"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 09, 2011

Inflação "do aluguel" acelera alta na 1ª prévia de setembro

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou a alta para 0,43% na primeira prévia de setembro, ante 0,22% no mesmo período do mês anterior, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira.

O indicador amplamente utilizado na correção de contratos de aluguel acumula variação de 3,93% no primeiro decêndio em 2011, enquanto a inflação em 12 meses é de 7,23%.

Empurrado pelo preço das matérias primas brutas, que apresentaram alta de 1,25%, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,49%, ante 0,28% em agosto.

"Os itens que mais contribuíram para a trajetória de aceleração deste grupo foram: minério de ferro (-1,94% para 2,97%), café (em grão) (-2,57% para 7,59%) e soja (em grão) (1,97% para 4,09%)", afirmou a FGV em nota.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também acelerou de 0,07% em agosto para 0,42% no primeiro decêndio deste mês.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou desaceleração de 0,16% para 0,10%.


Inadimplência acumula alta de 5,14% no ano, diz CNDL

A inadimplência do consumidor brasileiro acumula alta de 5,14% de janeiro a agosto, em comparação com mesmo período de 2010, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com base nas consultas e inclusões de cadastros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Na comparação com agosto de 2010, o avanço foi de 6,37%, a sétima elevação consecutiva neste tipo de relação.

"Podemos atribuir o resultado ao comprometimento de parte do orçamento das famílias com as parcelas de presentes para o Dia das Mães e dos Namorados, onde algumas excedem nos gastos e acabam tendo dificuldades de honrarem seus compromissos.

Deve-se também aos gastos realizados na euforia do mês de julho (férias) e que não foram planejados, não cabendo assim no orçamento das famílias", afirmaram as entidades em nota.

Em relação ao mês de julho, o aumento ficou em 5,1%. Apesar da alta, a tomada de crédito pelo consumidor vem aumentando.

O vice-presidente da CNDL, Vitor Augusto Koch, destacou que o consumidor deixa de pagar uma prestação não porque quer dar calote, mas porque em um determinado momento da vida foi obrigado a cobrir alguma outra despesa emergente.

Nos últimos quatro anos, mais 30 milhões de brasileiros passaram a comprar a crédito.

Segundo ele, o lojista também tem uma parcela de responsabilidade pelo aumento da inadimplência, porque "às vezes se entusiasma demais para fazer uma venda a prazo".

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) dispõe de ferramentas para orientar o comércio a conceder crédito de forma mais criteriosa, de acordo com o representante da CNDL.

As consultas ao SPC, que refletem o nível de atividade do comércio, tiveram alta de 8,37% em agosto em relação ao mesmo período de 2010 e de 6,36% ante julho deste ano.

As vendas a prazo cresceram 6,35% de julho para agosto e tiveram alta de 5,72% no ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

O cancelamento de registros, que mostra a recuperação de crédito, teve alta de 7,81% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo os dados divulgados pela CNDL.

Com informações da Agência Brasil.

BC confunde, não explica


A ata da reunião do Copom que reduziu os juros na semana passada não trouxe as respostas que se esperava para justificar o corte brusco da taxa básica. Se era para explicar, o que o Banco Central conseguiu foi confundir ainda mais. É difícil compactuar com as razões apresentadas sem temer pelo recrudescimento da inflação.

A decisão do BC de cortar a taxa básica, depois de mais de dois anos de manutenção e alta, coincide com o momento em que a inflação brasileira atinge o maior patamar em seis anos. É esta contradição que tem gerado as críticas a uma atitude que, fosse outra a situação, teria sido louvada e comemorada por todos.

A inflação medida pelo IPCA acumula alta de 7,23% nos últimos 12 meses. É o pior resultado desde junho de 2005. O índice que companha o comportamento dos preços no atacado (IPA) também subiu bastante em agosto, em especial os alimentos, após ter tido deflação em julho. Depois, a onda bate no varejo e no bolso do consumidor.

