"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 16, 2011

OURO DE TOLO! O RISCO REAL : A FARSA DO MINISTRO BUFÃO/TORPE SOBRE A COMPARAÇÃO DO RISCO SOBERANO BRASIL/EUA.


O governo comemorou ontem a informação de que, pela primeira vez na História, o risco soberano do Brasil - considerando apenas o endividamento público, no ranking Credit Default Swap (CDS) - é menor do que o dos Estados Unidos.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o risco soberano do Brasil atingiu 41,2 pontos, enquanto para os Estados Unidos a taxa é de 49,7, o que, segundo ele, "mostra a solidez da economia brasileira".

Embora os números estejam corretos, economistas não viram qualquer razão para a euforia.


O CDS são uma espécie de seguro para quem tem aplicações em títulos públicos ou privados. Se, por exemplo, o Tesouro do país que emitiu o título deixar de pagar aos investidores, o CDS cobre esse calote.

Há vários vencimentos para estes contratos.
Os mais importantes vencem em cinco anos.
Já os usados por Mantega para festejar têm vencimento em um ano e são os menos negociados neste mercado, o que provoca forte oscilação das taxas em períodos muito curtos.


Os economistas explicaram que, pela mesma lógica,
os CDS da Colômbia (37,44 pontos),
da Indonésia (38,60 pontos)
e do México (34,39 pontos)
de um ano também seriam mais seguros ontem do que os americanos.

Quanto mais alta a pontuação, pior a situação do país.

Os CDS de cinco anos, por sua vez, apontavam ontem um risco maior do Brasil que dos EUA. O papel americano era negociado a 52 pontos, enquanto o brasileiro operava a 115 pontos.


Segundo Homero Guizzo, economista da consultoria LCA, além da baixa liquidez dos CDS de um ano, há no momento uma grande distorção nos mercados provocada pela guerra política sobre o aumento do limite da dívida pública americana.

O governo dos EUA precisa aprovar a elevação do teto de seu endividamento, mas a votação empacou no Congresso, porque os republicanos querem, em troca, forçar o corte de gastos sociais.

O prazo limite é 2 de agosto.
Sem a aprovação, tecnicamente, os EUA estariam em calote, ou seja, o governo não poderia honrar suas obrigações.


- Não é possível dizer que o risco do Brasil é menor que o dos EUA. E Mantega sabe disso. Não existe chance de um default técnico nos EUA em agosto - afirmou Guizzo.

Para Gustavo Franco, ex-diretor do Banco Central (BC), "o perigo está em o ministro levar a sério sua própria brincadeira".

Luiz Eduardo Portella, sócio do Banco Modal, explicou que não é correto usar contratos curtos de CDS para comparação entre países por causa da alta volatilidade nas taxas.
- São operações de balcão, com grandes bancos, fundos e seguradoras - explica.

Durante entrevista ontem, o ministro disse que a presidente Dilma Rousseff ficou muito satisfeita com a pontuação do Brasil:

- Estamos muito felizes com essa informação porque mostra a solidez da economia brasileira - festejou ele.

Chico de Gois e Bruno Villas Bôas O Globo

O risco menor que ninguém vê

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