"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 11, 2014

NO brasil maravilha DOS VELHACOS E DESAVERGONHADA O emprego naufraga‏


A crise no emprego já é uma dura realidade que só o governo petista insiste em ignorar. A indústria é quem mais sofre, mas as dificuldades já são generalizadas

O governo petista insiste em dizer que sua política econômica preserva o emprego. Infelizmente, contudo, os indicadores teimam em desmentir o discurso oficial. A piora é generalizada, mas na indústria a situação é bem mais grave.

Só uma gestão que "não tem a menor ideia" de nada, como diz Dilma Rousseff sobre os escândalos na Petrobras, não é capaz de enxergar a dureza da situação. Mês após mês, os resultados pioram, mas o governo persevera em expiar a responsabilidade com culpados imaginários, como a chuva, a seca, a Copa, o mundo ou alguma rotatividade fora de hora.

Segundo o IBGE, os empregos na indústria caíram 3,6% em julho na comparação com o mesmo mês de 2013.
É o pior resultado desde novembro de 2009. Segundo O Estado de S. Paulo, o mercado de trabalho industrial encontra-se agora no nível mais baixo desde abril de 2004. No ano, o emprego industrial cai 2,6%, pior desempenho em 13 anos, de acordo com o Iedi.

Em todas as 14 regiões pesquisadas, houve perda de empregos industriais em julho. Em São Paulo, a queda foi de 5,1%, a maior desde 20011, quando começa a série do IBGE com o indicador – vale lembrar que o estado responde por um terço do pessoal ocupado na indústria.

A má situação do emprego na indústria brasileira não vem de agora. A queda em julho é nada menos que a 34ª consecutiva, ou seja, são quase três anos seguidos ladeira abaixo. E o governo petista acha que não tem nada errado acontecendo na nossa economia...

Os rendimentos na indústria também estão cedendo: queda de 3,4% em julho na comparação com mesmo mês de 2013. É o segundo mês consecutivo que isso acontece. O ritmo de alta da renda na indústria já decaiu de 4,4% em 2012 para os atuais 0,6% acumulados desde janeiro último. 


Os números do IBGE se somam aos do
Caged, segundo os quais 74 mil empregos foram eliminados na indústria nos últimos três meses. Também se juntam ao expressivo exército que vem tendo seus contratos de trabalho temporariamente suspensos, no chamado regime de layoff. Já são 12 mil empregados nesta situação, maior contingente desde 2009.

Desde maio, a geração de trabalho no país foi a menor registrada para os respectivos meses desde o início deste século. A redução em comparação com o ano passado ronda os 70%. Se isso não é uma crise brava, o que mais pode ser?
O governo repete que o Brasil tem um dos menores índices de desemprego do mundo. Não é verdade: 
se considerada a taxa da Pnad Contínua, países que estiveram no epicentro da crise de 2008/2009, como os EUA, já estão melhores que nós. Não adianta ficar dourando a pílula enquanto os melhores empregos vão ficando pelo caminho.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

"NOVA POLÍTICA 2" - 'Itaú nunca bancou Marina Silva', afirma Neca Setubal. OK ! SE ELEITA MARINA BANCARÁ O ITAÚ? NATURA...

Neca Setubal, coordenadora do programa de governo de Marina Silva e acionista do Itaú, afirma que o banco de sua família nunca sustentou a candidata do PSB ao Palácio do Planalto. Diz que os recursos que a ex-ministra do Meio Ambiente usa para viver vêm de suas palestras. 

E lembra que Marina até participou de conferências no Itaú, mas nunca recebeu por isso. “É baixar bastante o nível da campanha”, afirma Neca, que é socióloga, numa reação à presidente Dilma Rousseff, que anteontem sugeriu que Marina A petista usou o fato de Neca ter doado, como pessoa física, cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto fundado pela ex-ministra do Meio Ambiente para desenvolver projetos de sustentabilidade. 

O aporte bancou 83% dos custos da entidade no ano passado. “Não apoio só esse instituto, mas também outras 15 instituições, entre elas a Doutores das Águas, Greenpeace, Casa do Coração, Sonho Brasileiro e Instituto Chapada da Educação”, diz. “Fico muito triste de ver o PT, um partido que sempre admirei e no qual votei algumas vezes - assim como também já votei no PV, no PSB, no PSDB, embora jamais tivesse me filiado a nenhum partido, somente à Rede -, fazendo esse tipo de ataque.”é “sustentada” por banqueiros.Neca afirma que sua ONG Cenpec já trabalhou com vários governos de diversos partidos. 

