"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 02, 2010

OSHO ANEDOTA

Osho e as anedotas certeiras

Perguntaram a Osho: Osho, como você consegue ter sempre a anedota certa no momento certo?
 
Vou responder com uma anedota.

Um rei, passando por uma pequena cidade, viu algo que acreditou serem as marcas de uma surpreendente pontaria. Nas árvores, nos celeiros e nas cercas, havia uma série de alvos, cada um com um buraco de bala bem no centro.

Ele não acreditava no que via. Tratava-se de uma pontaria soberba, quase um milagre. O próprio rei era um bom atirador, e conhecera muitos bons atiradores na vida, mas jamais vira algo assim. Ele pediu para ser apresentado ao atirador, que era, na verdade, um louco.

— Isso é sensacional! Como você consegue? — o rei perguntou ao louco. — Eu sou um bom atirador, mas nada se compara à sua arte e habilidade. Por favor, diga-me.

— É muito fácil, respondeu o louco, rindo —, eu atiro primeiro e desenho os círculos depois!

Entendeu? Eu escolho as anedotas primeiro e depois desenho os círculos! Sou como o louco.

Há outras pessoas que usam anedotas para ilustrar algum ponto teórico. Eu faço o oposto. Uso pontos teóricos para ilustrar anedotas.

Osho, em "A Música Mais Antiga do Universo"
Imagem por cliff1066™

PASSADO

Desligue-se do passado
 
A partir de agora, desligue-se do passado. 
Comece a contar a vida a partir deste momento. 
Daqui a um ano, você terá um ano de idade. 

A vida que passou antes foi apenas um fenômeno onírico. 
Agora você tem de acordar, tem de ficar mais alerta, 
mais atento, mais consciente. 

Quando você começa a se tornar mais consciente, torna-se também mais amoroso, mais feliz, mais divino. 
Pela primeira vez você começa a sentir que a vida 
é uma grande dádiva,
uma bênção de Deus. 

E uma grande gratidão desperta em seu coração. 
Essa é a verdadeira oração. 

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por Gool

SE É DO POVO É PRA GASTAR - O DELES NÃO.



 
Congresso tem 594 políticos, mas paga
JB Online
BRASÍLIA - 
Além de arcar com salários de 513 deputados e 81 senadores, o Congresso Nacional gasta mais R$ 4,3 milhões por ano com os vencimentos de 22 parlamentares licenciados para ocupar cargos em secretarias municipais e estaduais, ministérios e prefeituras, informa a reportagem de Maria Clara Cabral para a edição deste sábado do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a reportagem, isso acontece porque o salário mensal de um senador ou deputado é de R$ 16,5 mil, valor mais alto do que a maioria dos salários no Executivo.
Quando voltam ao Congresso, os licenciados também têm direito ao benefício do auxílio do mandato. Na Câmara, o auxílio varia de R$ 23 mil a R$ 34,2 mil por mês, dependendo do Estado do parlamentar. Quem volta à Casa tem direito a benefício proporcional aos dias trabalhados como deputado.
É o que ocorre com Alberto Fraga (DEM-DF): ele foi eleito deputado federal, mas exerce o cargo de secretário de Transportes do Distrito Federal. De acordo com a reportagem, Fraga não respondeu aos telefonemas da Folha. 

