Talvez a chave para o enigma político do lulismo repouse no fato que ele não se ressente, tampouco se debilita, por causa das referidas contradições; ao contrário, delas se alimenta, delas se aproveita para surfar uma onda aparentemente interminável de popularidade, logrando persuadir os mais díspares segmentos da sociedade brasileira de que pode ser tudo para todos ao mesmo tempo:
o escudo protetor da ortodoxia monetária do Banco Central & o patrocinador de uma verdadeira farra de engorda da máquina pública e, portanto, da explosão dos gastos de custeio; o amigo de fé do agronegócio exportador & o irmão camarada dos invasores do MST; o governante que saldou a dívida brasileira com o FMI & o parceiro entusiasta de desastres ideológicos como o socialismo bolivariano de Hugo Chávez, Evo Morales e outros agressores do interesse nacional brasileiro; o pai dos recipiendários do bolsa-família & a mãe dos banqueiros, satisfeitíssimos com as estratosféricas taxas de juros...
No fundo de todas essas antíteses está um governo que é fruto do insólito cruzamento entre as cúpulas sindicalistas e as carcomidas oligarquias que Lula e PT, na oposição, combateram, agora sabemos, com calculado espalhafato e que, neste exato momento, ajudam a escorar em plena crise ética que desmoraliza o Senado Federal.
O grande problema desses permanentes ziguezagues, desse infindável ilusionismo político, é que eles consomem enormes energias do governo além de desviar o foco da opinião pública para longe dos crônicos desafios da infraestrutura, da justiça e da racionalidade fiscais, da empregabilidade ampla, geral e irrestrita.
Trocando em miúdos, o governo Lula não se dispôs a investir um grama da esmagadora popularidade do seu chefe supremo para construir uma sólida aliança política destinada a levar a bom termo a agenda de reformas tributária, previdenciária e trabalhista, cuja inconclusão continua a pender contra o futuro do país.
Por isso, talvez, no veredito da história – cujo critério de medida é o bem-estar das futuras gerações, e não as conveniências da próxima eleição –, Sua Majestade Lula (‘o cara’) da Silva venha a ser mais lembrado, ou esquecido, pelo que não fez... Uma última ironia para coroar o rosário de contradições com que ele teceu sua trajetória.
Eduardo Sciarra
Deputado federal desde 2002 (DEM-PR), Eduardo Sciarra é engenheiro civil e empresário do setor da construção. No período de 1998-2002, exerceu o cargo de Secretário de Indústria, Comércio e Turismo do Paraná, assumindo o desafio de iniciar um novo processo de industrialização que culminou na formação de novos pólos econômicos tanto na capital como no interior do Estado. Vice-Presidente Nacional do Democratas, foi presidente da Frente Parlamentar para a Infraestrutura e atualmente é presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados.
No fundo de todas essas antíteses está um governo que é fruto do insólito cruzamento entre as cúpulas sindicalistas e as carcomidas oligarquias que Lula e PT, na oposição, combateram, agora sabemos, com calculado espalhafato e que, neste exato momento, ajudam a escorar em plena crise ética que desmoraliza o Senado Federal.
O grande problema desses permanentes ziguezagues, desse infindável ilusionismo político, é que eles consomem enormes energias do governo além de desviar o foco da opinião pública para longe dos crônicos desafios da infraestrutura, da justiça e da racionalidade fiscais, da empregabilidade ampla, geral e irrestrita.
Trocando em miúdos, o governo Lula não se dispôs a investir um grama da esmagadora popularidade do seu chefe supremo para construir uma sólida aliança política destinada a levar a bom termo a agenda de reformas tributária, previdenciária e trabalhista, cuja inconclusão continua a pender contra o futuro do país.
Por isso, talvez, no veredito da história – cujo critério de medida é o bem-estar das futuras gerações, e não as conveniências da próxima eleição –, Sua Majestade Lula (‘o cara’) da Silva venha a ser mais lembrado, ou esquecido, pelo que não fez... Uma última ironia para coroar o rosário de contradições com que ele teceu sua trajetória.
Eduardo Sciarra
Deputado federal desde 2002 (DEM-PR), Eduardo Sciarra é engenheiro civil e empresário do setor da construção. No período de 1998-2002, exerceu o cargo de Secretário de Indústria, Comércio e Turismo do Paraná, assumindo o desafio de iniciar um novo processo de industrialização que culminou na formação de novos pólos econômicos tanto na capital como no interior do Estado. Vice-Presidente Nacional do Democratas, foi presidente da Frente Parlamentar para a Infraestrutura e atualmente é presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados.