"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 06, 2012

PETEBRAS importa gás para usina termelétrica operar no máximo. Produção de petróleo vai andar de lado até 2013


Para garantir a operação a plena carga das usinas termelétricas a gás natural do país, a Petrobras está importando cerca de 18,5 milhões de metros cúbicos por dia de Gás Natural liquefeito (GNL), gás na forma líquida.

A informação foi dada há pouco pelo diretor de Gás e Energia, José Alcides Santoro, que participou nesta terça-feira da solenidade que marcou o início de operação do Projeto Pré-sal de Baleia Azul, no complexo Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos.

O diretor acabou não informando qual o custo dessas importações de GNL, mas explicou que a Petrobras está pagando, em média, US$ 12 por milhão de BTU (unidade internacional do gás natural). O GNL é importado e chega ao Brasil em navios nos terminais de regaseificação que a Petrobras possui no Rio de Janeiro e no Ceará, onde é transformado novamente na forma gasosa.

A Petrobras está fornecendo cerca de 40 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural para a geração de 8,374 megawatts (MW) de energia nas usinas termelétricas. Esse elevado nível de geração térmica é necessário uma vez que os reservatórios das principais hidrelétricas está baixo principalmente no Nordeste, que está sendo castigado por uma forte seca nos últimos meses.

Produção de petróleo vai andar de lado até 2013 
 
Graça Foster, presidente da companhia, disse ainda que produção só deve crescer a partir de 2014

 A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, comentou nesta terça-feira que somente a partir de 2014 a produção de petróleo deverá crescer efetivamente. Até lá, a produção vai andar de lado, disse ela. 
 
A executiva participou da cerimônia de início de produção do navio-plataforma Cidade Anchieta que entrou em produção no pré-sal no campo Baleia Azul, na Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo, e está a uma distância de 1.221 metros entre o nível do mar e o solo e a cerca de 120 quilômetros da costa capixaba.

Em 2012 e 2013 a produção vai andar de lado, estamos numa fase de rearrumação da casa comentou Graça Foster.

O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, informou que a expectativa da companhia é de que a produção de petróleo seja crescente nos próximos meses até o fim do ano. 
 
Segundo Formigli, que participou nesta terça-feira da solenidade que marcou o início de produção do projeto pré-sal de Baleia Azul, na parte capixaba da Bacia de Santos, destacou que a produção em outubro já atingiu 1,94 milhão de barris diários, contra 1,84 milhão de barris em setembro, a mais baixa desde 2008.

Nossa expectativa é de ter uma produção crescente nos próximos meses. A gente deslancha a produção de petróleo a partir de 2014 com a entrada em produção de diversos novos sistemas destacou o executivo.

O diretor disse que em dezembro a produção de petróleo deverá atingir a média de 2 milhões de barris de petróleo por dia média que antes era prevista para ser alcançada no ano passado. Formigli destacou que vários problemas ocorridos principalmente durante as paradas programadas de algumas plataformas levaram à forte queda de produção em setembro. 
 
Mas agora a expectativa é de crescimento apesar de até 2013 a produção vai oscilar em 2% para mais ou para menos em comparação com a produção em 2011. 
 
Além da redução do número de plataformas a serem desligadas para manutenção, a tendência será de aumento também em função da entrada de novos sistemas em produção como o navio-plataforma Cidade Anchieta que entrou em operação em setembro e já atingiu 65 mil barris diários de petróleo, devendo chegar aos 100 mil barris por dia em fevereiro do próximo ano.

Por sua vez, Formigli informou que a produção de petróleo no pré-sal está em torno de 205 mil barris diários de petróleo, cerca de 10% da produção total.

Para o aumento crescente da produção de petróleo, a Petrobras está contando com a entrada em produção em diversos novos sistemas a partir do próximo ano.
O Globo

A mais cara energia

O governo federal conseguiu produzir um choque de alta voltagem no setor elétrico brasileiro. No mesmo momento em que o abastecimento de energia tem apresentado falhas, na forma de apagões cada vez mais frequentes, baixou regras draconianas para a renovação dos contratos de concessão de hidrelétricas e linhas de transmissão que podem simplesmente travar os investimentos na expansão da oferta no país.

Reduzir as tarifas de energia tornou-se uma obsessão da presidente Dilma Rousseff. Se todos concordamos com os fins, é ampla, geral e irrestrita a discordância quanto aos meios. 