O regime de metas adotado no país estabelece que, neste e nos próximos dois anos, o índice a ser perseguido deve ser de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Ou seja, a inflação corrente já furou o teto. Mas o BC tem fé que ela cairá.

Simulações estatísticas indicam que a taxa acumulada tende a ceder no último trimestre do ano: sairão da base de cálculo meses em que a inflação foi muito elevada em 2010 e entrarão resultados supostamente mais favoráveis de agora.

Mas há vários fatores que conspiram contra isso: a persistente alta dos preços dos serviços, próxima de 9% em 12 meses, e o aumento, já contratado, de 13,6% para o mínimo em janeiro de 2012. Há também todo um mercado de trabalho ainda muito aquecido, com ganhos reais de salários sendo concedidos. Serão mais combustível na fogueira da inflação.

Diante disso, os motivos que o BC lista na ata divulgada ontem para sustentar a criticada decisão de cortar os juros básicos em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano, são muito mais apostas do que frias constatações. Crê-se numa freada forte da economia mundial, mas o lance mais arriscado é o que se fia no "cenário de contenção das despesas públicas".

De concreto, até agora, o que mais se aproxima disso foi a decisão do governo federal de aumentar em R$ 10 bilhões o superávit fiscal deste ano, anunciada na véspera da reunião do Copom. Note-se, porém, que estes bilhões nada mais são do que resultado de arrecadação atípica de tributos. Não é que a gestão petista gastou menos; o que aconteceu foi que ela arrecadou demais.

Já o que poderia ser efetivamente uma sinalização de austeridade fiscal passou longe disso. A proposta orçamentária para 2012 traz previsão de aumento de gastos acima da expansão do PIB e também superior à elevação das receitas. Ou seja, o governo Dilma Rousseff pretende gastar mais e não menos, como prefere apostar o BC. Na prática, a meta de superávit deve cair de 3,15% do PIB para 2,5%. Que "contenção" é esta?

"Em nenhum momento ficou demonstrado que a deterioração das condições externas seja tão forte e que a melhora dos indicadores fiscais internos seja tão relevante a ponto de justificarem a dosagem reforçada no corte dos juros. Há desproporção entre diagnóstico e a decisão tomada", comenta Celso Ming n'O Estado de S.Paulo.

Outro fator que tende a dificultar a vida do Banco Central doravante é o comportamento do dólar. Com a valorização verificada a partir de agosto, a moeda americana já está perto de zerar as perdas acumuladas desde janeiro. E a tendência é de novas altas. Com isso, o custo dos importados - que implodiu a produção nacional, mas serviu de contrapeso para a inflação geral - tende a subir, gerando mais pressão sobre os preços internos.

Todos querem que a taxa de juros brasileira deixe de ser tão elevada quanto ainda é. O que não se admite é que, para acabar com esta jabuticaba que só existe no Brasil, o Banco Central rife a maior conquista da sociedade brasileira em décadas: a estabilidade da moeda.

Por ora, o resultado da atuação da autoridade monetária tem sido apenas mais inflação e menos crescimento econômico.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Petróleo "esconde" déficit em derivados e os três embustes do "brasil maravilha" do cachaceiro parlapatão e sua "extaordinária gerentona".

O Brasil encerrou os primeiros sete meses deste ano com um pequeno superávit na balança comercial do setor de petróleo, revertendo o déficit de US$ 632 milhões obtido em igual período de 2010.

O superávit de US$ 59 milhões foi obtido com ajuda das exportações do óleo bruto, porque o déficit na importação de derivados aumentou 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado e chegou a US$ 3,73 bilhões, segundo dados organizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com base nas estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A importação de petróleo também cresceu, mas menos do que as vendas externas de óleo bruto.

Apesar do aumento nas exportações de derivados (US$ 5,74 bilhões de janeiro a julho contra US$ 4,03 bilhões do ano passado), a demanda interna por combustíveis - principalmente gasolina - e a escassez de refinarias em solo nacional pressionaram a busca pelos produtos fora do país.

