"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 30, 2012

Blindagem de Sérgio Cabral enfrenta resistências na CPI

A blindagem do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), na CPI do Cachoeira enfrenta resistências internas de deputados que não querem arcar com o desgaste político da operação.

O deputado Artur Maia (PMDB-BA) enviou ofício ao líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), cobrando explicações e a confirmação da existência da operação que já produziu os primeiros resultados, evitando a convocação de Cabral.

Maia foi o único que se manifestou, lembrando ao líder ter tomado conhecimento da blindagem pela imprensa e concluindo que, "como o partido não se reúne, fica difícil entender como as coisas funcionam".

Ele disse que precisa saber o que de fato o partido pretende porque tem sido cobrado por eleitores seus, na Bahia, a dar explicações sobre o episódio.
Para o peemedebista, a obrigação do líder é chamar a bancada e tomar uma posição clara.

A cúpula do PMDB não se preocupou em colocar uma tropa de choque em defesa de Cabral na CPI, mas foi uma questão estratégica e não de abandono do governador fluminense. Um dirigente do partido explica que a intenção foi jogar sobre o PT a responsabilidade de não complicar a vida de Cabral, uma vez que a CPI tinha sido uma "invenção" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é amigo pessoal do governador peemedebista.

Henrique Eduardo não polemizou com Maia. Disse apenas que não tinha como convocar a bancada para discutir polêmicas lançadas a toda hora pela imprensa, a menos que mantivesse uma convocação permanente, 24 horas no ar. Maia respondeu com ironia. "Manter uma bancada convocada 24 horas não é preciso.

A mim bastaria que ele reunisse os liderados por uma hora a cada 24 dias", disse o parlamentar, destacando que a última reunião da qual se recorda deve ter ocorrido há cerca de cinco meses.

CHRISTIANE SAMARCO
O Globo

Copom reduz juros para 8,5% ao ano

Os juros chegaram ao menor nível no Brasil em uma noite histórica.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira cortar a taxa básica de juros (Selic) de 9% ao ano para 8,5% ao ano.

Essa é a primeira reunião do colegiado em que os votos dos diretores passaram a ser revelados, para atender a Lei de Acesso à Informação. A decisão foi unânime, e não será desta vez que o resultado da votação será divulgado nominalmente.

"O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária", atesta o comunicado dos diretores divulgado após o encontro.

Outro fator inédito nesta reunião é que com a decisão, a nova regra para a remuneração da poupança foi acionada.

No início do mês passado, o governo anunciou que os novos depósitos na caderneta de poupança seriam remunerados não mais pela antiga fórmula - de 6% ao ano mais da taxa referencial (TR) - toda vez que a Selic caísse para 8,5% ao ano.

A partir de amanhã, os depósitos feitos nas cadernetas após o dia 4 de maio renderão 70% da taxa básica de juros mais a TR.

Com a mudança, a equipe econômica evitou que houvesse uma migração de aplicadores de fundos de investimento para a poupança (que tem isenção de Imposto de Renda para atrair os pequenos poupadores).
E deixou o caminho para o BC continuar a reduzir os juros.

O Banco Central aproveita uma janela de oportunidade para jogar os juros básicos no menor patamar da história. O antigo piso, de 8,75% ao ano, vigorou no auge da crise da bolha imobiliária americana em 2009.

A sétima queda seguida dos juros vem num cenário de crescimento lento aquém do esperado, inflação dentro da margem de tolerância do sistema de metas e perspectivas cada vez mais pessimistas em relação ao cenário internacional.

Para o economista da Corretora Votorantim, Roberto Padovani, se o Banco Central (BC) fosse seguir à risca a cartilha do sistema de metas para a inflação, não deveria cortar mais os juros porque a previsão do mercado para a inflação oficial está acima da meta de 4,5% neste ano.

No entanto, ele argumenta que os diretores têm mostrado uma tolerância maior com a inflação para não cometer o mesmo erro da crise anterior quando demoraram demais para estimular a economia e a consequência foi que o crescimento do país simplesmente travou.

- Banqueiros centrais do mundo inteiro têm sido mais sensíveis ao crescimento dada a gravidade da crise de 2008 e isso não significa abandonar o sistema de metas - pondera o analista.

No entanto, a previsão atual do BC é de inflação de 4,4% ao fim deste ano. E ainda há sinais de desaceleração por causa da crise como a queda do preço das commodities. Por isso, os índices estão sendo menores do que o previsto.

