"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 28, 2013

ENQUANTO ISSO NA REPÚBLICA DOS VELHACOS... Jogo de empurra de Renan com a FAB


O jogo de empurra entre a Força Aérea Brasileira e o Senado poderá fazer com que o dinheiro público gasto com o voo da FAB usado pelo presidente do parlamento, Renan Calheiros (PMDB-AL), para se submeter a um procedimento de implante capilar no Recife, não seja devolvido. Enquanto Calheiros diz que espera uma resposta da Aeronáutica sobre qual deveria ser o valor ressarcido, a Força Aérea afirma nem sequer ter recebido a solicitação do senador.

Na última segunda-feira, a FAB respondeu ao presidente do Senado, que havia questionado se a viagem foi regular. O órgão disse apenas que “foge à alçada deste Comando julgar” o caso. A assessoria de imprensa do Senado divulgou que Renan Calheiros devolveria a verba gasta, mas não disse quanto nem quando seria. Ontem, informou que aguardava a resposta da Força Aérea com esses dados, questionados em ofício mandado pelo presidente. A assessoria da Aeronáutica, por sua vez, garante não haver qualquer pedido protocolado por Renan. Diante dessa informação, o Senado informou apenas que não há o que fazer.

Levantamento feito com base em informações divulgadas a partir de junho pela FAB aponta que os ministros do governo Dilma Rousseff realizaram 1.456 viagens a bordo de jatinhos comprados e mantidos com dinheiro público. O balanço indica um média de 240 voos por mês. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi o que mais viajou. Ele utilizou as aeronaves 76 vezes. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é o segundo da lista, com 74 viagens, seguido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que embarcou em 66 oportunidades.

A sexta-feira é o dia preferido das autoridades. A média é de 20 voos. Em 29 de novembro, por exemplo, 29 ministros utilizaram os jatinhos. O levantamento mostra que 224 viagens foram realizadas durante fins de semana. Desse total, apenas 117 tiveram justificativas como retorno para a residência. Alegando motivo de segurança nacional, a FAB não divulga o custo de cada voo. 

Os dados passaram a ser divulgados após denúncia de uso irregular das aeronaves em junho por parte do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que depois devolveu R$ 9,7 mil aos cofres públicos, do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), que devolveu R$ 32 mil, e do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Cirurgia

A viagem de Renan ao Recife não chamou a atenção apenas pelo uso do avião da FAB. O caso trouxe à tona o nome do cirurgião Fernando Basto, que fez o procedimento e é conhecido de autoridades e famosos. Passaram pelas mãos do médico as cabeças do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, e o pastor Silas Malafaia, liderança da Igreja Assembleia de Deus.

Basto é considerado autoridade em implante capilar no país e realiza cirurgias periodicamente na Europa e nos Estados Unidos. O cirurgião conta que Renan já o tinha procurado há oito anos para fazer a operação, mas que só agora conseguiu realizá-la. Segundo ele, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de quem é amigo, já falou que tem vontade de fazer, “um dia quem sabe”. O médico diz que é muito procurado por políticos no fim do ano, perto do recesso. Segundo ele, todo mês, pelo menos um político faz o implante.
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O médico não revela o custo do procedimento, mas assegura ser “acessível às classes média e alta”. A estimativa no mercado é de que o gasto apenas com a equipe que participa da cirurgia é em torno de R$ 15 mil.

