"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 06, 2012

VERSO E REVERSO DO "MARQUETINGUE" DA AVALIAÇÃO POSITIVA DA GERENTONA/FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA DE NADA E COISA NENHUMA.

O governo comemorou o aumento do índice de aprovação de Dilma Rousseff. Embora o resultado sirva para render manchetes favoráveis à presidente, os demais achados da pesquisa do Ibope deveriam incutir preocupação à gestão petista, ou, no mínimo, ensejar-lhe melhores práticas.

Em quase tudo o que interessa ao brasileiro, ela vai mal.


O governo Dilma é reprovado em seis das nove áreas de atuação pesquisadas. Quando o assunto é o que a administração federal vem fazendo em relação a impostos,
saúde,
segurança pública,
taxa de juros,
combate à inflação
e educação,
há mais cidadãos insatisfeitos do que satisfeitos.


A avaliação positiva predomina apenas em três áreas:
combate à fome e à pobreza,
meio ambiente e combate ao desemprego.

Convenhamos, a primeira é um slogan vazio criado por Lula que colou;
a segunda é o que Dilma chama de "fantasia", como fez ontem no Fórum do Clima;
e a terceira, felizmente, vem perdendo importância dada a pujança do mercado de trabalho nos últimos tempos.


A gestão petista sai-se muito mal, principalmente, quanto a impostos, saúde e segurança pública. Em se tratando da carga de tributos que é imposta aos contribuintes, para cada brasileiro que aprova a derrama, mais de dois a abominam, mostrou o Ibope.

Neste aspecto, a desaprovação é de 65% e a aprovação, de 28%, num quadro estabilizado desde setembro passado. Frise-se, porém, que, entre entrevistados com curso superior, o percentual dos que rechaçam a política tributária da presidente alcança 81%.

Em saúde, o governo Dilma tem seu segundo pior desempenho, com percentual estatisticamente similar ao dos que desaprovam a política tributária:
63%
(a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos).


Neste caso, a situação, pelo menos, melhorou para o governo desde a pesquisa de dezembro. Ressalte-se, contudo, que o percentual de desaprovação ao governo Dilma no quesito saúde sobe a 72% nas capitais e a 70% nas cidades com mais de 100 mil habitantes, num sinal de que quem sente na pele o drama do SUS o deplora.

A insatisfação com as ações do governo do PT em relação à segurança pública manteve-se nos mesmos níveis do fim de 2011:
enquanto 35% as aprovam, 61% desaprovam.

Novamente, o corte por subgrupos resulta em avaliação pior:
o percentual de desaprovação é maior nas capitais (65%)
e nas cidades grandes (66%)
e alcança 73% entre os entrevistados com curso superior.


Diante dessas informações, o que se pode concluir é que, do ponto de vista do desempenho pessoal, Dilma Rousseff consegue, sim, ser bem avaliada pelo eleitorado: 77% aprovam sua maneira de governar.

Mas, quando se consideram as ações efetivas de seu governo, a gestão da presidente vai mal, num alheamento quase esquizofrênico entre criadora e criaturas.


"A avaliação positiva de seu governo ficou estacionada, indicando um claro descolamento entre a popularidade pessoal da presidente e a avaliação de seu governo. (...) A presidente Dilma chegou ao Palácio do Planalto precedida da fama de ser uma boa gestora, e a avaliação negativa da maior parte das áreas de sua administração coloca em risco esse trunfo", comenta Merval Pereira n'O Globo.

Dilma aproveita-se, também, de sua menor exposição pública em relação a seu antecessor. Mostra disso é que 60% dos entrevistados pelo Ibope não foram capazes de citar, espontaneamente, nenhuma notícia relacionada ao governo de que se lembrassem.

Ou seja, quanto menos se expõe, mais ela ganha - e o Planalto tem usado isso a favor da presidente, preservando-a do debate público.


Não há mal que perdure ou bem que sempre dure.

Com o passar do tempo, a se manter o grau de ineficácia das ações do governo naquilo que realmente interessa à vida dos brasileiros, é bem possível que a população passe a ligar os problemas à pessoa da presidente.

Principalmente, se as barbeiragens da economia jogarem por terra a sensação de bem-estar que o dinheiro no bolso e o consumo farto ainda despertam, ilusoriamente, nos cidadãos.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Ibope : aprovação descolada das ações

"ESCOADOR" DE R$ DO SÃO FRANCISCO : Jeitinho para ganhar mais e fazer menos vai custar 78% a mais.


