"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 16, 2014

MAIS UM TRUQUE : PESSIMILDO? ENTÃO TÁ ! Um mundo de pessimistas

As estimativas feitas por analistas de todos os matizes começam altas e vão sendo revistas, invariavelmente para baixo. Figuramos como lanternas em quaisquer avaliações

A campanha à reeleição se vale, dia sim, dia também, de mentiras e mistificações. Em seu discurso ufanista, classifica de "pessimistas" os que se encorajam a criticar o estado atual das coisas no país e a propor mudar o que aí está. Se assim fosse, os petistas deveriam dirigir sua artilharia ao mundo todo, que hoje desconfia do Brasil.

A economia brasileira protagoniza atualmente o papel de patinho feio no concerto internacional. Figuramos como lanternas em quaisquer avaliações e rankings de desempenho e crescimento que constantemente são divulgados por instituições sérias no mundo. O PT se acha mais respeitável que elas.

Ontem, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que reúne o grupo de países com maior desenvolvimento do globo, divulgou suas previsões para o desempenho de seus integrantes neste e no próximo anos. 

Adivinhem quem se sai pior na foto? O Brasil.

Segundo os prognósticos anunciados ontem, o reino do otimismo dilmista foi o país com maior redução nas previsões. Apenas quatro meses atrás, a OCDE acreditava que o PIB brasileiro cresceria 1,8% neste ano. Agora passou a prever que não passaremos de 0,3%. Foi o maior corte feito pela instituição. Para 2015, o prognóstico é igualmente desanimador: 
crescimento de apenas 1,4%, ante 2,3% previstos anteriormente.

Trata-se de um padrão. 
As estimativas feitas por analistas de todos os matizes começam altas e paulatinamente vão sendo revistas, invariavelmente para baixo. Como acontece, também, com o Boletim Focus, do Banco Central: um ano atrás, previa-se alta de 2,3% para o PIB em 2014, percentual agora cortado para o mesmo 0,3% estimado pela OCDE. O corolário sempre coincide: 
o fundo do poço em que hoje estamos.

O governo petista insiste em dizer – ou melhor, mentir – que o Brasil vai mal porque o mundo vai pior. Mas, no mesmo levantamento, a OCDE mostra que economias que sofreram abalos profundos com a crise nascida há exatos seis anos já se recuperaram e crescem hoje muito mais que a brasileira. O inferno está aqui dentro mesmo.

Outras economias se sairão bem melhor neste ano: 
alcançarão crescimento de desde 2,1%, caso dos Estados Unidos, até os 5,7% da Índia e os 7,4% da China, países tão emergentes quanto o Brasil, mas que, ao contrário de nós, vão de vento em popa. Só a economia italiana ficará pior que a brasileira no retrato.

Não se supera um problema se não se reconhece a sua existência. Pior ainda é tratar as dificuldades com cores propagandísticas e abordagem mistificadora, típicas da campanha eleitoral de Dilma Rousseff. 
Cabe perguntar: 
Afinal, quem são os pessimistas: 
os que apostam no país e se frustram ou os que o estão levando ao fundo do buraco?

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

O RISCO DO CACHACEIRO VIGARISTA SE PERDER A ELEIÇÃO

É muito provável que o ex-presidente Lula esteja vivendo o mais tormentoso período de sua vida política, porque pela primeira vez, desde que assumiu a Presidência da República, 12 anos atrás, percebe que o plano de perpetuação no poder existente nas raízes de seu partido ameaça ir por água abaixo.

Realmente, nunca Lula e o seu partido viveram antes incerteza igual à que se instalou no quadro político brasileiro com a morte do candidato Eduardo Campos e o consequente crescimento de Marina Silva. As coisas sempre transcorreram suaves para o Partido dos Trabalhadores desde que ganhou a primeira eleição que o levou ao Palácio do Planalto.

Houve um momento de risco, quando Lula disputava o segundo mandato, e se deu mal, muito mal, num debate pela televisão com outros candidatos. Naquela ocasião, amaldiçoou ele os assessores, em quem pôs a culpa, e permaneceu em estado de insegurança, mas não tão acentuada como a dos dias presentes.