Até julho, o Brasil importou US$ 9,48 bilhões em derivados, 33,7% mais do que no mesmo período de 2010. E a tendência é de alta: enquanto na média dos primeiros três meses do ano o país comprou US$ 955 milhões para abastecer o mercado, de maio a julho a demanda subiu para US$ 1,66 bilhão.

O petróleo também teve aumento expressivo, mas no sentido contrário. O superávit obtido até julho da balança do óleo bruto, de US$ 3,79 bilhões, representou aumento de 56,7% frente ao mesmo período do ano passado.

A quantidade de barris, junto com a valorização do preço no mercado internacional, contribuiu para o número favorável: o país exportou 1,01 milhão de barris a mais e importou 6,55 milhões a menos na mesma comparação.

A reversão do déficit, no entanto, esconde uma dependência cada vez maior de refinarias fora do país. O aumento da importação dos derivados do petróleo é reflexo do aquecimento do mercado interno, que apresenta alta na demanda por carros e passagens de avião - entre itens que exigem maior consumo de derivados -, mas também de eletrodomésticos como geladeira e fogão, segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

"Desde 2008, como resposta à crise, o governo incentiva o consumo de bens duráveis, que necessitam de combustível. Somos autossuficientes em petróleo, mas não conseguimos produzir nafta, diesel, querosene de avião e gasolina, porque faltam refinarias."

Nos primeiros seis meses do ano, de acordo com a Petrobras, o consumo de gasolina no mercado doméstico cresceu 17% frente ao mesmo período de 2010. Outros combustíveis que passam por forte demanda, como querosene de avião e diesel, aumentaram 12,9% e 8,6% respectivamente.

A empresa brasileira tem planos de construção de quatro novas refinarias (Comperj, no Rio de Janeiro, Premium I, no Maranhão, Premium II, no Ceará, e Abreu e Lima, em Pernambuco) com a primeira com previsão de inauguração para o fim de 2013, e a última em 2017.

Com isso, a estimativa é que a produção diária de 2 milhões de barris de petróleo refinado aumente para 3,1 milhões. A última refinaria inaugurada no país foi a de Henrique Lage, em São José dos Campos (SP), em 1980. Até o início desse plano de expansão, a Petrobras acredita que a importação de derivados de petróleo vai aumentar e representar até 10% do total consumido no país. Hoje, a fatia estrangeira é de 5%.

Apesar de concordar com o cenário de maior pressão sobre a demanda de derivados, Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, prevê uma participação maior das importações no consumo interno.

"A curva vai se acelerar pelo menos até o fim de 2013, pois não podemos refinar mais petróleo e a safra de etanol não deve aumentar substancialmente. Para este ano e 2012, esquece. Teremos que seguir importando e não vejo a fatia parando em 10%, pois os próximos dois anos serão de forte demanda por gasolina."

Até abril do próximo ano, outro fator que vai provocar o aumento na importação de derivados é a decisão do governo de reduzir a participação de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%.

Rodrigo Pedroso | Valor Econômico


Três embustes do Brasil Maravilha do parlapatão cachaceiro :

O milagre do álcool

A autossuficiência em petróleo e a eficiência espetacular da Petrobras. Na discurseira de Lula e Dilma Rousseff, são espantos de matar de inveja um magnata de filme americano.

No país real, só existem na papelada registrada em cartório pelo palanque ambulante. (AN)

O álcool…


Lembra da revolução energética anunciada pelo presidente Lula, em que o álcool de cana brasileiro seria um dos combustíveis mais importantes? Bom, o Brasil está importando álcool faz tempo ─ principalmente dos Estados Unidos.

Neste ano, a importação representa cinco vezes a de 2010: no total, 1,03 bilhão de litros contra 200 milhões do ano passado. E era para ser ainda maior, se o Governo não tivesse reduzido a mistura do álcool na gasolina de 25 para 20%.

