"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 06, 2014

Brasil registra saída de US$ 1,8 bilhão em julho . Conta ficou no vermelho devido à queda nos investimentos vindos do exterior

O fluxo cambial, que consiste na entrada e saída de moeda estrangeira do país, fechou julho com saldo negativo de 1,79 bilhão de dólares — o segundo pior do ano. Segundo dados do Banco Central, o resultado só não ficou ainda mais negativo porque houve entrada de recursos via balança comercial nos últimos dias do mês. Somente entre os dias 28 e 31 do mês passado, o fluxo cambial ficou positivo em 2,89 bilhões de dólares, informou o Banco Central nesta quarta-feira. 

Na última semana, o saldo fechou positivo em 2,95 bilhões de dólares, considerando também o superávit de 62 milhões de dólares do dia 1º de agosto, sexta-feira. O resultado, assim, compensou, em parte, o saldo negativo, de 4,5 bilhões de dólares, acumulado até o dia 25 de julho.

O desempenho de julho veio da conta financeira (por onde passam os investimentos estrangeiros, entre outros), com déficit de 3,41 bilhões de dólares, o maior rombo no ano. Já a conta comercial fechou julho com saldo positivo de 1,62 bilhão de dólares. 

No ano - No acumulado do ano, informou o BC, o fluxo cambial estava positivo em 2,42 bilhões de dólares até sexta-feira. O BC informou também que os bancos tinham posição cambial vendida de 15,64 bilhões de dólares em julho, ante 13,75 bilhões de dólares em junho.

No jargão do mercado financeiro, estar "comprado" significa aposta de que as cotações do dólar podem subir. Ao ter a moeda em caixa, é possível lucrar com uma eventual alta das cotações. Estar "vendido" neste mercado, por outro lado, representa expectativa de queda do preço da moeda.
Veja.com
(Com agência Reuters)

Democracia e mercado - "Por sorte, porém, posso dizer o que penso, sem temer patrão subserviente ou governo imperial. "

Tempos atrás o consultor político James Carville (autor da estratégia "é a economia, estúpido!", que elegeu Bill Clinton em 1992) afirmou o seguinte: "Eu imaginava que, se houvesse reencarnação, eu quereria voltar como presidente, ou papa (...). Mas agora quero voltar como o mercado de títulos. Você consegue intimidar todo mundo".

A declaração bem-humorada é precisa para motivar a discussão sobre a relação ainda mal compreendida entre mercado e democracia, como exemplificado há pouco pelo caso Santander.

De maneira geral me parece que os mais familiarizados com temas econômicos e financeiros não viram grande problema na atitude do banco (depois renegada) de mandar a seus clientes análise apontando um dado corriqueiro:
 uma relação negativa entre o desempenho da presidente nas pesquisas de intenção de voto e o mercado acionário. Concretamente, ações se valorizam quando a presidente cai nas pesquisas e vice-versa.

Vista pela ótica dos mais afeitos à política do que economia ou finanças, a análise não foi percebida dessa forma, mas sim como um estímulo à especulação.

A verdade, porém, é que mercados financeiros tendem a reagir muito rápido a qualquer informação nova. Preços de ações, moedas, títulos etc. refletem promessas de pagamento futuro com maior ou menor grau de certeza.

Títulos públicos oferecem um fluxo conhecido de juros, mas o verdadeiro valor desse fluxo só será sabido depois de conhecida a inflação do período. O preço das ações reflete as expectativas de lucros das empresas, por definição ignorados no momento de aquisição do papel.

As atitudes de qualquer governo afetam essas expectativas. Um melhor controle da inflação, por exemplo, aumenta a atratividade (portanto os preços) dos títulos públicos, reduzindo taxas de juros de prazo mais longo.

Já perspectivas de políticas que reduzam lucros de um determinado segmento, por exemplo, reduzindo tarifas de importação de produtos estrangeiros similares, devem derrubar os preços das companhias que nele operam.

Note-se que em ambos os exemplos acima o governo adotaria políticas que muito provavelmente elevariam o bem-estar da população como um todo (ainda que a distribuição desses ganhos seja tema bem mais complexo), mas no primeiro caso com repercussões positivas para o mercado de títulos, enquanto no segundo o impacto seria negativo para o mercado acionário, ao menos para empresas do setor em questão.

Colocado de outra forma, o mercado financeiro julga políticas governamentais o tempo inteiro, mas por uma métrica bastante bem definida, a saber, os efeitos dessas políticas sobre os preços de ativos.

Não é seu papel avaliar se tais medidas elevam ou reduzem o bem-estar, muito menos como tais efeitos são sentidos por cada segmento da população. Quem o faz são os eleitores, em frequência bem distinta do mercado (no caso do Brasil, uma vez a cada quatro anos; não várias vezes ao longo de um dia de transações).

No caso Santander, essa distinção foi perdida. A análise não era um julgamento sobre as medidas do governo pela ótica do bem-estar, portanto com um viés político-eleitoral; mas sim, como vimos, pela perspectiva do comportamento dos preços de ativos.


Da mesma forma, a confusão aparece no caso da consultoria Empiricus, cuja análise sobre perspectiva de mercados foi censurada com se fosse propaganda partidária.

Isso dito, minha avaliação é que a continuidade da atual política econômica terá efeitos negativos tanto sobre o bem-estar (crescimento baixo, inflação alta) como sobre o preços de ativos, em particular no mercado de ações, em que prevalecem empresas controladas pelo governo, cujos resultados têm sido prejudicados por políticas equivocadas, como controles de preços, em razão da incapacidade de lidar com a inflação.

