"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 02, 2012

Divulgação de vídeo de Cachoeira causa pânico no Congresso

A divulgação de apenas um vídeo do bicheiro Carlinhos Cachoeira ontem à noite gerou um clima de pânico entre parlamentares de vários partidos no Congresso Nacional.

A constatação é de que Cachoeira gravou e armazenou muitos vídeos de suas negociações com políticos. E que o surgimento de novas imagens pode complicar a situação de muitos caciques das principais legendas.

Parlamentares ouvidos hoje pelo Blog ressaltam que a metodologia de Cachoeira sempre foi de gravar as conversas com políticos e autoridades. Os vídeos eram usados depois para pressionar e chantagear os próprios políticos.

Mesma estratégia usada por Durval Barbosa, no escândalo que ficou conhecido como “Mensalão do DEM”, e que derrubou o ex-governador José Roberto Arruda (DF).

A dúvida entre os parlamentares é saber o que está com a Polícia Federal e quais vídeos ainda estão em poder do grupo de Cachoeira. Os petistas estão especialmente preocupados porque temem que o vazamento desse lote de vídeos possa atingir políticos filiados ao partido.

Ontem à noite, reportagem do Fantástico da TV Globo mostrou um vídeo encontrado pela Polícia Federal no dia da Operação Monte Carlo, na casa do ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, em que o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT) negocia financiamento de campanha com o grupo de Cachoeira.

O vídeo é de 2004 e foi gravado durante a campanha que elegeu, pela primeira vez, o prefeito da capital do Tocantins.

Essa não é a primeira vez que políticos e autoridades são flagrados em negociações com Cachoeira. Recentemente, também foi divulgado um vídeo em que o deputado Rubens Otoni (PT-GO) acertava contribuição de campanha com o contraventor.

O primeiro escândalo do governo Lula surgiu de um vídeo em que o ex-assessor parlamentar do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, aparecia pedindo propina ao bicheiro quando presidia a oterj.

Outra autoridade atingida por Cachoeira foi o subprocurador da República, José Roberto Santoro, que deixou o cargo depois que foi divulgado um áudio de um depoimento prestado pelo contraventor em seu gabinete.

Blog do Camoroti

Exportação de petróleo do Brasil cai 37% em junho. É o segundo mês de queda das vendas externas

As exportações de petróleo do Brasil em junho caíram 37% em relação ao mesmo período do ano passado, informou a Secretaria de Comércio Exterior nesta segunda-feira.

O volume exportado em junho somou 1,498 milhão de toneladas, contra 2,372 milhões de toneladas no mesmo mês de 2011. As exportações em maio também caíram em relação ao mês anterior.

O volume vendido em junho foi 35% inferior às vendas externas de maio de 2012, quando atingiram 2,37 milhões de toneladas. A receita com vendas de petróleo ao exterior foi de US$ 1,065 bilhão em junho, ante US$ 1,776 bilhão no mesmo mês de 2011 e US$ 1,779 bilhão em maio de 2012.

O Globo

DEMÓSTENES : ‘atuei em nome do desenvolvimento do meu Estado’


A uma semana de ser julgado pelos colegas, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) fez nesta segunda-feira, 2, o primeiro de uma série de discursos que programou na tentativa de salvar o seu mandato. Na tribuna, ele pediu desculpas nominalmente a cada senador presente argumentando que é vítima de injustiça por parte da Polícia Federal e do Ministério Público. Novamente, ele negou vínculo com Cachoeira.

“Nada fiz para merecer a desconstrução de minha honra. Fui amigo de Cachoeira e conversava frequentemente por telefone com ele, mas nunca tive negócios com ele.”

Chamando Cachoeira de insistente pela demora de alguns diálogos divulgados, Demóstenes disse que foi delineado como vilão e que atuou em nome do Estado de Goiás. “Atuei em nome do desenvolvimento do meu Estado o que inclui apoiar as empresas (…) nunca procurei qualquer senador para legalização de jogos (…) vocês são provas que nossas conversas eram republicanas”.

Demóstenes diz ainda que a PF usou de uma estratégia de vazamento dos áudios em pílulas para conseguir incriminá-lo e arruinar a sua conduta. “Cheguei a cair, fui ao fundo do poço, graças a Deus voltei, me reegui, levantei a cabeça e vencei a maior das guerras.”