…a gasolina…

Lembra da autossuficiência do Brasil em petróleo, também anunciada pelo presidente Lula? Neste ano, o Brasil já importou 3,1 milhões de barris de gasolina; e além das importações normais virão mais 550 mil barris por mês, para substituir os 5% de álcool a menos na mistura.

…o custo

No segundo trimestre do ano passado, o prejuízo da Petrobras com a importação de gasolina foi de R$ 108 milhões. No segundo trimestre deste ano, de R$ 2,28 bilhões.

Traduzindo: o prejuízo foi multiplicado por 20.

(Augusto Nunes)

Internet contorna cooptação lulopetista.

O feriado do Dia da Independência se tornou um marco na história das manifestações populares no país. Menos pela quantidade de pessoas que levou às ruas, e muito mais pela forma e contexto em que foram mobilizadas. Fica registrado que em 7 de setembro de 2011 alguns milhares de brasileiros decidiram protestar contra a onda de corrupção na esfera pública, sem atender qualquer das entidades outrora de praxe - UNE, sindicatos -, apenas conectando-se por meio de redes sociais, via internet. Aliás, decidiram fazer o que fizeram contra os interesses de UNE, sindicatos etc.

Este tipo de mobilização política espontânea entre cidadãos, à margem de governo, partidos e corporações, ganhou grande destaque mundial na luta (frustrada) da oposição iraniana contra a vitória eleitoral fraudada de Ahmadinejad, em 2009. Mensagens de twitter convocaram protestos, e cenas de conflitos registradas por telefones celulares foram transmitidas ao redor do mundo, fato inédito na fechada ditadura persa dos aiatolás.

No final, venceu a ditadura, inclusive valendo-se de recursos de tecnologia de ponta para rastrear opositores e jogá-los nas terríveis masmorras do regime.

No Brasil, a internet não é usada contra uma ditadura, óbvio, mas, no 7 de setembro, para romper uma couraça criada nos oito anos de poder lulopetista a fim de proteger o governo e o PT de qualquer ameaça política.

Na Primavera Árabe, ainda em andamento, foi de vez institucionalizado o manejo da rede mundial de computadores, das mais diversas formas, para inimigos das ditaduras se comunicarem e planejarem ações.

Longe de ser o caso do Brasil, também é claro. A peculiaridade brasileira é que desde 2003, com a chegada de Lula ao Planalto, entidades estudantis, organizações ditas sociais como o MST e grandes centrais sindicais (CUT e Força) - apenas para citar os elos mais importantes desta cadeia fisiológica - passaram a ter assento no grande banquete pago pelo dinheiro do Tesouro Nacional (leia-se, o contribuinte).

Na política de obter apoio em troca de vagas e verbas, o governo doou o Incra ao MST, o Ministério do Trabalho aos sindicatos, encheu os cofres da UNE de numerário, e, assim, chegamos ao ponto atual, em que, por conveniências bastante concretas, aguerridas entidades fingem que não há corrupção em Brasília.

Tampouco que a multiplicação de casos em que o Tesouro é assaltado deriva do toma lá dá cá adotado em Brasília há oito anos.

Forjou-se, até, a anedótica comparação entre os que pedem hoje lisura no manejo do dinheiro do Erário com a UDN de Carlos Lacerda, da década de 50, na campanha contra Vargas, acusado de corrupção. Os momentos históricos são distintos como água e vinho.

No fundo, paira a visão de que o roubo de direita tem de ser denunciado, enquanto o roubo de esquerda deve ser tolerado, em nome da "causa". Lamentável.

A mobilização que resultou nas quase 30 mil pessoas no asfalto de Brasília, sem que fossem admitidas faixas e cartazes alusivos a partidos, pode ser a ponta de algo maior existente no subsolo da sociedade. Merece alguma reflexão dos atuais donos do poder.

O Globo