- Está tudo conspirando para o Banco Central continuar a cortar os juros e esse não é um movimento ousado analisou Sérgio Vale da MB Associados, que completou:

- A atividade está fraca e não vejo motivo de o Banco Central ser mais comedido.
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O Globo

brasil maravilha 300/200/100%? Bovespa recua 13% no mês e está perto de ter pior maio da década


A Bovespa acompanhou a perda de seus pares no exterior e registrou a pior pontuação do ano.

Mais uma vez, o mau humor generalizado foi motivado pelo cenário internacional, com a divulgação de pesquisas de opinião na Grécia e dados fracos na Europa e nos EUA. As blue chips – Vale e Petrobrás – e o setor de construção contribuíram para a performance negativa.

O Ibovespa encerrou com declínio de 1,53%, aos 53.797,91 pontos – esta é a pior pontuação desde 10 de outubro de 2011 (53.273,11 pontos). Com isso, a Bolsa ampliou a queda no mês para 12,98% e já tem a pior perda para um mês de maio na década.

Se a tendência negativa for mantida amanhã, último dia do mês, o índice pode registrar o pior desempenho para um mês de maio desde igual período de 1998, quando a Bolsa caiu 15,68%.

No ano, o declínio é acumulado é de 5,21%. Na mínima do dia, o índice caiu 53.382 pontos (-2,29%) e, na máxima, 54.632 pontos (estável). O giro financeiro ficou em R$ 6,472 bilhões.

Para Bruno Gonçalves, analista da Alpes Corretora, a Bolsa ainda tem espaço para cair mais, principalmente porque os problemas não foram resolvidos. “Existe a preocupação se a Grécia vai conseguir fazer um governo de coalização, após as eleições, e manter os compromissos acordados até agora. Também há temores com o sistema financeiro europeu”, disse.

Petrobrás acompanhou a queda do petróleo no mercado internacional e registrou declínio de 2,29% a ação ON e 2,65% a PN. Na Nymex, o contrato da commodity com vencimento em julho caiu 3,24%, a US$ 87,82.

Vale também acompanhou as commodities metálicas e caiu 0,59% na ON e 0,41% na PNA. Na London Metal Exchange (LME), os contratos de metais básicos fecharam com forte recuo, também com preocupações com a crise da dívida na zona do euro. Na rodada livre de negócios (kerb) da tarde na LME, o contrato de cobre para três meses perdeu 2,5%, fechando a US$ 7.475,00 a tonelada.

O setor de construção, voltou a ter dia de perda, mas sem nenhum motivo novo aparente. Cyrela (-1,71%),
Rossi Residencial (-3,56%),
Brookfield (-4,55%)
e MRV (-5,88%).

Entre os destaques de queda do índice, figuraram três ações do empresário Eike Batista. OGX (-8,36%),
MMX (-7,00%)
e LLX (-6,07%).
Segundo alguns profissionais, as empresas ainda embutem um risco maior, em razão de ainda estarem na fase inicial de produção.

Nos EUA, a Associação Nacional dos Corretores informou que número de norte-americanos que assinaram contratos para compra de moradias usadas caiu em abril para o nível mais baixo em quatro meses.

O índice sazonalmente ajustado de vendas pendentes de casas usadas diminuiu 5,5% em comparação com março, para 95,5, o dado mais fraco desde dezembro.

Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 1,28%, o S&P 500 perdeu 1,43% e o Nasdaq caiu 1,17%.

Alessandra Taraborelli, da Agência Estado

Por que não falas, PARLAPATÃO CACHACEIRO?

No recente episódio envolvendo a tentativa de chantagear o Supremo, a principal linha de defesa dos partidários de Luiz Inácio Lula da Silva tem sido tentar desacreditar o relato feito por Gilmar Mendes.

Mas, enquanto o ex-presidente mantém-se mudo, o ministro do STF reitera o que diz, elevando, inclusive, o tom das revelações. Com atitudes assim, quem demonstra estar com a razão?


Nos últimos dias, Mendes falou à Veja; reiterou sua versão aos jornalistas que o procuraram no domingo, quando a revista começava a circular; voltou a falar com repórteres anteontem em Manaus e, ontem, deu uma entrevista coletiva de 19 minutos, além de atender jornais em separado.