Ele finaliza o discurso com um pedido desculpas aos senadores. “Não tive oportunidade de falar e quando tive, fiquei com vergonha. Peço perdão pelos constragimentos que causei. Quem está aqui hoje é o mesmo homeme daquele dia, deprimido, esgotado, mas que sente a injustiça corroendo seu peito (…) estou de peito aberto pedindo perdão aqui.”

Interceptações da PF realizadas durante a Operação Monte Carlo expuseram a relação de proximidade do senador Demóstenes Torres e do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Desde então, Demóstenes passou a responder um processo de cassação, que será votado na próxima quarta-feira, 11.

O senador pretende usar o plenário do Senador todo dia para fazer um discurso. “Achamos que é hora dele falar”, afirmou nesta segunda o advogado do senador Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Fora o plenário, ele só fez sua defesa no Conselho de Ética. No primeiro discurso de Demóstenes aconteceu no dia 6 de março, uma semana após a Polícia Federal deflagrar a Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira e expôs publicamente a relação entre os dois.

Na semana passada, por unanimidade, o Conselho de Ética do Senado aprovou o pedido de perda de mandato de Demóstenes por usar o mandato na defesa dos interesses de Cachoeira. Nesta quarta-feira, 4, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisará se o processo feriu algum preceito legal ou constitucional.

O senador Pedro Taques (PDT-MT), relator na CCJ, sinalizou que votará a favor de levar adiante o processo.

A votação no plenário ocorrerá em sessão secreta, provavelmente no dia 11 de julho. Para cassar o mandato de Demóstenes, serão necessários pelo menos 41 votos favoráveis dos senadores, a maioria absoluta da Casa.

Ricardo Brito, da Agência Estado

brasil maravilha 300%"PREPARADO" : Preocupação com desemprego piora confiança do consumidor


A confiança do consumidor brasileiro retraiu 1,7% em junho na comparação com maio, de acordo com a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo a entidade, essa diminuição no índice (de 114,6 pontos para 112,6 pontos) ocorreu por ter aumentado a preocupação com o desemprego e com uma situação financeira mais desfavorável. O indicador voltou ao mesmo patamar verificado entre os meses de abril de 2011 e abril deste ano.

-A queda em junho não é motivo de preocupação, uma vez que o indicador continua num patamar elevado, o mesmo verificado nos últimos 12 meses, mas demonstra claramente que o aumento de abril para maio foi incomum, um ponto fora da curva - afirmou o economista da CNI Marcelo Azevedo.

Entre os componentes do indicador, a expectativa dos consumidores com o desemprego foi a que mais piorou. O recuo em junho foi de 7,8% ante maio. A entidade aponta, porém, que apesar do forte recuo, o indicador está no mesmo patamar médio dos últimos meses.

O índice que mede a situação financeira dos brasileiros retomou a trajetória de queda, que havia sido interrompida em maio. O indicador recuou 3%. Foi a quarta queda no ano, o que levou o indicador a registrar o menor patamar desde setembro de 2009.

A preocupação do brasileiro com os preços da economia também voltou a aumentar. O índice que mede a expectativa de inflação recuou 1,5%, em junho ante maio.

- Não é preocupante porque a expectativa de inflação teve a primeira piora em seis meses, depois de cinco altas seguidas, e está num patamar elevado - explicou Azevedo.

O único indicador que teve melhora foi o de endividamento dos consumidores, que cresceu 0,2%. Por fim, Em relação às compras de maior valor, o indicador teve queda de 0,2%.

De acordo com a CNI, o INEC foi realizado entre os dias 16 e 19 de junho e contou com 2.002 entrevistas em 141 municípios.

O Globo

VERSO E REVERSO : Saldo comercial cai 81% em junho, é o menor do mês dos últimos 10 anos

O saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 807 milhões em junho,(Em junho de 2002, havia sido de US$ 685 milhões.) resultado de exportações de US$ 19,354 bilhões e importações de US$ 18,547 bilhões, valor recorde para o mês, se analisadas as médias diárias.

As informações foram divulgadas nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o saldo comercial registrou queda de 81,8% em junho, com retração de 14,2% nas exportações e elevação de 1,1% nas importações.

