"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 23, 2012

Delinquência em série = P artido T orpe QUADRILHA E MENSALÃO

A cúpula que comandava o Partido dos Trabalhadores quando a legenda ascendeu à presidência da República foi condenada ontem pela mais alta corte de Justiça do país pelo crime de formação de quadrilha. 

Como admitir que os mesmíssimos quadrilhei

Dez réus, entre eles José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, José Genoino, então presidente do PT, e Delúbio Soares, então tesoureiro petista, foram condenados pelo crime de formação de quadrilha.

Os próceres petistas já haviam sido considerados culpados pelo crime de corrupção ativa.

A cúpula petista e seus cúmplices no sistema financeiro e em agências de comunicação se organizavam para "cometer crimes, qualquer crime, agindo nos subterrâneos do poder, como conspiradores à sombra do Estado, para vulnerar, transgredir, lesionar a paz pública", nas irretocáveis (palavras) do ministro Celso de Mello. Tratava-se de uma "sociedade de delinquentes".

Quase três meses depois de iniciado o histórico julgamento, restou provado que o PT desviou pelo menos R$ 78 milhões dos cofres públicos para traficar o apoio de parlamentares ao seu projeto de poder. Esta dinheirama foi lavada em instituições financeiras, que usaram operações fraudulentas para escamoteá-la. 


Tudo articulado em torno de uma ardilosa quadrilha, que durante mais de dois anos operou a todo vapor.

O choro dos condenados, claro, já começou. José Dirceu, por exemplo, (invoca) sua história de vida para tentar convencer o Supremo a livrar-lhe a cara. Mas, diferentemente de outros que, como ele, lutaram pelo reestabelecimento da democracia no país, o chefe da quadrilha do mensalão não tem uma ficha de serviços prestados que lhe abone qualquer coisa. 

Pelo contrário.

Desde que se embrenhou na vida política, o principal articulador do PT notabilizou-se pela truculência e pela clandestinidade, a ponto de viver anos com uma mulher que sequer sabia quem ele era. Nos momentos em que poderia devotar-se aos princípios democráticos, negaceou, como na eleição de Tancredo Neves - não apenas Dirceu, mas todo o PT recusou-se a sufragar o presidente no colégio eleitoral.

A história de vida de Dirceu, portanto, corrobora seu objetivo de vida: assaltar o Estado em nome de uma "causa maior", no caso o poder desmesurado de um partido. Deveria servir como agravante, e não atenuante, na definição das penas que lhe serão impostas pelos ministros do Supremo, em sessões a transcorrer ainda nesta semana.

É de se perguntar se, agora também condenado por formação de quadrilha, José Dirceu unir-se-á novamente a seus pares para dizer que "o que importa é ganhar a eleição em São Paulo", como fez há duas semanas, depois de definida sua culpa por corrupção ativa. 

No fundo, o que interessa ao chefe-mor da quadrilha e seus mensaleiros é apenas isso: continuar a perpetrar ataques ao aparelho estatal.

 E, nesta altura, o que pode ser mais vistoso aos olhos desta gente do que a prefeitura e os cofres da maior cidade do continente?

O que o PT quer é salvo-conduto para continuar sua saga de malfeitos, que é infinda, como mostra, também, a ubíqua atuação do ministro Fernando Pimentel. 

Mal se viu absolvido pela comissão de (falta de) ética da presidência da República, ele já se meteu em outra falcatrua, como mostra (O Globo) hoje: envolvimento em desvio de dinheiro para saldar dívidas de campanha do PT à época em que era prefeito de Belo Horizonte.

Resta evidente que, não apenas pelos mensaleiros condenados pelo Supremo, o PT organiza-se, efetivamente, como uma quadrilha. 


Deve ser por isso que o advogado de Marcos Valério, também sobejamente condenado pelo STF, (reclame) que os "verdadeiros chefes políticos e interessados diretos no esquema admitido pelos votos condenatórios proferidos" não estejam sentados no banco dos réus. Estão, isto sim, por aí acendendo postes, para depois quebrar a lâmpada e fazer o que bem entendem com o país.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Delinquência em série

brasil maravilha dos FARSANTES : Dívida pública cresceu 2%, para R$ 1,9 tri em setembro


A dívida pública federal alcançou R$ 1,9 trilhão em setembro, aumento de 2% ou R$ 37,6 bilhões em relação ao mês anterior. A alta veio depois de duas quedas consecutivas, segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. Em agosto, a dívida somava R$ 1,86 trilhão. 

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, o aumento ocorreu devido às emissões de papéis bem acima dos resgates de títulos feitos pelo governo.

O impacto pode ser atribuído, sobretudo, ao aporte de R$ 21,1 bilhões que o Tesouro Nacional fez, por meio da venda de papéis, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal em setembro para aumentar a sua capacidade de crédito. Já as despesas com juros alcançaram R$ 13,4 bilhões.

- Os bancos públicos têm funções diferentes das de bancos privados, como o custeio da safra agrícola e o financiamento do Minha Casa, Minha Vida - disse Garrido.

O governo prevê que a dívida pública fique entre R$ 1,95 trilhão e R$ 2,05 trilhões no ano. Em 2011, ela subiu 10%, para R$ 1,86 trilhão. Garrido disse que a composição da dívida pública continua numa trajetória de melhora, com prazos mais longos e custos mais baixos. 