Agora, é curioso perceber que a sua sucessora, a quem ele atribuía enorme competência, vem mostrando um despreparo de assustar, pois desde que assumiu o cargo atua de forma tão desastrosa que coloca o País no plano inclinado, ladeira abaixo. No exterior, principalmente, percebe-se que o Brasil encolhe de tamanho e perde credibilidade, sobretudo em face de dever muito mais do que dispõe nas reservas e de viver inflação alta com baixíssimo crescimento econômico.

É possível admitir que Lula realmente acreditasse na competência de Dilma Rousseff, mas agora, vendo suas atrapalhadas, talvez esteja arrependido da escolha feita quatro anos atrás. O pior é que não pode deixar transparecer isso, sob pena de fortalecer ainda mais os dois candidatos concorrentes.

Vê-se obrigado, enfim, a jogar todas as suas fichas em Dilma, porque essa é a única forma de salvar a própria pele. Ele sabe que eventual derrota dela poderá significar o ocaso da carreira política de ambos, bem como o encolhimento do Partido dos Trabalhadores e do sonho de perpetuação no poder, cujo objetivo final sempre pareceu ser fazer do Brasil uma enorme Cuba.

Não há exagero quando se afirma que o propósito dos petistas sempre foi realmente nos impor uma República popular e sindical governada pelo partido. Na visão petista, quem tem de mandar é o partido, e não "a elite branca e reacionária". Como parte principal do programa está a necessidade de disciplinar a imprensa, ou seja, torná-la dócil e obediente como a imprensa cubana.

Em Cuba há mais de 20 jornais de maior importância, porém em nenhum deles se lê notícia alguma sobre descontentamento dos seus habitantes. Tudo naquela ilha está uma maravilha e o que não está bom é culpa dos Estados Unidos. Lá foi totalmente sufocada a "elite branca e reacionária", aquela que no linguajar petista não aceita a participação do povo na missão de governar. Quem manda é o partido - e por isso mesmo a ilha, tão bonita, ficou pobre e sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento.

A elite incômoda, segundo os adeptos de Lula, precisará se submeter a necessárias modificações nas leis que regulamentam o exercício das atividades de comunicações no País. Sim, seria necessário fazer que obedeçam ao poder central e passem a divulgar o que interessa ao partido que está no poder, como ocorre em Cuba.

A pressão por tais mudanças transcorria nessa direção - inclusive com o estímulo de exemplos de sufocação de jornais na Venezuela, na Argentina e no Equador - até que a própria imprensa brasileira, a "elite branca e reacionária", passou a denunciar e a ridicularizar o plano.

Num país onde a imprensa é livre as forças totalitárias não conseguirão jamais manter-se no poder. Isso porque as injustiças e os desmandos, quando perpetrados, são denunciados para o grande público, o que provoca revolta e faz ampliar os ressentimentos contra os governantes.

Exemplo claro disso está na circunstância de o Partido dos Trabalhadores haver transformado a Petrobrás, a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo, num cabidão de empregos e de negócios sujos. Ali, atividades que deveriam ser exercidas unicamente por pessoas comprovadamente habilitadas acabaram delegadas a apaniguados políticos, com voo livre para atos de corrupção e de enriquecimento pessoal.

Isso teve começo quando Lula era presidente da República, mas Dilma Rousseff estava lá e agora procura figurar como inocente ou desinformada, circunstância que faz lembrar o milenar princípio jurídico, insculpido em nosso Código Penal, de que existe crime tanto por ação como por omissão.

Algumas pessoas conseguem escapar da penalidade por omissão, como o próprio Lula no caso do mensalão, em que autorizou pelo consentimento tácito o avanço no dinheiro público para seduzir os congressistas e fazê-los aprovar as leis de interesse do programa político petista de perpetuação no poder.

Dilma também está escapando, mas tão somente quanto ao aspecto penal. Do ponto de vista político e eleitoral tornou-se evidente que os exemplos de corrupção na Petrobrás a atingem em cheio, sobretudo agora, quando é candidata de si mesmo e tem de contar com as próprias pernas. Na eleição anterior Dilma era tão somente a figura feminina de Lula e ganhou a eleição sem fazer nenhum esforço.

No momento presente o quadro é outro e para sair vitoriosa a candidata à reeleição precisa demonstrar melhor preparo do que seus dois principais concorrentes - e isso não está nada fácil, pois o que a atrapalha é o seu próprio despreparo. Não há como esconder que a sua gestão na Presidência da República está afundando o Brasil. Nós hoje somos muito menores e menos importantes do que dez anos atrás.

