"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 20, 2013

Os sete pecados da Capital, Coluna Carlos Brickmann

Os pecados capitais são sete, mas tratemos do primeiro: 
a Gula. 

A gula com que meteram a mão no dinheiro público, conforme demonstrado pelo Supremo Tribunal Federal.E a maneira de reduzir o incômodo na parte do corpo que mais doi entre os condenados do Mensalão:
o bolso. 

Pois não é que a primeira iniciativa em favor dos mensaleiros foi apelar à gula dos aliados para arrecadar mais algum, que ajudasse os coitadinhos a pagar a multa a que foram condenados?

Não deu certo:
só os integrantes do núcleo político do Mensalão, João Paulo Cunha, José Genoíno e José Dirceu, foram condenados a multas de R$ 1,5 milhão (fora as penas de prisão).

No banquete de arrecadação de fundos, cada participante pagou entre R$ 100 e R$ 1.000; deste valor, devem deduzir-se R$ 46, cobrados pelo restaurante. Como havia 170 convites, a arrecadação máxima possível seria de menos de R$ 110 mil - isso se não houve também dedução da taxa de serviço para remunerar os companheiros garçons. Falta dinheiro.

E ninguém pensou ainda no condenado às maiores multas, o companheiro Marcos Valério! Mas, cá entre nós, houve um erro sério:
o tempo dos franguinhos passou, é da época de luta sindical.

Hoje, para entusiasmar os companheiros, é preciso caprichar, trocar a cerveja por bons vinhos, colocar um cardápio de pescados da Capital que atraia os convidados e seus gurus políticos. Truta sempre faz sucesso.

Quase todos ali gostam de robalo. 
E um prato mais chique, da cozinha francesa:
escargot, por exemplo.
Escargot na entrada, escargot na saída.
A ordem dos fatores É Brasil, é Brasília.
Primeiro eles comem, depois eles jantam

Perguntas sem resposta

1 - Por que senadores e deputados (estaduais e federais) precisam de um carro à disposição, mais motoristas, com gasolina e manutenção por nossa conta?

2 - Imaginando que precisassem, por que a concorrência foi especificada de tal maneira que só dois modelos de automóveis podem concorrer?

3 - Por que magistrados precisam de carro oficial? Nos Estados Unidos, só o presidente da Suprema Corte tem direito a carro oficial.

4 - O prefeito de Atibaia, bela cidade de 130 mil habitantes perto de São Paulo, deve precisar de carro oficial, pois tem de viajar muito à Capital. Mas precisa de um Ford Edge importado do Canadá, de mais de R$ 130 mil? Da mesma marca, um Ford EcoSport, que custa a metade, não resolveria o problema?

5 - Pouca coisa? Some o número de parlamentares, magistrados, prefeitos, multiplique pelo preço dos carros, mais motoristas, mais despesas. É por essas e outras que o dinheiro para atividades essenciais acaba ficando curtinho.

Me dá um dinheiro aí

Vereadores e prefeitos andaram promovendo fartos aumentos de salários nessas últimas semanas, pouco se importando com o atendimento das necessidades da população (as cidades serranas do Rio, por exemplo, continuam em ruínas desde as chuvas do ano passado, mas Suas Excelências tiveram bons aumentos).
Até aí, neste país, tudo normal.

Mas o prefeito de Nova Iguaçu, RJ, o peemedebista Nelson Bornier, tripudia sobre o cidadão. Seu reajuste foi de 102,1% (algo que o caro leitor dificilmente terá obtido), e ainda disse que este tsunâmico aumento "é digno".

Completando:
"É mais do que justo para quem quer fazer trabalho sério e honesto, principalmente no momento em que há gente que vive de corrupção". Ou seja, o corrupto só é corrupto porque ganha pouco. Marcos Valério, pobre moço, se ganhasse melhor não estaria entre os mensaleiros.

O livrinho, ora o livrinho

Quando foi presidente da República, o marechal Eurico Dutra, para ajudar a apagar seu papel de homem-forte da ditadura, fazia questão de obedecer rigorosamente à Constituição, à qual chamava de "livrinho".

Quando lhe sugeriam alguma medida, a primeira pergunta que fazia era sobre o que dizia o livrinho. O livrinho, a nossa Constituição, proíbe a censura prévia.