Parlamentares contrataram advogados com verba pública

Portal Terra
BRASÍLIA - 
Deputados federais e senadores teriam usado verba indenizatória, paga pelo poder público, para pagar advogados, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Pelo menos 13 parlamentares, entre eles 11 deputados e dois senadores teriam adotado essa prática em 2009, pagando R$ 283.850 a escritórios de advocacia e apresentaram justificativas como consultoria ou trabalho técnico.
Um dos parlamentares que teria usado a verba para pagar sua defesa seria o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro secretário da casa, que teria gasto R$ 3,5 mil para pagar um escritório de Teresina.
O senador respondeu à reportagem que o escritório foi contratado por motivos relativos ao mandato.
Outro parlamentar que teria pago advogados com verba indenizatória seria o senador Flávio Arns (PSDB-PR), que pagou R$ 6.650 a um escritório de Curitiba. Ele negou à reportagem ter usado a verba por interesses pessoais. Também foi registrado o pagamento de R$ 16 mil pelo deputado Edmar Moreira (PR-MG), conhecido por ter um castelo em Minas Gerais. O escritório que recebeu a verba foi contratado por Moreira para defendê-lo em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo normas da Câmara, nada impede que um advogado que defende um congressista possa ser contratado para prestar consultoria paga com verbas públicas.

PREVENÇÃO PARA AS ELEIÇÕES DE 2010


O PARLAPATÃO



 
Embora tudo o que esteja em curso seja uma porcaria e indique um mosaico de misérias morais das mais diferentes origens, confesso que, intelectualmente, momentos assim são importantes porque nos permitem recuperar alguns princípios.(Reinaldo Azevedo)
Opinião
 Em todas as "armações" ou atos fora dos padrões determinados pela ética, honestidade e bom senso quando escapam dos sub(I)mundos dos objetivos dos ptralhas e ficam às claras, pois  não conseguem praticar a política limpa,  mas somente a que está sob ótica do crime, aparece o pai da canalha que é o filho...do Brasil, um covarde que só assume a paternidade da fruta fresca a podre não é dele, para se esquivar e sob o escudo da corvadia e dissimulação justificar que : não vê/ouve/fêz e agora não leu, etc.etc...
E do governo das frutas frescas,  das quais ele se apodera, nem disto o parlapatão é dono, teve sim o mérito de ter dado a devida sequência na germinação das sementes plantadas pelos governos anteriores, ou seja, colhem e se fartam das frescas, e tentam a todo instante disponibilizar só as podres para o nosso consumo.
Na plantação  dos oponentes os supostos crimes  justificam as suas próprias trapaças. SÃO OS PALADINOS DA MORALIDADE. (Camuflados)

Sobre a CNV  :

Por Carlos Chagas
O mais  grave nessa que parece a última crise política do finado ano de 2009 foi a explicação dada pelo presidente Lula ao ministro da Defesa e aos comandantes das três forças armadas: assinou sem ter lido o inteiro teor do decreto criando o Programa Nacional dos Direitos Humanos...

Tanto Nelson Jobim quanto o general Enzo Peri, o brigadeiro Juniti Saito e o almirante  Julio Moura Neto entregaram carta de demissão,  insurgindo-se contra o texto assinado pelo presidente da República a pedido dos ministros Paulo Vanucchi, dos Direitos Humanos, e Tarso Genro, da Justiça.  Pelo decreto, será criada uma comissão, no Congresso, encarregada de rever a Lei de Anistia, promovendo investigações e abrindo a possibilidade de punição criminal para agentes do poder público que se dedicaram a práticas de tortura durante o regime militar.

Os demissionários refluíram no propósito de deixar o governo, mas, no reverso da medalha, quem agora ameaça sair é o ministro dos Direitos Humanos.

Não fossem  as festas de Natal e Ano Novo, bem como  a volta do Lula a Brasília apenas dia 11,  e a temperatura estaria em grau de ebulição. Parece óbvio que os comandantes militares não agiram isoladamente, mas consultaram os escalões abaixo de seus comandos.  Solidarizando-se com eles, o ministro da Defesa assumiu o papel de portador da carta e interlocutor junto ao presidente. Há muito que Jobim defende o ponto de vista de haver a Lei de Anistia apagado o passado, valendo para os dois lados um dia empenhados na abominável ação da tortura, uns, e na tentativa de mudar o regime pela violência, atentados, furtos e até assassinatos, outros. 