Das duas, uma: 
ou o governo está muito certo ou todo o mundo está completamente enganado. Difícil fiar-se na primeira hipótese.

As regras definidas para a renovação dos contratos têm sido consideradas drásticas demais por todos os agentes do setor. Não há vivalma que aplauda o que o governo vem fazendo, embora seja unânime o reconhecimento de que o país precise ter tarifas de energia mais baixas.

Mas a questão é: 
da forma como o governo quer proceder, o risco é não haver quem se interesse em investir no setor elétrico no Brasil. E aí cairemos no pior dos mundos, porque a energia mais cara é aquela que não existe.

Na noite de quinta-feira, véspera de feriado, o governo publicou os valores das indenizações que pretende pagar às empresas detentoras de 15 usinas hidrelétricas e às nove de transmissão por investimentos ainda não amortizados e ativos que possuem.

 No total, R$ 20 bilhões, com base numa redução média de 72% nas tarifas. 
 É muito menos do que as companhias esperavam receber.

A regra representa um corte expressivo nas receitas previstas pelas empresas de energia - há casos, como o de Chesf, em que a perda atinge 80%. Conclusão lógica: faltará dinheiro para assegurar a continuidade, a confiabilidade e a preservação dos ativos do sistema elétrico nacional, que hoje já não está lá estas coisas.

A constatação entre agentes do setor, empresários, analistas e investidores é unânime: 
as tarifas impostas pelo governo não cobrem os investimentos necessários para a expansão e põem em risco a manutenção e a segurança do sistema elétrico brasileiro.

 "As novas tarifas beiram o ridículo. As usinas vão valer um cafezinho", comentou um ex-conselheiro de Furnas (a'O Estado de S.Paulo).

É possível que muitas das companhias não adiram às novas regras e abram mão de concessões. Com isso, deve se frustrar a meta do governo de redução nas tarifas - entre 16,2% e 28%. 
Já há quem (preveja) que este percentual pode cair a 12%.

Como reação às novas regras, as companhias de energia vêm perdendo valor de mercado. Segundo
(O Globo), foram R$ 19,064 bilhões em pouco mais de dois meses. Ontem, os papéis voltaram a despencar, em consequência dos baixos valores que o governo se dispõe a pagar a título de indenização pelos ativos das empresas.

Quem mais perde até agora são as companhias cujos principais controladores são os governos tucanos de Minas Gerais e São Paulo. Por que será? 

Desde o começo de setembro, as ações da Cemig já caíram quase 32% e as da Cesp, mais de 45%. Nem a federal Eletrobrás - que, segundo análise do banco UBS, passará a ter geração de caixa negativa e dependerá da injeção de capital por parte do governo para financiar seus investimentos - sofre tanto.

As chances de as águas que movem as turbinas das usinas voltarem a um curso normal estão todas depositadas no Congresso, onde tramita a medida provisória
(n° 579) que definiu as regras para a renovação das concessões. O texto, editado em 14 de setembro pelo Planalto, já recebeu 431 emendas e começará a ser discutido hoje em audiência pública.

Até 4 de dezembro, as companhias terão que decidir se aceitam ou não as regras impostas a fórceps pelo governo petista. Ou seja, terão 30 dias para definir o futuro de seus negócios pelos próximos 30 anos. Se não acatarem, simplesmente devolverão as concessões ao poder concedente. 

E aí ficará a incógnita: 
quem vai tocar adiante os investimentos em energia de que o país necessita?

A presidente Dilma Rousseff se apresenta como especialista no setor. 
O sistema atual foi todo desenhado quando ela era ministra de Minas e Energia, com forte viés estatal e, agora, também com condições desfavoráveis ao investimento privado. 

O modelo preconiza a modicidade tarifária, mas pode acabar produzindo a mais cara das energias: 
a que não existe. 

Ainda há tempo de corrigir o erro, antes que se instaure a escuridão.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A mais cara energia

Meta de superávit não será atingida este ano Mantega diz que governo não cumprirá meta de superávit das contas públicas

O ministro Guido Mantega (Fazenda) informou ontem que a meta cheia de superávit primário do setor público, de R$ 139,8 bilhões, não será cumprida este ano.

