"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 04, 2011

O RETRATO PERVERSO, VERDADEIRO, DE UM GOVERNO DE TORPES E CONGRESSO MAMULENGO. PAÍS DE MENTIRAS.

Os resultados de pesquisas publicadas recentemente pelo IBGE e pela UNICEF ─ a primeira dando conta que 70% dos domicílios em território brasileiro convivem com o esgoto a céu aberto e que a maioria não dispõe de água tratada, a segunda informando que cerca de 40% dos adolescentes com idade entre 12 e 17 anos vivem abaixo da linha da pobreza e 20% não sabem ler nem escrever ─ revelam a face perversa de uma nação injusta e desigual, desfigurada por uma de suas mais graves crises sociais.

Os desdobramentos poderão levar a conseqüências devastadoras num futuro não muito longínquo.

É a consagração do país de mentira, que insiste em esconder em espetaculosas propagandas oficiais a degradação de milhões de brasileiros abandonados ao deus dará.

É a mentira na sua pior forma, que escancara as mazelas de um governo refém dos partidos que o sustentam politicamente e próximo de afogar-se no mar de corrupção que o está inviabilizando.


Dessa distorção decorre o inevitável relacionamento mais estreito com a prática nefasta de políticas paternalistas que exaltam a submissão e são diminuídas ainda mais pelo viés eleitoreiro que as caracteriza

Os números aterradores das duas pesquisas evidenciam as precárias condições de vida a que está confinada uma parcela significativa da população.

Pelo conteúdo da propaganda governista, que polui todos os meios de comunicação disponíveis, não há previsão de investimentos significativos nesse setor.


Não me lembro de ter visto nesses nove anos de desgoverno petista qualquer peça publicitária divulgando algum programa sério, principalmente voltado para o saneamento básico, preocupado em sequer amenizar os efeitos desse quadro desolador. Nego-me a levar em conta aqueles tendenciosamente assistencialistas.

Representantes autonomeados da sociedade mais desenvolvida do mundo zombam do sofrimento que flagela esses nossos irmãos ao festejarem um absurdo aporte financeiro solicitado pelo Fundo Monetário Internacional:
“De tomador de empréstimos agora emprestamos dinheiro ao FMI e a oposição ainda tem a coragem de afirmar que nada mudou”, exulta um dos orgulhosos arautos do país acima de qualquer suspeita.
Mudou, sim, e muito.


A malha de proteção social transformou-se em título de capitalização eleitoral. No entanto, a política econômica concebida pela equipe do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, implantada pelo presidente Itamar Franco lá nos idos de 1994 e que é a única responsável pela ascensão do Brasil à condição de credor do FMI, ainda permanece a mesma. Intocável.

Só não se lembram dessa verdade que os tortura os cafajestes usurpadores do talento alheio.

Cada centavo destinado ao FMI significará um quilômetro a menos de rede de esgoto instalada, uma criança a mais que não completará um ano de vida, o sonho abreviado de um adolescente fadado a vegetar pela vastidão da ignorância e condenado a ser apenas outro número nas estatísticas policiais.

A soberba petista agüenta. Sinto uma vergonha que não deveria ser minha.

Outro fato preocupante é a visível indiferença da imprensa e dos congressistas que foram eleitos para atuarem, na oposição.

Mais preocupada em abocanhar um naco generoso da ufanista propaganda oficial, a mídia se limitou a transmitir informações meramente circunstanciais dessa tragédia humana que está negando a crianças e adolescentes as mais comezinhas expectativas de uma vida menos sofrida.


Também não é muito diferente a realidade entre os jovens e os adultos.

Nenhum órgão de informação se atreveu a investigar com maior rigor esse Brasil esquecido pelas autoridades. Sem exceção, a televisiva, pelo menos, presta-se às tarefas subalternas de, numa ponta glorificar a ocupação de favelas cariocas, tudo sem disparar um tiro e prender os chefões da bandidagem antes mesmo do início da operação cinematográfica com data e hora marcada e, na outra, dar vazão a uma sórdida campanha visando desacreditar os órgãos de segurança do Estado de São Paulo.

O som do silêncio vigarista avisa que na capital do Brasil Maravilha foram abolidos os assaltos, os roubos, os latrocínios, os homicídios, os seqüestros, a pedofilia. Desde a retomada da Rocinha, nenhuma mulher foi violentada, nenhum homem foi molestado.

A oposição também não vê, ou finge que não vê, a precária subsistência dessas dezenas de milhões de crianças e adolescentes e não se articula para exigir medidas drásticas e urgentes para combater a calamidade que salta aos olhos.

