"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 23, 2011

MALES DA CORRUPÇÃO E INEFICIÊNCIA! CORRUPÇÃO = O CACHAÇA . INEFICIÊNCIA = A "FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA/EXCEPCIONAL GERENTE". HOJE, "PRESIDENTA".

É consequência natural de uma administração de má-fé, como a instalada no Ministério dos Transportes desde o início da Era Lula, uma série incontável de obras com deficiências de toda ordem.

Isso além daqueles clássicos projetos de pontes, rodovias, o que seja, alardeados em campanha de cima de palanques e jamais executados, embora possam ter sido faturados.


Tudo é possível, diante dos casos mirabolantes de corrupção que surgem da intervenção do Planalto na Pasta.

Entre eles, incluem-se cinco portos fluviais na Amazônia, alguns inaugurados entre fanfarras eleitorais com a presença da candidata Dilma Rousseff e do ainda ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, do aliado PR, com base eleitoral no Amazonas.

Conforme reportagem de ontem do GLOBO, os cinco tiveram que passar por consertos, ao não resistirem à variação dos rios, algo tão previsível quanto as estações do ano.


São vários os indícios de dolo, como em incontáveis outras obras tocadas pela Pasta. Da construção dos portos, todos no estado de Nascimento, depois defenestrado por Dilma, participou o Eram - Estaleiro do Rio Amazonas, por incrível que pareça classificado como empresa inidônea no site do próprio Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), sob controle do PR, por meio de Luiz Pagot.

Para o Dnit de Pagot considerar uma empresa sem idoneidade, algo estranho e muito grave houve. A estranheza aumenta quando a mesma empresa, apesar da ficha suja registrada num departamento do ministério, é contratada para obras. O desfecho não poderia ser diferente.

Ao todo, o Eram levou R$33,6 milhões dos R$44 milhões gastos nos portos.

As cifras não incluem as despesas adicionais causadas pelos erros da empreiteira.

Quando aos efeitos da corrupção nos investimentos públicos se soma a proverbial incompetência do Estado para gerenciar o dinheiro do contribuinte, aumenta o pessimismo com a capacidade que tem o governo de desobstruir os gargalos cada vez mais estreitos na infraestrutura do país.

E os piores prognósticos passam a ser possíveis, se considerarmos a dificuldade, causada por preconceitos ideológicos, na tramitação de projetos de investimento com a participação da iniciativa privada. A licitação de aeroportos é o exemplo atual.

Revela estudo do economista Cláudio Frischtak, da InterB Consultoria, que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no início do segundo governo Lula, até hoje não conseguiu elevar de fato os investimentos na infraestrutura.

Os números:
de 2008 até o ano passado, a média das inversões públicas no setor foi de 2,62% do PIB, não muito acima dos 2,32% verificados durante a década passada. No auge dos investimentos do programa, em 2010, ano eleitoral, eles chegaram a 2,53%.

Como boa parte do PAC é de projetos da Petrobras, conclui-se que setores cruciais como estradas, portos e aeroportos continuam desassistidos.
Nenhuma surpresa, basta viajar pelo país.

A ineficiência e a corrupção estão por trás deste cenário dramático.
Não se sabe com quanto cada um dos males contribui.
Mas fazer a limpeza nos Transportes e estendê-la aonde for necessário é um bom começo.

Sem ser esquecida a incompetência do gerenciamento estatal.

O Globo

POIS É ! NEM TORTA NA CARA.

Continuamos nos perguntando por que os brasileiros não vão para as ruas protestar contra a onda de corrupção que assola o país. Cadê os nossos "indignados"? É como se a sequência interminável de escândalos tivesse anestesiado as pessoas, principalmente os jovens.

Nada mais choca.
Descobre-se que 70% das verbas desviadas são das áreas de Saúde e Educação, e é como se esse crime hediondo fosse natural.

A empresa de um rapaz de 27 anos, filho de ministro, cresce incríveis 86.500% em dois anos, e a gente acha graça, faz piada. Tudo bem que a presidente Dilma está tendo a coragem de promover uma faxina num dos maiores antros de desvio do dinheiro público:
o Ministério dos Transportes. Até o momento em que escrevo, 17 já foram demitidos.

Mas isso está sendo feito agora, e a pasta foi entregue ao PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto há tanto tempo que o dinheiro desviado daria para asfaltar até a floresta amazônica (aliás, é bom não dar a ideia).

Para quem acha que protestar não adianta, há um pequeno exemplo contrário que acaba de vir de Nova Friburgo.

Depois que os repórteres Antonio Werneck e Waleska Borges mostraram que mais de dez inquéritos tinham sido instaurados na cidade para apurar várias irregularidades no uso dos R$10 milhões de verbas federais recebidas, o prefeito e seis secretários, em entrevista coletiva, tentaram desmentir as denúncias "maldosas e equivocadas" que eles atribuíam não ao Ministério Público, mas ao GLOBO. Um secretário chegou a afirmar que "nenhum recurso de reconstrução chegou ao município".

A resposta foi dada no dia seguinte pela indignação de "centenas de friburguenses que saíram às ruas para protestar", como noticiou o jornal "A Voz da Serra". O resultado é que no dia seguinte foi aprovada na Câmara de Vereadores a CPI que vinha sendo protelada há três meses "para investigar a utilização dos R$10 milhões repassados ao município para serviços de limpeza" - justamente aqueles que as autoridades negavam ter recebido e malversado.

Em seguida, a Polícia Federal fez uma devassa em documentos da Prefeitura. Fiquei orgulhoso da cidade que embalou minha adolescência.

Reclama-se que só evangélicos, gays e adeptos da maconha fazem passeatas, numa espécie de protestos, digamos, a favor.
Por que não uma contra a corrupção?

Já me contentaria com uma faixa em cada uma das manifestações:
"A favor de Jesus e contra a roubalheira";
"A favor da maconha e contra a corrupção";
"A favor dos gays e contra os ladrões do dinheiro público".

Houve um tempo em que uma onda de corrupção muito menor foi chamada de "mar de lama" e terminou em tragédia. Agora, um "oceano de lama" está mais para pastelão, sem direito sequer a uma simbólica torta de espuma, como a destinada a Rupert Murdoch em Londres.

Zuenir Ventura O Globo