Perante maio deste ano, as exportações também apontam queda, de 8,3%. As importações cresceram nessa comparação, com alta de 0,7%.
Por fim, o saldo comercial registra queda de 72,7% nessa comparação.


No ano, o saldo comercial está positivo em US$ 7,073 bilhões (45,4% inferior ao registrado em 2011), com exportações de US$ 117,215 bilhões (queda de 1,7%) e importações de US$ 110,142 bilhões (elevação de 3,7%)

O Globo

SOB "SIGILO", QUAL A VERDADE ? Comissão da Verdade adota agenda secreta


Criada para relatar segredos da ditadura militar, a Comissão da Verdade optou por uma agenda secreta de trabalho. Até agora, o grupo só colheu testemunhos sigilosos de agentes da repressão, obrigando-os a assinar termo de compromisso de não dar entrevistas após prestar informações.

A posição contraria o discurso adotado pelo governo durante a tramitação do projeto de lei que criou a comissão e também do que aconteceu em outros países.

Há duas semanas, o grupo ouviu Harry Shibata, 85 anos, ex-médico legista do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, que produzia laudos falsos para acobertar crimes da ditadura. Foi Shibata quem atestou que o jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado numa cela do DOI-Codi, de São Paulo, em 1976, "cometeu" suicídio.

O relato do legista à comissão foi mantido em sigilo. A comissão se limitou a informar, uma semana depois, que Shibata tinha prestado um depoimento "frustrante".

Integrantes da comissão argumentam que o sigilo é pedido pelas testemunhas que, assim, ficariam mais à vontade para esclarecer episódios obscuros. O sigilo, no entanto, não impediu que Shibata desse um depoimento "fraco", uma avaliação do grupo.

Ivo Herzog, filho de Vladimir, disse compreender o uso do sigilo. "A gente não teve acesso ao conteúdo, só ouviu rumores", afirmou Ivo, que considerou "decepcionante" a postura de Shibata. "Em certos momentos, isso é interessante. Mas a questão precisa ser debatida."

No começo da semana passada, os advogados Rosa Maria Cardoso e José Carlos Dias, integrantes da comissão, disseram que o grupo definiu uma agenda que incluirá depoimentos em sessões abertas.

Não informaram, porém, os critérios que vão definir essas ações.


O colegiado tem prazo de dois anos para apresentar relatório final com suas conclusões. Para o historiador Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a comissão infringe a Constituição Federal ao esconder suas reuniões.

"A Constituição só prevê a regra do sigilo no serviço público em casos envolvendo segurança nacional e direito de família", disse.


"Vejo o sigilo com um profundo desprazer. A transparência é uma exigência. A comissão começou mal", ressaltou. "Com o sigilo, fico em dúvida se o relatório será fiel aos depoimentos."

Na avaliação de Krischke, quem deveria dizer se um depoimento foi frustrante são os parentes das vítimas, entidades de direitos humanos e a opinião pública. Ele pôs em xeque o tratamento dado a Shibata.
"Será que as perguntas feitas a ele foram as mais adequadas e oportunas?"


Mais tempo

Desde sua instalação, em maio, a comissão se reúne nas tardes de segunda-feira. No final do dia, Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), atua como porta-voz do grupo e passa informações genéricas sobre as atividades.

Ele e outros integrantes da comissão dizem que precisam de tempo para organizar e estruturar os trabalhos.


Argumentam que ainda que estão montando a equipe de assessores.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

E NO brasil 300%/arsenal"PREPARADO" ... Mercado reduz previsão do PIB em 2012 pela 8ª vez seguida, para 2,05%

O mercado financeiro reduziu pela oitava semana consecutiva a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012.

De acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a mediana das previsões para a expansão da economia brasileira neste ano caiu de 2,18% para 2,05%.


A queda acontece no primeiro levantamento após a redução, na semana passada, da estimativa oficial do BC para o PIB em 2012, que passou de uma alta 3,5% para +2,5%.

Há um mês, o mercado financeiro ainda esperava crescimento de 2,72% do PIB, maior expansão que a registrada em 2011 (+2,7%).


Para 2013, foi mantida a previsão de que a economia brasileira deve crescer 4,20%. O cenário, porém, é pior que o visto há quatro semanas, quando analistas esperavam alta de 4,50% do PIB no ano que vem.