É claro que se os três comandantes se insurgem contra a abertura de processos será por  reconhecerem  excessos praticados por militares,  no passado, mesmo sem terem  tido a  menor responsabilidade no acontecido. O problema é que a anistia, pelo Bom Direito, significa esquecimento. Rever a lei de tantos anos atrás, para eles, seria revanchismo, em especial quando o decreto presidencial não se refere à possibilidade de investigação e punição dos envolvidos em  práticas  terroristas, alguns até ministros de estado, hoje.

Em suma, para começar o ano, uma confusão dos diabos, deixando em aberto a questão principal: pode um governante assinar algum documento sem ler?

Entendendo :

 Diante das inúmeras mensagens recebidas pelo CNOR, manifestando a preocupação e o repúdio dos Oficiais R/2 com o noticiário acerca de tentativas de revogação da Lei nº 6.683, promulgada pelo presidente João Figueiredo em de 28 de agosto de 1979, conhecida como Lei da Anistia, e ainda com o teor do Decreto Presidencial denominado Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que cria a chamada "Comissão Nacional da Verdade", supostamente para apurar torturas e desaparecimentos durante o regime militar (1964-1985), o Presidente do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil RESOLVE expedir o seguinte comunicado:
COMUNICADO

 1 - 
O objeto das manifestações de repúdio atinge, principalmente, o capítulo sexto do Programa Nacional de Direitos Humanos anunciado pelo Presidente da República no dia 21 de dezembro último e publicado no "Diário Oficial" da União, no dia seguinte. No referido capítulo, denominado "Eixo Orientador 6: Direito à Memória e à Verdade", duas propostas são severamente criticadas nas manifestações da Oficialidade R/2: identificar e tornar públicas as "estruturas" utilizadas para violações de direitos humanos durante a “ditadura” e criar uma legislação nacional proibindo que ruas, praças, monumentos e estádios tenham nomes de pessoas que praticaram “crimes” naquele período. 

2 - 
O chamado Programa Nacional de Direitos Humanos, oriundo da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, nada mais é do que uma das inúmeras tentativas de revanchismo já perpetradas por antigos militantes da esquerda derrotada pela Revolução de 1964.
3 - 

A Lei da Anistia, editada pelo governo militar em 1979, foi responsável pela pacificação nacional e conduziu o nosso país à desejada redemocratização. Ela, acertadamente, beneficiou ambos os lados. De uma parte, os militares que supostamente praticaram delitos e desvios de conduta na repressão aos movimentos armados que combatiam o governo revolucionário; de outra, os militantes de esquerda que, inconformados com a derrota de suas pretensões de instalar no Brasil uma ditadura socialista similar à existente em Cuba, recorreram à luta armada numa frustrada e sangrenta política de enfrentamento.
4 - 

Foi a Lei da Anistia, tendo como principal corolário o restabelecimento da normalidade democrática em nosso país, que, em última análise, proporcionou a muitos dos antigos guerrilheiros e militantes esquerdistas, a oportunidade de livremente assumirem postos importantes no cenário político-administrativo brasileiro.
5 - 

A revogação da Lei da Anistia, ou a sua revisão objetivando a incriminação de militares por supostos crimes praticados naquele período, além de flagrantemente inconstitucional, ainda exigiria, por certo, o indiciamento de numerosos militantes esquerdistas, acusados, e muitos deles condenados, pela prática de crimes de natureza diversa, inclusive crimes de sangue, atingindo, via de consequência, vários cidadãos e cidadãs, atualmente membros de diferentes níveis governamentais.
6 - 

Este Conselho, convicto de que tais procedimentos reabririam antigas cicatrizes, gerando um cenário de confrontos já amplamente superados, em especial pelas novas gerações, podendo conduzir o país a uma indesejável situação de instabilidade institucional, REPUDIA, REJEITA E DENUNCIA à sociedade nacional as pretensões irresponsáveis de alguns maus brasileiros, que em nome da busca de uma falsa “verdade histórica”, mas claramente movidos por sentimentos retrógrados de revanchismo próprios de regimes totalitários, procuram destruir a tranquilidade e o progresso de uma nação, cuja história jamais aprovou seu ideário. Na verdade são indivíduos inconformados com a vitalidade da nossa democracia e incapazes de conviverem pacificamente com todas as correntes do pensamento nacional,
7 - 

