"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 27, 2012

E NA CASA DA OBSCURIDADE, OCIOSIDADE E CÍRCULOS VICIOSOS : Senado volta a contratar FGV sem licitação para realizar concurso

Contratada sem licitação, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve arrecadar cerca de R$ 15 milhões com as inscrições para o concurso do Senado.

A alegação do Senado é que a contratação direta da entidade se deve à necessidade de "reposição imediata" de parte das 650 aposentadorias ocorridas desde 2008.

Serão preenchidas 246 vagas, além das que estão ocupadas por 3.174 servidores efetivos, 3053 comissionados e os 3 mil terceirizados. O valor total das inscrições será da FGV.

Chega-se aos R$ 15 milhões, pela estimativa da Casa de que 80 mil pessoas se inscreverão pagando os seguintes preços: os que disputarem as 104 vagas do nível médio, com salário inicial de R$ 13.833,64, pagarão R$ 180.

Os concorrentes das 133 vagas de nível superior de analista legislativo, salário de R$ 18.440,64, pagarão a inscrição no valor de R$ 190. E é de R$ 200 o preço da inscrição na disputa do maior salário, de R$ 23.826,57, para as 9 vagas de consultor.

Procurados, Senado e FGV não quiseram se manifestar. A entidade não retornou a ligação e na Casa prevalece a informação de que somente o presidente da comissão responsável pelo concurso, Davi Anjos Paiva, pode falar do assunto.

Com um detalhe: o órgão de imprensa tem de aguardar a ligação de Paiva, o que não ocorreu.

As provas serão realizadas dia 11 de março, podendo o candidato fazer as provas para os cargos de ensino médio é a de consultor pela manhã e a de analista à tarde, o que deve aumentar a arrecadação da FGV.

Até agora, a Diretoria-Geral do Senado publicou sete retificações aos editais do concurso sobre a mudança de termos ou de normas.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) pediu esclarecimentos sobre vários pontos do concurso, entre eles o valor da inscrição que considerou "elevada" e a dispensa de licitação. Ela considerou "vagas" as respostas prestadas por Davi Paiva.

Ele afirma que o valor da inscrição foi calculado "levando-se em consideração os altos custos provenientes da realização do certame em todas as capitais". Diz ainda que "candidatos hipossuficientes" (carentes) podem se escreve gratuitamente.

Sobre a contratação direta da FGV, informa que com a "realização do processo licitatório, além da demora, corria-se o risco de contratar instituição sem a tarimba necessária para prestar o serviço, o que poderia ser prejudicial ao Senado".

É praxe no Senado contratar a FGV sem licitação. Em 1995, na primeira gestão do senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa, a FGV foi contratada por R$ 882 mil - o que equivaleria hoje pela atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) R$ 2,87 milhões - para fazer uma reforma administrativa na Casa.

O dinheiro foi pago em quatro parcelas, mas não houve sinal de execução da tal reforma. Em 2009, novamente com Sarney, a FGV voltou a ser contratada para fazer outra reforma, mas a proposta apresentada não agradou.

E o texto que propõe mudanças na estrutura da Casa, e que será votado em fevereiro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi feito por servidores da Casa.

AO GOSTO DO 'FREGUÊS' - EMPREGO/DESEMPREGO : o brasil maravilha com "marquetingue" e O REAL SEM MARKETING .

As diferenças entre Caged e a pesquisa do IBGE

Na última quarta-feira, o Ministério do Trabalho anunciou que foram criadas 1,9 milhão de vagas formais em 2011, um número 25% menor do que o de 2010. Apesar da criação de postos de trabalho, o desempenho foi pior.

Ontem, a Pesquisa Mensal de Emprego, calculada pelo IBGE, mostrou que a taxa de desemprego alcançou seu menor patamar desde 2002, 4,7% em dezembro.

A aparente incoerência entre dados do mercado de trabalho não existe. Há diferenças claras entre as duas medições que explicam o número diferente.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregos (Caged), do Ministério do Trabalho, é um registro administrativo. Mede os contratados com carteira de trabalho assinada e em todo o território nacional.

