"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 26, 2014

Jogo sujo

Com o desespero da derrota batendo à porta, os petistas começaram a apelar para o vale-tudo que lhes é peculiar. A guerrilha petista junta terror, manipulação e mentira, mas inclui, também, componentes de ilegalidade. 
Neste enredo, a candidata-presidente tornou-se a porta-voz do medo. 
Dilma Rousseff despiu de vez a fantasia de presidente e vestiu com gosto o figurino de candidata em tempo integral.
 O jogo sujo está a pleno vapor.

Oficialmente, as campanhas eleitorais ainda não começaram. Mas o pessoal do governo já adota táticas de guerra típicas de quem está em desespero diante do risco de derrota. Faltando mais de quatro meses para as eleições, o PT e sua candidata-presidente partiram para o tudo ou nada. É o jogo sujo que estão dispostos a pôr em prática para manter suas boquinhas.

Em suas cada vez mais frequentes aparições públicas, Dilma Rousseff rasgou de vez a fantasia de presidente dos brasileiros e assumiu o figurino de candidata de uma facção em tempo integral. Suas manifestações já não guardam o menor resquício do equilíbrio que deveria nortear a postura de quem ocupa o principal posto da República.
Dilma tornou-se a porta-voz do medo. Em tudo o que diz em público, ocupa-se em enfiar alguma referência maldosa e leviana à oposição, que seria, segundo esta visão, portadora do retrocesso, condutora de uma viagem ao passado que só existe na fantasia dos petistas. A quem eles pensam que enganam?

Na semana passada, em evento com empresários da construção em Goiânia, Dilma disse que a oposição pretende acabar com o Minha Casa, Minha Vida. Neste fim de semana, o terror recaiu sobre programas sociais e iniciativas para beneficiar os jovens. Segundo a narrativa do PT, sem eles, tudo vai para o buraco. Dia sim, dia também, o mantra é repetido à exaustão.

A guerrilha petista junta terror, manipulação e mentira. Mas não para aí. Inclui, também, componentes de ilegalidade que o alopramento petista não se acanha em empregar no seu vale-tudo. Difamações na internet funcionam como munição e o aparato estatal é utilizado como trincheira do jogo sujo na rede.

Neste fim de semana, descobriu-se que computadores da prefeitura de Guarulhos – governada pelo petismo há 12 anos – estão sendo usados por gente do PT para atacar Aécio Neves. Desconfia-se que máquinas da Eletrobrás também disparam torpedos da imundice sem limites que a militância petista está disposta a espalhar por aí.
O PT luta com as armas que tem. Até porque sabe que não dispõe de muita coisa além disso pata tentar triunfar mais uma vez. Depois de três governos seguidos, a incapacidade executiva de Dilma e seus partidários é mais evidente que nunca, seu descompromisso com o país é mais danoso do que jamais foi. O povo brasileiro já percebeu isso.

A tática petista visa justamente buscar encobrir os reais problemas com os quais as pessoas se deparam no dia a dia, turvando-os com o véu da mistificação e a tarja da manipulação. O país está cansado disso. Quer, isso sim, que as dificuldades sejam encaradas, com responsabilidade, seriedade e realismo, a fim de serem definitivamente superadas

O PT chama as necessárias mudanças pelas quais o Brasil clama de “medidas impopulares”, “arrocho”, iniciativas para pôr “o país de joelhos”. Esta manipulação barata pode até ser eficiente junto a alguns grupos, mas já não engana os eleitores em geral, que, demonstram as pesquisas mais recentes de intenção de votos, vão desembarcando da candidatura oficial.

O que os cidadãos querem, o petistas não têm como entregar: um governo ético, comprometido com a eficiência, dedicado a trabalhar seriamente pelo país e pelos brasileiros, empenhado em aplicar da melhor forma possível o dinheiro recolhido dos contribuintes. Numa eleição assim, o PT não tem a menor chance de vitória. Por isso, apela para a guerra suja onde se move com tanta desenvoltura.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

BRASIL REAL ! AINDA SOBRE EXPECTATIVA X REALIDADE OU "e o mundo descobriu problemas não visíveis em 2007" : PADRÃO PETRALHA - Em sete anos Brasil passa do clima de festa à desconfiança

O momento era perfeito. 
Naquela tarde de 2007 na Suíça em que o então presidente Lula ouviu que a Copa de 2014 se realizaria no Brasil, foi dado o primeiro passo para coroar uma nova forma de o país se posicionar no cenário internacional. A economia crescia 6%, o país era festejado como potência do Brics e as políticas de redistribuição de renda fortaleciam o mercado interno e inspiravam outros países em desenvolvimento.