Não parece nem um pouco em dúvida de suas convicções.


"A gente está lidando com gângsteres. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos. (...) O objetivo era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido numa rede de corrupção", afirmou o ministro, quando foi abordado por repórteres ao se encaminhar para uma sessão da 2ª Turma do STF.

As palavras de Mendes fazem ou não sentido? Evidentemente. Desde que foi apanhado no escândalo do mensalão, o gigantesco esquema de desvio de dinheiro público para comprar apoio no Congresso, o PT bate na tecla de que age como os outros.

Ou seja, tenta nivelar a todos por baixo.
Exatamente como agora, ao buscar arrastar também o Supremo para a vala comum da escória.


Ao contrário do arrojo de Gilmar Mendes, o outrora palavroso ex-presidente limitou-se até agora a uma nota de 184 palavras emitida pelo instituto que leva seu nome. Microfones a seu dispor não faltam. Mas, por que, afinal, Lula não fala?

Se nada disse ao longo destes dias, o ex-presidente não se eximiu de sacar as armas de que dispõe: conclamar, por meio de Rui Falcão, a militância petista a resistir às "manobras" e, por intermédio de seus asseclas no Congresso, investir contra Mendes na CPI do Cachoeira, como mostra hoje a Folha de S.Paulo.

"Sem alarde, a CPI do Cachoeira requisitou ontem à Polícia Federal as transcrições de todos os diálogos envolvendo personagens com foro privilegiado captados nas operações Vegas e Monte Carlo. A iniciativa, subscrita pelos deputados Cândido Vaccarezza e Paulo Teixeira, é interpretada por integrantes da comissão como uma investida do PT para constranger Gilmar Mendes. (...) Petistas o elegeram como novo alvo das investigações."

Por que, afinal, Gilmar Mendes incomoda tanto os petistas? Porque a atitude do ministro do Supremo equivale a pôr o dedo numa ferida que está exposta em várias dimensões, momentos e situações, mas que, pela onipresença que vai tomando, às vezes começa a passar despercebida: o achincalhe perpetrado pelo PT, Lula à frente, às instituições da República.

Vale lembrar alguns episódios em que o então presidente tentou desacreditar órgãos de fiscalização e controle cuja função é zelar pelo bem público. Foi assim, por exemplo, com o Tribunal de Contas da União, com o Ministério Público e até com repartições ligadas à preservação do meio ambiente.

Sempre que se interpuseram no caminho de alguma vontade de Lula, foram alvo do escárnio do então presidente. O TCU foi acusado de retardar obras; o MP de proceder a investigações incômodas; os órgãos ambientais de zelar até por "bagres" em detrimento do interesse maior da marcha desenvolvimentista empreendida pelo PT.

Na realidade, o que estas instituições estavam fazendo, assim como o grito de Gilmar Mendes agora faz, é cuidar de impor algum freio ao desmesurado desejo de Lula e do PT de subverter toda a ordem constituída a seu inteiro favor.

Há mais uma penca de exemplos neste sentido: o uso de instituições públicas, como o BNDES, para beneficiar empresas amigas e, em contrapartida, arrancar-lhes gordas doações, como aconteceu em 2011; a montagem de uma rede de descarados propagandistas na internet, também alimentada por polpudos patrocínios públicos; os conluios com empresas favorecidas pelo PAC, como ficou evidente com a construtora Delta. E por aí vai.

A imprudência de Lula ao tentar chantagear Gilmar Mendes permite à sociedade brasileira defrontar-se, mais uma vez, com esta escalada de ilícitos. Reabre a possibilidade de que se dê um sonoro "basta" aos exageros e afrontas praticados pelo PT. Felizmente, este acerto de contas está próximo.

Com sua soberba, Luiz Inácio Lula da Silva acabou fazendo um favor ao país: tornou inadiável o julgamento do mensalão e a punição de seus réus pelo STF.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Por que não falas, Lula?

DILMA E AYRES BRITTO - APESAR DE DESMENTIDO OFICIAL... 'Estado' divulga nota e mantém as informações publicadas


O Estado está seguro da apuração que fez e mantém a informação publicada sobre a preocupação do governo com o episódio e seu potencial de risco político, a despeito do desmentido oficial.

A matéria publicada pelo Estado é fruto de apuração junto a fontes credenciadas do governo e desenvolvida  desde a divulgação do teor da conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes. Segundo essas fontes, o fato preocupou profundamente a presidente Dilma Rousseff pelo seu potencial de crise.

