"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 07, 2012

SELIC: Questão cambial leva autoridade a aumentar velocidade da redução da taxa de juros


Na segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2012, o Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto porcentual, para 9,75% ao ano.

É o quinto corte consecutivo efetuado pelo Copom durante o governo da presidente Dilma e o maior desde junho de 2009. Ao contrário das reduções anteriores, que não representaram surpresa alguma para o mercado, a de hoje levantava algumas dúvidas.

Até poucos dias atrás, a maior parte dos analistas apontava para um corte de 0,5 ponto porcentual.

Segundo o comunicado do BC, a decisão teve cinco votos a favor e dois votos pela redução da Selic em 0,5, o que mostra que o corte maior é visto com ressalvas até mesmo entre os próprios diretores do órgão.

A autoridade monetária afirmou, em comunicado, que o corte dá "seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias" - o mesmo discurso usado para justificar as decisões anteriores.

Como o câmbio voltou a ser foco de ataque do Planalto, com direito até mesmo à criação de uma metáfora por parte da presidente - o "tsunami monetário" -, o mercado começou a considerar a possível intenção do BC de anunciar um corte maior para a Selic.

Tanto que, na manhã desta quarta-feira, o mercado futuro de juros mantinha apostas majoritárias em um corte de 0,75 p.p.

Enquanto alguns arriscavam esse palpite, outros mais vorazes já apostavam na redução de um ponto. Segundo o analista da Moody's para América Latina, Alfredo Coutiño, a Selic ideal para o momento é de 9,5%.

"Se a política monetária continuar restritiva, a atividade econômica continuará fraca", afirma o analista. Já a escola mais ortodoxa, no entanto, não via razão ainda para um corte maior.

"O Brasil não tem hoje fundamentos econômicos que justifiquem um corte de 0,75. A única justificativa é a intenção do governo de tirar a força do real", afirma o economista Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU).

Na avaliação do mercado, o corte de 0,75 é motivado não só pelo aumento da entrada de dólares no país - tema que vem causando a ira do governo nas últimas semanas - mas também pelo pífio resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, divulgado na terça-feira, e que apontou crescimento de 2,7% para a economia brasileira.

Outro número levado em consideração na decisão, na avaliação do mercado, é o dado da produção industrial de janeiro, divulgado na manhã desta quarta, e que apresentou retração de 2,1% - número abaixo do esperado para o período.

Veja

brasil maravilha : Produção industrial tem maior queda mensal em três anos. Dos 27 ramos pesquisados 14 tiveram retração

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A produção industrial brasileira caiu 2,1% em janeiro ante dezembro, a maior redução mensal desde dezembro de 2008, no auge da crise financeira global.

Na comparação com janeiro de 2011, a produção no primeiro mês de 2012 diminuiu 3,4%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira.

Dos 27 setores pesquisados, 14 mostraram retração.


Economistas consultados pela Reuters esperavam queda de 0,80%em janeiro sobre dezembro, segundo a mediana das projeções. Para a comparação com janeiro do ano passado, a previsão era de queda de 1,5%.

O dado de dezembro de 2011 ante novembro foi revisado para baixo, de alta de 0,9% para aumento de 0,5%. A comparação entre dezembro do ano passado e dezembro de 2010 também sofreu revisão negativa, passando a apresentar queda de 1,3%, ante o 1,2% informado anteriormente.

O setor industrial foi o destaque negativo dos números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados na terça-feira. O PIB brasileiro cresceu 2,7% em 2011, mas a indústria teve expansão de apenas 1,6% no ano (frente aos 10,4% em 2010), de acordo com IBGE.

No quatro trimestre do ano passado, o setor recuou 3,1%, maior queda desde o quarto trimestre de 2009, negativo em 2,5%.


Os números do PIB revelaram ainda que os segmentos industriais com pior desempenho em 2011 foram os que sofrem mais concorrência de importados, como vestuário, calçados, metalurgia e automóveis.