Neca, que chegou a receber convite para ser secretária de Educação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, conta que se aproximou da candidata do PSB após um encontro em 2010, na produtora do cineasta Fernando Meirelles: “A Marina me marcou muito. Ela observou termos vidas opostas. O destino dela era ser uma menina pobre dos seringais do Acre e o meu era ser uma menina rica de São Paulo. Mas, por causa da educação, nós estávamos ali conversando.” 

A seguir, os principais trechos da entrevista:
A senhora ou o seu instituto sustentam a candidata Marina Silva?
A Marina sempre teve o seu trabalho. Desde que saiu do Ministério do Meio Ambiente, depois das eleições de 2010, passou a ter como sustento suas palestras. Isso já é publico. Nenhuma das instituições às quais estou à frente jamais fez pagamentos a ela. Tampouco o Itaú remunerou nossa candidata.
Consta que a senhora contribuiu com mais de 80% das doações do Instituto Marina Silva.
Isso é verdade, mas o Instituto sobreviveria essa doação. Marina é um nome reconhecido internacionalmente. Ela arrecadaria de outras fontes facilmente.
Ela é remunerada pelo trabalho que faz no Instituto?
Não. E nenhum diretor é. Por ser uma entidade sem fins lucrativos, por lei, é proibida a remuneração.
E de onde vem o dinheiro que sustenta Marina?
Ela tem sua consultoria e dá palestras. Só apoiei o Instituto Marina Silva nos projetos que ele desenvolve em relação a sustentabilidade, jovens e educação.
O Banco Itaú é dono da Fundação Tide Setubal?
Não. É uma fundação familiar sem relação com o banco. Eu sou a presidente do conselho, do qual alguns de meus irmãos também fazem parte. A fundação tem várias parcerias, com diferentes órgãos, inclusive com a Prefeitura, num Telecentro em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. Temos diversos convênios firmados, mas nenhum deles de repasse direto de recursos.
Antes de se engajar na campanha de Marina, a senhora foi convidada pelo prefeito Fernando Haddad para ser secretária de Educação. Por que não aceitou?
Tenho muita admiração pelo Fernando Haddad, especialmente pela época em que ele foi ministro da Educação. A pasta e o Cenpec desenvolveram trabalhos em conjunto. Acho que Haddad conseguiu manter as conquistas do Fernando Henrique Cardoso na área da educação e deu um salto em relação a isso. Eu o admiro e participei de sua campanha à Prefeitura. Fiquei muito honrada quando ele me convidou para ser secretária de Educação, porque é um reconhecimento do meu trabalho, da legitimidade da minha atuação na área da educação, mas, naquele momento, preferi não aceitar.
Como a senhora reage ao fato de ter sido chamada pela presidente Dilma Rousseff de defensora dos interesses dos bancos?
Fico muito triste de ver o PT, um partido que sempre admirei e no qual votei algumas vezes - assim como também já votei no PV, no PSB, no PSDB, embora jamais tivesse me filiado a nenhum partido, somente à Rede -, fazendo esse tipo de ataque. São ataques baseados em inverdades, que buscam distorcer uma realidade. Por outro lado, tenho certeza de que essa atitude não é do PT como um todo. Isso é um absurdo, é baixar bastante o nível da campanha.
A senhora já trabalhou com vários governos, votou em vários partidos. O que a fez escolher Marina Silva?
Falei sobre o PT, mas o Cenpec desenvolve trabalhos para todos os partidos, é uma instituição apartidária. De uma forma mais próxima, acompanhamos o projeto da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, fizemos trabalhos para Maria Helena Guimarães de Castro (secretária entre 2007 e 2009, durante o governo de José Serra). Depois, com Alckmin, participamos de um grupo de trabalho com fundações empresariais e ONGs. Sempre recusei cargos na administração pública, como falei, mas a Marina me convenceu de que, para fazer mesmo a diferença, é preciso entrar na política. Para gerar impacto no País, é preciso atuar na esfera política. Desde que conheci a Marina, em 2009, acreditei nessa possibilidade, visualizei no discurso dela, nas propostas dela, uma outra forma de pensar a política e o País - uma forma que não está tão presa a esses rótulos de esquerda e direita, que acabam reduzindo a complexidade da sociedade e de seus problemas.
