"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 12, 2014

HERANÇA MALDITA ! Razões para o Pessimismo

Tornou-se um mantra da candidata-presidente afirmar que quem está preocupado com o futuro e com os problemas que se avolumam no país, em especial na economia, é “pessimista” e torce contra o Brasil. 
É possível que nem ela acredite no que diz.

Há razões de sobra para desconfiar das possibilidades de êxito do país caso o atual projeto de poder se mantenha por mais quatro anos. Os desafios são imensos na economia, mas vão muito além, abarcando, principalmente, a falta de segurança pública e a saúde precária.

Dilma Rousseff e seus porta-vozes tentam colar no “mercado” a pecha do mau agouro. Acusam analistas de torcer contra, mas vão além e publicamente constrangem quem se aventura a dizer o óbvio: com o PT no comando, as perspectivas do país são cadentes.
As projeções para a economia seguem declinantes.
 Em menos de três meses, os prognósticos para o PIB deste ano caíram pela metade e agora chegam a 0,81% – no início do ano, estavam em 1,95%. Há 11 semanas tem sido assim, na mais longa série de revisões consecutivas para baixo destas estimativas desde 2008, segundo o Valor Econômico.

O desalento não se limita ao presente. 
Dilma irá legar a seu sucessor um fardo para lá de pesado. 
A Folha de S.Paulo analisou os prognósticos de mercado para os próximos quatro anos e verificou que a projeção dos analistas é de inflação ainda alta e crescimento fraco até 2018, com perspectiva de forte aumento das tarifas públicas já em 2015.

O “tarifaço”, aliás, já é praticado pelo governo Dilma na energia elétrica e, no caso dos preços dos combustíveis, largamente defendido por integrantes do próprio governo petista, seja na Petrobras, seja na equipe econômica. 
Não é anseio, portanto, da oposição.

Mas o desalento vai muito além do mundo da economia e das finanças. 
Está nas ruas e na boca dos brasileiros que enfrentam um dia a dia cada vez mais difícil. Isso não é peça de retórica; é fato, comprovado também por pesquisas.
A mais expressiva delas foi feita em junho pelo Ibope.
A informação mais relevante é que em rigorosamente todas as nove áreas pesquisadas pelo instituto, os brasileiros que desaprovam as políticas adotadas pela presidente Dilma são larga maioria.
É assim na saúde (78 a 19%), 
nos impostos (77 a 15%), 
na segurança pública (75 a 21%), 
no combate à inflação (71 a 21%), 
na política de juros (70 a 21%), 
na educação (67 a 30%), 
no combate ao desemprego (57 a 37%), 
no combate à fome e à pobreza (53 a 41%) e no meio ambiente (52 a 37%).

A preocupação com o futuro do país é de milhões de brasileiros. 
As condições de vida estão mais difíceis e até conseguir bons empregos está complicado. Quem produz, investe e trabalha torce para que o Brasil consiga virar o jogo. Mas não há como ser otimista com a herança realmente maldita que Dilma Rousseff deixará de presente para seu sucessor.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

ENQUANTO ISSO... Cresce o escândalo de corrupção na PETEBRAS

Enquanto o escândalo do mensalão estourou de uma vez, na denúncia feita pelo mensaleiro acuado Roberto Jefferson, do PTB , à “Folha”, o caso da montagem de um o esquema de corrupção dentro da Petrobras tem emergido aos poucos. Na última edição de “Veja”, contornos desse esquema ficaram mais nítidos, com a entrevista de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef, cumprindo prisão preventiva em Curitiba.

Youssef, acusa a Polícia Federal, é o principal gerente de uma bilionária lavanderia de dinheiro sujo remetido por empreiteiras, tendo como beneficiários finais políticos do “PT, PMDB e PP”, revela a contadora. Também como o doleiro, cumpre prisão preventiva em Curitiba, base de operação de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa — tudo indica, o primeiro elo do sistema de bombeamento de cifras incalculáveis neste propinoduto. Os dois, apanhados na Operação Lava-Jato, da PF.

Paulo Roberto, mostram investigações e Meire Poza, fazia o clássico papel de criador de dificuldades para vender facilidades. Podia-se deduzir que o ex-diretor da estatal havia sido peça-chave na quadrilha, no tempo em que presidiu o conselho de administração da obra da refinaria Abreu e Lima, um monumento ao desvio de dinheiro público, como já atestam auditorias do TCU. Não é sempre que um projeto orçado em US$ 2 bilhões custa, ao final da obra, US$ 20 bilhões.

Com a decisão de Meire Poza de contribuir para as investigações da PF, as evidências de roubalheira na Petrobras e suposições de drenagem de dinheiro da estatal para financiar políticos do PT e aliados do governo passam a ter a sustentação de documentos e do testemunho de alguém que trabalhou nas armações. Pode-se dizer que o escândalo começa a ganhar dimensões de outro mensalão de petistas, este em sociedade com aliados próximos. 

É exemplar o pagamento de empreiteiras a empresas fantasmas de Youssef e a pelo menos uma “consultoria” de Paulo Roberto Costa. Ciosas, revelou O GLOBO, empreiteiras declararam à Receita Federal o que pagaram ao esquema de Youssef e Costa. Ou, pelo menos, parte.

ntadora pode contribuir para jogar luz na outra ponta desta lavanderia, a dos políticos. Até agora, haviam sido citados o Deputado André Vargas, sem partido, fora do PT devido às ligações com Youssef, e Luiz Argôlo (SDD-BA). Meire confirma um depósito para o senador Collor, já noticiado. O petista Cândido Vaccarezza, de São Paulo, também foi ajudado, para saldar dívida de campanha. E ela colocou na lista dos beneficiários Mário Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades.


É certo que a contadora sabe mais, a considerar as “malas e malas” de dinheiro que ela diz ter visto passar à sua frente. A presidente Dilma diz que a Petrobras é alvo de “factoides políticos”. Não parece. 

Alvo ela foi de um aparelhamento que resultou em um escândalo formado por dois negócios desastrosos:
as refinarias de Pasadena e Abreu e Lima.
E ele começa a crescer.

Editorial/O Globo
 Cresce o escândalo de corrupção na Petrobras