"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 16, 2011

QUEDÊ MINHA CASA?

Os governos do PT são especialistas em publicidade enganosa. Costumam lançar projetos grandiosos, mas entregar só um pouquinho do que prometem. Nada que os constranja: a cada programa mal executado, agrega-se uma nova fase.

A estratégia acaba funcionando: a meta nunca é alcançada, mas os prazos nunca vencem. É assim com o Minha Casa Minha Vida.

A presidente Dilma Rousseff fará hoje o lançamento da segunda fase do programa habitacional. Trata-se de mais um destes eventos grandiosos, com muita gente, palmas e pouca substância, destinados a engrossar a "agenda positiva" de um governo que nem agenda tem.

O governo anuncia agora que irá construir 2 milhões de moradias até 2014, com investimento de R$ 71,7 bilhões.

Frise-se: construir.

A ressalva é necessária por um motivo simples: passados dois anos, a primeira etapa do Minha Casa esteve longe de efetivamente entregar aquilo a que se propôs. Por ora, tem muito papel, mas pouco cimento.

Lançado pelo então presidente Lula em abril de 2009, o Minha Casa Minha Vida tinha como meta erguer 1 milhão de moradias. No fim do ano passado, o governo alardeou que não só cumprira como superara seus objetivos iniciais: foram contratadas 1.004.257 unidades habitacionais, segundo o único balanço divulgado até agora pela Caixa.

Entre a contratação de um financiamento e a efetiva mudança de uma família para um novo lar, vai muito tijolo. Coisa rara no Minha Casa, até agora.

Até o fim de 2010, apenas 238 mil moradias foram efetivamente construídas, de acordo com relatório recém-publicado pelo TCU.

Ou seja, não mais que 23,8% da meta prometida foi cumprida.

O governo federal recusa-se a divulgar números mais recentes mais detalhados da execução do Minha Casa Minha Vida. Limita-se a informar que até este mês o total de moradias construídas já alcança 354.134 unidades, de acordo com O Estado de S.Paulo de hoje.

Até o fim do ano, o resultado chegaria a 500 mil - ou seja, é somente metade da promessa de dois anos atrás, mas não é nada que coaja o marketing petista.

Embora o governo insista em nublar as informações, os resultados alcançados até dezembro, e conhecidos em detalhes, dão a exata dimensão do frágil desempenho do Minha Casa Minha Vida.

O pior é o que acontece com a faixa onde o déficit habitacional é mais dramático no país: as famílias cuja renda varia de zero a três salários mínimos. Das 400 mil moradias previstas pelo governo petista para este estrato, somente 92 mil saíram do chão até dezembro, conforme informa o TCU à página 191 do citado relatório (cuja leitura é altamente recomendada).

No município de São Paulo, por exemplo, o programa completou dois anos sem entregar nenhum imóvel às famílias desta faixa de renda: das 40 mil unidades previstas na cidade, somente 3 mil estão sendo construídas.

Na faixa com renda entre três e seis salários mínimos, o desempenho foi um pouco melhor. Foram entregues 139 mil unidades, ou 35% da meta para este estrato.

Para as famílias de classe média, com renda de seis a dez mínimos, foram construídas 7 mil unidades, ou menos de 4% do prometido.

Nos primeiros meses deste ano, a paralisia não só continuou, como também as tesouradas marcaram o Minha Casa Minha Vida. Dentro do ajuste fiscal anunciado em fins de fevereiro, o programa perdeu R$ 5,1 bilhões, o suficiente para construir 200 mil moradias.

Caiu, assim, por terra promessa feita por Dilma de que não detonaria investimentos. Os financiamentos secaram por "falta de dinheiro", admitiu, em março, um empresário da construção, aliado do governo.

Nada disso, porém, impediu o governo do PT de usar e abusar do setor habitacional para fazer proselitismo.

O relatório do TCU mostra que financiamentos destinados à compra de imóveis prontos foram computados como investimentos, inflando em quase R$ 126 bilhões os resultados do Programa de Aceleração do Crescimento - este filho hoje meio largado pela mãe.

O valor representa quase um terço de tudo o que o governo diz ter aplicado no PAC entre 2007 e 2010: R$ 444 bilhões.

O Minha Casa Minha Vida apenas repete um padrão de gestão petista. Programas inócuos se sucedem a projetos pessimamente executados. O PAC gerou seu PAC 2 sem ter, ao longo de quatro longos anos, mostrado a que veio.

