"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 07, 2011

IGP-DI /2010 de +11,3% É O MAIOR EM 6 ANOS .


Aumentos nos preços das commodities puxaram para cima a inflação medida pelo índice, que é usado para reajustar dívidas dos Estados com a União

A alta dos preços das commodities no atacado no ano passado puxou para cima a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que encerrou 2010 com alta de 11,3%, a mais forte elevação anual em seis anos.

A taxa, anunciada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi bem diferente da apurada em 2009, ano em que o indicador encerrou em deflação pela primeira vez em sua história, com queda de 1,43%.

Apesar da elevação na taxa anual, o indicador, criado na década de 40 e usado para reajustar dívidas de Estados com a União, perdeu força junto com as commodities no fim do ano:
em dezembro, a taxa foi de 0,38%, ante 1,58% no mês anterior.

Mesmo com o recuo na margem, os preços no varejo apurados pelo IGP-DI mostraram "persistência inflacionária", nas palavras do coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.
O núcleo da inflação varejista saltou de 0,43% para 0,55% de novembro para dezembro, a maior alta desde maio de 2005 (0,73%).
(...)
Para o especialista, medidas prudenciais em compulsórios que indiretamente inibem um pouco a oferta de crédito não são suficientes para conter o avanço da demanda no mercado interno - principal fator que originou essa persistência inflacionária no varejo.

"Não existe mais justificativa para não se fazer uma alta na taxa básica de juros (Selic), agora em janeiro", avaliou.
"É preciso aumento de juros e ajuste fiscal. Se isso continuar dessa forma, sem nenhum outro tipo de medida de contenção de demanda, creio que vai ser difícil atingir o centro da meta inflacionária em 2011 (de 4,5%)."

Em 2010, a inflação total do varejo medida pelo IGP-DI, que representa 30% do indicador, também encerrou em alta, com 6,24%, quase o dobro da apurada em 2009 (3,95%).
Os alimentos foram os grandes responsáveis pelo avanço da inflação no ano passado. No entanto, na margem, os preços dos alimentos mudaram de trajetória e começaram a subir menos.
Isso conteve o avanço da inflação do consumidor, de novembro para dezembro (de 1% para 0,72%).

O atacado, que representa 60% do IGP-DI, encerrou 2010 com alta de 13,85%, após deflação de 4,08% em 2009.
"O atacado foi o setor que mais influenciou o aumento do IGP-DI no ano", comentou Quadros.

Já os preços na construção civil subiram 7,77% no ano passado, mais que o dobro do aumento de 3,25% apurado na inflação da construção em 2009, por causa da mão de obra mais cara.
Na margem, os preços na construção continuaram a acelerar (de 0,37% para 0,67%) de novembro para dezembro.

Variação
11,3% foi a inflação medida pelo IGP-DI, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, em 2010
-1,43% foi a queda na inflação medida pelo índice em 2009

Alessandra Saraiva/Estado de São Paulo