Entre os setores mais prejudicados pela desaceleração da economia, o segmento industrial lidera. Para o mercado financeiro, a produção da indústria deve crescer apenas 0,39% em 2012, ante previsão de 0,50% na semana passada. Um mês atrás, a estimativa estava em 1,15%.

Para 2013, o mercado prevê recuperação do setor e a previsão para de crescimento da atividade industrial passou de 4,20% para 4,30%, agora em patamar superior aos 4,25% observados há um mês.


Inflação

A projeção de inflação medida pelo IPCA em 2012 recuou pela sétima semana seguida e passou de 4,95% para 4,93%. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,15%.

Para 2013, após duas quedas seguidas, a projeção não sofreu alteração e seguiu em 5,50%. Há um mês, estava em 5,60%.

A projeção de alta da inflação para os próximos 12 meses não acompanhou as previsões para 2012 e 2013 e subiu ao passar de 5,48% para 5,50%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,50%.

Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2012 no cenário de médio prazo caiu de 5,02% para 5%. Para o ano seguinte, a estimativa manteve-se em 5,50% pela terceira semana seguida. Há um mês, o grupo apostava em alta de 5,24% e 5,85% para cada ano, respectivamente.

Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a mediana das estimativas para o IPCA em junho - número que será conhecido na próxima sexta-feira - teve ligeira queda, de 0,18% para 0,17%, abaixo do 0,25% previsto há um mês. Para julho, a previsão subiu de 0,18% para 0,19%, ante 0,20% há quatro semanas.

Juros

A mediana das estimativas para o patamar da taxa Selic no fim de 2012 seguiu em 7,50% na pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central. Atualmente, o juro básico está em 8,50% ao ano.

A pesquisa mostra ainda que analistas mantiveram a previsão de corte na reunião de julho de 0,50 ponto porcentual, para 8% em 11 de julho. Depois, preveem os analistas, nova redução deve ser anunciada em agosto, quando o juro recuaria para 7,50%, nível em que ficaria até o fim do ano.

A taxa voltaria a subir em 2013. Nesta pesquisa, a primeira após a divulgação do novo calendário das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) no próximo ano, o mercado sinaliza que a retomada do ciclo de alta deve acontecer em abril, quando o juro subiria 0,25 ponto, para 7,75%. Até a semana passada, o mercado esperava alta de 0,50 ponto em abril do próximo ano.

Em seguida, em maio de 2013, o juro básico passaria a 8%. O mercado prevê que o ciclo de alta continua até que o juro feche o próximo ano em 9%, projeção mantida pela terceira semana seguida. Um mês atrás, analistas projetavam taxas de 8% e 9,38% para o fim de 2012 e 2013, respectivamente.

A pesquisa mostra ainda manutenção das expectativas para o juro médio neste ano em 8,53%. Para 2013, foi reduzida a previsão de Selic média de 8,17% para 8,13%, a 14.ª semana seguida de queda da estimativa. Quatro pesquisas antes, analistas esperavam juro médio de 8,72% em 2012 e de 8,75% no ano que vem.

Analistas reduziram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012, de 35,70% para 35,65%. Para 2013, a projeção subiu de 34% para 34,50%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 35,85% e 34,25% do PIB para cada um dos dois anos.

Fernando Nakagawa, da Agência Estado

A EVASIVA DO "ESTÍMULO" : Com mais quedas de juros no horizonte, adiar financiamento deve gerar economia

Quem planeja financiar um carro ou tomar um empréstimo e pode esperar alguns meses provavelmente fará uma economia. Com a expectativa de uma redução ainda maior da taxa básica de juros até o fim do ano por causa do fraco desempenho econômico, especialistas preveem queda nas taxas para o consumidor final.

Uma projeção da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que, se confirmada a estimativa dos analistas para a taxa Selic, o consumidor poderá, por exemplo, poupar mais de R$ 800 ao fim do financiamento de um carro popular isso se o IPI continuar reduzido para o setor, é claro.

As simulações da Anefac foram feitas com base em uma Selic de 7,5% ao ano, que é quanto o mercado estima que ela estará ao fim do ano segundo o último boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira. Hoje a taxa está em 8,5%, seu menor nível na história.