O fiasco retumbante do Fome Zero ganhou agora um sucedâneo, o Brasil sem Miséria. Seria bem melhor se a publicidade enganosa do PT fosse substituída pela execução ditosa. Mas até agora há saliva demais e concreto de menos.

Fonte: ITV

OURO DE TOLO! O RISCO REAL : A FARSA DO MINISTRO BUFÃO/TORPE SOBRE A COMPARAÇÃO DO RISCO SOBERANO BRASIL/EUA.


O governo comemorou ontem a informação de que, pela primeira vez na História, o risco soberano do Brasil - considerando apenas o endividamento público, no ranking Credit Default Swap (CDS) - é menor do que o dos Estados Unidos.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o risco soberano do Brasil atingiu 41,2 pontos, enquanto para os Estados Unidos a taxa é de 49,7, o que, segundo ele, "mostra a solidez da economia brasileira".

Embora os números estejam corretos, economistas não viram qualquer razão para a euforia.


O CDS são uma espécie de seguro para quem tem aplicações em títulos públicos ou privados. Se, por exemplo, o Tesouro do país que emitiu o título deixar de pagar aos investidores, o CDS cobre esse calote.

Há vários vencimentos para estes contratos.
Os mais importantes vencem em cinco anos.
Já os usados por Mantega para festejar têm vencimento em um ano e são os menos negociados neste mercado, o que provoca forte oscilação das taxas em períodos muito curtos.


Os economistas explicaram que, pela mesma lógica,
os CDS da Colômbia (37,44 pontos),
da Indonésia (38,60 pontos)
e do México (34,39 pontos)
de um ano também seriam mais seguros ontem do que os americanos.

Quanto mais alta a pontuação, pior a situação do país.

Os CDS de cinco anos, por sua vez, apontavam ontem um risco maior do Brasil que dos EUA. O papel americano era negociado a 52 pontos, enquanto o brasileiro operava a 115 pontos.


Segundo Homero Guizzo, economista da consultoria LCA, além da baixa liquidez dos CDS de um ano, há no momento uma grande distorção nos mercados provocada pela guerra política sobre o aumento do limite da dívida pública americana.

O governo dos EUA precisa aprovar a elevação do teto de seu endividamento, mas a votação empacou no Congresso, porque os republicanos querem, em troca, forçar o corte de gastos sociais.

O prazo limite é 2 de agosto.
Sem a aprovação, tecnicamente, os EUA estariam em calote, ou seja, o governo não poderia honrar suas obrigações.


- Não é possível dizer que o risco do Brasil é menor que o dos EUA. E Mantega sabe disso. Não existe chance de um default técnico nos EUA em agosto - afirmou Guizzo.

Para Gustavo Franco, ex-diretor do Banco Central (BC), "o perigo está em o ministro levar a sério sua própria brincadeira".

Luiz Eduardo Portella, sócio do Banco Modal, explicou que não é correto usar contratos curtos de CDS para comparação entre países por causa da alta volatilidade nas taxas.
- São operações de balcão, com grandes bancos, fundos e seguradoras - explica.

Durante entrevista ontem, o ministro disse que a presidente Dilma Rousseff ficou muito satisfeita com a pontuação do Brasil:

- Estamos muito felizes com essa informação porque mostra a solidez da economia brasileira - festejou ele.

Chico de Gois e Bruno Villas Bôas O Globo

O risco menor que ninguém vê

GOOGLE/SEBRAE - CONECTE SEU NEGÓCIO : Site lança programa para estimular expansão de empresas na web.

O Google lançou nesta quarta-feira, em parceria com o Sebrae, a HP e a Yola (empresa de serviços de hospedagem e design de websites), um projeto que busca estimular a expansão de pequenas empresas na internet.

Chamado de Conecte seu Negócio, o programa irá "facilitar e ampliar a entrada de empresários de todo Brasil" na rede. Como parte do lançamento, o Google oferecerá domínios grátis aos primeiros 5 mil inscritos --promoção válida para a primeira anuidade.

O projeto contempla ainda a criação, design e hospedagem do website de forma gratuita. "Após o site ser criado, os empresários receberão créditos em Google AdWords --solução de publicidade online-- para promover seu site na internet", explica em nota.

Segundo o Google, o papel do Sebrae "será o de estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento dos micro e pequenos empresários no meio digital, com a produção de material educacional e treinamentos por webinars, além de todo o suporte necessário no canal oficial do projeto".