Apesar dos atrasos na maior obra pública em execução no país, empreiteiras se valeram de aditivo previsto na Lei de Licitações e conseguiram elevar o custo da transposição, que passou de R$ 4,6 bilhões para R$ 8,18 bilhões nos últimos cinco anos

Um dispositivo previsto na Lei de Licitações, chamado aditivo supressivo, permitiu o reajuste no valor das obras da Transposição do Rio São Francisco com a diminuição de obrigações contratuais das empreiteiras

A explosão no custo da transposição do Rio São Francisco, maior obra pública em execução no Brasil com expectativa de beneficiar 12 milhões de pessoas, que nos últimos cinco anos passou de R$ 4,6 bilhões para R$ 8,18 bilhões (77,8% a mais), expõe um acordo para atender demanda das empreiteiras.

Realizados a toque de caixa e com baixo detalhamento técnico, em razão da promessa oficial de inaugurar o Eixo Leste no último ano do governo Lula para fortalecer a candidatura Dilma Rousseff, os projetos executivos foram mal elaborados.

No início das obras, as empresas pressionaram o governo para assinaturas de contratos aditivos milionários acima de 25% do valor original, teto permitido pela legislação. Em alguns lotes, de acordo com dados repassados pelo próprio Ministério da Integração Nacional no ano passado, os novos valores precisavam ser aumentados em até 60%.

O governo federal resolveu respeitar o limite legal. No entanto, para evitar um desgaste ainda maior com os recorrentes atrasos, usou o mecanismo do chamado aditivo supressivo. O ministério retirou das construtoras algumas obrigações contratuais. Com o drible sutil, a conta fechou.

É bem simples. Mais dinheiro, com o aumento de 25% em relação ao contrato inicial, e menos trabalho.

Questionado quanto foi suprimido em cada um dos 14 lotes da obra, o Ministério da Integração Nacional, por meio da assessoria de imprensa, preferiu não informar. Comunicou que os quantitativos retirados e os valores só seriam disponibilizados no momento em que ocorressem as licitações dos resíduos em questão.

O discurso oficial é de que a obra precisava ser destravada. Essa foi a ordem da presidente Dilma Rousseff para o ministro Fernando Bezerra Coelho.

Em 2011, a transposição ficou praticamente parada. Avançou apenas 5%. Foi justamente o ano dos acordos com as empreiteiras para a retomada das obras. Nove lotes chegaram a ficar parados. Hoje, os lotes 3, 4 e 7 estão abandonados e serão licitados novamente.

O lote 4, por exemplo, que prevê a construção de cinco segmentos de canal, túnel, barragem, pontes e passarelas, em Pernambuco e no Ceará, teve apenas 13% de execução física, o pior avanço de toda a transposição.

O que chama a atenção é que, mesmo com a ineficiência e o ritmo lento, foram celebrados quatro aditivos no valor de R$ 20,2 milhões.
O lote 3, que em dezembro do ano passado tinha 42% dos serviços previstos executados, ganhou cinco aditivos no valor de R$ 5,4 milhões.

A assessoria de imprensa do Ministério da Integração Nacional salientou que, nesses casos específicos, os lotes vão ser licitados novamente, uma vez que os novos serviços necessários para a conclusão das obras, não contemplados pelo atual contrato, ultrapassariam os 25% estabelecidos pela legislação.

Fiscalização
O governo resolveu juntar os resíduos dos serviços que deveriam ter sido realizados pelas construtoras que atuam na obra para fazer pacotes de licitação. Até o fim de abril, serão licitados quatro conjuntos de intervenções no valor de R$ 2 bilhões. Em junho, mais outros dois que totalizam R$ 650 milhões.

A promessa é que o lote 5, cuja obra nunca foi iniciada, também seja licitado até o fim do primeiro semestre.

Uma conta simples chama a atenção. O valor total das obras dos lotes 3 e 4 seria de R$ 363 milhões, já com os aditivos. Acontece que o pacote da chamada meta 1N, que tem serviços que deixaram de ser realizados nos mesmos lotes, custa R$ 677 milhões. É o equivalente a quase o dobro da soma dos dois contratos.

As mesmas empresas que abandonaram as obras podem, segundo o Ministério da Integração Nacional, participar normalmente da nova concorrência. A transposição é um projeto com dois canais, o Eixo Norte e o Leste, que somam 713km de extensão (leia Para saber mais).