Governo vai abater do resultado parte dos investimentos realizados no PAC e do Minha Casa, Minha Vida; tamanho do desconto ainda não está definido

A meta cheia de superávit primário do setor público, de R$ 139,8 bilhões, não será cumprida este ano, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao "Estado". O governo vai abater do resultado parte dos investimentos realizados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida. O tamanho do desconto ainda não está definido.

Essa é a primeira vez que o ministro admitiu que não conseguirá atingir o esforço fiscal previsto. "De fato, está ficando mais difícil fazer a meta cheia de superávit primário em 2012."

Mantega disse que três fatores levaram o governo a desistir de buscar a economia prevista para pagar os juros sobre a dívida pública: frustração da arrecadação, desoneração de tributos de R$ 45 bilhões até o fim do ano e dificuldade de Estados e municípios de fazerem a sua parte do primário. "Com essas três variáveis, já podemos concluir o abatimento da meta. Só saberemos (de quanto) em dezembro. 

Em outubro teremos um bom desempenho fiscal, mas, mesmo assim, não vamos fazer a meta cheia a qualquer custo."

Conforme antecipou o Estado, desde o mês passado o governo abandonou a meta cheia e passou a considerar a possibilidade de usar o mecanismo legal que permite tirar da conta de despesas parte dos gastos com investimentos.

A equipe econômica concluiu que o superávit primário cheio já foi importante no passado para dar credibilidade internacional ao Brasil e permitir a queda da taxa básica de juros (Selic) no Brasil. Mas agora, com a economia patinando e os juros no menor patamar da história, usará o instrumento para não ter de sacrificar os investimentos.

Críticas. 
Os críticos do abatimento da meta argumentam que a medida pode jogar mais dinheiro no mercado e ter impacto na inflação. Mas, ainda assim, muitos analistas já admitem que essa é a saída em momento de crise internacional. Mantega fez questão de destacar que a decisão não significa mudança na política fiscal. 

"O governo continuará buscando metas e, fundamentalmente, a redução do déficit, que é nominal, e da dívida pública, objetivos perseguidos desde o início do governo Lula, desde que me tornei ministro da Fazenda."

O ministro disse que 2012 é um ano excepcional e exige ações anticíclicas. Segundo ele, se não houvesse uma desoneração expressiva não seria necessário usar o abatimento. Ele garantiu, no entanto, que não abandonou o tripé macroeconômico - câmbio flutuante, política fiscal e meta de inflação. 

E disse que não há flexibilidade na meta de inflação ou na solidez fiscal, embora tenha admitido que o câmbio é administrado para não prejudicar a indústria. "Continuamos pregando no deserto pelo câmbio flutuante, mas os outros não estão nos ouvindo."

Beatriz Abreu, Célia Froufe e Renata Veríssimo O Estado de S. Paulo

SEM "MARQUETINGUE" ! NO brasil maravilha dos FARSANTES : Alta da inadimplência afeta lucro de banco de montadora


Nem mesmo os bancos de montadoras, que costumam ser mais conservadores que as instituições de varejo na concessão de financiamento a veículos, escaparam do impacto do aumento da inadimplência nas carteiras.

No primeiro semestre, o lucro dessas instituições caiu 49,19% em relação ao mesmo período do ano passado, a R$ 219 milhões, segundo levantamento da Austin Rating, com base nos dados do Banco Central. O resultado foi afetado pelo aumento das provisões para crédito de liquidação duvidosa (PDD), com acréscimo de 83,5% no período.

"Grande parte da provisão está relacionada a créditos originados no fim de 2010 e em 2011, uma vez que leva quase um ano para a inadimplência aparecer nas carteiras", afirma Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

A carteira de crédito dos bancos de montadoras cresceu 19,4% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2011, a R$ 51,108 bilhões. O anúncio da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis em maio, como uma das medidas para estimular o crescimento da economia, impulsionou as vendas de veículos leves novos.

Com os grandes bancos de varejo pisando no freio na concessão, os bancos das montadoras tiveram que suprir a demanda por crédito junto aos distribuidores.

Foi o caso do PSA Finance, que financia as marcas Citroën e Peugeot. No primeiro semestre de 2011, do total da venda de veículos novos, 32% eram financiadas pelo banco da montadora. Neste ano, a fatia passou para 37%, segundo Uno Zigue, diretor geral da instituição.

