O futuro das ações da Petrobras está mais uma vez nas mãos do governo. Os desentendimentos públicos entre o Ministério da Fazenda e a estatal sobre o reajuste dos preços dos combustíveis afetaram os papéis da companhia nas últimas semanas. Só este mês até a última sexta-feira, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal já acumulam queda de 7,79% e as ordinárias (ON, com voto), 9,63%.
Os analistas estão agora divididos entre os que acreditam no aumento de preços da gasolina - e acreditam, portanto, numa alta das ações da empresa a curto prazo - e os que temem uma resistência do governo por causa do controle da inflação, o que afetaria o balanço, a cotação dos papéis e a distribuição de dividendos da estatal.
Nos últimos 12 meses, o recuo é grande:
20,18% (PNs) e 20,73% (ONs). Foi justamente em abril do ano passado que a Petrobras confirmou que iria fazer a operação de capitalização, para fazer frente aos investimentos na exploração do petróleo da camada do pré-sal. As incertezas em relação ao processo derrubaram as ações.
Mas, depois que a megaoperação de R$120 bilhões foi finalizada, foi a vez de temores em relação ao alto endividamento da empresa derrubarem os papéis. Agora, a pancada vem da discussão em torno do preço da gasolina:
- O mercado não gosta de ingerência política em qualquer empresa, como aconteceu com a Vale recentemente. Por isso, quando o petróleo subiu, a Petrobras ficou para trás - afirma Márcio Macedo, da Humaitá Investimentos.
Os preços internacionais do petróleo começaram a subir no início deste ano depois da onda de protestos populares em países árabes, que estão entre os maiores produtores mundiais. O barril do tipo leve negociado na Bolsa de Nova York, por exemplo, escalou de US$91,40 em 31 de dezembro do ano passado para US$111,45 na última sexta-feira, um avanço de 22%.
Nesse mesmo período, as ações das grandes petrolíferas foram beneficiadas.
Foi o caso da Exxon Mobil (17,14%),
Petrochina (7,76%)
e Royal Dutch Shell (2,79%), que repassaram preços.
Já os papéis PN da Petrobras recuaram 3,14%, e os ON, 3,04%.
William Alves, analista da XP Investimentos, explica que os atuais níveis de preço do petróleo no mercado internacional vão afetar a rentabilidade da Petrobras, com impacto na distribuição dos lucros aos investidores.
Isso porque a Petrobras passou a importar mais gasolina no primeiro trimestre deste ano, pagando um preço mais alto pelo produto.
- Essa gasolina comprada mais cara lá fora é vendida mais barata aqui no mercado doméstico. E, assim, aumentam os custos da Petrobras em um momento em que a empresa precisa gerar caixa para dar conta de grandes investimentos - explica o analista da XP. - E isso pode afetar os resultados que a Petrobras vai divulgar sobre o primeiro trimestre.
Analistas não acreditam em queda forte do petróleo
Segundo cálculos do consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a Petrobras deixou de ganhar mais de R$1 bilhão nos últimos meses porque não repassou às distribuidoras a alta do petróleo.
Sem repasse nos preços, papéis são opção arriscada
Os analistas têm apostado suas fichas na redução da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Uma redução do imposto compensaria o reajuste da gasolina para as distribuidoras para não haver pressão sobre a inflação.
- A visão de curto prazo para a Petrobras melhorou nos últimos dias. É maior agora a chance de um reajuste, até porque existe uma escassez de etanol no mercado interno, o que encareceu o produto. E esse custo precisa ser repassado de alguma forma - afirma Max Bueno, analista da Spinelli Corretora.
Mas analistas também alertam que, como ainda há risco de não haver o repasse do aumento de custos para os combustíveis, os papéis da Petrobras podem ser uma opção mais arriscada. E lembram que não é a primeira vez que a atuação do governo interfere no rumo das ações.