Dentro e fora do Palácio do Planalto é corrente a leitura de que é preciso evitar o envolvimento do governo com o assunto, raiz da orientação presidencial de silêncio sobre o tema.


A audiência entre a presidente e o ministro Ayres Britto, nesta terça-feira, 30, foi marcada a pedido deste em razão de sua posse como presidente do Supremo Tribunal Federal. Foi, portanto, o primeiro encontro formal de ambos na condição de dirigentes máximos dos dois poderes da República, quando a pauta é de natureza necessariamente institucional.

Diante da crise política deflagrada depois do encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, é natural que a versão oficial da reunião entre a presidente Dilma e o presidente do STF enfatize o evento Rio+20, embora este não tenha ocupado a pauta mais que o tempo necessário ao convite a Britto para o evento.

Ricardo Gandour
Diretor de Conteúdo do Grupo Estado

E NA REPÚBLICA DOS TORPES... Procura-se dono de uma calcinha encontrada no plenário da Câmara


Há duas semanas um mistério ronda a segurança da Câmara dos Deputados e preocupa um deputado saliente. Por volta das 17h, no horário da Ordem do Dia, esse deputado chegou correndo para votar, e na entrada principal do plenário, próxima à Mesa, mexeu nos bolsos e sem ver, deixou cair a prova do crime: uma calcinha - mais para calçola - azul e vermelha, com babadinhos nas laterais.

Sem saber que deixara para trás o fetiche, o parlamentar foi para o meio do plenário. Um dos seguranças, vendo a calcinha estendida na entrada do plenário, sem despertar a atenção dos parlamentares, assessores e jornalistas que se amontoam na entrada, deu um chutinho discreto, empurrando a lingerie para o lado da lixeira.

Avisado pelos seguranças, um assessor do presidente Marco Maia (PT-RS) recolheu a calcinha e a escondeu no bolso. A partir daí, a peça íntima foi examinada por assessores, jornalistas e seguranças à exaustão.

A única conclusão:
a peça foi usada antes e não pertence a uma sílfide.


Sem saber o que fazer com o achado, a calcinha foi recolhida aos achados e perdidos da Segurança da Câmara. Até agora não foi reclamada por nenhum parlamentar.

O Globo

brasil maravilha 100/200/300% ou 300/200/100%? Fluxo cambial - US$ 2,7 bi/maio. NO ACUMULADO É POSITIVO MAS É A METADE DO MESMO PERÍODO DO ANO PASSADO.


As saídas de dólares superaram as entradas, neste mês até o dia 25, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira. O saldo negativo do período ficou em US$ 2,763 bilhões.

Nos 18 dias úteis deste mês, o segmento financeiro (registro de investimentos em títulos, ações, remessas de lucros e dividendos ao exterior, entre outras operações) é o responsável pela maior saída do que entrada de dólares do país.

O saldo negativo desse segmento ficou em US$ 5,051 bilhões. Já o fluxo comercial (relacionado a operações do comércio exterior) ficou positivo em US$ 2,288 bilhões.

Somente na semana passada, a saída é maior do que a entrada em US$ 1,252 bilhão, mas o saldo negativo foi puxado pelo segmento comercial (- US$ 1,397 bilhão).

Do início de janeiro até 25 de maio, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 22,553 bilhões, ante US$ 43,939 bilhões de igual período do ano passado. O fluxo financeiro ficou positivo em US$ 2,805 bilhões e o comercial, em US$ 19,748 bilhões.

O Globo

ATUALIZANDO : CPI convoca Marconi e Agnelo, mas deixa Cabral de fora


A CPI do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a convocação do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB-GO), e por 16 a 2, a do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT-DF), para explicarem o envolvimento de seus nomes junto às negociatas do contraventor Carlinhos Cachoeira, uma vez que foram citados em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal.

Já o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ficou de fora por 17 a favor contra 11,


CPI aprova convocação de Marconi Perillo para depor

A CPI do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a convocação do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB-GO) para explicar sobre o seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, uma vez que fora citado em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal.

Neste momento, a comissão julga a convocação do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT-DF), e logo na sequência de Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

O presidente da CPI do Cachoeira Vital do Rêgo (PMDB-PB) anunciou logo pela manhã que, após análise da assessoria técnica, a comissão poderia investigar governadores e convocá-los para depor.