— Estejam certos de que o Brasil saberá, orgulhosamente, fazer a sua lição de casa — discursou Lula após o anúncio.
Sete anos depois, o clima é bem diferente. 
A economia desacelerou e o país desperta desconfianças no mercado financeiro internacional, além de sofrer com uma onda de greves e protestos, agravados pela inflação em alta e a falta de soluções para problemas como segurança e transporte. Sem falar dos sinais de corrupção e desperdício de dinheiro público que desmoralizam políticos e inflam orçamentos, como o custo dos estádios, que consumiu mais de R$ 8 bilhões financiados pelo governo. A imprensa internacional veio conferir “o que o Brasil é capaz de fazer” e ficou com a sensação de “dever de casa” não feito.

— O Brasil soube muito bem se vender e emergiu no cenário internacional de maneira inédita — analisa Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV, que cita diferenças na gestão política: — Dilma, por uma série de razões, não mostrou interesse pela política externa, mas o país ficou no centro das atenções pela Copa, e o mundo descobriu problemas não visíveis em 2007.

Eventos esportivos mundiais são considerados instrumentos do soft power, forma sutil e eficaz de exibir poder. Para Christina Stolte, pesquisadora do Instituto Alemão de Estudos Globais e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, o Brasil não conseguiu animar os investidores com a vitrine da Copa, e atrasos e orçamentos nas obras chamaram a atenção para a baixa competitividade do país, somado ao baixo crescimento de 2% da era Dilma. Por outro lado, a repressão às manifestações, que não atingiu a violência vista na Turquia e Venezuela, pode demostrar um país com a democracia amadurecida.
— É preciso distinguir os ganhos políticos e econômicos. Para os investidores, certamente o país não ficou mais atraente. Politicamente, a imagem ainda pode ser outra. A democracia é um atributo muito positivo, que outros países emergentes, inclusive China e Rússia, não têm — diz Christina.

O Globo
Em sete anos, Brasil passa do clima de festa à desconfiança

PTBRAS II - A "INSISTENTE DEPENDÊNCIA" DA EXPECTATIVA X REALIDADE : Gasto da Petrobras com importações deve subir 24% este ano, para R$ 18,8 bi


O aumento do consumo de combustíveis, estimado pelo mercado em cerca de 4% neste ano, vai se traduzir em mais gastos com as importações de derivados, principalmente de gasolina e diesel. Segundo projeções feitas pelo Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), os custos com a compra desses produtos podem subir 24,5% em relação ao ano passado. O montante pode chegar a US$ 18,8 bilhões, maior que os US$ 15,1 bilhões de 2013, já descontados os cerca de US$ 4,5 bilhões referentes às compras externas de 2012 contabilizadas apenas no ano passado.

O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) estima que a demanda por gasolina e óleo diesel crescerá 4%, mesmo nível do ano passado. O diretor do CBIE, Adriano Pires, diz que a expectativa é que as importações de derivados somem 462,2 mil barris por dia, 23,3% a mais que os 374 mil barris médios por dia de 2013. O consumo total de combustíveis deve ficar em 2,3 milhões de barris por dia, contra 2,2 milhões de barris um ano antes.

Se por um lado a expansão das importações de derivados ainda pesará nas contas da Petrobras, por outro o aumento de 7,5% na produção de petróleo esperado para este ano vai melhorar a geração de caixa da estatal. E para alcançar essa meta, considerada “agressiva” pelo mercado, a Petrobras vem trabalhando desde o ano passado para a instalação de 11 novas plataformas.

Segundo a Petrobras, as 11 unidades, que começaram a ser instaladas em janeiro de 2013 e serão concluídas até o fim deste ano, ampliarão a capacidade instalada em 1,3 milhão de barris de petróleo por dia. Esses novos sistemas produzirão até dezembro mais de 650 mil barris de petróleo por dia. A estatal adiantou que somente os campos do pré-sal atingirão a produção recorde de 500 mil barris médios por dia neste ano, chegando a picos de 600 mil barris diários. O recorde de produção no pré-sal, de 470 mil barris diários, foi registrado no último dia 11.