O juiz de Macaé, Estado do Rio, determinou que "obras eróticas" - como, por exemplo, 50 tons de cinza - sejam apreendidas, e só vendidas em embalagem lacrada. Ler trechos na livraria, nem pensar.

Folhear o livro para decidir a compra, não:
o juiz não deixa.

Mas o juiz não se manifestou sobre outro livro não apenas erótico, como também de extrema violência e que viola todos os conceitos de vida em sociedade. Trata de um rei, casado, que se apaixona pela esposa de um de seus maiores amigos, um dos seus generais mais próximos.

Numa guerra, aproveitando a ausência do general, seduz e engravida sua esposa. Para evitar problemas, envia o marido para uma batalha impossível, onde certamente será morto. Seu filho com a adúltera herdará o trono; e terá 700 mulheres. 

Nome do livro? A Bíblia.

Militar na Defesa

Com a viagem do ministro da Defesa, Celso Amorim, ao Uruguai, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ocupou o Ministério por dois dias.

O que está passando despercebido dos meios de comunicação é que, desde a criação do Ministério da Defesa, no Governo Fernando Henrique, o brigadeiro Saito, profissional sério, competente e respeitado, é o primeiro militar a ocupá-lo.


carlos@brickmann.com.br

E NO BRASIL DECENTE ... O CACHACEIRO PATIFE, PROMÍSCUO, PARLAPATÃO ASQUEROSO : é eleito a personalidade mais corrupta de 2012


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou 2013 vencendo mais uma eleição. Entre as personalidades mais corruptas de 2012, Lula ganhou com 65,69% dos 14.547 votos válidos o Troféu Algemas de Ouro. 
Em segundo lugar, com 21,82%, ficou o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido) seguido pelo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), com 4,55%. 
Ironicamente, a segunda edição da premiação organizada pelo Movimento 31 de Julho foi marcada pela fraude. Os organizadores detectaram a utilização de um programa de votação automática que criou perfis falsos no Facebook, que direcionou 38% do total de votos (23.557) para candidatos ligados ao PSDB e ao DEM.

A premiação, que aconteceu na tarde deste domingo no Leblon, Zona Sul do Rio, foi marcada pela descontração. Em clima de carnaval, com máscaras representando os candidatos que disputaram o Algemas de Ouro 2012, os manifestantes elogiaram a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do julgamento do mensalão e lembraram os feitos históricos de cada concorrente.
 Além de Lula, Demóstenes e Cabral, estavam no pleito o senador 
Jader Barbalho (PMDB-PA); 
os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) 
e Paulo Maluf (PP-SP); 
o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
 Fernando Pimentel, 
e sua ex-companheira de Esplanada, Erenice Guerra; 
o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido); 
e o empresário Fernando Cavendish.

Depois de eleger poste, o ex-presidente Lula mostra que ainda tem fôlego para ganhar mais eleições daqui para frente. Foram três candidatos que fizeram jus à premiação. Todos eles se destacaram nas páginas do jornal, mas o ex-presidente se sobressaiu. No ano passado, ele foi responsável por um dos momentos mais lamentáveis da história brasileira ao tentar chantagear um ministro do Supremo. 
Acho que por sua atuação em 2012, e nem quero lembrar de Valérios e Rosemarys, ele mereceu esse troféu e o cheque simbólico de R$ 153 milhões afirmou Marcelo Medeiros, coordenador do Movimento 31 de Julho.

No último dia 9, os organizadores comunicaram à imprensa e à rede social Facebook plataforma utilizada para computar os votos a tentativa de fraude. A denúncia partiu dos próprios eleitores da enquete que perceberam que parte das escolhas foram feitas por perfis falsos, recém-criados no ambiente virtual.

Não é militância. Se fossem militantes, era válido. O que detectamos foi uma organização criada para fraudar a disputa. Coincidentemente, os votos sempre eram para candidatos da oposição do governo petista e Cabral explicou Medeiros, que prometeu mudanças na plataforma de computação dos votos na próxima eleição.
O Globo

! DENTRO DO brasil marvilha DOS "falsários" UM BRASIL REAL : 50 milhões de pessoas... OS BRASILEIROS QUE O BRASIL ESQUECEU - NEM ENDEREÇO ELES TÊM NO PAÍS DO ATRASO


Como vive a parte do nosso povo que está no lado cruel das estatísticas, que sequer possui a certidão de nascimento? 