O anúncio ocorre um dia depois da CPI ter adiado a votação do pedido de convocação dols chefes de governo citados em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal ou ligados ao antigo comando da Delta.

Ainda na sessão desta quarta-feira, a CPI aprovou por unanimidade, na sessão desta quarta-feira, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico - incluindo as mensagens de celular e conversas de voz pela internet - do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), desde 1 de janeiro de 2002.

Também foram aprovados pedidos de remessa de relatório do Coaf sobre movimentações financeiras atípicas de Carlinhos Cachoeira e de Demóstenes. Além disso, a comissão aprovou as quebras de sigilo de empresas que, segundo a Polícia Federal, seriam utilizadas no esquema de Cachoeira.

São 19 empresas que tiveram o sigilo quebrado. Porém, a votação da quebra do sigilo telefônico de Perillo foi adiada.

A comissão também aprovou o adiamento da votação dos requerimentos que pedem a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Junior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).

Sobre a possibilidade de convocação dos governadores, Vital do Rêgo afirmou:

- Há que se afastar o argumento do autor da questão de ordem. O Congresso Nacional, qualquer de suas casas, no exercício de sua função, tem jurisdição em todo o território nacional. A convocação de governadores de estados não viola o princípio federativo. Deve-se ter em conta o caso concreto, não trata dos atos de gestão, mas sob suposto envolvimento com atividades sob investigação. Forte nas minhas convicções pessoais, indefiro a questão de ordem formulada - afirmou, se referindo ao questionamento de que chefes do Executivo não poderiam ser convocados para depor.

Vital do Rêgo negou que tenha ocorrido qualquer acordo para impedir a investigação de governadores:
- Fomos alvo de especulações e aleivosias. Essa presidência não fez acordos porque esta presidência faz acordos em plenário.

Nesta quarta-feira, o depoimento de seis pessoas envolvidas no esquema do contraventor estava marcado para ocorrer, mas nenhum deles falou. O ex-diretor regional da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu se recusou a falar, assim como Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como laranja de empreendimentos de Cachoeira.

Depois de saírem em silêncio da CPI, Lenine Araújo de Souza, tido pela Policia Federal como um dos principais auxiliares de Carlinhos Cachoeira, foi convocado e resolveu falar, mas durante pouco tempo.

Ele disse que não se considera braço-direito do contraventor e que está disposto a colaborar com a CPI, depois de prestar depoimento no inquérito que corre na Justiça Federal de Goiânia. A instrução do processo ocorre entre quinta e sexta-feira. Lenine afirmou que não é sócio das empresas citadas no inquérito da Operação Monte Carlo.

- Queria deixar bem claro que estou disposto a colaborar depois dos meus atos de defesa (no processo judicial). Respondo inquérito na Vara da justiça de Goiânia. Eu queria dentro da medida do possível colaborar com os senhores e, inclusive, esclarecer alguns pontos sobre a minha pessoa. Que eu vejo que estão cometendo certas injustiças com a minha pessoa. (...) Tive vida empresarial ao longo da minha vida, tive empresas, sou administrador de empresas formado. Administro meus imóveis. Não sou sócio de nenhuma empresa que está ligada a esses fatos todos. Não me considero braço-direito do senhor Carlos. Me sinto injustiçado. Os meus bens estão declarados.

José Olímpio de Queiroga Neto, apontado como um dos gerentes da organização investigada; Lenine Araújo de Souza; e Rodrigo Moral Dall Agnol, contador da empresa Delta, também conseguiram liminares na Justiça.

O único convocado da reunião de quarta-feira que não recorreu ao Judiciário foi o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Eduardo Rincón, que apresentou o atestado médico.

O Globo

Mensalão: STF recebe 35 mil assinaturas para julgar rápido


Representantes de movimentos contra a corrupção entregam ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, às 14h, um manifesto com 35 mil assinaturas com o objetivo de pedir celeridade ao processo e julgamento do mensalão.

Assinaturas coletadas na Internet e no papel serão levadas por uma comitiva dos movimentos 31 de Julho, Queremos Ética na Política, Transparência Brasil e Contas Abertas.