*Aloísio de Toledo César é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo. Email: aloisio.parana@gmail.com 
O risco de Lula se perder a eleição

O brasil maravilha DO CACHACEIRO VELHACO E PRESIDENTA DE RABEIRA : Brasil na rabeira do mundo

O Brasil está pronto para um novo ciclo de crescimento, insistem a presidente Dilma Rousseff e seu ministro provisório da Fazenda, Guido Mantega, demitido, mas ainda sem baixa na carteira. Falta avisar o pessoal da indústria, do mercado financeiro e das entidades internacionais. Fora do mundo mágico do governo brasileiro, as expectativas são muito menos otimistas. O crescimento ficará em 0,33% neste ano e 1,04% no próximo, segundo a última pesquisa do Banco Central (BC) entre economistas de instituições financeiras e de consultorias. 

A projeção para 2014 foi reduzida pela 16.ª semana consecutiva. Foram cortadas também as estimativas elaboradas pelos técnicos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O número calculado para 2014 passou de 1,8% para 0,3%. O previsto para 2015 foi de 2,2% para 1,4%. As expectativas agora revistas haviam sido publicadas em maio.

Na semana passada a Moody's, uma das principais agências de classificação de risco, anunciou uma possível piora da nota de crédito do Brasil, nos próximos meses. A nota foi por enquanto mantida, mas a perspectiva foi rebaixada de estável para negativa. O baixo crescimento da atividade, com perspectiva de estagnação prolongada, foi incluído entre as explicações da reavaliação. 

A Confederação Nacional da Indústria já havia alterado de 1,8% para 1% o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) esperado para 2014. Para o produto industrial foi apontada uma contração de 0,5%. Pelo cenário anterior, de março, haveria uma expansão de 1,7%.

Na última pesquisa conduzida no mercado pelo BC, publicada nessa segunda-feira, a mediana das projeções para o produto da indústria foi igual à da semana anterior, uma redução de 1,98%. Quatro semanas antes a previsão, já negativa, indicava uma diminuição de 1,76%.

As novas estimativas da OCDE para o Brasil foram publicadas juntamente com uma revisão geral das projeções para a economia mundial. O cenário é menos positivo que o do relatório anterior, divulgado em maio, mas a análise aponta a continuidade da recuperação global. O ritmo geral é moderado e as perspectivas são desiguais entre regiões, mas o Brasil se destaca entre os países com piores perspectivas.

Segundo as novas estimativas, a economia americana crescerá 2,1% neste ano e 3,1% no próximo. O número calculado para este ano corresponde a sete vezes o estimado para o Brasil. O previsto para 2015 é mais que o dobro do esperado para a economia brasileira.

A projeção geral para a zona do euro indica expansão de 0,8% em 2014 e 1,1% para 2015. A maior e mais sólida economia da área, a alemã, continuará com desempenho acima da média, com crescimento de 1,5% em cada um dos dois anos. Na União Europeia, mas fora da zona do euro, o destaque principal é o Reino Unido, com crescimento estimado de 3,1% em 2014 e 2,8% em 2015.

O desempenho brasileiro fica ainda mais miserável quando comparado com o de outros emergentes. Os novos cálculos apontam expansão, neste ano e no próximo, de 7,4% e 7,3% para a China e de 5,7% e 5,9% para a Índia. Outros latino-americanos, dentro e fora da OCDE, também devem exibir números melhores que os do Brasil, nestes dois anos, apesar de alguma desaceleração. Ao explicar a piora das estimativas para o Brasil, o pessoal da OCDE mencionou o baixo investimento. 

Crescimento a longo prazo, sabem esses economistas, só com investimento e ganhos de produtividade. As autoridades brasileiras continuam dando prioridade ao consumo.

O governo brasileiro continua atribuindo as dificuldades nacionais aos problemas da economia global, mas o ministro provisório da Fazenda tem acrescentado um novo fator, a alta de juros e a piora das condições internas de crédito. 
O BC, portanto, também tem parte da culpa. 
Na falta de algo melhor para dizer, o ministro em exercício prometeu: 
o crescimento anual médio do Brasil, entre 2008 e 2014, ficará entre 2,7% e 2,8%. 
E algum governo de grande país em desenvolvimento, como o Brasil, pode orgulhar-se desse resultado?

O Estado de Sao Paulo