O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira cortar a taxa básica de juros (Selic) de 9% ao ano para 8,5% ao ano.
Essa é a primeira reunião do colegiado em que os votos dos diretores passaram a ser revelados, para atender a Lei de Acesso à Informação. A decisão foi unânime, e não será desta vez que o resultado da votação será divulgado nominalmente.
"O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária", atesta o comunicado dos diretores divulgado após o encontro.
Outro fator inédito nesta reunião é que com a decisão, a nova regra para a remuneração da poupança foi acionada.
No início do mês passado, o governo anunciou que os novos depósitos na caderneta de poupança seriam remunerados não mais pela antiga fórmula - de 6% ao ano mais da taxa referencial (TR) - toda vez que a Selic caísse para 8,5% ao ano.
A partir de amanhã, os depósitos feitos nas cadernetas após o dia 4 de maio renderão 70% da taxa básica de juros mais a TR.
Com a mudança, a equipe econômica evitou que houvesse uma migração de aplicadores de fundos de investimento para a poupança (que tem isenção de Imposto de Renda para atrair os pequenos poupadores).
E deixou o caminho para o BC continuar a reduzir os juros.
O Banco Central aproveita uma janela de oportunidade para jogar os juros básicos no menor patamar da história. O antigo piso, de 8,75% ao ano, vigorou no auge da crise da bolha imobiliária americana em 2009.
A sétima queda seguida dos juros vem num cenário de crescimento lento aquém do esperado, inflação dentro da margem de tolerância do sistema de metas e perspectivas cada vez mais pessimistas em relação ao cenário internacional.
Para o economista da Corretora Votorantim, Roberto Padovani, se o Banco Central (BC) fosse seguir à risca a cartilha do sistema de metas para a inflação, não deveria cortar mais os juros porque a previsão do mercado para a inflação oficial está acima da meta de 4,5% neste ano.
No entanto, ele argumenta que os diretores têm mostrado uma tolerância maior com a inflação para não cometer o mesmo erro da crise anterior quando demoraram demais para estimular a economia e a consequência foi que o crescimento do país simplesmente travou.
- Banqueiros centrais do mundo inteiro têm sido mais sensíveis ao crescimento dada a gravidade da crise de 2008 e isso não significa abandonar o sistema de metas - pondera o analista.
No entanto, a previsão atual do BC é de inflação de 4,4% ao fim deste ano. E ainda há sinais de desaceleração por causa da crise como a queda do preço das commodities. Por isso, os índices estão sendo menores do que o previsto.
- Está tudo conspirando para o Banco Central continuar a cortar os juros e esse não é um movimento ousado analisou Sérgio Vale da MB Associados, que completou:
- A atividade está fraca e não vejo motivo de o Banco Central ser mais comedido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário