: 
chegaram ao fim do verão de 2012 com 78% e 82%, respectivamente.

Além disso, Dilma voltou ontem a repetir que o país ganhará mais 10 mil MW de energia neste ano - no discurso em rede nacional feito em janeiro, havia dito que seriam 8,5 mil novos MW. "Esse país tem segurança energética. Nunca tivemos isso na vida". 

Será? 
Ocorre que, em 2012, o governo petista partira da mesma premissa - agregar 8,7 mil novos MW ao longo do ano - mas chegou a dezembro passado tendo cumprido apenas 40% da promessa, segundo a agência Canal Energia.

Percebe-se que, mais uma vez, faltou serenidade à presidente e sobrou destemperança à candidata. Não será fazendo de cada compromisso de governo um ato de campanha que Dilma Rousseff conseguirá enfrentar as questões que interessam para melhorar a vida dos brasileiros. 

Ontem, a presidente deu um novo soco na verdade e mais um salto no escuro.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Maus conselhos

DE(s)CÊNIO DO CACHACEIRO ASQUEROSO/PARLAPATÃO O FILHO... do brasil E SEUS FARSANTES E FALSÁRIOS : Produção da Petrobras continua a cair


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A produção de petróleo da Petrobras em janeiro caiu 6,9% em comparação a janeiro de 2012, de acordo com fontes oficiais.

Em relação ao mês anterior, dezembro, o desempenho também foi frágil: queda de 3,3%. É um percentual de queda maior do que o esperado pelo mercado.

Em 24 de abril de 2006, fanfarrão, Lula dizia em alto em bom som que a autossuficiência do Brasil havia, enfim, chegado. 

Fala Lula:

- A autossuficiência significa que somos donos do nosso nariz. A Petrobras conseguiu o seu intento que o povo brasileiro buscou durante cinqeenta anos: 
ser autossuficiente. 

Por Lauro Jardim

DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES E FALSÁRIOS : Inadimplência das empresas aumenta 10,3% em janeiro, diz Serasa


A inadimplência das empresas cresceu 10,3% em janeiro, ante dezembro, de acordo com a Serasa Experian, em levantamento divulgado nesta quinta-feira (28). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve aumento de 4,9%.

Em janeiro, o fluxo de caixa das empresas foi pressionado por fatores como pagamento do IPVA de frota, reposição de estoques após o período de Natal, inflação de custos e o aumento do salário mínimo, diz a Serasa.

"Com mais obrigações para honrar, as empresas que não contam com disponibilidade financeira extra enfrentaram dificuldade para pagar em dia seus compromissos", avaliou a empresa por meio de nota divulgada hoje.

A Serasa ponderou que a alta da inadimplência tem arrefecido nas comparações anuais desde o segundo semestre de 2012. "Com a recuperação econômica, essa trajetória deve continuar", diz.

De acordo com a Serasa, os títulos protestados tiveram aumento de 34,3% em janeiro, ante dezembro, enquanto a inadimplência nas dívidas não bancárias das empresas cresceu 2,7%. A emissão de cheques sem fundos subiu 7% no período. A inadimplência com os bancos aumentou apenas 0,1%.

Valor médio das dívidas

Em janeiro de 2013, as dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água) tiveram valor médio de R$ 774,04, queda de 3,7% ante igual mês de 2012.

As dívidas com bancos, por sua vez, tiveram, no primeiro mês do ano, valor médio de R$ 5.159,49,10, recuo de 1,1% na relação com janeiro do ano anterior.

Quanto aos títulos protestados, o valor médio verificado foi de R$ 1.881,76, com elevação de 3,2% sobre janeiro de 2012.

Por fim, os cheques sem fundos apresentaram, em janeiro de 2013, um valor médio de R$ 3.047,13, representando um aumento de 42,2% quando comparado com o primeiro mês de 2012. 

Do G1, com informações do Valor Online 

Bolsa Família paga mais de R$ 1,9 bilhão em fevereiro


Em fevereiro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) está investindo mais de R$ 1,9 bilhão no pagamento de benefícios do Bolsa Família.

Esse valor atende a 13.557.535 famílias, com valor médio de R$ 144,87. O pagamento começou no dia 15 e segue até esta quinta-feira (28).

A região com maior transferência de recursos é o Nordeste, que receberá mais de R$ 1 bilhão (52% do total). 