(Cristiane Bonfanti)

MENSALÃO : A CONDENAÇÃO DO P artido T orpe

O julgamento do mensalão atingiu duramente o Partido dos Trabalhadores. As revelações acabaram por enterrar definitivamente o figurino construído ao longo de décadas de um partido ético, republicano e defensor dos mais pobres. 

Agora é possível entender as razões da sua liderança de tentar, por todos os meios, impedir a realização do julgamento. Não queriam a publicização das práticas criminosas, das reuniões clandestinas, algumas delas ocorridas no interior do próprio Palácio do Planalto, caso único na história brasileira.

Muito distante das pesquisas acadêmicas - instrumentalizadas por petistas - e, portanto, mais próximos da realidade, os ministros do STF acertaram na mosca ao definir a liderança petista, em 2005, como uma sofisticada organização criminosa e que, no entender do ministro Joaquim Barbosa, tinha como chefe José Dirceu, ex-presidente do PT e ministro da Casa Civil de Lula. 

Segundo o ministro Celso de Mello: "Este processo criminal revela a face sombria daqueles que, no controle do aparelho de Estado, transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e desonesta de poder." E concluiu: "É macrodelinquência governamental." 
O presidente Ayres Brito foi direto: 
"É continuísmo governamental. É golpe."

O julgamento do mensalão desnudou o PT, daí o ódio dos seus fanáticos militantes com a Suprema Corte e, principalmente, contra o que eles consideram os "ministros traidores", isto é, aqueles que julgaram segundo os autos do processo e não de acordo com as determinações emanadas da direção partidária. 

Como estão acostumados a lotear as funções públicas, até hoje não entenderam o significado da existência de três poderes independentes e, mais ainda, o que é ser ministro do STF. Para eles, especialmente Lula, ministro da Suprema Corte é cargo de confiança, como os milhares criados pelo partido desde 2003. 

Daí que já começaram a fazer campanha para que os próximos nomeados, a começar do substituto de Ayres Brito, sejam somente aqueles de absoluta confiança do PT, uma espécie de ministro companheiro. E assim, sucessivamente, até conseguirem ter um STF absolutamente sob controle partidário.

A recepção da liderança às condenações demonstra como os petistas têm uma enorme dificuldade de conviver com a democracia. Primeiramente, logo após a eclosão do escândalo, Lula pediu desculpas em pronunciamento por rede nacional. 

No final do governo mudou de opinião: 
iria investigar o que aconteceu, sem explicar como e com quais instrumentos, pois seria um ex-presidente. Em 2011 apresentou uma terceira explicação: tudo era uma farsa, não tinha existido o mensalão. Agora apresentou uma quarta versão: disse que foi absolvido pelas urnas - um ato falho, registre-se, pois não eram um dos réus do processo. 

Ao associar uma simples eleição com um julgamento demonstrou mais uma vez o seu desconhecimento do funcionamento das instituições - registre-se que, em todas estas versões, Lula sempre contou com o beneplácito dos intelectuais chapas-brancas para ecoar sua fala.

As lideranças condenadas pelo STF insistem em dizer que o partido tem que manter seu projeto estratégico. 
Qual? 
O socialismo foi abandonado e faz muito tempo. 

A retórica anticapitalista é reservada para os bate-papos nostálgicos de suas velhas lideranças, assim como fazem parte do passado o uso das indefectíveis bolsas de couro, as sandálias, as roupas desalinhadas e a barba por fazer. 
A única revolução petista foi na aparência das suas lideranças. 
O look guevarista foi abandonado. 

Ficou reservado somente à base partidária. 
A direção, como eles próprios diriam em 1980, "se aburguesou". Vestem roupas caras, fizeram plásticas, aplicam botox a três por quatro. Só frequentam restaurantes caros e a cachaça foi substituída pelo uísque e o vinho, sempre importados, claro.

O único projeto da aristocracia petista - conservadora, oportunista e reacionária - é de se perpetuar no poder. Para isso precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada. Não é acidental que passaram a falar em controle social da imprensa e... do Judiciário. 

Sabem que a imprensa e o Judiciário acabaram se tornando, mesmo sem o querer, nos maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar, dada ausência de uma oposição político-partidária.

A estratégia petista conta com o apoio do que há de pior no Brasil. É uma associação entre políticos corruptos, empresários inescrupulosos e oportunistas de todos os tipos. O que os une é o desejo de saquear o Estado. O PT acabou virando o instrumento de uma burguesia predatória, que sobrevive graças às benesses do Estado. 

De uma burguesia corrupta que, no fundo, odeia o capitalismo e a concorrência. E que encontrou no partido - depois de um século de desencontros, namorando os militares e setores políticos ultraconservadores - o melhor instrumento para a manutenção e expansão dos seus interesses. 

Não deram nenhum passo atrás na defesa dos seus interesses de classe. 
Ficaram onde sempre estiveram. 
Quem se movimentou em direção a eles foi o PT.

Vivemos uma quadra muito difícil. 
Remar contra a corrente não é tarefa das mais fáceis. 
As hordas governistas estão sempre prontas para calar seus adversários.

Mas as decisões do STF dão um alento, uma esperança, de que é possível imaginar uma república em que os valores predominantes não sejam o da malandragem e da corrupção, onde o desrespeito à coisa pública é uma espécie de lema governamental e a mala recheada de dinheiro roubado do Erário tenha se transformado em símbolo nacional.

Marco Antonio Villa/A condenação do PT
O Globo