Os analistas esperam que o BC reduza a Selic por causa do esfriamento da atividade e da menor pressão inflacionária.


Segundo a associação, a redução de um ponto percentual na taxa levará a quedas nas taxas médias praticadas pelo mercado de 1,29% (ao mês) e 1,76% (ao ano). A queda mais acentuada se daria no CDC, crédito usado para o financiamento de veículos.

A taxa média cobrada ao mês cairia de 1,85% para 1,77%, enquanto os juros anuais seriam reduzidos de 24,60% para 23,43%.


No financiamento de um carro de R$ 25 mil em 60 meses, por exemplo, o valor da parcela cairia de R$ 693,32 para R$ 679,71. Embora pareça pequena, essa diferença seria capaz de render uma economia de R$ 816,31 ao fim do financiamento.

Se o consumidor puder, vale a pena esperar um pouco para contrair crédito. A tendência é de queda nas taxas de juros, pois há uma competição maior no sistema financeiro e uma conjuntura econômica que favorece isso.
E as taxas dos financiamentos são pré-fixadas.

Logo, quem fizer um agora não será beneficiado por uma queda futura nas taxas de juros avaliou Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos financeiros da Anefac.


Ele alerta, porém, que o consumidor deve ficar atento ao incentivo dado aos carros pelo governo por meio da redução do IPI. O estímulo em vigor está programado para durar até o fim de agosto. Logo, comprar um carro com ele em vigor será mais vantajoso do que comprar sem ele mesmo com uma Selic mais baixa.

Mas Oliveira espera que o incentivo seja prolongado, dado o frustrante ritmo da economia brasileira até agora.


Inadimplência é barreira maior para queda dos juros

No empréstimo pessoal, a economia seria menor, mas ainda ocorreria. A Anefac estima que os juros mensais cairiam de 3,59% para 3,51%. Em um empréstimo de R$ 5 mil pago durante um ano, a economia seria de R$ 29,28. Reduções ainda menores seriam vistas nos juros do comércio, cheque especial e cartão de crédito.

Os juros mensais na compra de uma geladeira de R$ 1,5 mil, em 12 vezes, cairia de 4,72% para 4,64%, gerando uma modesta economia de R$ 9 na quitação da dívida. No cheque especial, a taxa da utilização de R$ 1 mil sofreria uma diminuição de 8,24% para 8,16%, proporcionando quase nenhuma economia nesse período (apenas R$ 0,53).

Para pessoas jurídicas, a principal redução se daria na tomada de capital de giro. Empresas que buscarem R$ 50 mil para esse fim por 90 dias, pagaria menos R$ 124,77 em juros, de R$ 3,076 para R$ 2,951.

A presidente Dilma Rousseff está em uma campanha aberta para a redução do spread (diferença entre os custos de captação dos bancos e o que cobram de juros nos empréstimos a empresas e pessoas físicas).

O governo fez a primeira ofensiva por meio dos bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil), que reduziram suas taxas no fim de abril, obrigando os bancos privados a fazer o mesmo para não perder clientes o que o economista da Anefac chamou de uma maior competição no sistema financeiro.

Há duas semanas, o spread estava em 23,5 pontos percentuais.


A economista Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, espera uma Selic entre 7,5% e 8% ao fim de 2012. Segundo ela, a conjuntura internacional crise da dívida europeia, estagnação americana e arrefecimento da China e a fraca atividade econômica no país devem mesmo levar o BC a cortar a taxa básica de juros.

Com isso, é normal, sim, que os juros ao consumidor também caiam afirmou Mariana.

É claro que é importante que a Selic caia, pois ela é uma referência para o mercado. Mas o nível de inadimplência exerce uma influência muito maior no spread bancário do que ela, e é isso que determina a quantidade de juros cobrados ao consumidor final disse Carlos Henrique de Almeida, economista da consultoria Serasa Experian.

Segundo dados do BC, a inadimplência da pessoa física atingiu 8% em maio, o maior percentual desde 2009. O BC considera inadimplência o percentual do saldo em atraso acima de 90 dias em relação ao total das dívidas.

Almeida prevê que essa taxa cairá para algo entre 6,5% e 7% ao fim do ano, o que, segundo ele, pode ter uma leve influência nos juros ao consumidor final.