Lá são atendidas 6,9 milhões de famílias, com benefício médio de R$ 148,18.
Já o Norte tem o benefício médio mais alto, chegando a R$ 164,47.
 
Jornal do Brasil

DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES E FALSÁRIOS : Aumenta preocupação com emprego, inflação e dívidas, diz CNI

O brasileiro está menos otimista com o emprego e a inflação. Também está mais endividado, informa pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta quinta-feira.

A confiança do consumidor caiu 0,9% entre janeiro e fevereiro, de acordo com o Inec (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor). Foi o terceiro mês consecutivo de queda no indicador.

No acumulado desde novembro de 2012, último mês de crescimento da confiança, a queda foi de 2,9%.

Em relação a fevereiro do ano passado, o índice, no entanto, avançou 0,7%.

A CNI pondera que, apesar da queda, a confiança do consumidor segue maior que a registrada na maior parte do período entre o segundo trimestre de 2011 e o terceiro trimestre de 2012.


MEDO DE INFLAÇÃO

Dentre os componentes do Inec, o índice de expectativa de inflação caiu 1,7% entre janeiro e fevereiro, refletindo maior pessimismo dos brasileiros em relação a esse tópico. Foi a quarta queda consecutiva desse item do indicador.

O indicador aponta que a maioria dos consumidores (51% dos 2.002 entrevistados em 141 municípios) acham que a inflação irá aumentar.

Os indicadores de endividamento e de situação financeira também pioraram: quedas de 0,4% e de 0,6%, respectivamente, entre janeiro e fevereiro. Metade dos entrevistados acha que a renda pessoal não irá se alterar.

O brasileiro também ficou mais pessimista em relação ao mercado de trabalho. O índice de expectativa de desemprego caiu 1,1% no período, mostrando que menos entrevistados esperam queda no desemprego.

A expectativa para os próximos seis meses em relação à renda e o indicador de expectativa de compra de bens de alto valor ficaram estáveis entre janeiro e fevereiro, de acordo com a CNI. 


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DE SÃO PAULO 

Títulos do Tesouro perdem mais de 6% nos últimos 30 dias

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O Banco Central ainda não mexeu nos juros, mas as taxas negociadas pelos investidores já tiveram alta considerável nas últimas semanas apenas com a expectativa de elevação da Selic, a taxa básica da economia brasileira, que só será definida na próxima quarta-feira.
 
 Para o investidor, o resultado já se materializou como uma das maiores sangrias já vista nos títulos prefixados do Tesouro Direto desde 2010.

Também perderam os CDBs (Certificado de Depósito Bancário) prefixados e os fundos de renda fixa e de índices de inflação, que são os que mais sofrem em época de aumento de juros.

A maioria dessas aplicações deve fechar fevereiro com rendimento negativo.

No Tesouro Direto, alguns papéis chegaram a perder mais de 6% apenas nos últimos 30 dias. Foi o caso das NTN-B com vencimento em agosto de 2050, que caíram 6,20% nos últimos 30 dias.

O rendimento negativo costuma assustar os investidores mais conservadores da renda fixa, que têm dificuldade de entender por que uma aplicação com taxa de juros positiva pode levar a perdas como essa, em tão pouco tempo e mesmo antes de um fato (no caso, o aumento dos juros pelo BC) se materializar.

Isso acontece porque, apesar de as taxas prefixadas serem positivas, os títulos já emitidos sofrem um "deságio" em seu valor, para se adaptarem à nova realidade de juros. Ou seja, quando os juros sobem, o valor do título cai e vice-versa.

Se isso não acontecesse, não haveria estímulo para um investidor comprar um papel já emitido com juros menores do que compraria com os novos juros.

No Tesouro Direto, sente esse impacto quem resgatar a aplicação antecipadamente ou consultar o saldo, que é marcado segundo o valor do dia do extrato. Quem deixar até o vencimento recebe aquilo que foi combinado.

"O melhor é ficar quieto para não realizar o prejuízo. Quem aplica em longo prazo ganhou bastante e se protegeu da inflação; quem entrou no final da festa, em outubro e novembro do ano passado, perdeu dinheiro, mas ficará protegido em longo prazo", diz Fabio Colombo, administrador de investimentos.

"Esses títulos renderam 20% no ano passado; não iria continuar assim. O investidor deve se preocupar agora em não perder para a inflação", afirma William Eid, professor de finanças da FGV.