Em 12 meses, a carteira de crédito da instituição cresceu 33,4%, a R$ 1,928 bilhão. O lucro líquido do banco subiu 5,5% no período, a R$ 17 milhões. Somando as operações de leasing, a carteira de crédito total avançou 11%, totalizando R$ 3 bilhões.

 A provisão para perdas acompanhou o mercado e subiu de R$ 11,8 milhões para R$ 22 milhões. Com isso, o lucro líquido do conglomerado caiu 1,7%, para R$ 40 milhões.

"O aumento do endividamento dos brasileiros em 2011 comprometeu o pagamento dos financiamento de veículos", afirma Zigue. O executivo explica que boa parte da inadimplência se concentrou nos créditos sem entrada. "Antes, a entrada média exigida era de cerca de 20% do valor do veículo. Hoje essa média já subiu para 30%."

Segundo Zigue, como o prazo médio dos financiamentos de veículos é de três anos, é provável que a inadimplência observada nessas carteiras continue a afetar os balanços dos bancos de montadoras em 2013, embora em menor proporção.

Entre janeiro e junho, o pior resultado entre os bancos de montadoras foi do Banco Scania, com carteira concentrada no financiamento de caminhões. A instituição registrou prejuízo de R$ 3 milhões. Apesar de um aumento de 165,8% da carteira de crédito no período, a provisão para perdas cresceu 367%.

Já no segmento de veículos leves, o pior resultado foi o do Banco GMAC, com uma queda de 76,8% do lucro líquido, a R$ 23 milhões. A carteira de crédito do banco cresceu 70,4% no período, para R$ 5,491 bilhões.

A provisão para perda avançou quase na mesma proporção, 61,2% no período, corroendo o resultado.

Silvia Rosa | De São Paulo Valor Econômico 

A distribuição de cargos e o crime de corrupção

Um jornalista de Brasília certa vez me comentou, acerca da nomeação, pelo então presidente, de um deputado para o Ministério da Agricultura, que o parlamentar indicado lhe haveria confessado não saber sequer como regar uma samambaia.

E ocupou o cargo, porque, claro, seu conhecimento técnico importava quase nada diante da magnitude de seu apoio político ao Executivo, o qual passaria a compor. O relato, verdadeiro ou não, me veio à lembrança ao considerar a tese, levantada por alguns, sobre uma certa falta de isonomia no julgamento do mensalão.

Pode ser assim enunciada:
se todos os partidos que ocuparam o Planalto tradicionalmente adotaram atitudes moralmente condenáveis para garantir a aprovação de seus projetos nas Casas Legislativas, o pagamento em dinheiro para deputados em troca daqueles mesmos votos de sempre não seria algo em essência diverso das outras tradicionais medidas de escambo.

Logo, em uma Justiça isonômica, as condenações na Ação Penal nº 470 seriam um desequilíbrio.

É quase inviável abordar o tema sem deixar-se cair nas profundezas das diferenças partidárias, mas pode-se tentar. Fixa-se então a premissa de que todos os nossos presidentes da República, inclusive (ou até em maior medida) os ditadores negociaram cargos nos ministérios ou nas pastas de poder para os representantes das forças aliadas.

Em tempos democráticos, com a imprensa livre, a cada reforma de ministério a mídia divulga os motivos meramente políticos que regem as nomeações em busca da mesma simpatia do Congresso.

Quando se leva em consideração que os cargos mais disputados são os que manejam maior orçamento, não é difícil suspeitar que a indicação de controle das pastas aos partidos aliados supõe, para ser eufêmico, o uso futuro não muito adequado do orçamento público.

Caso essa premissa seja aceita tal como está, não é tão descabido pensar que o ato final do mensalão - a entrega de dinheiro vivo a deputados - tem a mesma natureza que a tal histórica distribuição de cargos, apenas, por dizer algo, com maior liquidez. Ou em mera antecipação, como se fora uma simples operação de empréstimo bancário.

Frente à criminalização do mensalão apenas, sobraria a questão:
em que medida o direito penal consegue alcançar todas as ações moralmente condenáveis?

A coincidência entre crime e moral jamais poderá ser exata, dado o intenso conteúdo ideológico desta, a qual, se colocada sob controle direto do Estado, sufoca perigosamente as liberdades. Entretanto, é impossível julgar crimes como a corrupção sem recorrer a elementos da moral vigente, e isso ocorre por imposição da lei.