Finalmente, diante da gravidade dos fatos que poderiam advir, caso a inconseqüência de algumas das propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos fossem adotadas, o Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil manifesta o seu integral APOIO ao posicionamento contrário às referidas proposições, externado pelo Ministro da Defesa e pelos Comandantes das Forças Armadas Brasileiras.
  
Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2009
Sérgio Pinto Monteiro - 2º Ten R/2 Art
Presidente do CNOR        
  *Fundado em 22 de Abril de 1997
Sede: Rio de Janeiro
Subsedes: São Paulo - Belo Horizonte - Recife - Porto Alegre - Petrópolis - Pelotas - Cuiabá
                    Ponta Grossa - Brasília - João Pessoa - Natal - Juiz de Fora - Maceió - Belém                                
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         www.cnor.org.br * cnor@cnor.org.br

TCU : VEJA PORQUÊ LULA NÃO GOSTA

Com reportagem de Leonardo Coutinho, Igor Paulin,Gabriele Jimenez,Raquel Salgado e Kalleo Coura

ACABOU NAS MÃOS DO EXÉRCITO
Leo Cladas/Ag. Titula
 
A BR-163, que liga o Pará a Mato Grosso, é uma típica estrada amazônica: vira um rio de lama no inverno e um amontoado de poeira no verão. Nos anos 90, o governo contratou um grupo de empreiteiras para asfaltá-la. A obra foi paralisada por falta de recursos e só pôde ser retomada quase dez anos depois. Mas os auditores do TCU identificaram um cipoal de problemas. Haviam sido feitas tantas emendas ao contrato original que a obra ficou quatro vezes mais cara. Alguns dos serviços, como terraplenagem, apresentavam sobrepreço de 250%. Eram tantas irregularidades que o tribunal cancelou o contrato – e a obra foi repassada ao Exército. As empreiteiras que queriam ganhar mais do que deviam (Norberto Odebrecht, Estacon, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão) reclamam na Justiça por terem perdido a parada e querem uma indenização de 82 milhões de reais. 

REDUÇÃO DE PREÇOS ATÔMICA
Manoel Marques

Em 1983, o governo decidiu construir a usina de Angra 3. A licitação das obras civis foi vencida pela empreiteira Andrade Gutierrez. O dinheiro, no entanto, nunca foi liberado, e a usina empacou. Em 2007, o projeto foi desengavetado. A Andrade Gutierrez refez seus cálculos, converteu os valores que estavam em cruzeiros e pediu 1,6 bilhão de reais pelo serviço. A Eletronuclear regateou para 1,4 bilhão de reais. A empreiteira ficou satisfeita, mas o TCU não. Ao analisar o contrato, o tribunal chegou à conclusão de que seria possível fazer a usina por um preço ainda mais baixo: 800 milhões de reais. Após muita conversa, e um rigoroso encontro de contas, fixou-se o preço final em 1,2 bilhão de reais. A empreiteira admitiu que havia itens caros demais, e o TCU concordou que, por se tratar de uma usina nuclear, alguns materiais tinham, de fato, preços mais altos que os da média do mercado. 