— Pode ser que a Petrobras consiga atingir o aumento da produção previsto, de 7,5%, o que vai significar, na realidade, a produção voltar aos patamares de 2011, de cerca de 2 milhões de barris por dia. O governo conta com esse aumento da produção para melhorar o caixa da companhia, para compensar a falta de reajuste de preços dos combustíveis — explica Pires.

PDV pode comprometer novos projetos

Para o ex-diretor da Petrobras Wagner Freire, a produção crescerá em 2014, mas menos do que o projetado pela empresa. Segundo ele, o plano de demissão voluntária (PDV) pode dificultar o gerenciamento de novos projetos:

— Apesar de ter ótimos diretores, a dificuldade é o gerenciamento de seus projetos. Com o PDV, em dois anos haverá menos profissionais. E isso pode levar a dificuldades.

André Donha, diretor da KPMG no Brasil, também ressalta a questão operacional como fator determinante para permitir o aumento da produção:

— As paradas programadas, que vêm sendo feitas, são essenciais e já estão incluídas no cronograma da empresa. Essa programação é justamente para evitar as paradas corretivas, que são as piores e afetam a produção.

Já Claudio Duhau, analista da corretora Ativa, prevê que a produção apresentará melhora nos próximos meses.

— Crescer 7,5% é muito difícil, mas dá para chegar. Acho que se crescer 6% neste ano o mercado já vai gostar bastante — diz Duhau.

RAMONA ORDOÑEZ (EMAIL)

BRUNO ROSA (EMAIL)
O Globo

PTBRAS : Petrobras contratava navios só com autorização verbal


Sob o comando de Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras até 2012 investigado por suspeita de corrupção, o setor de abastecimento da estatal negociou e fechou contratos milionários de frete de maneira informal. Alguns deles foram baseados só em autorizações verbais.

A Folha teve acesso a um relatório de 2009 sobre o assunto feito pelo grupo de auditoria interna da Petrobras. O documento mostra que operações feitas no ano anterior sem obedecer a requisitos mínimos de controle estabelecidos pela empresa totalizam US$ 278 milhões. 

As irregularidades envolveram contratações de navios. Segundo os auditores da Petrobras, os contratos analisados descumpriram "procedimentos previstos no manual de afretamento".

Entre as falhas há falta de autorização por escrito para iniciar processos de afretamento; autorização prévia para tomada de preços com aval de gerente sem competência para tal; e contratações informais que levaram até 390 dias para serem registradas no sistema.
Também há falta ou atraso no registro de informações de todo o histórico de negociação no sistema de conferência de compras da empresa.
Neste caso, diz a auditoria, a irregularidade impede o rastreamento das condições de negociação, o que dificulta a própria apuração.

O relatório não revela as perdas sofridas pela Petrobras como consequência dessas irregularidades. Mas diz que seriam tomadas providências para "aprimorar os controles de autorização, visto que foram realizadas aprovações verbais e posteriormente formalizadas". O grupo propôs "rever o manual de afretamento".

AVALIAÇÃO

"Descontroles dessa magnitude podem ser resultado de falta de comando, falhas de comunicação, pressa. É uma situação inadmissível em uma empresa desse porte, e abre caminho para má fé", diz Fernando Filardi, pesquisador da área de administração do Ibmec-RJ.

Destino de 18% dos investimentos da Petrobras, a área de abastecimento é a segunda mais importante da empresa, atrás de Exploração e Produção, alvo de 70% dos investimentos.

Além da comercialização de petróleo e derivados -atividade que demanda contratações de navios para movimentação de carga em todo o mundo-, estão sob sua responsabilidade a gestão das 13 refinarias no Brasil e a construção de outras quatro.

Negócios relacionados a frete foram um dos alvos da Operação Lava Jato, investigação da Polícia Federal que apura suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro com recursos da petroleira e outras fontes.

Entre os investigados da PF estão Costa, que ficou preso por dois meses por suspeita de destruir provas, e o doleiro Alberto Yousseff. Costa foi libertado na segunda passada (19) por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki.