A senhora acha que há preconceito da sociedade contra banqueiros?
Isso também diferencia a Marina dos outros políticos. Quando ela me conheceu, já sabia da minha história familiar, e nunca teve esse preconceito. Acho que existe, sim, um preconceito da sociedade. E não é apenas da população mais pobre, não, mas também dos empresários. Eu entendo, acho que há uma história muito antiga, vem lá da Idade Média. Não acontece só no Brasil, não, é mundial. Mas isso nunca foi um problema para a Marina, aliás, muito pelo contrário. Em uma das primeiras vezes que nos encontramos - em janeiro de 2010 -, no estúdio do Fernando Meirelles, ele estava fazendo pequenos vídeos, em que a Marina entrevistava convidados. A conversa com Marina me marcou muito, Ela observou termos vidas opostas. O destino dela era ser uma menina pobre dos seringais do Acre e o meu era ser uma menina rica de São Paulo. Mas, por causa da educação, nós estávamos ali conversando. Desde aquele momento, percebi que ela tem uma visão acima da de todos nós. Porque qual é a visão que as pessoas, em geral, têm: “Nossa, Neca, você podia estar no shopping, na Daslu, viajando, mas prefere trabalhar no Cenpec”. Sempre estranho quando as pessoas falam algo do tipo “você não precisava estar aqui”, em tom de elogio. Obviamente que eu agradeço, sou solidária, mas acho que, de novo, isso é rotular, como se as pessoas, por terem dinheiro, porque são da família XYZ, têm um destino pronto, que é corresponder a uma expectativa da sociedade.
Estes ataques podem, de alguma forma, alijar a senhora da campanha?
Estou à frente da campanha, com o Mauricio Rands e tenho o maior apoio de todos, principalmente da Marina e do Beto Albuquerque. Estou nesse lugar porque sou uma educadora, tenho reconhecimento, trajetória profissional de 30 anos. Acho que tenho de enfrentar isso. Nós estamos em uma campanha presidencial, e o fato de eu estar muito próxima da coordenação da campanha me torna uma pessoa pública. Nós estamos em uma democracia, é normal ter de responder a essas questões que vêm da mídia e de diferentes setores. Todos querem saber quem é essa pessoa tão próxima da Marina. Mas espero que isso seja mantido dentro de uma visão de debate de ideias, não de preconceitos ou rótulos. De olhar a minha trajetória, Gostaria que as pessoas entrassem no Google para ver a minha vida profissional. Quero mostrar minha história, não tenho nada a esconder.
O Roberto Setubal disse, recentemente, que a eleição de Marina seria algo natural para o País. Isso é uma indicação de voto?
Não, quando o Lula ganhou, em 2002, também ficou famosa uma declaração dele de que o País não ia mudar, porque o mercado financeiro, naquele momento, estava agitado, a Bolsa caiu e tudo. Acho que, agora, a fala dele foi uma constatação das pesquisas, não uma posição política . Não sei em quem ele vota.
A senhora conversa com ele sobre política?
Converso, porque, na minha casa, com o meu pai, sempre se falava sobre dois assuntos: política e economia. Outros temas não entravam quando ele estava próximo. Então, todos nós falamos bastante sobre política e economia. Mas o Roberto nunca declarou voto.
Em um eventual governo de Marina Silva, haveria algum tipo de conflito de interesses com relação às decisões do Banco Central, já que a senhora é acionista do Banco Itaú?
Eu entendo que as pessoas acabem fazendo uma confusão entre minha história profissional, meu trabalho, e o Banco Itaú. Mas nunca ocupei nenhum cargo no banco, jamais participei de nenhum conselho deliberativo. Faço parte de um conselho consultivo da Fundação Itaú Social. Nunca fiz declaração - pode dar Google - sobre o banco, não participo das decisões nem de nenhuma reunião do banco. Meu trabalho é estar com a Marina.
Entende de economia?
Não, não entendo nada de economia. Agora, como coordenadora do programa, obviamente tive de participar de todas as discussões, mas não tive interferência nenhuma na área de economia, há vários economistas que respondem por essa parte do programa da Marina.
Uma última pergunta: já que a senhora não entende de economia, como aplica seu dinheiro?
No private do Itaú (risos).
Sonia Racy