Pelo jeito, nem o interesse eleitoral a comove.
Perde um tempo precioso na tentativa vã de emplacar CPIs que sabe de antemão jamais se concretizarão. Ainda que por estradas distintas, senadores e deputados oposicionistas passeiam pelo mesmo caminho da covarde indiferença trilhado pelo governo e sua base aliada.

Com a dignidade dilacerada pela crueza desse cotidiano hostil e atroz, vários milhões de sub-brasileiros representados por crianças, jovens, idosos, homens e mulheres ainda estão à espera de que algum outro navegante português de competência duvidosa se perca pelos mares do sul e os descubra.

Desiludidos, perceberam tarde demais que o Brasil Maravilha inventado por Lula não foi capaz de descobrí-los.

Impermeável a manipulações, a realidade fria e insensível cobra o seu tributo e remete a sétima economia do planeta às mais sombrias profundezas dos grotões do atraso e do subdesenvolvimento.

Acuada, prevalece a servidão que elege.

Mauro Pereira

Indústria recua e antecipa PIB ruim

O violento tombo registrado pela indústria em outubro, o terceiro mensal consecutivo, sacramentou o mau desempenho da economia brasileira neste fim de ano.

A produção caiu 0,6% em comparação a setembro, e de forma generalizada, com queda em 20 dos 27 setores pesquisados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além de reforçar a certeza de que o Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro ficou negativo — o resultado oficial só será divulgado na terça-feira —, o recuo mostrou o que a equipe de Dilma Rousseff não queria ver:
o último trimestre de 2011 também será mais fraco do que se desejava.

Não à toa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ciente dos números ruins, tentou se antecipar à notícia desfavorável com o anúncio do pacote de desonerações, feito na quinta-feira.

Embora tenha medidas voltadas ao consumidor, os economistas são unânimes na avaliação de que o pacote tem como única preocupação sustentar a produção. Tanto que até as massas alimentícias e o pão comum foram desonerados.

Na retração de outubro, a indústria de alimentos produziu 5% menos do que em setembro, anulando o crescimento de 3,1% registrado anteriormente. Outros setores vitais da economia, como os de siderurgia e de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação também reduziram a fabricação em 1% e 5%, respectivamente.

Para o economista-chefe da Corretora Gradual, André Perfeito, o alerta mais preocupante dado pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) é a forte queda da produção de bens de capital, que recuou 1,8% entre setembro e outubro.

"É perigoso porque é um dos canais mais claros de transmissão da crise. Significa que o investimento parou", analisou.
O economista ressaltou ainda que, ao contrário do que aconteceu até o meio do ano, na reta final de 2011 as importações de maquinário também esfriaram.


Dificuldade

Na comparação com outubro de 2010, o desempenho da indústria foi ainda pior e recuou 2,2%. Foi a segunda taxa negativa consecutiva e, assim como na comparação mensal, disseminada em 17 dos 27 setores pesquisados. Nos últimos 12 meses, a produção ainda mantém avanço de 1,3% em relação a igual período anterior.

Apesar da pujança do mercado doméstico no Brasil, responsável por sustentar o desempenho da indústria e do restante da economia durante a primeira metade do ano, o cenário externo adverso pesa cada vez mais e aumenta a dificuldade do setor produtivo em manter aquecidas as turbinas.

"Você tem um clima de incerteza que afeta o consumo no país. As pesquisas mostram níveis de estoques elevados e desconfiança de empresários e clientes", declarou André Macedo, analista do IBGE.

Felipe França, economista do Banco ABC Brasil, lembrou que os efeitos externos na indústria não ocorrem por acaso. "É o setor que está mais exposto às oscilações econômicas de fora do país, seja porque elas afetam a procura por produtos brasileiros, seja porque encarecem os insumos usados para produzir aqui ou, ainda, reduzem as linhas de financiamento da produção", comentou.

Diante do cenário desfavorável, os economistas já preveem que a indústria ficará estagnada em 2011, depois de subir mais de 10% em 2010. França destacou que, mesmo que o setor apresente uma leve expansão em novembro e dezembro, o crescimento no ano não irá além de 0,5%.
"Isso não é nada. Não salva a indústria."


Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco, o resultado de outubro derrubará ainda mais a perspectiva de crescimento do PIB no último trimestre.
"Aumentou a chance de ser mais fraco que nossa projeção de 0,5%", calculou.

Gabriel Caprioli Correio Braziliense