Mas ele alerta que a perspectiva para o próximo ano é de alta da inflação e dos juros, o que tende a elevar os níveis de inadimplência e endividamento. Essa previsão é corroborada pelos analistas ouvidos pelo boletim Focus, que esperam uma Selic de 9% ao ano em 2013 e uma inflação de 5,5%.

O importante é que as pessoas utilizem as taxas mais baixas para pagar dívidas, em vez de contraí-las acrescentou o economista, citando dados do BC que mostram que as dívidas já comprometem 22,3% da renda do brasileiro.
Foto: Arte O Globo
O Globo

É A "CASTA" ! Uma diferença que pode ser de mais de R$ 10 mil


Sedãs BMW e Mercedes-Benz, caminhonetes Dodge e Land Rover, diversos carros de luxo. A garagem, que em alguns momentos faz lembrar a de grandes times de futebol, fica na verdade no subsolo do Senado Federal.

Os carros importados são da elite do funcionalismo federal, onde boa parte dos servidores recebe o mesmo que a presidente Dilma Rousseff.

A apenas seis quilômetros dali, num local chamado Colina, as garagens privativas estão ocupadas preponderantemente por carros populares e médios de Volkswagen, Fiat, Ford e Chevrolet.

Trata-se dos prédios destinados a professores de carreira da Universidade de Brasília, um dos institutos federais mais prestigiados do país.

A disparidade entre os dois estacionamentos reflete a distância salarial que separa categorias federais. Só o IPVA de alguns carros de servidores do Senado consumiria um mês de trabalho de professores universitários.

Aos 27 anos, José Edil de Medeiros conhece bem os dilemas que assolam quem opta por ingressar no magistério hoje. Mestre em Engenharia Elétrica, Medeiros se viu em 2010 numa sinuca.

Ao mesmo tempo, passou nos concursos para professor da Faculdade de Tecnologia da UnB e para especialista em regulação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Apesar de o salário na agência ser o dobro do de professor, Medeiros escolheu o magistério. Prestes a apresentar seu projeto para iniciar um doutorado em convênio com a Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, o professor recebeu no último mês salário de R$ 4.659,78 líquidos.

- Concluí que na universidade ia poder me desenvolver mais, fazer um trabalho mais interessante, e ainda estou muito jovem. Mas tenho vários exemplos de colegas que se formaram comigo que desistiram da área técnica e optaram por um trabalho administrativo por uma questão salarial.

José Eduardo Martins, de 55 anos, é professor de licenciatura do Departamento de Física da UnB. Sua tarefa é preparar quem deseja dar aulas no Ensino Médio. Mas boa parte dos alunos de Martins está no curso para tentar ingressar na carreira de perito criminal.

Quem passa nesse concurso da Polícia começa a carreira recebendo cerca de R$ 13,4 mil. Praticamente o dobro do salário de R$ 6.996,96 brutos - R$ 5.312,32 líquidos - que o professor conseguiu atingir após um mestrado e 14 anos de aulas na UnB.

- Nos cursos de engenharia, a maioria esmagadora não quer ser professor. Boa parte quer o diploma para fazer concursos para outras áreas. Poucos têm vocação - explica Martins.

Proximidade do poder também contribui na hora da decisão

No magistério, entre os cerca de 100 mil professores do país, pouquíssimos conseguem atingir o status a que chegou Nelson Gonçalves Gomes. Aos 68 anos, 36 deles dedicados às aulas na UnB, ele chegou ao posto de professor titular do Departamento de Filosofia da universidade.

Doutor na Alemanha, Gomes recebe hoje R$ 19.899 brutos, ou R$ 13.813 líquidos. Para ele, a atração por outras carreiras também se deve á proximidade do poder.

- No Senado e na Câmara há cerca de 5 mil funcionários que estão muito próximos do poder. Esses pessoas todas ganham salários estratosféricos e se aposentam com mil benefícios. É mais fácil os parlamentares cederem às pressões deles do que à nossa.

Professor da Faculdade de Tecnologia da UnB desde 1996, o engenheiro Alexandre Ricardo Romariz concorda:

- Alguns alunos fazem concurso para nível médio no Senado para ganhar R$ 13 mil iniciais. Afinal, o salário inicial de um engenheiro na iniciativa privada gira entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.
(Paulo Celso Pereira)
O Globo