O Correio foi atrás e constatou: 
a situação é pior do que se imaginava. Apesar de o país ter avançado na economia e na distribuição de renda, pelo menos 50 milhões de pessoas não têm endereço formal, acesso à justiça, a agências bancárias ou mesmo a carteira de trabalho.

49,3% dos brasileiros que hoje têm mais de 25 anos de idade não completaram sequer o ensino básico
3,3 milhões de pessoas moram em casas sem energia elétrica e, portanto, nem mesmo vêem tv
31,1% das residências urbanas estão em ruas sem asfalto. Outra boa parte delas está em vias sem nome
50,8% dos domicílios não têm acesso à água limpa (tratada e encanada) e a redes subterrâneas de esgoto
Apesar do avanço econômico do país, milhões de brasileiros vivem sem acesso a direitos básicos, como endereço e certidão de nascimento 

O futuro ainda não chegou para o agricultor Tico Gomes da Silva. Desde criança, acalenta o sonho de ter um registro que possa comprovar a sua existência. Ele estima que hoje tenha “uns 70 anos”, mas não há nada de concreto que possa confirmar quando nasceu. Seu Tico, que vive no povoado de Palmital, no município mineiro de Lontra, não tem nenhum documento, nem certidão de nascimento. 

Oficialmente, não existe como cidadão. 
A realidade do agricultor é mais comum do que muitos imaginam. Nas periferias das grandes cidades e nos rincões mais distantes, milhões de brasileiros fazem parte de um país que ninguém vê – ou finge não ver.

Os números desse Brasil que insiste em manter os dois pés no atraso são alarmantes. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), referentes ao Censo 2010, mostram que 54,7 milhões de pessoas (a soma dos habitantes de Espanha e Portugal) não têm endereço e 3,3 milhões nunca tiveram acesso à energia elétrica. Mais da metade da população não sabe o que é esgoto e água encanada. Pelo menos 30% dos domicílios estão em ruas sem asfalto e 2,1 mil cidades não têm sequer uma agência bancária. 

Mas não é só. 
A série que o Correio começa a publicar hoje revela que boa parte dos cidadãos não tem acesso à Justiça, não sabe o que é carteira de trabalho assinada, ainda anda dezenas de quilômetros a pé por falta de transporte, não estuda ou estudou e a saúde depende apenas das ervas que a natureza oferece.
Não há dúvidas de que o país avançou nos últimos 20 anos. 
O processo de desconcentração de renda que se viu nesse período, por causa do controle da inflação, vem sendo exaltado mundo afora e a nova classe média, um contingente de 40 milhões de pessoas, é disputada por políticos para saber quem deu mais a ela. Mas para os que ainda continuam excluídos é inconcebível não ter o direito de saber quem é ou mora em ruas sem nome, sem número. 

Essa ausência de endereço impossibilita receber e pagar imposto e contas, ter acesso a benefícios sociais, desfrutar da cidadania. São pessoas que só ouvem falar desse Brasil que ganhou respeito internacional, mas que veem o próprio país como se fosse uma terra estrangeira e distante a ser conquistada.

Que o diga Geni, Rodrigues dos Santos, 31 anos, moradora do povoado de Santa Maria, localizado no município de Flores de Goiás. Com cinco filhos para criar e muita dificuldade até para botar comida dentro de casa, ela é taxativa:
 
 “Infelizmente, estamos condenados à própria sorte. Falam tanto que o Brasil melhorou, que há uma classe média podendo comprar tudo o que quer e precisa, mas não sei o que é isso. Nem televisão eu tenho”, diz. 

Para Maria de Fátima Alves, 53, que vive em um assentamento de sem-terras em Simolândia, Goiás, é impossível falar em melhora das condições de vida se, para não morrer à míngua, é preciso sempre estar pedindo por socorro a alguém que está por perto, seja para comer, seja para tratar uma doença séria.

A situação desses esquecidos só não é pior porque muitos deles estão agarrados em paliativos, como o programa Bolsa Família. Para um país que chegou ao posto de sexta economia e se gaba de conviver com o quase pleno emprego, essa dependência para a sobrevivência é preocupante. 

