"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 13, 2012

O MUSEU DO CACHAÇA E ETC.


Não satisfeito em dominar o presente, o PT prepara-se para tentar reescrever o passado. Farto dinheiro público será destinado a construir no ABC paulista um museu de adoração ao metalúrgico que se tornou presidente da República.

Em paralelo, o partido que pior convive com críticas investe em cercear os meios de comunicação, por todos os meios.


O Ministério da Cultura vai dar R$ 14,4 milhões para que a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) erga o museu do Lula, oficialmente batizado de Museu do Trabalho e do Trabalhador.

Outros R$ 3,6 milhões serão investidos pela prefeitura local, comandada pelo petista Luiz Marinho.


"É evidente que ele (Lula) terá uma presença muito forte. Queremos que o visitante se sinta como se estivesse dentro das assembleias de metalúrgicos", admitiu o prefeito, segundo a Folha de S.Paulo.
Recursos audiovisuais vão reproduzir o ambiente dos comícios sindicais dos anos 1970 e 1980.

O museu do Lula é uma das raras iniciativas da pouco operosa ministra Ana de Hollanda. E mais um dos muitos mimos do governo petista a São Bernardo desde que Marinho foi eleito:
na gestão Dilma Rousseff, a cidade-berço do PT é a mais beneficiada por repasses federais feitos por meio de convênios.

É a onipresente política dos amigos do rei praticada pelo petismo.


"Em 2008, antes de Marinho assumir, a cidade recebeu apenas R$ 5,5 milhões. O repasse de recursos para São Bernardo começou a crescer em 2010, quando passou para R$ 59,5 milhões", relata O Globo.
Vale dizer que, antes do petista, o município era comandado por um ferrenho opositor do PT, William Dib, hoje deputado pelo PSDB.

Mas a tentativa de reescrever a história com a pena petista não se resume à iniciativa de São Bernardo. Também passa pela instalação do "Museu da Democracia", que o Instituto Lula quer construir no centro de São Paulo num terreno público avaliado em R$ 20 milhões.

Aliás, o culto à personalidade do metalúrgico-presidente também não é novidade no distorcido padrão de conduta petista. Basta lembrar que um dos campos de petróleo da Bacia de Santos foi singelamente batizado de "Lula", como se se referisse, inocentemente, ao molusco.

É certo que, tanto em relação ao "trabalho e ao trabalhador", quanto à "democracia", o PT foi apenas um dos protagonistas da história brasileira. No caso da última, com muitas ressalvas - como na recusa a sufragar Tancredo Neves no colégio eleitoral, a assinar a Constituição de 1988, a apoiar o Plano Real, a sustentar o governo de Itamar Franco...

Enquanto se ocupa de tingir o passado com as cores que lhe convém, o PT avança sobre os registros do presente. É o que acontece, agora, nos preâmbulos da CPI do Cachoeira:
o partido de Lula, Dilma e José Dirceu quer aproveitar a investigação para tentar fazer prosperar sua obtusa tese d controle da mídia.
Nota divulgada ontem pela cúpula do PT defende "a urgência de uma regulação que, preservada a liberdade de imprensa e livre expressão de pensamento, amplie o direito social à informação".

Segundo o documento, trata-se de "questão sempre destacada em nossas campanhas".


É verdade:
basta surgir o risco de que mais podres do partido venham à tona - seja por meio da investigação regular do Parlamento, seja pelo trabalho lícito da imprensa - que o petismo corre para sacar suas armas, ameaçando amordaçar os meios de comunicação. Por que tanto horror à luz?


Investigar a imprensa não é o que está em jogo.
Cerceá-la, muito menos.
O que se pretende com a CPI é uma apuração ampla da teia de desvios montada por um contraventor dentro do aparato do Estado.


Mas a intenção do petismo é desviar o foco do que interessa.
O PT está empenhado mesmo é em reescrever a história, e não só de Lula ou do sindicalismo, mas do gigantesco esquema de corrupção que ficará conhecido, para todo o sempre, como mensalão.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O museu do Lula

E NA CASA DA CASTA SUJA : TELHADO DE VIDRO ! QUEM TEM MEDO DE INVESTIGAR DEMÓSTENES?