A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE tem abrangência geográfica menor, só alcançando seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Porto Alegre). Além disso, investiga o emprego sem carteira assinada e os conta-própria.


brasil maravilha com "marquetingue" :

O mercado de trabalho brasileiro bateu todos os recordes em 2011. A taxa de desemprego de dezembro, divulgada ontem pelo IBGE, chegou a 4,7%, a menor desde que começou a série histórica da pesquisa, em março de 2002.

A taxa média anual também foi a menor, 6%, frente a 6,7% de 2010, mesmo com o crescimento menor da economia no ano passado. O rendimento, apesar da inflação mais alta em 2011, teve ganho real de 2,7%, chegando ao seu maior nível: R$1.625,46.

A parcela de empregados com carteira assinada também alcançou seu melhor patamar: 48,5% dos trabalhadores.

- São recordes que vêm acompanhados de aumento na qualidade do trabalho. Em um momento de recessão, pode até haver aumento da ocupação, mas costuma vir acompanhada de informalidade e redução nos rendimentos. Não é o caso - afirmou o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo.

(...)

EUA têm taxa de 8,5%. No Coreia, 3%

Na comparação internacional, o Brasil se destaca, com um nível de desemprego bem inferior ao dos Estados Unidos (8,3%), da zona do Euro (10,3%) e até dos vizinhos Argentina (7,4%) e Chile (7,2%). Mas, na Coreia do Sul, a taxa é bem inferior: 3%.


Brasil Real Sem Marketing :

BRASÍLIA, 24 Jan (Reuters) -

Como reflexo do arrefecimento da atividade econômica, a geração de empregos formais no Brasil recuou pouco mais de 25 por cento em 2011 e ficou abaixo da estimativa do próprio governo, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira.

Depois de fechar 408.172 postos de trabalho em dezembro, o ano terminou com 1.944.560 novos empregos criados com carteira assinada, pior desempenho desde 2009, ano afetado pela crise internacional e quando a abertura superou os fechamentos em 1,398 milhão de postos no Brasil. Em 2010, haviam sido criados pouco mais de 2,6 milhões de novos postos.

A última previsão da pasta era de que seriam abertas 2,4 milhões novas vagas em 2011. Essa expectativa foi deteriorando-se ao longo do ano passado com o agravamento da crise.

O ministério chegou a projetar a abertura de 3 milhões de empregos neste ano.

O ministério informou que o setor que mais contribuiu com a abertura de postos em 2011 foi o de serviços, com 925.537 novos empregos. Em seguida aparecem comércio, com 452.077, e construção civil, com 222.897 postos.

NEGATIVO

O resultado de dezembro é o pior para o mês desde 2009, quando haviam sido fechadas 415.192 vagas.

Tradicionalmente, o último mês do ano são demitidas mais pessoas do que contratadas por conta de entressafra agrícola, término do ciclo escolar, e queda no consumo no final do ano.

Entre os 25 setores analisados pelo Ministério, houve mais contratações do que demissões em dezembro apenas entre instituições financeiras, serviços médicos e odontológicos, e extrativa mineral.

As maiores quedas do emprego ocorreram nos setores de indústria de Transformação, com fechamento de 146.004 postos, e serviços, com um saldo negativo de 84.096 empregos.

Até 2008, a média mensal no último mês do ano era de cerca de 300 mil fechamentos de postos de trabalho fechados.

Em dezembro de 2008, foram cortados 655 mil postos. Desde então, os saldos negativos passaram a superar a casa de 400 mil.

MAIS :

De volta à fila do desemprego

CASA DA CASTA E OCIOSIDADE : Salário de nível médio do Senado mais parece de nível superior

O salário de R$ 13.833 que o Senado está oferecendo para nível médio no concurso, marcado para o dia 11 de março, representa quase sete vezes a média do contracheque pago a quem ingressa no Executivo com a mesma escolaridade, que varia entre R$ 2.000 e R$ 2.500 (nas estatais).