Diante de todos os atropelos e da suspeita de má gestão dos recursos públicos, o Senado já autorizou a criação de uma comissão especial temporária de parlamentares para acompanhar de perto o andamento da obra de transposição do Rio São Francisco. De acordo com o senador Cícero Lucena (PSDB-PB), autor do pedido de criação da comissão, o grupo será formado por 10 integrantes.

Ele explicou que, além de audiências públicas para debater o projeto, haverá visitas aos canteiros de obra. "Há uma preocupação grande porque a transposição está bastante atrasada. Vamos analisar a fundo o projeto e verificar com detalhes o andamento. A comissão é formada por integrantes de vários partidos."

O Eixo Leste da obra deveria ter sido entregue em 2010. Em relação ao Eixo Norte, a garantia era de que ficaria pronto neste ano. Agora, o prazo oficial é de que tudo esteja concluído em 2015.

Correio

"EMPACOTANDO E EMBRULHANDO" OS CLIENTES : Bancos privados querem garantias Bancos privados querem garantias

Depois do anúncio do pacote de incentivo ao crédito feito pelo Banco do Brasil, que aumentou o limite disponível aos clientes em R$ 43,1 bilhões, movimento que será endossado pela Caixa Econômcia Federal na segunda-feira, os bancos privados começam a traçar estratégias em conjunto para não ficarem para trás no mercado.

Oficialmente, Bradesco,
Itaú Unibanco,
Santander
e HSBC afirmam que estão "avaliando" a possibilidade de lançarem medidas semelhantes.

Nos bastidores, entretanto, eles se movimentam para levar propostas ao Ministério da Fazenda, que deve receber na próxima semana o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal.


Entre as medidas a serem sugeridas pelos bancos está a permissão para que os fundos de previdência privada (PGBL e VGBL) sejam usados como garantia aos empréstimos. Essa é uma questão central para as instituições, porque elas enfrentam indicadores de inadimplência bem maiores do que os bancos públicos.

Dados do Banco Central mostram que a margem de lucro dos bancos é a principal responsável pelas altas taxas no país, com uma parcela de 32% na composição do spread, enquanto os impostos diretos respondem por 21% e o custo administrativo, por 12%. Daí a bronca da presidente Dilma Rousseff.


Além disso, a meta para a taxa Selic caiu de 12,5%, em agosto do ano passado, para 9,75% neste ano, com possibilidade de chegar a 9% ainda neste mês, enquanto o spread só aumentou em igual período. Na prática, em vez de repassar a queda dos juros aos clientes, os bancos embolsaram a diferença.

A desaceleração da inflação — que ficou em 5,24% no acumulado dos últimos 12 meses, abaixo da projeção do Banco Central de 5,5% — completa o cenário favorável ao corte, já que aliviará o orçamento das famílias, ponto fundamental para reativar o crédito.


Quem não ficou satisfeito com as medidas foram os acionistas do Banco do Brasil: depois de uma queda de 5,9% na última quarta-feira, os papéis da empresa voltaram a cair ontem e fecharam o dia cotados a R$ 24,13, variação negativa de 0,29%.

Na avaliação de Adolfo Sachsida, professor de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB), o pacote de incentivo ao crédito planejado pelo governo pode funcionar a curto prazo, mas será um tiro no pé para o futuro da economia no país.

O motivo, no entender de Sachsida, é que, com juros menores, a demanda por crédito crescerá acima da capacidade de oferta dos bancos.

"Essa é a hora para tomar um financiamento, porque nos próximos anos o crédito fácil vai acabar. A questão é se as pessoas que tomarão empréstimo a um preço artificial nos próximos meses serão capazes de fazer uso produtivo de recursos que poderiam ter sido emprestados a empresários", ponderou.


Expansão lenta

A estratégia do Banco do Brasil de baixar juros para atrair novos clientes, aliada à operação do Banco Postal — que o BB começou a administrar em janeiro —, pode ajudar a empresa a acelerar o ritmo de expansão do número de contas-correntes.

O BB vem crescendo menos que seus concorrentes privados na abertura de contas:
em 2011 foram 36 milhões de contas-correntes, crescimento de 0,5% em comparação com 2010.

Nos bancos privados, a expansão foi maior em igual período. No Bradesco, o crescimento foi de 9% e no Santander, de 7%.