Preocupado com os efeitos do que chamou de "guerra cambial" sobre a indústria, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na terça-feira que o governo prepara um pacote de medidas para estimular o setor, que abrangerá novas ações contra a valorização excessiva do real.

Na quinta-feira passada, o governo brasileiro anunciou duas medidas para frear a apreciação da moeda, que ameaça os exportadores e a indústria como um todo.

Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar mais um corte na taxa Selic, hoje em 10,5% ao ano.

No mercado financeiro, as apostas nos últimos dias dividiam-se entre mais um corte de 0,50 ponto percentual e uma redução maior, de 0,75 ponto.


Veículos tem a maior queda entre os 14 setores que registram recuo

Segundo os dados do IBGE, dos 14 setores que registraram recuo na produção, destaca-se o impacto negativo vindo de veículos automotores (-30,7%), pressionado principalmente pela concessão de férias coletivas que atingiu várias empresas do setor.

Após recuar 13,0%, em setembro de 2011, também influenciada pelas paralisações por conta de férias coletivas em várias empresas, a indústria automotiva apontou expansão por três meses consecutivos, acumulando nesse período avanço de 11,4%.


O que mais pesou neste resultado da indústria automobilística foi a paralisação quase completa na produção de caminhões para adaptação das linhas de montagem às normas do Euro 5, que preveem menores emissões de carbono.

A produção de automóveis também teve produção menos intensa (-18,8%), com algumas férias coletivas, uma vez que os estoques da indústria ainda estão acima do desejado.

A reboque disso, o subsetor de autopeças (-19,7%) também se retraiu explica o gerente da PIM, André Macedo.

Ele acrescentou, no entanto, que os dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam queda menor na produção em fevereiro.


Segundo boletim da LCA Consultoria, a indústria permanecerá apresentando desempenho fraco no primeiro trimestre, influenciado pelos resultados da indústria automobilística.

"A fabricação de autoveículos caiu 5,6% na margem (sobre janeiro), descontando os efeitos sazonais. Os dias de vendas necessários para a completa eliminação dos estoques permaneceram estáveis em 36, se mantendo acima do número considerado ideal (30).

Esses fatores indicam nova contribuição negativa do setor de automóveis e comerciais leves para a PIM de fevereiro", escreveram os analistas da LCA, no relatório.


Outras contribuições negativas relevantes sobre o total da
indústria vieram de indústrias extrativas (-8,4%),
equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (-26,3%), que devolveu parte do crescimento de 28,0% assinalado em dezembro último, bebidas (-7,7%),

máquinas para escritório e equipamentos de informática (-12,2%),
produtos de metal (-6,1%)
e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,1%).


A indústria extrativa apresentou uma queda mais acentuada porque, além do menor dinamismo da economia mundial, a extração de minério de ferro sofreu impacto das chuvas em Minas Gerais diz Macedo.

Por outro lado, entre as atividades que ampliaram a produção, os desempenhos de maior importância para o resultado global foram observados em edição e impressão (9,9%), máquinas e equipamentos (4,5%),
refino de petróleo e produção de álcool (4,8%),
material eletrônico,
aparelhos e equipamentos de comunicações (14,3%)
e têxtil (6,6%).


Entre as categorias de uso, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, bens de capital (-16,0%) apontou a queda mais acentuada em janeiro de 2012, influenciada principalmente pela menor produção de caminhões, uma vez que se observou férias coletivas em várias empresas do setor nesse mês.

Esse recuo foi o mais intenso desde dezembro de 2008 (-23,5%) e interrompeu dois meses seguidos de expansão, período em que acumulou ganho de 5,7%.

Os segmentos de bens de consumo duráveis (-1,9%) e de bens intermediários (-2,9%) também mostraram taxas negativas em janeiro de 2012, com o primeiro eliminando parte do crescimento de 5,5% verificado em dezembro último, e o segundo revertendo dois meses de taxas positivas novembro (0,2%) e dezembro (0,4%).