São 104 vagas e quem conseguir passar nas provas vai receber o equivalente a quem tem doutorado na Fiocruz, no Instituto Evandro Chagas, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e no Inmetro, por exemplo.

É praticamente o mesmo salário auferido por servidores do Executivo, com curso superior nas chamadas carreiras de Estado, como advogado da União, procurador, auditor fiscal e diplomata, segundo dados do Ministério do Planejamento.

A remuneração paga pelo Senado no nível médio é ainda, disparado, a melhor se for comparada aos maiores contracheques iniciais para este nível nas agências reguladoras, que está na casa dos R$ 4.900.

Veja a comparação em
Salário de nível médio do Senado mais parece de nível superior

brasil e Rio maravilha(deles) : Mídia mundial apreensiva por Copa e Olimpíadas

O desabamento de três prédios no coração do Rio de Janeiro foi notícia no mundo inteiro, provocando questionamentos sobre a cidade que vai sediar nos próximos anos a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.

Em matéria sobre o caso, o "Wall Street Journal" afirma que a tragédia chama a atenção "para a infraestrutura caindo aos pedaços da cidade que se prepara para abrigar dois eventos esportivos internacionais":

 Repercussão da tragédia na edição eletrônica do Wall Street Journal Foto: Reprodução de internet
"Os aeroportos, avenidas e outras infraestruturas da cidade estão envelhecidos, e sofreram com a falta de cuidados durante as décadas de fraco crescimento econômico. As autoridades esperam que, com os eventos esportivos e o boom da economia, possam dar uma revitalizada na cidade litorânea", diz o jornal, lembrando ainda que o Rio vem sofrendo uma série de explosões ligadas a vazamento de gás.

O site internacional da BBC aposta no mesmo tom, mostrando preocupação pelo "estado da infraestrutura do Rio, enquanto o Brasil se prepara para receber dois eventos esportivos de grande porte".

Em seu site, o "Washington Post" montou uma fotogaleria com 15 imagens da tragédia, com o título simples e direto:
"Prédios do Rio de Janeiro desabam".

Ao lado das imagens de escombros e buscas por sobreviventes, o jornal assinalava que corpos haviam sido encontrados, mas 21 pessoas continuavam desaparecidas.

O site do britânico "The Guardian" exibia um vídeo de um minuto, destacando que algumas pessoas que passavam pelo local sentiram um forte cheiro de gás após a queda dos edifícios.


O "Le Monde" também optou por uma fotogaleria, afirmando que "o desabamento de três prédios deu um ar de campo de guerra ao bairro histórico do Rio de Janeiro". O jornal francês informou ainda que a região é muito frequentada durante o dia, mas fica quase deserta à noite.

Em matéria intitulada "Cinco mortos e desaparecidos no desabamento de três prédios no Rio de Janeiro", o argentino "Clarín" diz que as causas da tragédia ainda são desconhecidas, mas informa que as investigações se concentram principalmente na possibilidade de problemas estruturais nas construções.

A notícia ganhou a manchete da seção internacional do site chileno Emol, com a matéria "Sobe para cinco o número de mortos por desabamento de três edifícios no Rio".


A notícia ganhou destaque até mesmo na TV russa Primeiro Canal.
Em matéria de um minuto, o apresentador afirmou que o prédios desabaram após uma explosão.

O Globo


COM A FACA NOS DENTES

Partidos da base de apoio de Dilma Rousseff voltaram a expor a luta renhida que travam por nacos de poder.

PT, PMDB, PSB e PP estão, novamente, envolvidos em casos escabrosos de disputa por porções do Estado para uso político-partidário.

Pelo que, afinal, brigam tanto?
Pelo bem do país é que não é.


A crise do momento foi detonada depois que um afilhado político do líder do PMDB na Câmara foi posto sob suspeita de malversação de dinheiro público.

