"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 09, 2011

Petróleo "esconde" déficit em derivados e os três embustes do "brasil maravilha" do cachaceiro parlapatão e sua "extaordinária gerentona".

O Brasil encerrou os primeiros sete meses deste ano com um pequeno superávit na balança comercial do setor de petróleo, revertendo o déficit de US$ 632 milhões obtido em igual período de 2010.

O superávit de US$ 59 milhões foi obtido com ajuda das exportações do óleo bruto, porque o déficit na importação de derivados aumentou 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado e chegou a US$ 3,73 bilhões, segundo dados organizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com base nas estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A importação de petróleo também cresceu, mas menos do que as vendas externas de óleo bruto.

Apesar do aumento nas exportações de derivados (US$ 5,74 bilhões de janeiro a julho contra US$ 4,03 bilhões do ano passado), a demanda interna por combustíveis - principalmente gasolina - e a escassez de refinarias em solo nacional pressionaram a busca pelos produtos fora do país.

Até julho, o Brasil importou US$ 9,48 bilhões em derivados, 33,7% mais do que no mesmo período de 2010. E a tendência é de alta: enquanto na média dos primeiros três meses do ano o país comprou US$ 955 milhões para abastecer o mercado, de maio a julho a demanda subiu para US$ 1,66 bilhão.

O petróleo também teve aumento expressivo, mas no sentido contrário. O superávit obtido até julho da balança do óleo bruto, de US$ 3,79 bilhões, representou aumento de 56,7% frente ao mesmo período do ano passado.

A quantidade de barris, junto com a valorização do preço no mercado internacional, contribuiu para o número favorável: o país exportou 1,01 milhão de barris a mais e importou 6,55 milhões a menos na mesma comparação.

A reversão do déficit, no entanto, esconde uma dependência cada vez maior de refinarias fora do país. O aumento da importação dos derivados do petróleo é reflexo do aquecimento do mercado interno, que apresenta alta na demanda por carros e passagens de avião - entre itens que exigem maior consumo de derivados -, mas também de eletrodomésticos como geladeira e fogão, segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

"Desde 2008, como resposta à crise, o governo incentiva o consumo de bens duráveis, que necessitam de combustível. Somos autossuficientes em petróleo, mas não conseguimos produzir nafta, diesel, querosene de avião e gasolina, porque faltam refinarias."

Nos primeiros seis meses do ano, de acordo com a Petrobras, o consumo de gasolina no mercado doméstico cresceu 17% frente ao mesmo período de 2010. Outros combustíveis que passam por forte demanda, como querosene de avião e diesel, aumentaram 12,9% e 8,6% respectivamente.

A empresa brasileira tem planos de construção de quatro novas refinarias (Comperj, no Rio de Janeiro, Premium I, no Maranhão, Premium II, no Ceará, e Abreu e Lima, em Pernambuco) com a primeira com previsão de inauguração para o fim de 2013, e a última em 2017.

Com isso, a estimativa é que a produção diária de 2 milhões de barris de petróleo refinado aumente para 3,1 milhões. A última refinaria inaugurada no país foi a de Henrique Lage, em São José dos Campos (SP), em 1980. Até o início desse plano de expansão, a Petrobras acredita que a importação de derivados de petróleo vai aumentar e representar até 10% do total consumido no país. Hoje, a fatia estrangeira é de 5%.

Apesar de concordar com o cenário de maior pressão sobre a demanda de derivados, Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, prevê uma participação maior das importações no consumo interno.

"A curva vai se acelerar pelo menos até o fim de 2013, pois não podemos refinar mais petróleo e a safra de etanol não deve aumentar substancialmente. Para este ano e 2012, esquece. Teremos que seguir importando e não vejo a fatia parando em 10%, pois os próximos dois anos serão de forte demanda por gasolina."

Até abril do próximo ano, outro fator que vai provocar o aumento na importação de derivados é a decisão do governo de reduzir a participação de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%.

Rodrigo Pedroso | Valor Econômico


Três embustes do Brasil Maravilha do parlapatão cachaceiro :

O milagre do álcool

A autossuficiência em petróleo e a eficiência espetacular da Petrobras. Na discurseira de Lula e Dilma Rousseff, são espantos de matar de inveja um magnata de filme americano.

No país real, só existem na papelada registrada em cartório pelo palanque ambulante. (AN)

O álcool…


Lembra da revolução energética anunciada pelo presidente Lula, em que o álcool de cana brasileiro seria um dos combustíveis mais importantes? Bom, o Brasil está importando álcool faz tempo ─ principalmente dos Estados Unidos.

Neste ano, a importação representa cinco vezes a de 2010: no total, 1,03 bilhão de litros contra 200 milhões do ano passado. E era para ser ainda maior, se o Governo não tivesse reduzido a mistura do álcool na gasolina de 25 para 20%.

…a gasolina…

Lembra da autossuficiência do Brasil em petróleo, também anunciada pelo presidente Lula? Neste ano, o Brasil já importou 3,1 milhões de barris de gasolina; e além das importações normais virão mais 550 mil barris por mês, para substituir os 5% de álcool a menos na mistura.

…o custo

No segundo trimestre do ano passado, o prejuízo da Petrobras com a importação de gasolina foi de R$ 108 milhões. No segundo trimestre deste ano, de R$ 2,28 bilhões.

Traduzindo: o prejuízo foi multiplicado por 20.

(Augusto Nunes)

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