"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 25, 2011

PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO... EM MARCHA LENTA MAS COM O "CAIXA GORDO".

Feriados deveriam ser um momento de descanso em meio a dias de dedicação ao trabalho.
Mas, nesta Semana Santa, para milhares de brasileiros a merecida pausa foi marcada por longas esperas, contratempos em estradas e filas em aeroportos que vão se tornando rotineiras.
Sem investimentos à altura, a infraestrutura do país caminha cada vez mais para um "paradão".


Exemplo sintomático da situação de caos na estrutura de transporte brasileira ocorreu na BR-381, no trecho que liga Belo Horizonte a Governador Valares, em Minas Gerais. Às vésperas do feriado, o que era mais do que previsível ocorreu:
uma ponte cedeu por falta de manutenção rotineira do DNIT.

O tráfego, um dos mais pesados do país por se tratar de uma rota industrial e turística, teve de ser desviado e os motoristas purgaram congestionamentos de dezenas de quilômetros.


A BR-381 é uma das mais perigosas do país, registrando quase uma morte por dia. Os planos para sua reforma foram deixados de lado na era Lula - e onde estavam continuam.
Mas o que ocorreu nesta que é uma das mais temidas "rodovias da morte" do país é apenas um dos vários incidentes que se tornaram rotina nas estradas brasileiras.

Dinheiro para investir não falta, inclusive na forma de recursos tributários específicos para o setor. O que falta é competência para bem aplicá-los.


Poucos sabem, mas existe um tributo especialmente destinado a custear melhorias na infraestrutura e na malha viária: a Cide-Combustíveis.
Ele vem de parte do preço que o consumidor paga pela gasolina vendida nos postos. No ano passado, foram arrecadados R$ 8 bilhões.

Neste primeiro trimestre, já entraram mais R$ 2 bilhões no caixa do
Leão.
Mas o dinheiro continua servindo apenas para engordar o caixa do Tesouro.


O governo do PT tem dificuldade para transformar os fartos impostos cobrados dos brasileiros em melhorias e mais bem-estar para a população.
Ao mesmo tempo, resiste a abrir espaço para que a iniciativa privada cuide da nossa infraestrutura. Até hoje, apenas 4,8 mil km de rodovias foram concedidos, o que equivale a somente um terço do que é considerado passível de concessão no país.


Mas o excesso de tráfego e as más condições das estradas não foram o único empecilho com o qual os motoristas se depararam no feriadão. Os brasileiros estão começando a conviver com um "apagão de combustíveis", conforme descreveu
O Estado de S.Paulo em sua edição de sábado.
Em muitos postos, a gasolina simplesmente desapareceu, confirmando o que a própria Petrobras havia admitido há alguns dias.


O que está ocorrendo é que está faltando etanol no país, segundo maior produtor mundial deste combustível. Com isso, os preços do álcool explodiram, empurrando a demanda dos motoristas por gasolina.
Já em 2010 o consumo superara a produção brasileira em 11% e neste ano tende a sangrar ainda mais a balança comercial.


A despeito de toda a parolagem publicitária, o Brasil continua dependendo da importação de petróleo e derivados. A tão propalada autossuficiência nunca existiu de fato.
Neste ano, a balança de derivados de petróleo deverá registrar déficit de US$ 18 bilhões. Em 2010, o rombo atingira US$ 13 bilhões, ou quatro vezes mais do que no início da década.


Tudo considerado, o que se vê hoje é um país absolutamente despreparado para enfrentar o grande salto adiante que precisa ser dado.
O PT diz que "retomou o planejamento estratégico".

Não é o que se percebe, onde quer que se vá por este país afora.
Por terra, por mar, pelo ar, está tudo cada vez mais parado.
Feriado no Brasil virou motivo de cansaço.