O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis foi o único que registrou expansão nesse mês, avançando 0,7%.
Indústria em queda Foto: O Globo / O Globo
O Globo

‘O noticiário da TV me faz agradecer aos céus por não ter nascido na Europa’

Depois de assistir aos principais telejornais, todos patrocinados por alguma estatal e veiculando nos intervalos de generosas propagandas de algum dos 40 ministérios, agradeci aos céus por não ter nascido europeu:
de acordo com os informativos televisivos, trata-se do continente mais subdesenvolvido do planeta.

Reportagens extensas e minuciosas me permitiram conhecer mais a fundo o atraso cultural, a instabilidade política e a miséria social que vêm flagelando alemães, ingleses,
franceses,
dinamarqueses,
holandeses ao longo de suas histórias.

Mais uma vez minha presidente me encheu de orgulho ao dar uma descompostura naqueles governantes medíocres, incompetentes e corruptos, e ensinar-lhes o que fazer com seus dólares.


Tive a oportunidade, também, de avaliar como sou privilegiado por residir num país que pratica uma das políticas de distribuição de renda mais avançadas do mundo.

Responsável direta pela erradicação da pobreza, foi concebida sob a ótica revolucionária do capitalismo de resultado, principalmente o eleitoral.

Descobri que vivo em uma nação cuja população está condenada a ser rica:
a pobreza caminha celeremente para ganhar status de contravenção penal. Um único senão fica por conta de meia dúzia de miseráveis que agora deu para querer andar de avião, transformando os saguões dos moderníssimos aeroportos nacionais num inferno.


O desenvolvimento espetacular do sistema educacional garantiu a mais de 20% dos adolescentes a alternativa inovadora de concluir o ensino fundamental sem sequer ter frequentado salas de aula, além de criar um método particular no ensino médio que estimula o potencial intelectual do aluno obrigando-o a percorrer os limites da compreensão para sair ileso das provas do ENEM.

Sou um cidadão despreocupado e protegido e os investimentos pesados na segurança pública, confesso, até me fazem sentir saudade dos tempos em que religiosamente me prostrava em frente à televisão para assistir aos brasís urgentes.


Coisas do passado.
A excelência no serviço de saúde oferecido pelo governo federal atingiu um estágio de excelência tão avançado que nossas autoridades são as primeiras a dar o exemplo. Quando necessitam de atendimento médico não hesitam em usar o Sistema Sírio-Libanês de Saúde.

Estamos próximos da perfeição!
Porém, inquestionavelmente é no plano político e na seara administrativa que percebo o maior de todos os avanços.


O Congresso Nacional é uma beleza!
Constituído por homens públicos de integridade moral acima de qualquer suspeita, meus deputados e senadores são notáveis.
Sobressaem-se pelo respeito devotado aos cidadãos quando nomeiam para suas Comissões os melhores quadros da Casa.

A de Justiça, por exemplo, é comandada por um réu em processo de corrupção, e a da Educação tem como destaque um parlamentar que não se acovardou ante a dificuldade extrema imposta por uma oposição invejosa, utilizando menos que hora e meia para desenhar o seu nome diante de um juiz eleitoral.

Há momentos em que o ufanismo se exacerba e não consigo me conter, reiterando minha gratidão por ter nascido no meu país!


O Executivo é o meu maior orgulho.
Só presidentes como os meus seriam tão competentes para produzirem, sozinhos, quase duas dezenas de ministros corruptos em pouco mais de nove anos.
E escaparem ilesos!

O desempenho dos ministros é assombroso e o índice de aprovação apurado junto a fornecedores e ONGs companheiras sempre os premia com notas altíssimas. Uns ganham as de 50; outros, as de 100. É virtude demais.

Posso estar errado, mas sou capaz de apostar que no relacionamento internacional o governo do meu país é reconhecidamente o único entre todas as nações que só funciona quando leva um pé no traseiro.


Sou duplamente abençoado, pois, além de ter nascido no meu país, habito o continente mais desenvolvido entre todos a América.