Foi-se o tempo em que os penalistas imaginavam o tipo penal como uma descrição meramente objetiva da conduta, pois hoje se reconhece que vários elementos não tão palpáveis integram essa descrição, alguns com referência direta a valores sociais.

Mais concretamente, no delito de corrupção criminaliza-se o recebimento, pelo exercício do cargo, de uma "vantagem indevida". Atribuir significado a essa locução obriga o juiz a consultar a moral vigente, e não uma ética imutável.

Assim é dispensável que se altere a legislação para que se possa entender que um deputado que, sem conhecimento técnico específico para exercer uma pasta, venha a receber um ministério unicamente por contraprestação a seu apoio político, esteja a aceitar uma "vantagem indevida" à causa de seu cargo público, o que caracteriza exatamente a corrupção do artigo 317 do Código Penal.

Para tal enquadramento haveria também que abandonar o consenso atual de que tal vantagem deve ser econômica (o que não está na lei), mas nesse sentido surgem dois caminhos:
ou simplesmente se alarga a interpretação do vocábulo "vantagem" ou se propõe que o interesse voraz pelo controle de uma pasta alheia a seu domínio técnico indicia o futuro desvio de dinheiro.

Tudo isso para dizer que, em alguns casos, a relação é recíproca: se a moral é o que orienta o legislador para compor as proibições, tipos penais que trazem relação direta com a moralidade e a ética dependem também destas para viger.

Talvez seja até um sinal de evolução social se, no futuro, considerar-se o fisiologismo político escancarado como ato criminoso, e para isso é desnecessária alteração legislativa.

Assim como não há como defender, hoje, que entregar dinheiro a um deputado para que vote com o governo seja ato tolerável da política, no futuro distante talvez vejamos um urbano ministro da Agricultura denunciado por corrupção, por aceitar o cargo em troca de um favor imoral. Dependerá do espírito dos tempos.

Víctor Gabriel Rodríguez é professor doutor de direito penal da Universidade de São Paulo (FDRP/USP) e membro da União Brasileira de Escritores

E NA "GESTÃO" DA GERENTONA/ FRENÉTICA/EXTRA(ORDINÁRIA) DO brasil maravilha dos FARSANTES : Dúvidas sobre o crescimento

 
Com receio de que o crescimento do próximo ano seja um fiasco, o mercado começa a apostar que o Banco Central (BC) terá de deixar a taxa básica (Selic) em 7,25% ao ano até o fim de 2013. A projeção consta no boletim semanal Focus, uma pesquisa que o BC realiza com cerca de 100 instituições financeiras.

Os especialistas que mais acertam, também chamados de Top 5, reduziram a expectativa de Selic para 2013 em 0,25 ponto percentual nesta semana, de 7,50% ao ano para 7,25% ao ano. Na mediana do mercado, o recuo foi de 7,75% para 7,63% ao ano.

Apesar dessa descrença, a projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas em um ano no país) em 2013 continua em 4%. Esse número, porém, pode ser revisado nas próximas semanas, a julgar pelo que afirma parte do mercado. 

"Revisamos nossa projeção de PIB para 2013 de 4% para 3,5%", disse André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimento. "Não temos como fugir da realidade; medidas pontuais de incentivo não farão a máquina voltar a girar, está na hora de jogar os juros reais brasileiros para patamares realmente compatíveis com o que é praticado no resto do mundo", sentenciou.

Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora, faz avaliação semelhante. Segundo ele, o Banco Central tem outras opções além da Selic. "Na eventual necessidade de um aperto monetário em 2013, o BC lançará mão de instrumentos não convencionais de política monetária, as medidas macroprudenciais já utilizadas em passado recente", argumentou.

Essa avaliação é reforçada pela morosidade dos investimentos privados que não têm mantido ritmo adequado para um 2013 robusto. (VM)


» No radar

No Palácio do Planalto, já se sabe que não está garantido um crescimento de 4% no próximo ano devido ao ritmo moderado dos investimentos. No mercado, cada vez mais gente admite isso. 

“Há uma preocupação de que a economia não consiga caminhar com as próprias pernas e que está dependente de estímulos do governo”, avaliou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB.