Fonte: ITV

PETROBRAS "BLUE CHIP" : A OPÇÃO ARRISCADA. Ações da estatal já caem até 9,6% no mês. Em 12 meses, tombo chega a 20,7%

O futuro das ações da Petrobras está mais uma vez nas mãos do governo. Os desentendimentos públicos entre o Ministério da Fazenda e a estatal sobre o reajuste dos preços dos combustíveis afetaram os papéis da companhia nas últimas semanas. Só este mês até a última sexta-feira, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal já acumulam queda de 7,79% e as ordinárias (ON, com voto), 9,63%.

Os analistas estão agora divididos entre os que acreditam no aumento de preços da gasolina - e acreditam, portanto, numa alta das ações da empresa a curto prazo - e os que temem uma resistência do governo por causa do controle da inflação, o que afetaria o balanço, a cotação dos papéis e a distribuição de dividendos da estatal.

Nos últimos 12 meses, o recuo é grande:
20,18% (PNs) e 20,73% (ONs). Foi justamente em abril do ano passado que a Petrobras confirmou que iria fazer a operação de capitalização, para fazer frente aos investimentos na exploração do petróleo da camada do pré-sal. As incertezas em relação ao processo derrubaram as ações.

Mas, depois que a megaoperação de R$120 bilhões foi finalizada, foi a vez de temores em relação ao alto endividamento da empresa derrubarem os papéis. Agora, a pancada vem da discussão em torno do preço da gasolina:

- O mercado não gosta de ingerência política em qualquer empresa, como aconteceu com a Vale recentemente. Por isso, quando o petróleo subiu, a Petrobras ficou para trás - afirma Márcio Macedo, da Humaitá Investimentos.

Os preços internacionais do petróleo começaram a subir no início deste ano depois da onda de protestos populares em países árabes, que estão entre os maiores produtores mundiais. O barril do tipo leve negociado na Bolsa de Nova York, por exemplo, escalou de US$91,40 em 31 de dezembro do ano passado para US$111,45 na última sexta-feira, um avanço de 22%.

Nesse mesmo período, as ações das grandes petrolíferas foram beneficiadas.
Foi o caso da Exxon Mobil (17,14%),
Petrochina (7,76%)
e Royal Dutch Shell (2,79%), que repassaram preços.
Já os papéis PN da Petrobras recuaram 3,14%, e os ON, 3,04%.


William Alves, analista da XP Investimentos, explica que os atuais níveis de preço do petróleo no mercado internacional vão afetar a rentabilidade da Petrobras, com impacto na distribuição dos lucros aos investidores.
Isso porque a Petrobras passou a importar mais gasolina no primeiro trimestre deste ano, pagando um preço mais alto pelo produto.

- Essa gasolina comprada mais cara lá fora é vendida mais barata aqui no mercado doméstico. E, assim, aumentam os custos da Petrobras em um momento em que a empresa precisa gerar caixa para dar conta de grandes investimentos - explica o analista da XP. - E isso pode afetar os resultados que a Petrobras vai divulgar sobre o primeiro trimestre.

Analistas não acreditam em queda forte do petróleo

Segundo cálculos do consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a Petrobras deixou de ganhar mais de R$1 bilhão nos últimos meses porque não repassou às distribuidoras a alta do petróleo.

Sem repasse nos preços, papéis são opção arriscada

Os analistas têm apostado suas fichas na redução da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Uma redução do imposto compensaria o reajuste da gasolina para as distribuidoras para não haver pressão sobre a inflação.

- A visão de curto prazo para a Petrobras melhorou nos últimos dias. É maior agora a chance de um reajuste, até porque existe uma escassez de etanol no mercado interno, o que encareceu o produto. E esse custo precisa ser repassado de alguma forma - afirma Max Bueno, analista da Spinelli Corretora.

Mas analistas também alertam que, como ainda há risco de não haver o repasse do aumento de custos para os combustíveis, os papéis da Petrobras podem ser uma opção mais arriscada. E lembram que não é a primeira vez que a atuação do governo interfere no rumo das ações.

- Isso pesou muito porque os 5 bilhões transferidos pelo governo para a Petrobras, a chamada cessão onerosa, aumentou muito os riscos da companhia - explica Marcio Macedo, da Humaitá Investimentos.

Bruno Villas Bôas O Globo