A Folha apurou que, até o STF suspender as investigações, a PF investigava se Costa reteve indevidamente uma comissão de 1,5% que deveria voltar à Petrobras. O valor é devolvido pelos afretadores no pagamento do frete.

Uma matéria da revista "Época" afirmou que documentos apreendidos no apartamento de Costa indicam que a dinamarquesa Maersk teria pago a ele R$ 6,2 milhões em "comissões" para ele.
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SAMANTHA LIMA DO RIO

O Globo 

SOS BRASIL REAL ! HORA DE DESPACHAR A MÃE DO PAC E GERENTONA DA "PRESIDÊNCIA" DO PAÍS E QUE VÁ CUIDAR DAS "FINANÇAS" DO CACHACEIRO : Atraso em seis obras do PAC provoca perda de R$ 28 bilhões

A demora do governo em concluir no prazo obras de infraestrutura incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) causou um prejuízo de R$ 28 bilhões à sociedade, apenas num grupo de seis projetos analisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O valor é próximo ao que se estima gastar na realização da Copa.

O estudo procura medir os benefícios que deixaram de ser gerados para o País apenas pela demora. Leva em conta, por exemplo, o que poderia ter sido a produção agropecuária no Nordeste, caso a transposição do São Francisco tivesse ficado pronta no prazo fixado pelo governo. Ou as receitas de exportação de minérios e grãos que deixaram de ocorrer pelo atraso na construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).

Em todos os casos foi considerado também o custo de oportunidade – o custo do dinheiro público aportado nas obras que ainda não gerou benefícios. "Se o programa deveria ficar pronto em três anos e sai em seis, isso reduz a produtividade global da economia", diz o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Coelho Fernandes. Ele explica que a dificuldade em administrar megaprojetos não é exclusiva do Brasil. Porém, os prazos estourados tornaram-se praticamente uma regra, o que merece atenção.
A CNI propõe que o próximo governo, seja qual for, intensifique o programa de concessões em infraestrutura. Para Coelho, esse é um campo em que a economia pode aumentar sua produtividade, visto que as reformas trabalhista e tributária demorarão a sair e gerar efeitos. Sugere, também, iniciativas para melhorar a qualidade dos projetos e para facilitar o licenciamento ambiental. O estudo faz parte de um conjunto de 43 documentos-propostas que serão entregues aos presidenciáveis em junho, quando a entidade pretende fazer um debate dos candidatos com os industriais.

Foram analisados o aeroporto de Vitória, o principal projeto de esgotamento sanitário em Fortaleza (Bacia do Cocó), a transposição do São Francisco, a Fiol, a duplicação da BR-101 em Santa Catarina e as linhas de transmissão das usinas do Madeira. A maioria dos projetos ainda está em andamento.
Atraso. 
Das obras selecionadas, a que causou maior prejuízo foi a transposição do São Francisco. Originalmente estava prevista para terminar em junho de 2010 (eixo Leste) e dezembro de 2012 (eixo Norte). Como isso não ocorreu, o estudo estima quanto deixou de ser produzido pela agropecuária local, já considerando um crescimento proporcionado pela disponibilidade constante de água. E subtraiu da conta o custo da energia que deixará de ser gerada pela redução do fluxo de água para a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).

Os economistas da CNI chegaram a um total de R$ 11,7 bilhões de 2010 a 2015. A isso, foram somados R$ 5 bilhões referentes ao custo de oportunidade do dinheiro aplicado na obra, orçada em R$ 8,2 bilhões. A história da transposição segue o roteiro clássico de obra atrasada no País. Segundo o estudo, foi iniciada em 2005, baseada num projeto pouco detalhado de 2001 – que, evidentemente, estava desatualizado. Seguiram-se vários ajustes.

Para andar mais rápido, foi dividida em 14 subcontratos. Mas o que em tese ia acelerar a construção virou um pesadelo gerencial. A própria presidente Dilma Rousseff reconheceu que o governo subestimou a complexidade do projeto.

O Ministério da Integração Nacional afirma que a licitação da obra, em 2007, passou pelo crivo do Tribunal de Contas da União. Os ajustes ocorrem principalmente porque os canais, que chegam a 477 km, passam por diferentes tipos de terreno. Foi necessária, também, a negociação com concessionárias de água e esgoto. Segundo a pasta, a obra será concluída em 2015

Lu Aiko Otta / Brasília - O Estado de S.Paulo