DRENO DE DINHEIRO PÚBLICO

Para os técnicos do TCU, a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, exemplifica a fraude conhecida como "jogo de planilha". Na licitação para a terraplenagem, a Petrobras informou aos concorrentes que seria possível escavar quase todo o solo a ser aplainado – mas acrescentou que uma pequena fração do terreno precisaria ser drenada, para assentar a terra. As empreiteiras Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia se uniram em um consórcio e ofereceram um preço baixíssimo para escavar a terra – mas estipularam um valor 319% maior que o usual para fazer a drenagem. Na média, seu preço foi o mais baixo e elas ganharam o contrato. No entanto, quando a obra começou, as empreiteiras alegaram que era impossível escavar o solo, por questões geológicas. Disseram que a única saída era drenar praticamente a área inteira. Como haviam fixado um preço exorbitante para esse serviço, o valor total da obra aumentou em 46 milhões de reais. 

ELES COBRAM OS TUBOS
Fotos Oscar Cabral

A região metropolitana do Recife vive sob um rodízio de água permanente. Para pôr fim a esse absurdo, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) decidiu construir a adutora de Pirapama, que aumentará em 50% o abastecimento. Mas a obra não resistiu à fiscalização do TCU. Ao analisarem o contrato, de 421 milhões de reais, os auditores encontraram sobrepreço de 69,5 milhões de reais na compra de matérias-primas. A maior parte do problema estava na aquisição dos tubos de aço-carbono, pelos quais a Compesa pagou o dobro do valor de mercado. O atual presidente da estatal, João Bosco de Almeida (que assumiu o cargo com a obra já em andamento), admitiu que o preço era mais salgado que a água do mar. "Infelizmente, não havia referências para construções desse tipo quando o contrato foi assinado", disse ele. 
 
DESPERDÍCIO SEM REMÉDIO?

Um dos maiores problemas das obras públicas no Brasil é a péssima qualidade de seus projetos executivos. Eles deveriam definir, com alto grau de exatidão, as coordenadas gerais do trabalho a ser feito. Um projeto executivo malfeito é um convite ao aumento descontrolado de gastos, pois, quando um empreiteiro encontra problemas imprevistos, exige mais dinheiro para fazer sua parte – e essa diferença é paga sem passar por licitação. Foi o que aconteceu com o Hospital da Mulher, obra da prefeitura de Fortaleza. O estudo do solo onde está sendo erguido o prédio foi uma vergonha. Quando a obra começou, descobriu-se que o terreno era mais arenoso do que se pensava, e foi preciso alterar todo o sistema de estacas para que o prédio parasse em pé. Como as fundações reforçadas não estavam no contrato, o preço do hospital ficou 7% mais alto. O TCU apontou a irregularidade, e quer rediscutir os valores que já foram aplicados. 

RUMO CORRIGIDO

A BR-101 é a principal ligação entre as cidades do litoral nordestino. Havia décadas esperava por uma duplicação que desse mais segurança aos milhares de turistas e caminhoneiros que passam por lá todos os dias. No governo Lula, a obra foi incluída no PAC e deslanchou. O projeto é excelente: prevê pista dupla em toda a extensão e longos trechos com pavimento de concreto, menos propenso ao surgimento de buracos do que o asfalto. Mas o TCU descobriu que a obra, além de provocar desvios temporários no caminho dos veículos (como se vê na foto à esquerda), estava sendo usada como caminho para o desvio de dinheiro público. O preço que as empreiteiras haviam fixado para fazer o serviço estava claramente sobrevalorizado. Depois que os auditores do tribunal descobriram a farra, as empresas tiveram de abrir mão de 16% de tudo o que esperavam receber. Com isso, o Erário deixou de ser sangrado em 236 milhões de reais. 

UMA CORTE MILIONÁRIA

"Antieconômica", "recheada de graves falhas" e "superdimensionada". É assim que o TCU descreve em seus relatórios a construção da nova sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Os auditores do tribunal analisaram os contratos firmados entre a corte brasiliense e as empreiteiras e, data venia, descobriram um sobrepreço de 35 milhões de reais. Entre os valores contestados, há um pagamento de 8,6 milhões de reais que seria feito ao escritório do arquiteto Oscar Niemeyer. A nova corte foi projetada para ocupar 170 000 metros quadrados, distribuídos por quatro prédios. Apesar das dimensões nababescas da obra, a qualidade de seu projeto é miserável. Além do sobrepreço, há falhas ensurdecedoras de tão gritantes. Por exemplo: nenhum engenheiro previu a construção de estacas, fundamentais para sustentar as estruturas. O escândalo é tamanho que a obra foi paralisada e o Conselho Nacional de Justiça determinou a revisão de todo o projeto. 