Para novas aplicações, a recomendação é preferir os investimentos pós-fixados, como as LFTs, os fundos DI e os CDBs atrelados ao CDI.

Hoje, a taxa Selic está em 7,25% e a maioria dos analistas aposta em alta para 7,75%.

Os investidores negociam juros para janeiro de 2014 em 7,75%, embutindo um aumento de 0,5 ponto percentual até o fim do ano.

"Sempre que tem aumentos inesperados da Selic, o preço cai. Estamos falando de expectativa contra realidade", diz o também professor da FGV Samy Dana.

Editoria de arte/Folhapress  
Original :

SERÁ SEMPRE FÁCIL OBEDECER A UM CANALHA... : O SOM DO SILÊNCIO


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A posse na presidência do Senado de Renan Calheiros, que já havia sido afastado do mesmo cargo por denúncias de corrupção em 2006, não é crível em um país que se orgulha de ter construído uma democracia sólida. Mais incrível ainda é o modo que usou para se esquivar dessas denúncias - apresentando notas fiscais "frias". 
 
O silêncio com o qual o Senado trata o movimento de 1,6 milhão de assinaturas articulado pela internet pelo impeachment de Renan é ensurdecedor. 
 
Já a festa de dez anos do PT no poder trouxe de presente ao país uma cartilha aparentemente saída da máquina de propaganda de Stalin - o que não é de assustar, a julgar pelos entorpecentes discursos de Rui Falcão. 
O teor fascista e de divisão do país entre o "nós" e o "eles", além da total incongruência de críticas à gestão tucana de FHC (imprescindível esta para os grandes avanços empreendidos desde 2003), demonstra um governo cuja preocupação é o projeto de poder, e não o país.

Em meio a tudo isso, a blogueira cubana Yoani Sánchez vem ao Brasil buscando espaço para fazer aquilo que não pode fazer em sua terra natal - exercer seus direitos e expressar sua opinião - e é impedida por manifestantes selvagens, que não aceitam ouvir críticas a um regime ditatorial apenas pelo fato de ser socialista.

Os três episódios podem parecer distintos e aparentemente isolados. 
Entretanto, existe entre eles um fio condutor que nos permite compreender - infelizmente - bem as tristes perspectivas do Brasil atual. 
 
Temos um Congresso alheio aos clamores populares pelo valor mais básico da democracia - a ética -, uma máquina governista montada para manter o status quo de seu partido, e um ex-presidente que se considera chefe de Estado e que lidera uma facção intolerante, atrasada e ideológica que dá as cartas no país - e que condecora, ainda por cima, criminosos condenados pelo STF.

Mas não temos ninguém para ir às ruas contra esse estado de calamidade ética. Quem vai às ruas hoje é para cercear a liberdade de expressão de uma cidadã cubana cujo único pecado foi ser contra uma ditadura. Onde estavam esses manifestantes quando da palestra de Zé Dirceu, chefe de quadrilha, na ABI? 
 
Onde estavam quando da entrega da petição pela renúncia de Renan no Congresso? Onde estavam, onde estão todos? 
 
Como estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro, me pergunto: 
onde está a UNE, que no passado era a primeira a se manifestar contra os descalabros? 
Também faz parte da máquina do governo?

Em meio às frequentes perversões morais e à subversão de valores no seio da nossa jovem democracia, os únicos protestos que ocorrem no país são de cidadãos que nem ao menos foram a Cuba, para calar uma voz contrária ao regime esquerdista da terra de Fidel. 
 
Com o seu barulho, deixaram o recado claro:
 o fato de ser de esquerda justifica a ditadura. 

Com seu silêncio, deixam outro: 
o fato de ser de esquerda justifica Renan, 
justifica o mensalão, 
justifica o PT.

Pedro Rychter O Globo

Cadastro da miséria : "Trata-se de assunto revestido da maior gravidade, impondo tratamento correto, sério, respeitoso. "

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Tive o privilégio de receber do deputado Ricardo Berzoine elegante refutação ao meu artigo “Erradicar a miséria”, publicado em 22 de janeiro.

Não pretendo medir forças com o parlamentar petista, cuja trajetória política conheço, e a quem admiro desde que dirigiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo. As variações da presidente Dilma Rousseff, em torno do tema miséria, me estimulam, porém, a continuar na análise de problema de extrema relevância, cuja solução desejamos em benefício dos mais pobres.

Miséria é vocábulo com diversos significados. 