Em tentativa anterior de entrega do abaixo-assinado diretamente ao ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, realizada no dia 25 de abril, a iniciativa não obteve êxito, porque os representantes dos movimentos não foram recebidos, apesar da confirmação prévia da audiência. Desta vez, os organizadores do abaixo-assinado decidiram deixar as assinaturas oficialmente no Protocolo do STF.

A petição a ser entregue diz:

"Aos Ministros do STF.

Fazemos um apelo a V.Exas para não permitirem que os crimes do Mensalão prescrevam antes do julgamento e que pedidos de vistas e adiamentos beneficiem os acusados. O processo está em tramitação há muito tempo. Deixar que ocorra prescrição e que os acusados continuem a se aproveitar da demora do julgamento significará verdadeira oficialização da impunidade no Brasil".

Mais :
VEJA Online:

Queda de juros esperada para hoje deve reduzir ganhos da poupança

Se as previsões dos economistas se confirmarem, a taxa básica de juro (Selic) cairá 0,5 ponto percentual, saindo dos atuais 9% ao ano para 8,5%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se encerra na noite desta quarta-feira. Será o juro mais baixo da série histórica do país, divulgada desde 1986 pelo Banco Central.

Com a Selic nesse patamar, será acionado também o novo mecanismo de rendimento da poupança. A remuneração da poupança de 6,17% ao ano mais variação da Taxa Referencial (TR) é substituída pela variação da TR mais 70% da Selic, para depósitos feitos a partir do dia 4 de maio. Com isso, a aplicação criada em 1861, passará a render menos que 6% ao ano.

- Pela nova regra, a poupança renderá 70% da Selic - o equivalente a 5,95% em lugar dos 6,17% ao ano. A Taxa Referencial está próxima de zero, o que significa que não há acréscimo neste percentual. Na prática, a nova regra vai reduzir o rendimento da poupança de 0,52% ao mês para 0,50% ao mês - afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças(Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. Ele engrossa a turma de economistas que acreditam que a Selic caia a 8,50% nesta quarta.

A mudança no rendimento da poupança foi necessária, porque em um cenário de juros baixos, a caderneta seria o melhor investimento, gerando uma saída de recursos dos fundos de investimentos e dos títulos públicos e privados, que financiam o governo. Assim, o corte na rentabilidade da poupança foi necessário para que que a política de redução de juros pudesse continuar.

O Banco Central iniciou o ciclo de redução do juro em agosto do ano passado para estimular o crescimento econômico. Se cair hoje, será a sétima redução consecutiva da Selic.


Entre os analistas, a maior aposta é que a Selic caia para 8,5% ao ano. O economista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, acredita que o BC baixará a Selic em 0,5 ponto percentual nesta quarta.

- A Inflação oficial medida pelo IPCA continua recuando (ficou em 0,51% em maio), a atividade econõmica está fraca no país, os sinais do exterior são de 'viés desinflatório'. Além disso, a atuação do Banco Central, vendendo contratos de swap cambial no mercado futuro, segurou bem a moeda americana, que deve ficar flutuando ao redor de R$ 2, e evitando pressões inflacionárias - diz o economista.

Para ele, o BC também vai baixar a Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de de 11 de julho e a taxa deve chegar a dezembro neste patamar. Rostagno lembra também que esta será a primeira reunião do Copom em que o voto dos membros será divulgado, desde a criação do órgão, em 1996.

A mudança ocorre por conta da nova Lei de Acesso à Informação.


Em relatórios, os dois maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco e Bradesco, também avaliam que a Selic será reduzida em 0,5 ponto percentual. Para o economista do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octávio de Barros, "mesmo com as incertezas do cenário externo mantendo-se no radar, o BC deverá ressaltar a parcimônia em suas próximas ações e optará por um corte da taxa Selic em 0,5 ponto percentual".

De acordo com o economista, o desempenho do PIB do primeiro trimestre, a ser divulgado na na sexta-feira, deverá mostrar um crescimento de apenas 0,5% na comparação com o quarto trimestre do ano passado.

"Ao se analisar o desempenho do PIB, segundo nossa expectativa, os destaques negativos serão a queda nos investimentos (potencializada pela redução na produção de caminhões) e na agropecuária (por causa de problemas climáticos). O consumo das famílias, por sua vez, deverá registrar leve aceleração, infuenciado pela retomada dos ganhos salariais no período", avalia Octávio de Barros.

O economista Márcio Cardoso, sócio da Corretora Título, também aposta numa redução de 0,5 ponto percentual.