Desconsiderando-se o Norte, que míngua à própria sorte, sou bafejado pela fortuna por viver na outra ponta continental e compartilhar de uma vizinhança da mais alta qualidade.

Mais ao centro, percebe-se uma explosão de democracia, e é concedido aos oposicionistas o direito de morrerem de fome, sem nenhuma interferência governamental.

Ao Sul, estende-se uma malha invisível que dá guarida a democratas legendários e inquestionáveis.
Kirchner, a Evita de Nestor;
Morales, A Grife do Índio;
Lupo, O Pai de Todos;
Chavez, O Tio Sam de Boina
e Correa, O Peito de Aço.
É democracia demais.
E futuro de menos.


Como desgraça pouca é bobagem, de tempos em tempos todos se juntam à Dona da Pensão em algum ponto dessa América destroçada para se autoproclamarem heróis nacionais, dissertarem sobre as delícias do socialismo capitalizado e ofender os americanos do norte.

Entre um descuido e outro, até comentam a miséria extrema que devasta a América. A América que eles devastaram. Éter na mente, latino-americano!


Quando termina o último dos quatro telejornais vai-se junto a sensação de êxtase que deles emana e fica apenas a certeza de que esse é o meu país.

Mas, decorrente dessa convicção, sei, também, que esse jamais será o meu governo!


MAURO PEREIRA
Via : Augusto Nunes/Original

CUMPRINDO PROMESSA DE CAMPANHA! "PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO" : Pibinho: crescimento limitado

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O Brasil cresceu muito pouco em 2011, mas a pior notícia dos resultados divulgados ontem pelo IBGE pode não ser só esta.

Pelas características que a economia nacional vem adquirindo, também o nosso potencial de crescimento parece estar significativamente comprometido.

O país não apenas avança menos, como aparenta estar também murchando.


2011 terminou com expansão medíocre do PIB, mas também com inflação ainda muito alta, no limite da meta (6,5%). Trata-se de uma combinação letal, que ressalta quão mal o país se saiu no ano passado e quão ineficazes foram as políticas do governo federal para assegurar o desenvolvimento.

As medidas adotadas no primeiro ano da gestão Dilma Rousseff foram eficientes para esfriar a economia e evitar o mal maior:
a explosão dos preços.

Mas não passaram nem perto de prover melhores condições para que o país cresça de forma sustentável e duradoura. Restringiram-se ao curto prazo.


Sem reformas efetivas na estrutura produtiva, que o PT jamais ousou fazer, os limites para nosso crescimento - que os economistas gostam de chamar de "PIB potencial" - estão se estreitando.

"Nosso crescimento potencial está chegando mais perto dos 4% do que dos 4,5%. Não digo que já esteja em 4%, mas, se o governo não induzir um pouco de melhoria na eficiência da economia, chegará por aí", analisa o economista Affonso Celso Pastore em O Estado de S.Paulo.

Nestes nove anos de governo do PT, faltou ousadia para domar o câmbio, reduzir os juros e a tributação, melhorar a qualidade da política fiscal, retirar distorções do mercado de trabalho, diminuir custos e aperfeiçoar a infraestrutura logística.

Em 2011 não foi diferente.


"O governo se limitou a apagar incêndios anunciando medidas de proteção para setores industriais, reduções de impostos também setoriais, e o BNDES sendo mais generoso com as empresas escolhidas.

Diziam estar fazendo política industrial, mas não fizeram nada de realmente duradouro e de impacto", comenta Miriam Leitão
n'O Globo.

Embora o Pibinho de 2011 tenha sido suficiente para nos tornar a sexta maior economia do mundo, o desempenho da economia brasileira esteve abaixo da média mundial (3,8%), dos países emergentes (6,2%) e da América Latina (4,6%).

O país também foi o que pior se saiu entre os Brics (a Rússia ainda não divulgou seus resultados de 2011): perdemos para a China, com seus exuberantes 9,2%; para os 6,9% da Índia e para os 3,1% da África do Sul.