“O melhor processo de inclusão social se dá por meio do controle da inflação e do crescimento sustentado, ao longo de anos”, diz José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Investimentos. O Brasil, acrescenta ele, é um país em construção. Nas duas últimas décadas, por meio de reformas econômicas e políticas, corrigiu-se uma série de desarranjos que ainda vão custar caro a muitas gerações.

Enterrados no passado

A evolução mais rápida do país dependerá da velocidade de reformas estruturais que o governo insiste em relegar ao descaso, como a tributária e a trabalhista, e de obras de infraestrutura que deem maior competitividade à economia. Para os que clamam por urgência, que se sentem injustiçados por ainda não estarem provando uma fatia do bolo da riqueza que, enfim, está sendo distribuído, promessas já não bastam. 

“O Brasil tem uma disparidade muito grande entre os municípios, o que pune parcela importante da população”, observa o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Rafael Guerreiro Osório.
Essa população enterrada no passado, alerta Osório, precisa ser reposicionada socialmente para que o Brasil possa sonhar em ser uma nação mais justa. “Temos uma grande dívida social, já pagamos uma parte dela, mas é preciso mais. As pessoas têm pressa”, avisa. A professora Clara Ferreira (nome fictício, pois ela teme represálias), 42 anos, sabe muito bem disso. 

Funcionária de uma escola no povoado de Santa Maria, em Flores de Goiás, não esconde a angústia diante da falta de estrutura para educar aqueles que vão tocar esse país mais à frente.
“Aqui, tudo é improvisado, inclusive as salas de aula. A gente trabalha da forma que dá”, explica a professora do ensino médio. A escola a que ela se refere funciona no Centro Comunitário de Santa Maria. Ele foi cedido pelos moradores ao Estado, porque não havia um prédio para abrigar os estudantes. Em um espaço de pouco mais de 60 metros, três turmas estão separadas por divisórias de plástico de dois metros de altura e um centímetro de espessura. 

O galpão tem teto de zinco e, nos dias quentes, torna-se insuportável a permanência dentro dele. “O problema é que, nos períodos de chuva, também as aulas são suspensas, pois é impossível ouvir qualquer coisa com o barulho da água batendo no telhado”, explica a professora.
Não é só. 
Parte dos professores que trabalham na escola de Santa Maria não tem formação adequada e a preparação das aulas é precária. “Por isso, é muito comum os alunos desistirem do estudo. É difícil aprender nessas condições”, diz Clara. 

“Enquanto isso não mudar, infelizmente, vamos ter esse Brasil do atraso, condenando milhões de pessoas à pobreza, ao analfabetismo, ao subemprego, implorando pela ajuda do Estado. Não é esse o país que queremos para nós e nossos filhos”, sentencia.

Destino é a violência


A maior parcela dos brasileiros que ainda não usufruíram dos avanços conquistados pelo Brasil nos últimos 20 anos tem um problema crônico:
ou são analfabetos ou estudaram muito pouco. Os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que quase a metade da população do país (49,3%) com mais de 25 anos não completou sequer o ensino fundamental. 

Ou seja, pessoas que poderiam tirar proveito do bom momento do mercado de trabalho, ampliando a renda, acabam empurradas para o subemprego e mesmo para a marginalidade, porque não têm preparo para exercer funções básicas.
“Não há como falarmos em um país menos desigual sem um bom sistema de educação. Esse é o ponto de partida para uma nação que busca dar o melhor a seus cidadãos”, diz Marcos Troyjo, professor de economia da Universidade Columbia, em Nova York. 

Mais do que minar a competitividade da economia e limitar o crescimento do país, a falta de educação estimula a violência. Não à toa, o Brasil está no topo das estatísticas mundiais quando o assunto é homicídio.

Geni Rodrigues Santos, 31 anos, teme pelo futuro de seus cinco filhos. “Não temos dinheiro para nada. Vivo me perguntando o que meus filhos pensam disso e o que pensam sobre o que serão quando crescer”, lamenta.

VICENTE NUNES, VICTOR MARTINS, LUIZ RIBEIRO e DECO BANCILLON
Correio Braziliense