UMA OBRA "DIFERENTE"

Na divisa entre os estados de Alagoas e Bahia, está sendo escavado o Canal Adutor do Sertão, que vai desviar as águas da Bacia do São Francisco para o interior alagoano. Licitado em 1992, o canal só começou a ser construído dez anos depois. Agora, foi posto em xeque pelo TCU. Os fiscais esmiuçaram o destino de 245 milhões de reais empregados na obra e apontaram que, desse montante, 37 milhões de reais haviam sido gastos sem nenhuma justificativa. A construtora Queiroz Galvão foi obrigada a contratar um seguro para garantir que devolverá essa soma aos cofres públicos caso seja condenada em definitivo. O secretário de Infraestrutura de Alagoas, Marco Fireman, tenta apagar o incêndio. Segundo ele, o problema é que o TCU exige preços baixos demais, fora da realidade. "Nosso serviço não se encaixa nesses balizadores, porque a obra é cheia de especificidades. O que fazemos aqui é diferente", diz. 

ENCOLHE E ESTICA

O metrô de Salvador foi projetado para ter 12 quilômetros de extensão. O projeto encolheu pela metade, mas o preço quase dobrou. É isso mesmo: o metrô terá apenas 6 quilômetros, mas custará 76% mais que o previsto. A prefeitura acha isso normal, mas o TCU descobriu que, do valor total que já foi pago, 100 milhões foram superfaturados. Diante disso, o tribunal pediu que os custos de todos os itens do contrato fossem recalculados. A prefeitura explicou que era impossível, pois não fazia ideia nem dos preços nem da quantidade de materiais utilizados. Como se não bastasse, o consórcio que toca o projeto, formado por Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Siemens, ainda tentou conseguir um dinheiro extra – mais 88 milhões de reais – para acabar o serviço. Se não fosse pelo TCU, o dinheiro já teria saído. 

O AEROPORTO QUE NÃO DECOLA 

Em uma ação exemplar, o TCU cancelou o contrato firmado entre a Infraero e o consórcio formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Estacon para a reestruturação do Aeroporto de Vitória. A medida drástica foi tomada depois que uma auditoria descobriu que havia 44 milhões de reais de superfaturamento no projeto, ou 12% do valor total. Para estancarem a sangria, os ministros do tribunal tiveram de enfrentar não só as empreiteiras, como também a Infraero, que se opôs à redução das despesas. O TCU venceu a queda de braço e a obra foi cancelada. Agora, uma nova licitação terá de ser feita, mas, como a Infraero e as empreiteiras não se entendem sobre os valores que já foram pagos (e que eventualmente terão de ser ressarcidos), o processo ainda nem começou. 

MAR DE LAMA

Em 1998, mineiros e capixabas se animaram com o início da construção da BR-342, que ligaria o norte do Espírito Santo a Minas Gerais. Para pavimentar os 106 quilômetros da rodovia, foram celebrados três contratos com duas empreiteiras. Nos três o TCU encontrou sobrepreço – sempre na casa de 50% do valor global. Além disso, parte dos serviços que as empreiteiras alegam ter executado não foi fiscalizada pelo governo. Por fim, o valor dos contratos aumentou sem nenhuma justificativa técnica. Uma estranheza atrás da outra. Como a obra se tornou um sorvedouro de dinheiro público, o TCU pediu sua paralisação. Hoje, há apenas 33 quilômetros asfaltados. Outros 27 quilômetros são transitáveis, mas ainda não receberam uma gota de asfalto. Nos 46 quilômetros restantes, a obra nem sequer foi iniciada.



