"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 09, 2011

AINDA PARA O "BRASIL SEGUIR MUDANDO" : AS CAPITAIS DA INFLAÇÃO

Quatro cidades rompem o teto da meta, de 6,5%, perseguida pelo BC e puxam a carestia. Brasília é a 3ª mais cara

Em quatro das principais cidades brasileiras, a inflação estourou a barreira do tolerável no período de 12 meses e disparou além do que o Banco Central previa para todo o país. Brasília, Fortaleza, Curitiba e Belo Horizonte superaram o teto da meta, de 6,5%.
Com isso, essas localidades estão ditando o ritmo da carestia no país.


O restante das regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caminha a passos largos rumo a esse patamar.
A capital cearense é a recordista até o momento.
Lá, o custo de vida encareceu 7,88%.
A capital federal aparece em terceiro, com elevação de 7,53%.


Enquanto a autoridade monetária esperava para o país uma inflação acima de 6,5% — no acumulado de 12 meses — apenas no fim do primeiro semestre, os consumidores das quatro capitais com maior inflação estão convivendo com um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nas alturas.
Para esses brasileiros, o dragão ressuscitou.


E pior:
as medidas macroprudenciais (alternativas a aumentos de juros) do governo tentando conter a demanda e corrigir os rumos da economia não estão conseguindo conter o aumento do custo de vida. Elas apenas encareceram financiamentos.

Como o Correio mostrou em reportagem de 27 de março, a escalada inflacionária deste início de ano também está ressuscitando velhos hábitos do período em que os preços estavam descontrolados ao extremo.
As polêmicas maquininhas de remarcação de preços voltaram à cena.

Os freezers, usados para congelar as promoções, também retornam, aos poucos, à vida de brasilienses, curitibanos, belo horizontinos e fortalezenses.
Em Curitiba, a inflação em 12 meses, até março, chegou a 7,75%.
Em Belo Horizonte, a meta foi batida no mês passado, quando a cidade chegou aos 6,51% de carestia.

Campeãs dos preços*

Município - Em %

Fortaleza (CE) - 7,88
Curitiba (PR) - 7,75
Brasília (DF) - 7,53
Belo Horizonte (MG) - 6,51
São Paulo (SP) - 6,40
Goiânia (GO) - 6,25
Rio de Janeiro (RJ) - 6,09
Salvador (BA) - 5,68
Belém (PA) - 5,58
Recife (PE) - 5,26
Porto Alegre (RS) - 5,11

* No acumulado de 12 meses

Fonte: IBGE/IPCA

Victor Martins Correio Braziliense

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PERVERTIDA.


Memória
O desvio e o mau uso de recursos destinados à reparação de localidades atingidas por catástrofes naturais têm sido frequentes. Na tragédia de Santa Catarina, por exemplo, que teve cidades devastadas pela chuva há dois anos, os recursos enviados pelo governo federal foram usados para outras finalidades ou simplesmente desapareceram.

Em julho do ano passado, 15 cidades alagoanas receberam um total de R$ 275 milhões da União depois de terem sido atingidas por enchente que castigou o estado. No entanto, a população dos municípios atingidos não viu a cor do dinheiro procedente do governo federal. Escolas, postos de saúde, prédios públicos e até estações de trens continuavam destruídos sete meses depois das fortes chuvas, conforme verificou a reportagem do Correio.
\Outro caso emblemático da má aplicação dos recursos foi verificado na cidade de Mineiros (GO), a 384km de Brasília. Por lá, a quantia de R$ 1,5 milhão liberada às pressas pelo Ministério da Integração para a reconstrução de acessos destruídos pela chuva não resultou em melhorias na infraestrutura da cidade.

Além de pontes e estradas continuarem danificadas, parte do recurso recebido pelo município acabou usada para a contratação da empreiteira que doou, segundo consta nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), R$ 8 mil para a campanha a deputado estadual de Aderaldo Barcelos (PSDB), o marido da prefeita.