COMO PARTICIPAR

O empresário pode checar pelo site do programa (www.conecteseunegocio.com.br) se o domínio desejado está disponível. Após esse primeiro passo, deve registrar a empresa por meio do CPF/CNPJ e preencher o formulário com os dados.

"A partir daí, começa a fase da construção do website: com o uso da ferramenta da parceira Yola, o usuário poderá escolher diversas opções de layout, formatação de página, inserir fotos e o conteúdo. Simples e fácil, a ferramenta permite a qualquer pessoa criar sites criativos e com todos os recursos de e-commerce necessários", explica o comunicado.

De acordo com o Google, também será oferecido um pacote especial da HP na oferta de computadores (desktops e notebooks), impressoras e monitores.

"Estamos comprometidos com a inclusão digital das empresas brasileiras, especialmente as micro, pequenas e médias", afirmou Fabio Coelho, presidente do Google Brasil.

"Acreditamos que a oferta de ferramentas que ajudam no investimento inicial de construção de um site será um grande estímulo para os mais de 5 milhões de empresários brasileiros que buscam expandir seus negócios online.
Nosso objetivo é mostrar a esses empreendedores que a internet é um ambiente muito rico em oportunidade, com bom retorno sobre os investimentos", completa.

Inflação: BC vê riscos, mas fala em cenário mais favorável.

Na ata divulgada hoje, que traz as justificativas para a alta da taxa de juros, o BC diz que prevalece um nível de incerteza acima do usual no ambiente econômico e que há riscos de não convergência da inflação à meta.

Apesar disso, avalia que o cenário para a inflação melhorou:

- Embora incertezas crescentes que cercam o cenário global e, em escala bem menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis - diz a nota.

No documento, o BC reitera o que havia dito no comunicado divulgado após a alta da Selic em 0,25 ponto. Diz que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período "suficientemente prolongado" é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta.

Olhando para o âmbito interno, o BC afirma que as ações macroprudencias (de aperto no crédito) e as convencionais de política monetária (aumento da taxa de juros) recentemente implementadas ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços.

- No âmbito externo, as evidências apontam moderação no processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 e, em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua sobre o comportamento da inflação doméstica - informa a ata.

Apesar de reconhecer moderação, "em ritmo ainda incerto", da expansão da demanda doméstica, o BC diz que ela se apresenta robusta, em grande parte devido ao crescimento da renda e da expansão do crédito.

Valéria Maniero/Globo

FT: Queda nos juros futuros alerta analistas para rendimento dos títulos no Brasil.

Um indicador de mercado acompanhado com atenção por analistas financeiros – a curva de rendimento de títulos públicospoderia indicar problemas à vista na economia brasileira, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira pelo diário conservador britânico Financial Times (FT).

O jornal observa que existe uma teoria amplamente aceita de que juros nos títulos de curto prazo mais altos do que nos de longo prazo são a indicação de que a economia do país ruma a uma forte desaceleração ou até mesmo uma recessão.


Segundo a reportagem, os países cuja curva de rendimento de títulos públicos apresentam as maiores diferenças entre os juros de curto e de longo prazo são Grécia, Portugal e Irlanda, os três países europeus que enfrentam graves problemas financeiros e tiveram que receber ajuda externa para honrar o pagamento de suas dívidas.

O que pode ser mais surpreendente, porém, é que os próximos da fila são os ‘queridinhos’ do mercado emergente Brasil e Índia”, observa o jornal.

Segundo a reportagem, nas últimas semanas a curva de rendimento em ambos os países se inverteu – no Brasil de forma mais acentuada – conforme os bancos centrais aumentaram as taxas básicas de juros para tentar controlar o aumento da inflação, levando alguns analistas a prever que uma desaceleração está a caminho.

Apesar disso, o texto observa que há outros analistas que argumentam que “as curvas de rendimento invertidas no Brasil e na Índia são mais uma afirmação sobre a direção das taxas de juros no curto prazo do que uma previsão sombria para a economia”.


“No Brasil, as taxas de juros reais são altas por causa do histórico do país com inflação fora do controle. Mas a tendência de longo prazo hoje é que os juros reais caiam conforme governos sucessivos demonstrem um comprometimento em baixar a inflação – como refletido nas taxas de juros menores em títulos de longo prazo”, analisa a reportagem.

Apesar disso, o jornal afirma que ainda que não indiquem uma recessão, as curvas de rendimento invertidas de Brasil e Índia “são um sinal de que o rápido crescimento econômico dos últimos anos pode estar desacelerando”.

BBC/Londres