Correio Braziliense

QUASE UM MENSALINHO ! " a solução é ir trocando os políticos, exatamente como fazemos com as fraldas"


O diplomata e escritor português Eça de Queiroz dizia de forma irônica: 
"Os políticos e as fraldas são semelhantes, possuem o mesmo conteúdo." 
Nesse contexto, as vésperas das eleições são marcadas por um festival de promessas, a maioria com pernas curtas.

No Brasil, é conhecida a estratégia dos candidatos governistas de prometerem mundos e fundos do orçamento da União para os seus estados e as suas cidades ao argumento de que os favores serão obtidos por meio da proximidade que possuem com as autoridades federais. Nessas últimas eleições, a prática alastrou-se.

Ao longo da campanha, muitos procuraram mostrar intimidade com os principais caciques políticos, utilizando fotos e gravações em áudios e vídeos. Foram espalhados diversos "santinhos" de "Zés e Manés", preferencialmente com Dilma e Lula, que ainda compareceram aos comícios dos mais ilustres.

Caracterizada a "amizade", os pretendentes aos cargos executivos juraram que com recursos federais serão construídos postos de saúde, escolas, hospitais, creches entre várias benfeitorias. Em outras palavras, ofereceram aos eleitores passaporte para o Paraíso, desde que votassem nos amigos da rainha.

Para grande parte dos políticos, não há duvida, o orçamento federal é mesmo a "casa da mãe Joana".

Caso as leis fossem seguidas à risca, a moralidade seria maior. Em 1999, um grupo de técnicos do Congresso Nacional em visita ao Parlamento dos Estados Unidos trouxe de lá a ideia de inserir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) impedimento para o uso político do orçamento da União.

Desta forma, há mais de 10 anos, consta nas legislações orçamentárias o seguinte:
"(..)A execução da Lei Orçamentária obedecerá aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência na Administração Pública, não podendo ser utilizada para influir na apreciação de proposições legislativas em tramitação no Congresso Nacional."

Legalmente, portanto, os recursos relacionados às emendas parlamentares - por onde fluem os pedidos dos prefeitos - ou ainda a qualquer transferência voluntária não estão atrelados à boa vontade dos governistas de plantão.

Na prática, porém, não é bem assim. Os prefeitos, em "dobradinha" com os deputados federais e senadores, sugerem emendas que são incorporadas ao orçamento da União. A partir daí, os "iguais" se tornam "diferentes". Quando interessa ao Executivo, os valores são liberados de forma individual e cirúrgica, via de regra às vésperas de votação ou de fato político importante.

Desta forma, talvez não seja mero acaso o senador Marcelo Crivella (PRB/RJ) ser o recordista dentre os que mais conseguiram "empenhos" (compromissos assumidos para posteriores pagamentos) para atendimento dos seus pleitos.

Em 2012, o ministro da Pesca obteve empenho de R$ 10,4 milhões para a sua proposta de melhoria das condições de assentamentos precários. Vale lembrar que Crivella foi nomeado ministro para que o seu partido apoiasse a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.

A eleição paulistana também foi responsável pela senadora Marta Suplicy ter assumido o Ministério da Cultura, em troca de sua participação na campanha de Haddad. Aliás, por coincidência, a senadora também é destaque dentre os que desatam os nós de suas emendas.

A atual ministra da Cultura conseguiu empenho de R$ 4,8 milhões para a estruturação de hospital em Mauá, na região metropolitana de São Paulo.

Conforme levantamento do jornal "Correio Braziliense", os partidos da oposição - PSDB, DEM, PPS e PSol - receberam menos de 7% dos R$ 343 milhões empenhados pelo governo até 8 de outubro para atender às emendas individuais.

Já PMDB, PP, PT, PDT, PR, PSB e PTB abocanharam a maior parte dos recursos. Guardadas as proporções, quase um mensalinho.

Na verdade, o pano de fundo dessas emendas é a relação promíscua entre os poderes Executivo e Legislativo, em barganha desenfreada para atender a interesses políticos, partidários e pessoais. A atual oposição, diga-se de passagem, critica de forma envergonhada o que praticava há anos.

Como é difícil imaginar que os próprios parlamentares irão alterar esse costume político, é necessário que o Ministério Público, cumprindo a LDO, questione na Justiça o uso histórico do orçamento federal em beneficio dos apadrinhados.

Caso contrário, até que a democracia amadureça, a solução é ir trocando os políticos, exatamente como fazemos com as fraldas

Gil Castello Branco O Globo