- Isso pesou muito porque os 5 bilhões transferidos pelo governo para a Petrobras, a chamada cessão onerosa, aumentou muito os riscos da companhia - explica Marcio Macedo, da Humaitá Investimentos.
Bruno Villas Bôas O Globo
Os analistas estão agora divididos entre os que acreditam no aumento de preços da gasolina - e acreditam, portanto, numa alta das ações da empresa a curto prazo - e os que temem uma resistência do governo por causa do controle da inflação, o que afetaria o balanço, a cotação dos papéis e a distribuição de dividendos da estatal.
Nos últimos 12 meses, o recuo é grande:
20,18% (PNs) e 20,73% (ONs). Foi justamente em abril do ano passado que a Petrobras confirmou que iria fazer a operação de capitalização, para fazer frente aos investimentos na exploração do petróleo da camada do pré-sal. As incertezas em relação ao processo derrubaram as ações.
Mas, depois que a megaoperação de R$120 bilhões foi finalizada, foi a vez de temores em relação ao alto endividamento da empresa derrubarem os papéis. Agora, a pancada vem da discussão em torno do preço da gasolina:
- O mercado não gosta de ingerência política em qualquer empresa, como aconteceu com a Vale recentemente. Por isso, quando o petróleo subiu, a Petrobras ficou para trás - afirma Márcio Macedo, da Humaitá Investimentos.
Os preços internacionais do petróleo começaram a subir no início deste ano depois da onda de protestos populares em países árabes, que estão entre os maiores produtores mundiais. O barril do tipo leve negociado na Bolsa de Nova York, por exemplo, escalou de US$91,40 em 31 de dezembro do ano passado para US$111,45 na última sexta-feira, um avanço de 22%.
Nesse mesmo período, as ações das grandes petrolíferas foram beneficiadas.
Foi o caso da Exxon Mobil (17,14%),
Petrochina (7,76%)
e Royal Dutch Shell (2,79%), que repassaram preços.
Já os papéis PN da Petrobras recuaram 3,14%, e os ON, 3,04%.
William Alves, analista da XP Investimentos, explica que os atuais níveis de preço do petróleo no mercado internacional vão afetar a rentabilidade da Petrobras, com impacto na distribuição dos lucros aos investidores.
Isso porque a Petrobras passou a importar mais gasolina no primeiro trimestre deste ano, pagando um preço mais alto pelo produto.
- Essa gasolina comprada mais cara lá fora é vendida mais barata aqui no mercado doméstico. E, assim, aumentam os custos da Petrobras em um momento em que a empresa precisa gerar caixa para dar conta de grandes investimentos - explica o analista da XP. - E isso pode afetar os resultados que a Petrobras vai divulgar sobre o primeiro trimestre.
Analistas não acreditam em queda forte do petróleo
Segundo cálculos do consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a Petrobras deixou de ganhar mais de R$1 bilhão nos últimos meses porque não repassou às distribuidoras a alta do petróleo.
Sem repasse nos preços, papéis são opção arriscada
Os analistas têm apostado suas fichas na redução da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Uma redução do imposto compensaria o reajuste da gasolina para as distribuidoras para não haver pressão sobre a inflação.
- A visão de curto prazo para a Petrobras melhorou nos últimos dias. É maior agora a chance de um reajuste, até porque existe uma escassez de etanol no mercado interno, o que encareceu o produto. E esse custo precisa ser repassado de alguma forma - afirma Max Bueno, analista da Spinelli Corretora.
Mas analistas também alertam que, como ainda há risco de não haver o repasse do aumento de custos para os combustíveis, os papéis da Petrobras podem ser uma opção mais arriscada. E lembram que não é a primeira vez que a atuação do governo interfere no rumo das ações.
- Isso pesou muito porque os 5 bilhões transferidos pelo governo para a Petrobras, a chamada cessão onerosa, aumentou muito os riscos da companhia - explica Marcio Macedo, da Humaitá Investimentos.
Bruno Villas Bôas O Globo
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