O Governo Lula, ou: a Contradição no Poder



 Talvez a chave para o enigma político do lulismo repouse no fato que ele não se ressente, tampouco se debilita, por causa das referidas contradições; ao contrário, delas se alimenta, delas se aproveita para surfar uma onda aparentemente interminável de popularidade, logrando persuadir os mais díspares segmentos da sociedade brasileira de que pode ser tudo para todos ao mesmo tempo: 
o escudo protetor da ortodoxia monetária do Banco Central & o patrocinador de uma verdadeira farra de engorda da máquina pública e, portanto, da explosão dos gastos de custeio; o amigo de fé do agronegócio exportador & o irmão camarada dos invasores do MST; o governante que saldou a dívida brasileira com o FMI & o parceiro entusiasta de desastres ideológicos como o socialismo bolivariano de Hugo Chávez, Evo Morales e outros agressores do interesse nacional brasileiro; o pai dos recipiendários do bolsa-família & a mãe dos banqueiros, satisfeitíssimos com as estratosféricas taxas de juros...

No fundo de todas essas antíteses está um governo que é fruto do insólito cruzamento entre as cúpulas sindicalistas e as carcomidas oligarquias que Lula e PT, na oposição, combateram, agora sabemos, com calculado espalhafato e que, neste exato momento, ajudam a escorar em plena crise ética que desmoraliza o Senado Federal.

O grande problema desses permanentes ziguezagues, desse infindável ilusionismo político, é que eles consomem enormes energias do governo além de desviar o foco da opinião pública para longe dos crônicos desafios da infraestrutura, da justiça e da racionalidade fiscais, da empregabilidade ampla, geral e irrestrita.

Trocando em miúdos, o governo Lula não se dispôs a investir um grama da esmagadora popularidade do seu chefe supremo para construir uma sólida aliança política destinada a levar a bom termo a agenda de reformas tributária, previdenciária e trabalhista, cuja inconclusão continua a pender contra o futuro do país.

Por isso, talvez, no veredito da história – cujo critério de medida é o bem-estar das futuras gerações, e não as conveniências da próxima eleição –, Sua Majestade Lula (‘o cara’) da Silva venha a ser mais lembrado, ou esquecido, pelo que não fez... Uma última ironia para coroar o rosário de contradições com que ele teceu sua trajetória.

Eduardo Sciarra
Deputado federal desde 2002 (DEM-PR), Eduardo Sciarra é engenheiro civil e empresário do setor da construção. No período de 1998-2002, exerceu o cargo de Secretário de Indústria, Comércio e Turismo do Paraná, assumindo o desafio de iniciar um novo processo de industrialização que culminou na formação de novos pólos econômicos tanto na capital como no interior do Estado. Vice-Presidente Nacional do Democratas, foi presidente da Frente Parlamentar para a Infraestrutura e atualmente é presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados. 


A LIBERDADE



  Existem muitos tipos de liberdade -  
a social, a política, a econômica -,  
mas elas são apenas superficiais.
A verdadeira liberdade tem uma 
dimensão totalmente diferente. 

Ela não diz respeito ao mundo exterior, nada disso;
ela emerge da nossa interioridade.

Trata-se da liberdade com relação ao condicionamento, 
a todos os tipos de condicionamento, 
às ideologias religiosas, às filosofias políticas.

Todos eles têm sido impostos por outras pessoas sobre você, 
têm agrilhoado você, 
acorrentado você, 
aprisionado você, 
têm feito de você espiritualmente um escravo.

A meditação nada mais é do que destruir todos esses grilhões,
condicionamentos, a destruição de todas as prisões, 
de modo que você possa ficar novamente sob o céu, 
sob as estrelas, ao ar livre, disponível para a existência.

Osho, em "Liberdade: a Coragem de Ser Você Mesmo"
Imagem por trackrecord