Por sorte, porém, posso dizer o que penso, sem temer patrão subserviente ou governo imperial.


Alexandre Schwartsman
Folha

FASTIO OU VERGONHA DE SER O QUE É? Mesmo com O ABJETO PARLAPATÃO, Padilha não consegue atrair atenção de metalúrgicos em fábrica do ABC

Nem mesmo jogando em casa, com seu principal astro em campo e com o apoio de uma massa organizada de mais de 300 militantes e apoiadores, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), candidato a governador, conseguiu atrair a atenção dos eleitores. Na tarde desta terça-feira, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista fez campanha na porta de uma montadora em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Grande São Paulo, e não conseguiu a adesão dos cerca de quatro mil metalúrgicos que saíam de um turno de trabalho. 

 Entre os petistas o desânimo é visível. 
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, criticou a baixa arrecadação da campanha do ex-ministro.

Não é de hoje que o desempenho de Padilha preocupa os petistas. Em junho, lideranças da legenda já temiam pelo baixo desempenho do candidato escolhido por Lula para disputar a sucessão estadual. A análise do PT é que se ele continuar mal em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá mais dificuldade para reverter o quadro de rejeição no estado, que ultrapassou os 40% nas últimas pesquisas. 

Os petistas estão debruçados sobre as últimas pesquisas eleitorais, como o Ibope divulgado no dia 30 de julho, que deu 5% para Padilha e mostra Dilma em queda no estado.

Na programação oficial do ato político, militantes estariam desde as 14h na porta da unidade da Ford de São Bernardo, às margens da Rodovia Anchieta, fazendo panfletagem. Às 16h, Padilha e Lula chegaram a porta da fábrica, onde aguardariam a saída dos trabalhadores prevista para o mesmo horário. 

Em seguida, discursariam.A organização saía como planejado até que um problema no carro de som obrigou Lula e Padilha a desistirem de ficar em cima do veículo, e os obrigou a ir para dentro da fábrica fazer o corpo a corpo com os trabalhadores. 

Durante o ato, o som foi restabelecido, mas voltou a falhar. Apesar da presença da principal estrela do PT, os trabalhadores não esperaram para o discurso final e foram embora da fábrica antes que o ex-ministro e Lula discursassem.

Organizadores minimizaram a debandada justificando que os trabalhadores estavam cansados e foram embora para não perder as conduções que os aguardavam. Acostumado a comandar multidões nos anos 1970 e 1980 na portas das montadoras do ABC Paulista, Lula criticou:

— Da próxima vez temos que pedir ao sindicato que convoquem uma assembleia para os trabalhadores ficarem. E arrumar um carro de som melhor também. Eles não estavam conseguindo nos ouvir — disse Lula, que não quis falar com a imprensa, e completou:
— Falam que eu gosto de um poste. Vou dar luz a este poste — disse o ex-presidente, em referência à Padilha.

Uma das táticas adotadas pelo PT para tentar tirar da inércia a campanha de Padilha é intensificar a presença do ex-presidente Lula na sua campanha e "reconquistar" os votos da base sindical da legenda. O PT conta com prefeituras importantes no chamado cinturão vermelho da Grande São Paulo: São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá, Osasco e Guarulhos, com mais de três milhões de eleitores.


Militantes de Padilha abandonam placas e cavaletes antes de evento de ex-ministro com Lula no ABC

Ainda derrapando nas pesquisas, o ex-ministro da Saúde e candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha (PT), estará nesta terça-feira na porta da montadora da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Grande São Paulo, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas horas antes do evento, a campanha abandonou placas e cavaletes com a imagem dos petistas e da presidente Dilma Rousseff (PT) pelas ruas da região desrespeitando a legislação eleitoral, que determina a presença de um militante tomando conta de cada placa.
RENATO ONOFRE
O Globo

ENQUANTO A GERENTONA DE "BUTECO" DO CACHACEIRO PARLAPATÃO BRINCA DE "GUVERNÁ" O PAÍS... Produção industrial encolhe na maioria dos locais pesquisados em junho

A indústria brasileira recuou em 11 dos 14 locais pesquisados, informou o IBGE nesta quarta-feira. A pior perda foi registrada no Amazonas, onde a produção encolheu 9,3% em junho, na comparação com maio. Entre os resultados positivos, o Rio se destaca, com alta de 5,4% no período, recuperando parcialmente as perdas consecutivas nos três meses anteriores.

Na comparação com junho de 2013, o recuo foi registrado em 12 dos 15 locais pesquisados. Nesse cálculo, a indústria amazonense também registrou o pior resultado: queda de 16,1%, seguida pelos recuos no Paraná (-14%) e Bahia (-12,1%).

No semestre, o resultado também veio negativo em 12 das 15 regiões acompanhadas. O pior desempenho foi registrado em São Paulo, onde a queda foi de 5%. Bahia (-4,5%), Paraná (-4,3%) e Rio (-3,9%) também tiveram números abaixo da média nacional (-2,6%).

Dados divulgados pelo IBGE na semana passada mostraram que o setor encolheu 1,4% em junho, em relação a maio, o pior resultado nesse tipo de comparação desde dezembro do ano passado. Na comparação anual, o tombo foi ainda maior: queda de 6,9%, mais intenso desde setembro de 2009.

Em meio a um cenário de fraca demanda e aperto dos juros, a indústria brasileira tem vivido um ano fraco. Segundo a projeção mais recente do boletim Focus, do Banco Central, deve encerrar o ano em contração de 1,53%

O Globo