Trata-se de irregularidades milionárias cometidas de forma recorrente nos últimos anos no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), da alçada do Ministério da Integração Nacional.


Uma cabeça já rolou e outras estão ameaçadas de cair. Fala-se agora em mudar toda a estrutura subordinada à Integração, desde o Dnocs à Sudene, passando pela Codevasf.

Mas o que poderia ser uma evolução em direção a uma maior eficiência da máquina pública revela-se mera briga por feudos. A sensação é de um regresso à era medieval.


Especificamente neste imbróglio, se engalfinham os peemedebistas, o PSB do ministro da Integração e o Planalto. Pouco interesse eles mostraram pelas falcatruas em si, tratadas como mero "fogo amigo", percalços de um governo naturalmente fatiado.

Pouco se interessaram em perceber que o órgão de obras contra as secas mal atua para atenuá-las.


O Globo mostra hoje(26/1) a penúria em que vivem municípios nordestinos afetados pela falta d'água. Do Dnocs que tanta sanha provoca nos políticos aliados ao petismo, as populações pouca atenção recebem, na forma de esporádicos caminhões-pipa, se tanto.

Enquanto isso, no extremo sul do país agonizam cidades gaúchas e catarinenses castigadas por estiagem severíssima, sem apoio algum.


Este é apenas "mais um capítulo da conhecida novela da degradação da administração pública causada pela norma lulopetista de barganhar cargos pela via do fisiologismo, do toma lá dá cá", resume o jornal em editorial na edição de hoje(26/1).

Não é só na Integração Nacional que a barganha rola solta. Também na saúde, comensais do governo petista atracam-se na lama. Lá o que PT e PMDB disputam é o butim da Funasa.

Os peemedebistas estão contrariados por perder poder desde que Alexandre Padilha assumiu o ministério. Melhorias efetivas no órgão de orçamento polpudo e alta capilaridade? São desconhecidas.


Neste caldo de enfrentamento, uma declaração do líder do PMDB, padrinho dos caciques do Dnocs defenestrados ou em processo de defenestração, resume bem os valores e o ânimo que movem este governo e seus "aliados".

"O governo vai brigar com metade da República, com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente da República, 80 deputados, 20 senadores? Vai brigar por causa disso? Por que faria isso?", disse Henrique Eduardo Alves à Folha de S.Paulo.

Ele pôs a faca nos dentes para, em seguida, lembrar o envolvimento dos ministros petistas Fernando Pimentel e Paulo Bernardo em escândalos que o PMDB ajudou a abafar. Parece coisa de máfia, e é.

Assim como é mafioso o que acontece no Ministério das Cidades, novamente nas manchetes policiais. O caso da participação em negociações com empresários e lobistas interessados num projeto milionário da pasta, revelado pela Folha no fim de semana, resultou ontem na demissão do chefe de gabinete Cássio Peixoto.

Ele estaria "desmotivado". O que não dá para entender é como seu superior, o ministro Mário Negromonte, ainda continua lá.

A presidente da República prometeu para este início de ano uma reforma ministerial que se mostrou inexistente. Todas as trocas na sua equipe - com exceção, talvez, de Graça Foster na Petrobras - foram feitas de maneira reativa, para jogar ao mar mais um suspeito de corrupção denunciado pela imprensa.

Dilma Rousseff deve ter achado que agora poderia levar seu governo adiante, com cobranças apaziguadas após as primeiras baixas. Mas as primeiras semanas de 2012 deixaram claro que seu governo, em boa medida, está carcomido por interesses espúrios, por brigas comezinhas, por disputas menores - em síntese, sem rumo e sem alma.

São pecados de uma gestão que, até agora, não mostrou a que veio. Não se enxerga numa única disputa de poder protagonizada pelo PT e seus aliados o interesse público como motivação.

Tudo gira em torno de brigas por estruturas paralelas, fontes sujas de receita, negócios escusos.

Que projeto de país, afinal, nos oferecem?


Fonte: Instituto Teotônio Vilela