Na segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2012, o Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto porcentual, para 9,75% ao ano.
É o quinto corte consecutivo efetuado pelo Copom durante o governo da presidente Dilma e o maior desde junho de 2009. Ao contrário das reduções anteriores, que não representaram surpresa alguma para o mercado, a de hoje levantava algumas dúvidas.
Até poucos dias atrás, a maior parte dos analistas apontava para um corte de 0,5 ponto porcentual.
Segundo o comunicado do BC, a decisão teve cinco votos a favor e dois votos pela redução da Selic em 0,5, o que mostra que o corte maior é visto com ressalvas até mesmo entre os próprios diretores do órgão.
A autoridade monetária afirmou, em comunicado, que o corte dá "seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias" - o mesmo discurso usado para justificar as decisões anteriores.
Como o câmbio voltou a ser foco de ataque do Planalto, com direito até mesmo à criação de uma metáfora por parte da presidente - o "tsunami monetário" -, o mercado começou a considerar a possível intenção do BC de anunciar um corte maior para a Selic.
Tanto que, na manhã desta quarta-feira, o mercado futuro de juros mantinha apostas majoritárias em um corte de 0,75 p.p.
Enquanto alguns arriscavam esse palpite, outros mais vorazes já apostavam na redução de um ponto. Segundo o analista da Moody's para América Latina, Alfredo Coutiño, a Selic ideal para o momento é de 9,5%.
"Se a política monetária continuar restritiva, a atividade econômica continuará fraca", afirma o analista. Já a escola mais ortodoxa, no entanto, não via razão ainda para um corte maior.
"O Brasil não tem hoje fundamentos econômicos que justifiquem um corte de 0,75. A única justificativa é a intenção do governo de tirar a força do real", afirma o economista Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU).
Na avaliação do mercado, o corte de 0,75 é motivado não só pelo aumento da entrada de dólares no país - tema que vem causando a ira do governo nas últimas semanas - mas também pelo pífio resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, divulgado na terça-feira, e que apontou crescimento de 2,7% para a economia brasileira.
Outro número levado em consideração na decisão, na avaliação do mercado, é o dado da produção industrial de janeiro, divulgado na manhã desta quarta, e que apresentou retração de 2,1% - número abaixo do esperado para o período.
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