Considerando apenas o resultado do último trimestre (alta de 1,4%), o Brasil fica em 28° lugar entre as 46 economias que já divulgaram seus resultados.


Os motores do crescimento estão esfriando.
Novamente, o consumo das famílias sustentou o PIB. Foi o oitavo ano seguido de alta, mas a menor desde 2004. Na comparação com 2010, o ritmo caiu de 6,9% para 4,1%.

Foi mal, mas ainda assim bem melhor do que os investimentos, cuja expansão despencou de 21,3% para 4,7% no ano passado.


A maior fraqueza está na indústria. Já são nove meses - ou três trimestres consecutivos, na ótica das contas nacionais - de queda. "Tal fato não era visto desde o racionamento de energia em 2001. Nem na crise de 2008 e 2009 isso ocorreu", ressalta a Folha de S.Paulo.

O segmento industrial mais expressivo, o de transformação, ainda está no mesmo nível de produção do terceiro trimestre de 2007. O governo, contudo, tem se limitado a medidas de caráter pontual, beneficiando setores específicos em detrimento de uma política mais ampla de efeitos mais perenes.

Se insistir em prescindir da indústria, o país terá, em troca, crescimentos pífios.


Neste ano, dificilmente o PIB vai reagir como precisaria: para superar 3%, terá de avançar mais de 1% por trimestre - em dezembro estávamos crescendo 0,3% frente aos três meses anteriores.

O ministro da Fazenda, porém, voltou a prever algo entre 4% e 4,5%, ao mesmo tempo em que considerou
"satisfatório" o Pibinho de 2011.

O risco é o governo apelar para a imprudência, no afã de produzir crescimento ilusório e insustentável, como foi o caso de 2010. Gastar mais pode ser uma perigosa tentação que precisa ser afastada.

O que falta é uma política consistente, eficiente e rigorosa. Sem isso, a economia brasileira estará limitada ao cercadinho ao qual o PT a confinou.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Pibinho: crescimento limitado

O "MARQUETINGUE" DA 6ª POTÊNCIA IMPOTENTE ! NO brasil maravilha NÃO SÃO SÓ OS NÚMEROS QUE MENTEM OU "ESCONDEM"


A não ser os populistas de sempre, que fazem da política trampolim para seus interesses pessoais, ou então os militantes que aproveitam qualquer brecha para valorizar as supostas vantagens de seu governo, mesmo quando vantagens aparentes são apenas fantasias manipuláveis, não se viu o governo comemorar a informação de que o Brasil chegou ao sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo medidas pelo Produto Interno Bruto (PIB), confirmando previsões, apesar do pequeno crescimento ocorrido em 2011.


Mesmo o PIB do Brasil tendo crescido apenas 2,7%, foi o suficiente para ultrapassar o do Reino Unido e ficar próximo do da França, que, pelo andar da crise econômica internacional, deve ser o próximo país a ser superado pelo Brasil.

O PIB da França cresceu 1,7%, e o do Reino Unido, apenas 0,8%. Embora não seja uma conquista banal, essa subida do Brasil de posto se deve mais à queda dos concorrentes do que a nossos próprios méritos.

E ainda nos falta muito para que consigamos ter no país o mesmo nível de vida que continuam tendo os países de economias "maduras", ainda com muita gordura para queimar.

É claro que essa gordura em boa parte foi armazenada por ações colonialistas passadas e que ainda estão em prática em algumas regiões, mas uma revisão histórica não retirará desses países também avanços tecnológicos e progressos sociais que nos custarão muitas reformas estruturais e muitos anos para tentar igualar.

Apesar da crise financeira, a Alemanha cresceu mais que nós (3%), e também perdemos terreno para alguns emergentes que, junto conosco, subverteram a ordem hierárquica das maiores economias do mundo, até há bem pouco tempo dominada pelos chamados "desenvolvidos".

Dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil cresceu menos do que três que já anunciaram oficialmente seus números.

