A uma semana de ser julgado pelos colegas, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) fez nesta segunda-feira, 2, o primeiro de uma série de discursos que programou na tentativa de salvar o seu mandato. Na tribuna, ele pediu desculpas nominalmente a cada senador presente argumentando que é vítima de injustiça por parte da Polícia Federal e do Ministério Público. Novamente, ele negou vínculo com Cachoeira.
“Nada fiz para merecer a desconstrução de minha honra. Fui amigo de Cachoeira e conversava frequentemente por telefone com ele, mas nunca tive negócios com ele.”
Chamando Cachoeira de insistente pela demora de alguns diálogos divulgados, Demóstenes disse que foi delineado como vilão e que atuou em nome do Estado de Goiás. “Atuei em nome do desenvolvimento do meu Estado o que inclui apoiar as empresas (…) nunca procurei qualquer senador para legalização de jogos (…) vocês são provas que nossas conversas eram republicanas”.
Demóstenes diz ainda que a PF usou de uma estratégia de vazamento dos áudios em pílulas para conseguir incriminá-lo e arruinar a sua conduta. “Cheguei a cair, fui ao fundo do poço, graças a Deus voltei, me reegui, levantei a cabeça e vencei a maior das guerras.”
Ele finaliza o discurso com um pedido desculpas aos senadores. “Não tive oportunidade de falar e quando tive, fiquei com vergonha. Peço perdão pelos constragimentos que causei. Quem está aqui hoje é o mesmo homeme daquele dia, deprimido, esgotado, mas que sente a injustiça corroendo seu peito (…) estou de peito aberto pedindo perdão aqui.”
Interceptações da PF realizadas durante a Operação Monte Carlo expuseram a relação de proximidade do senador Demóstenes Torres e do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Desde então, Demóstenes passou a responder um processo de cassação, que será votado na próxima quarta-feira, 11.
O senador pretende usar o plenário do Senador todo dia para fazer um discurso. “Achamos que é hora dele falar”, afirmou nesta segunda o advogado do senador Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Fora o plenário, ele só fez sua defesa no Conselho de Ética. No primeiro discurso de Demóstenes aconteceu no dia 6 de março, uma semana após a Polícia Federal deflagrar a Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira e expôs publicamente a relação entre os dois.
Na semana passada, por unanimidade, o Conselho de Ética do Senado aprovou o pedido de perda de mandato de Demóstenes por usar o mandato na defesa dos interesses de Cachoeira. Nesta quarta-feira, 4, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisará se o processo feriu algum preceito legal ou constitucional.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), relator na CCJ, sinalizou que votará a favor de levar adiante o processo.
A votação no plenário ocorrerá em sessão secreta, provavelmente no dia 11 de julho. Para cassar o mandato de Demóstenes, serão necessários pelo menos 41 votos favoráveis dos senadores, a maioria absoluta da Casa.
Ricardo Brito, da Agência Estado
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