Em uma sessão em que o acusado, Demóstenes Torres (sem partido-GO), apareceu de surpresa, o Conselho de Ética do Senado viveu ontem uma situação constrangedora: cinco senadores sorteados para a relatoria do processo por quebra de decoro contra o parlamentar goiano recusaram a tarefa.

Após as negativas, o senador Humberto Costa (PT-PE) aceitou a função.
Apesar de ressaltar que respeitará o regimento do Senado e a Constituição, o petista afirmou que o julgamento será político, e não uma batalha jurídica.

Antes, o PMDB já havia se recusado a assumir a presidência do conselho, o que lhe cabe por ser a maior bancada. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) assumiu o cargo por ser o mais velho e, enquanto estava como interino, decidiu aceitar o pedido do PSOL e abrir o processo contra Demóstenes.

Usando seu domínio do regimento interno do Senado e sua experiência de jurista, Demóstenes questionou a legitimidade de Valadares, que não havia sido eleito. Temendo uma posterior tentativa de anulação das decisões do conselho, os senadores elegeram Valadares por 12 votos a favor e uma abstenção.

Após semanas se escondendo, Demóstenes entrou no plenário do conselho com aparência serena e sorridente; apertou a mão de cada um dos colegas, embora não tenha encarado ninguém, de acordo com relato de senadores.

Em poucas palavras, falando pela primeira vez desde o estouro das denúncias, disse que é inocente e que se defenderá. Primeiro, por escrito, no prazo de dez dias úteis, e durante o processo, fará sustentação oral, no conselho:
- O que tem que ser feito judicialmente será feito, mas aqui eu quero me defender no mérito. Quero provar minha inocência no mérito. Até agora, não tive oportunidade de me defender e o foro competente é esse. E eu o farei. Farei e provarei que sou inocente.

Dos cinco senadores sorteados para assumir a relatoria e que recusaram a tarefa, três têm pendências judiciais:
Renan Calheiros (PMDB-AL),
Romero Jucá (PMDB-RR)
e Gim Argello (PTB-DF).
O cargo de relator do Conselho de Ética é considerado uma vidraça e também uma função espinhosa.

O primeiro sorteado foi Lobão Filho (PMDB-MA), que está no exterior, mas seu líder, Renan, se apressou em defendê-lo:
- O senador Lobão Filho pediu para dizer, nessa hipótese (de ser sorteado), ele não quer, não aceita, declina.

O segundo escolhido ao acaso foi o líder do PTB, Gim Argello:
- Por questão de foro íntimo, eu declino - reagiu, de imediato, explicando mais tarde que teve embates com Demóstenes no passado e, na sua opinião, não faria sentido julgá-lo agora, e ainda fazendo chiste:
- Prêmio de loteria eu não ganho!.

Na sequência, Ciro Nogueira (PTB-PI), que não estava presente, foi escolhido relator. Contatado por telefone, disse que não aceitava.

O sorteado seguinte foi Jucá, que também foi rápido na recusa, com o mesmo argumento de teve muitos embates com Demóstenes:

- Por questão de foro íntimo, eu declino. Eu me bati com ele o tempo todo.
Poderia parecer retaliação.

Depois, foi a vez de Renan, que repetiu o batido "por questão de foro íntimo, eu declino", alegando depois que também teve muitos enfrentamentos com Demóstenes durante os processos que ele próprio enfrentou, por quebra de decoro.

Finalmente o nome do petista Humberto Costa (PE) foi sorteado e aceitou a relatoria, minimizando a recusa de cinco colegas:
- São pessoas que tiveram algum tipo de enfrentamento (com Demóstenes) e qualquer atitude poderia ser encarada como retaliação. Outros, por constrangimento.

O presidente do conselho afirmou que o colegiado agirá com seriedade, mas sem perseguição.

- Aqui não é um tribunal inquisitório e o presidente nem o relator podem ser considerados carrascos - afirmou Valadares. - Há um clima de total frieza, constrangimento e decepção, uma vez que (Demóstenes) era uma das figuras mais proeminentes do Senado, um homem acima de qualquer suspeita.