A China continua puxando a economia mundial com um crescimento de 9,2%; a Índia manteve um crescimento na casa dos 6% (6,9%); a África do Sul cresceu 3,1%.

O Brasil, em compensação, cresceu mais que os Estados Unidos (0,7%) e grande parte da Europa:
Espanha (0,7%);
Itália (0,4%) e Portugal (- 1,5).
Mas mais uma vez ficou abaixo da média mundial, que foi de 3,8%.

Em termos de PIB per capita dentro dos Brics, a Rússia fechou 2011 com US$ 16,7 mil, seguida pelo Brasil, com US$ 11,6 mil;
pela África do Sul, com US$ 11 mil;
pela China, com US$ 8,4 mil;
e pela Índia, com US$ 3,7 mil.

Devido ao baixo índice educacional e à falta de infraestrutura, Brasil e Índia crescerão em velocidade menor que Rússia e China nos próximos 20 anos, segundo estudo da Goldman Sachs, criadora dos Brics.

E, mesmo que a lista das dez maiores economias do mundo sofra novas alterações nos próximos anos, apenas a Rússia tem condições de vir a ter uma renda per capita semelhante à dos países desenvolvidos.

Pelas projeções, os cidadãos dos Brics continuarão sendo mais pobres na média que os cidadãos dos países do G-6 tradicional.

No caso específico do Brasil, se conseguirmos manter uma média de crescimento do PIB de 3,5% ao ano chegaremos a 2050 com uma renda per capita de US$ 26.500, próximo à de Portugal hoje, muito longe do que já têm hoje França e Alemanha (cerca de US$ 44 mil),
menos do que o Japão (cerca de US$ 45 mil)
e os Estados Unidos hoje (cerca de US$48 mil).

Com o resultado do PIB do ano passado, essa meta não foi atingida se levarmos em conta os últimos três anos. Mas a média de crescimento dos oito anos do governo Lula (4%), embora tenha ficado abaixo da mundial, está acima desse patamar.

Há uma diferença fundamental entre a concepção econômica predominante, que leva em conta o PIB como medida de avanço de um país, e a que coloca como prioridade a qualidade de vida dos cidadãos.

A Noruega, por exemplo, não é nem de longe uma das maiores economias do mundo, mas é a número um no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), método criado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e pelo Prêmio Nobel Amartya Sen para avaliar outras dimensões que não apenas o PIB, utilizado pela ONU para medição da qualidade de vida de um povo.

Além do PIB per capita corrigido pela paridade do poder de compra de cada país, o IDH leva em conta a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador se vale da expectativa de vida ao nascer.

O item "educação" é avaliado pelo analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino.

Evidentemente o ideal seria unir os dois indicadores, e por enquanto são os países desenvolvidos que conseguem fazer isso.

A maior economia do mundo continua sendo a dos Estados Unidos, que é também o 4 colocado em IDH. A China, que já é o segundo PIB do mundo e, tudo indica, alcançará os Estados Unidos em alguns anos, mas, quando se trata de qualidade de vida, está na rabeira da lista do IDH, em 101 lugar.

O Japão, que caiu para o terceiro lugar no ranking do PIB, está em 12 lugar no IDH. A Alemanha é a mais bem colocada entre os grandes da zona do Euro, em 9 lugar.

A França está em 20 lugar.
O Brasil, que atingiu a sexta posição no PIB, está em 84 lugar no IDH e perde para países da sua região, como Chile, Uruguai, Argentina e Cuba.

O Reino Unido, que ultrapassamos pelo PIB, está em 28 lugar na relação do IDH, enquanto a Itália está em 24. Os dois últimos do ranking das dez maiores economias do mundo, Rússia e Índia, estão também na rabeira da lista do IDH: Rússia em 66 (melhor que o Brasil) e Índia em 124 (pior que a China).

Como se vê, os números podem mentir, dependendo do uso que se faça deles.

Merval Pereira O Globo
Os números enganam