Tanto expressa estado de grande sofrimento, como carência absoluta de meios de subsistência, penúria, indigência. Além da material, existe miséria moral, de sensibilidade, de caráter, infelizmente comuns na vida pública.

O discurso presidencial procura criar diferenças formais entre miséria real e miséria cadastrada, aquela para a qual o governo voltou atenção. 
A exigência do cadastro não deixa de ser, por si só, fator excludente para ampla quantidade de miseráveis, sem acesso a informações federais, estaduais e até municipais, que os tornem aptos ao cadastramento.

Não nos iludamos. 

Temos, sobretudo na Região Norte, municípios de exageradas dimensões, em grande parte cobertos por florestas protegidas, onde será quase impossível cadastrar os habitantes necessitados. 
Continuarão ainda, e por muito tempo, fora do alcance do governo. 

Veja-se o caso de Oriximiná, do qual tratou o jornal O Estado, no caderno Planeta (20/2/2013). Sua área é de 107.604,4km2, superior à de diversos estados da Federação. Revela a matéria, cujo título é “Floresta rica, população pobre”, a situação dos quilombolas de Cachoeira Pereira “que passam três meses no extrativismo (de castanha) e o restante do ano no ócio”.

O país possui 5.564 municípios, distribuídos entre 27 estados, além do Distrito Federal. Em Minas Gerais, são 853; no Acre, 22; no Piauí, 224. 

O portal “cidades”, do IBGE, revela nomes como Acauã, 
Alvorada do Gurguéia, 
Aroreira do Itaim, 
Barro Duro, 
Peritoró, 
Sambaíba, 
Zé Doca, 
Gurjão, 
Água Nova, 
Bodó, 
Venha Ver, 
Peixe Boi, 
Xupinguará, 
Riachão do Poço, 
Quixabá, 
Cruzeta, 
Encanto, 
Vilaflor, 
Zabelê, 
Mataraca, 
Malta, 
Abaiara, 
Caapiranga, 
Uricuituba, 
Coqueiro Seco, 
Ererê, 
Pindoba, 
Arataca, 
Barro Preto, 
Tanquinho, 
Veredinha, 
Uiramutã, 
Malhada dos Bois, 
Telhas, 
Acaicá. 
São pequenas comunidades, com reduzida população e atividades econômicas de mera subsistência, sem hospitais, 
médicos, 
boas escolas, 
estradas, 
e pouquíssimas pessoas ocupadas e empregadas. 

O governo dispõe da logística para recensear rapidamente os necessitados, fazendo-lhes chegar a bolsa cadastrada dentro dos prazos anunciados?

O projeto de extinção da miséria se ressente do vício que afeta a bolsa família. Oferece algum dinheiro, não muito, nem o suficiente, sem conseguir a inclusão dos beneficiados no mercado de trabalho. Objetiva saciar a fome de famílias com renda per capita mensal inferior a 70 reais, o que é positivo. 

Nada tem a ver, entretanto, com oferta concreta de postos de trabalho. 

Quem é empregado tem direito a salário mínimo, 13º terceiro, fundo de garantia, previdência, vale-transporte. Como estamos em situação análoga à do pleno emprego, é paradoxal que 10% da população, cerca de 19 milhões, continuem à margem do mercado de trabalho, e 2,9 milhões recebam 70 reais.


Conforme diz Luc Ferry, no livro A tentação do cristianismo (Ed. Objetiva, 2011), é através do trabalho que o homem se valoriza e adquire dignidade. Inteligência, beleza, memória, vigor físico, são insuficientes, eis que podem ser colocados a serviço do bem, ou do mal. 

Bolsa família e bolsa miséria devem ser pagas como benefícios transitórios. 

Ao governo cabe agir de forma enérgica, rápida e competente, mas no sentido de levar o desenvolvimento ao interior distante e colocar trabalho remunerador ao alcance de todos. 
 Entrevistado pelo O Estado (20/2/2013) o economista e professor da Unicamp Cláudio Dedecca lembrou que Lula garantiu que a bolsa família erradicaria a miséria. Errou. Na Presidência, a presidente Dilma ficou ciente de que a miséria resiste em escala superior à imaginada.

Milhões continuam sem saúde, água, educação e trabalho. 
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O problema não é retórico para ser resolvido em palanque, com discursos. Trata-se de assunto revestido da maior gravidade, impondo tratamento correto, sério, respeitoso.

Almir Pazzianotto Pinto Correio Braziliense