ADRIANA CAITANO » ALINE MOURA/Correio Braziliense
» Colaboraram João Valadares e Ana D’Angelo 

BRASIL REAL ! PRESIDENTA DE RABEIRA E RECORDES NEGATIVOS - DÍVIDA EXTERNA CRESCE 37% NO "GUVERNU" DA GERENTONA DE NADA E COISA NENHUMA E BATE RECORDE : US$ 482 BILHÕES



Somente no governo Dilma, débitos aumentam 37%. 
Analistas alertam para o fato de mais de um terço do endividamento vencer entre 2014 e 2015, período de mudança na política monetária dos Estados Unidos, que deve elevar o dólar e a aversão ao risco Brasil


O Brasil chega ao fim de 2013 colecionando indicadores preocupantes. Não bastassem o crescimento pífio e a inflação bem acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%, a dívida externa bruta atingiu, em novembro, o maior valor desde o início da série histórica do Banco Central, em 1971. São US$ 482 bilhões em débitos no exterior, incluindo as faturas do governo, dos bancos, de empresas e os empréstimos intercompanhias, ou seja, aquelas transações feitas geralmente entre as filiais de multinacionais no Brasil e suas sedes fora do país.

Somente na era Dilma Rousseff, iniciada em janeiro de 2011, a dívida externa brasileira registrou um salto de 37%. Em valores absolutos, cresceu US$ 130,2 bilhões, complicando um quadro que era considerado confortável até então. Mesmo os saldos do setor público, que vinham chamando a atenção por apresentar quedas expressivas ao longo do ano, terminarão 2013 em alta, retornando ao patamar de cinco anos atrás, com US$ 64,6 bilhões acumulados.

O recorde, por si só, já seria suficiente para acender de vez o alerta em relação à dívida do país no exterior. Mas o cronograma do vencimento desses débitos, detalhado pela autoridade monetária, torna a situação mais delicada. Um terço do saldo total — US$ 157,2 bilhões — vencerá nos próximos dois anos, período de mudanças na política monetária do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos, e de desconfiança acerca do próximo governo por aqui.

A redução dos estímulos à economia norte-americana — a partir de janeiro próximo, conforme programação divulgada neste mês — tende a exercer forte influência no câmbio de países emergentes, como o Brasil e, consequentemente, na composição da dívida externa. A se confirmar a projeção mais conservadora do mercado para o ano que vem, o dólar subirá pelo menos 10%, para R$ 2,50. Com isso, o saldo devedor teria uma alta de US$ 50 bilhões, sem contabilizar prováveis novos empréstimos.

Bancos e empresas foram os principais responsáveis pelo aumento da dívida no governo Dilma. Os débitos de ambos tiveram crescimento de 29% nos últimos três anos, segundo dados do BC. Com dificuldades para refinanciar os débitos no exterior, com custos cada vez mais altos, as companhias perdem capacidade de investimento, justamente o que mais faz falta ao país em um momento em que o crescimento da atividade insiste em não deslanchar. Não à toa, a desconfiança em relação ao Brasil só faz aumentar, a ponto de o país correr o risco de ser rebaixado pelas agências de classificação de risco.

Fuga de capitais
Os números do BC revelam a deterioração do setor externo, no entender do economista e ex-diretor de Área Externa da autoridade monetária Carlos Eduardo de Freitas. Para ele, essa leitura pode ser feita por conta do conjunto de variáveis negativas. “O crescimento do país tem sido abaixo do medíocre, a poupança interna está caindo, e o deficit nas transações correntes aumentou. Tudo isso sugere a deterioração”, enumera.

Para evitar uma fuga de capitais muito grande e conter pressões do câmbio sobre a inflação em pleno ano eleitoral, acredita Freitas, o governo não economizará em medidas para segurar a alta do dólar em 2014, o que poderá acabar minimizando os impactos na dívida externa bruta. Também ajudaria a melhorar o cenário, completa o economista se o governo resolvesse, enfim, equilibrar as contas públicas e reduzir o protecionismo.


Ainda que haja um esforço concreto, o endividamento não deve diminuir, na avaliação do economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro. “É preocupante o fato de que a qualidade do financiamento externo piorou em função do aumento do deficit em conta corrente. Em vez de investimento estrangeiro direto (capital de longo prazo) financiando o rombo, o que vemos é uma dependência maior por capital especulativo”, justifica o especialista.

DIEGO AMORIM/Correio Braziliense