- O governo está fazendo um esforço sobre-humano para estimular o crescimento da economia. Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) enxergar que há espaço para cortes, ele vai fazê-lo - diz o economista.

Para Cardoso, se na Europa forem aprovados os eurobonds, títulos comuns a todos os países do euro e a eleição na Grécia for bem sucedida, em junho, com um candidato que defenda a permanência do país na zona do euro, abre-se espaço para que o Copom faça um movimento até mais forte de redução na reunião de julho.


O Globo

Gilmar Mendes diz que intuito é trazer STF à vala comum

Indignado com o que afirma ser uma sórdida ação orquestrada para enfraquecer o Supremo, levar o tribunal para a vala comum, fragilizar a instituição e estabelecer a nulidade da Corte, o ministro Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira, em entrevista no seu gabinete no início da noite, que o Brasil não é a Venezuela de Chávez, onde o mandatário, quando contrariado, mandou até prender juiz.

Gilmar acredita que por trás dessa estratégia está a tentativa de empurrar o julgamento do mensalão para pegar o STF num momento de transição, com três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão.

Gilmar, que afirma ter ótima relação pessoal com Lula, conta que se surpreendeu com a abordagem recente do ex-presidente na casa do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar afirma que há estresse em torno do julgamento do mensalão e diz que os envolvidos estão fazendo com que o julgamento já esteja em curso. Ironicamente, diz, as ações para abortar o julgamento estão tendo efeito de precipitá-lo.


O GLOBO:
Como foi a conversa com o presidente Lula?

GILMAR MENDES:
Começou de forma absolutamente normal. Aí eu percebi que ele entrava insistentemente com tema da CPMI, dizendo do controle, do poder que tinha. Na terceira ou quarta vez que ele falou, eu senti-me na obrigação de dizer pra ele: Eu não tenho nenhum temor de CPMI, eu não tenho nada com o Demóstenes.

Isso soou a ele como provocação?

GILMAR:
Isso. A reação dele foi voltar para a cadeira, tomou um susto. E aí ele disse: E a viagem a Berlim? Não tem essa história da viagem a Berlim? Aí eu percebi que tinha uma intriga no ar e fiz questão de esclarecer.

Antes disso ele tinha mencionado o mensalão?

GILMAR:
É. Aqui ocorreu uma conversa normal. Ele disse que não achava conveniente o julgamento e eu disse que não havia como o tribunal não julgar neste ano. Visões diferentes e sinceras. É natural que ele possa ter uma avaliação, um interesse de momento de julgamento.

Isso é indício de que o presidente Lula não se desprendeu do cargo?

GILMAR:
Não tenho condições de avaliar. Posso dizer é que ele é um ente político, vive isso 24 horas. E pode ser que ele esteja muito pressionado por quem está interessado no julgamento.

Na substituição de dois ministros, acha que as nomeações podem atender a um critério ideológico?

GILMAR:
É uma pressão que pode ocorrer sobre o governo. Toda minha defesa em relação ao julgamento ainda este semestre diz respeito ao tempo já adequado de tramitação desse processo. O presidente Ayres Britto tem falado que o processo está maduro. Por outro lado, a demora leva à ausência desses dois ministros que participaram do recebimento da denúncia e conhecem o processo, que leva à recomposição do tribunal sob essa forte tensão e pressão, o que pode ser altamente inconveniente para uma corte desse tipo, que cumpre papel de moderação.

A partir da publicação da conversa do presidente Lula com o senhor, os ministros do STF estariam pressionados a condenar os réus, para não parecer que estão a serviço de Lula?

GILMAR:
Não deve ser isso. O tribunal tem credibilidade suficiente para julgar com independência (...) O que me pareceu realmente heterodoxo, atípico, foi essa insistência na CPMI e na tentativa de me vincular a algo irregular. E de forma desinformada.

Quem está articulando o adiamento do mensalão dá um tiro no pé?

GILMAR:
Acho que sim. E talvez não reparar que o Brasil não é a Venezuela de Chávez... ele mandou até prender juiz. Um diferencial do Brasil é ter instituições estáveis e fortes. Veja a importância do tribunal em certos momentos. A gente poderia citar várias. O caso das ações policialescas é o exemplo mais evidente. A ação firme do tribunal é que libertou o governo do torniquete da polícia. Se olharmos a crise dos jogos, dos bingos, era um quadro de corrupção que envolvia o governo. E foi o Supremo que começou a declarar a inconstitucionalidade das leis estaduais e inclusive estabeleceu a súmula. Eu fui o propositor da súmula dos bingos.