Relator deixou ministério em meio a escândalo

Ministro da Saúde no governo Lula, Humberto Costa deixou o cargo em meio ao escândalo da máfia dos vampiros, que desviou cerca de R$ 2 bilhões na compra de remédios superfaturados. Acusado de formação de quadrilha e corrupção passiva, foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 5 Região por falta de provas.

Ex-líder do PT no Senado, Costa foi cotado para concorrer à prefeitura do Recife, mas o partido lançou o deputado licenciado Maurício Rands, que disputará prévias com o prefeito, João da Costa, também petista.

O presidente do Conselho de Ética, pediu serenidade ao petista na elaboração de seu parecer sobre Demóstenes:
- O ser humano merece respeito, mesmo que tenha se desviado na conduta pública.

Fernanda Krakovics O Globo

Delta é empreiteira n 1 do PAC

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Citada nos grampos da Operação Monte Carlo, a empreiteira número um do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recebeu, no ano passado, R$ 884,4 milhões da União. O volume de recursos do governo federal para a Delta Construções cresceu 1.417%, de 2003 até 2011, em valores corrigidos pelo IPCA.

De 1 de janeiro até anteontem, a Delta recebeu R$ 156,8 milhões - dos quais R$ 156 milhões destinados às obras do PAC. Em 2007, 2009 e 2011, a Delta foi a principal empreiteira do programa mais emblemático dos governos Lula e Dilma. O Departamento Nacional de Transportes (Dnit) é o principal cliente no governo: recebeu R$ 138,5 milhões este ano.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse ontem que as denúncias envolvendo a Delta Construções, maior empreiteira do PAC, têm de ser investigadas.

- Isso vai ser investigado. De qualquer maneira, qualquer irregularidade terá de ser corrigida, como a gente sempre faz cada vez que elas são identificadas - disse a ministra, após cerimônia de assinatura de convênios do programa Minha Casa Minha Vida.

Com cerca de 300 contratos no setor de construções em 23 estados do país e no Distrito Federal, a Delta cresceu 533% apenas no governo Sérgio Cabral (PMDB), no Rio, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem). Em 2007, a empresa teve empenhos de R$ 67,2 milhões, enquanto, em 2010, ano em que Cabral foi reeleito, o montante chegou a R$ 554,8 milhões, sendo R$ 127,3 milhões (22%) sem licitação.

Em 2011, a Delta recebeu do governo Cabral R$ 358,5 milhões, sendo R$ 72,7 milhões (20%) sem passar por concorrência pública. Este ano, já são R$ 138,4 milhões empenhados. Os valores do Siafem não incluem as obras do Maracanã, onde a Delta faz parte do consórcio. O projeto foi orçado em R$ 859,9 milhões. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de irregularidades no processo de licitação para a Copa do Mundo de 2014.

A empreiteira, que surgiu em Recife, na década de 60, chegou ao Rio de Janeiro no governo Anthony Garotinho, em 1999. Desde então, mantém relações com políticos de vários partidos. Nas últimas eleições, a Delta doou R$ 2,3 milhões aos comitês do PT e do PMDB - R$ 1.150.000 para cada partido.

Em 2011, primeiro ano do mandato do governador Agnelo Queiroz, os gastos do governo do Distrito Federal com a Delta aumentaram 453%. Passaram de R$ 16,1 milhões em 2010 para R$ 89,3 milhões no ano seguinte. A maior parte - R$ 88,9 milhões - saiu do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e correspondeu a 57% dos desembolsos totais da estatal.

Gravações da Polícia Federal (PF) mostram que em janeiro do ano passado, no começo do governo Agnelo, o ex-diretor regional da Delta para o Centro-Oeste Cláudio Abreu ligou para o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, para conversar sobre nomeação para o comando do SLU. Abreu e Dadá são dois dos principais integrantes da organização do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro.

A Delta também conseguiu contratos milionários com o governo de Goiás. Foram R$ 47,4 milhões pagos em 2010, valor que subiu um pouco em 2011, para R$ 48, 5 milhões. Segundo a PF, a Delta transferiu dezenas de milhares de reais para empresas de fachada controladas por Carlinhos Cachoeira.

Procurada, a Delta não se manifestou.

Maiá Menezes, Cássio Bruno e André de Souza O Globo