Depois que o ministro Jobim o desmentiu, o senhor conversou com ele?

GILMAR:
Sim. O Jobim disse que o relato era falso. Eu disse: Não, o relato não é falso. A Veja compôs aquilo como uma colcha de retalhos, a partir de informações de várias pessoas, depois me procuraram. Óbvio que ela tem a interpretação. O fato na essência ocorreu. Não tenho histórico de mentira.

O julgamento já está em curso?

GILMAR:
Sim, de certa forma. Por ironia do destino, talvez essas tentativas de abortar o julgamento ou de retardá-lo acabou por precipitá-lo, ou torná-lo inevitável.

O momento é de crise?

GILMAR:
Está delicado. O país tem instituições fortes, isso nos permite resistir, avançar.

Tem uma ação deliberada de tumultuar processos em curso?

GILMAR:
Ah, sim.

Existe fixação da figura do senhor?

GILMAR:
Isso que é sintomático. Ficaram plantando notícias.

Qual o motivo disso?

GILMAR:
Tenho a impressão de que uma das razões deve ser a tentativa de nulificar as iniciativas do tribunal em relação ao julgamento desse caso.

Mas por que o senhor?

GILMAR:
Não sei. Eu vinha defendendo isso de forma muito enfática (o julgamento do mensalão o quanto antes). Desde o ano passado venho defendendo isso. O tribunal está passando por um momento muito complicado. Três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Isso enfraquece, debilita a liderança. Já é um poder em caráter descendente.

Um tribunal com ministros mais recentes é mais fraco que um com ministros mais experientes?

GILMAR:
Não é isso. Mas os ministros mais recentes obviamente ainda não têm a cultura do tribunal, tanto é que participam pouco do debate público, naturalmente.

Dizem que os réus do mensalão querem adiar o julgamento para depois das substituições.

GILMAR:
Esse é um ponto de ainda maior enfraquecimento do tribunal. Sempre que surge nova nomeação sempre vêm essas discussões acerca de compromissos, que tipo de compromissos teria aceito. Se tivermos esse julgamento, além do risco de prescrição no ano que vem, vamos trazer para esses colegas e o tribunal esta sobrecarga de suspeita.

Haverá suspeita se a indicação deles foi pautada pelo julgamento?

GILMAR:
Vai abrir uma discussão desse tipo, o que é altamente inconveniente nesse contexto.

O voto do senhor na época da denúncia não foi dos mais fortes...

GILMAR:
Não. É uma surpresa. Por que esse ataque a mim? Em matéria criminal, me enquadro entre os mais liberais. Inclusive arquei com o ônus de ser relator do processo do Palocci, com as críticas que vieram, fui contra o indiciamento do Mercadante, discuti fortemente o recebimento da denúncia do Genoino lá em Minas. Ninguém precisa me pedir cautela em termos de processo criminal. Combato o populismo judicial, especialmente esse em processos criminais, denuncio isso.

Todas as figuras que o senhor citou são petistas proeminentes. Por que querem atacar o senhor agora?

GILMAR:
Desde o início desse caso há uma sequência de boatos, valendo-se inclusive desse poder perverso, essa associação de vazamentos, Polícia Federal, acesso de CPI. Como fizeram com o (procurador-geral da República, Roberto) Gurgel, de certa forma.

Um ex-presidente empenhado em pressionar o STF não mostra alto grau de desespero com a possibilidade de condenação no mensalão?

GILMAR:
É difícil classificar. A minha indignação vem de que o próprio presidente poderia estar envolvido na divulgação de boatos. E a partir de desinformação, esse que é o problema.

Ele pode ter sido usado?

GILMAR:
Sim, a sobrecarga... Ele não está tendo tempo de trabalhar essas questões, está tratando da saúde. Alguém está levando esse tipo de informação. Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF. Pra que ficar cultivando esse tipo de mito? São historietas irresponsáveis. Qualquer agente administrativo saberia esclarecer isso.

Esses ataques não atingem o STF?

GILMAR:
Claro, evidente. O intuito, obviamente, não é só me atingir, é afetar a própria instituição, trazê-la para essa vala comum.

O Globo