"NOVA POLÍTICA" COSTELA DO CACHACEIRO VIGARISTA OU : Um debate abastardado

Seria engraçada se não fosse deplorável a troca de acusações entre as candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva sobre quem é mais submissa aos banqueiros. Começou, como sabem todos quantos tiveram a desventura de ouvi-las, com um ataque rombudo da presidente à promessa da adversária de que, eleita, encaminhará projeto de lei para tornar o Banco Central (BC) autônomo em relação aos governos de turno e ao Congresso Nacional. 

Em um vídeo de propaganda, na segunda-feira à noite, Dilma se pôs a "explicar" ao público o que significaria, no seu entender, o que "parece algo distante da vida da gente, né?". Seria nada menos do que "entregar aos banqueiros" um poder imenso "sobre a sua vida e a de sua família". Seu fiel escudeiro, Marco Aurélio Garcia, completou a estultícia: "Se houver essa independência, que será a dependência dos bancos privados, teremos a impossibilidade de formular políticas macroeconômicas e de desenvolvimento".

Marina replicou por baixo; fulanizou a discussão, disparando que "nunca os banqueiros ganharam tanto" como no atual governo, graças à "bolsa empresário", à "bolsa banqueiro", à "bolsa juros altos". Trata-se de uma rajada de despropósitos, a começar do primeiro, que deve ter caído no meio empresarial, que carrega um caminhão de justas queixas da assim chamada política econômica, como uma massagem de sal nas suas feridas. De mais a mais, funcionando como funciona o BC, a inflação supera a meta e a economia cambaleia entre a recessão e um pífio crescimento de menos de 1%.
A personalização da pendenga era tudo o que Dilma queria, desde que tomou a decisão (ou tomaram por ela) de partir para cima da rival, trocando as luvas pelo soco inglês. A campanha da presidente parece ter concluído que as suas chances de dar a volta por cima no segundo turno, desmentindo as pesquisas que apontam a vitória da pregadora da "nova política", variam na razão direta da competência de Dilma em oxidar a aura graças à qual a ex-petista, concorrendo pelo Partido Verde, colheu desconcertantes 19,6 milhões de votos na disputa de 2010.

A presidente há de ter intuído que, se é para falar em banqueiros - atrás apenas dos políticos entre os campeões do desafeto nacional, especialmente na população mais pobre -, o negócio é vincular a desafiante aos vice-líderes desse inglório duelo. E mandou ver.

"Não adianta querer falar que eu fiz 'bolsa banqueiro'", retrucou. "Eu não tenho banqueiro me apoiando. Eu não tenho banqueiro me sustentando." É preciso ser muito desinformado para ignorar a pontiaguda alusão à educadora Maria Alice Setubal, a Neca, cujo irmão Roberto preside o Itaú Unibanco, o que a torna herdeira da instituição.

Amiga de longa data de Marina, ela coordena o seu programa de governo e faz a ponte entre a candidata e o empresariado (que a olhava de soslaio quando era vice na chapa de Eduardo Campos). Segundo a Folha de S.Paulo, no ano passado Neca doou perto de R$ 1 milhão para um instituto criado por Marina para desenvolver projetos sobre sustentabilidade. O valor equivale a 83% do total arrecadado no período. 

A troca de desaforos terminou - ou ficou interrompida - com Marina perdendo o prumo. "O Banco Central autônomo", argumentou, juntando tudo e misturando, "é para ter autonomia dos grupos que acabaram com a Petrobrás." Mas isso é o de menos. 

O de mais é que é de pasmar: 
a naturalidade com que as candidatas mais cotadas para adentrar ou permanecer no Planalto em 2015 se puseram a abastardar um debate de grande importância para a condução do Brasil - como é naqueles países com os quais aspiramos a ser comparados. O grau de liberdade da autoridade monetária não apenas para fixar a taxa básica de juros, mas também a política de câmbio, além de zelar pela integridade do sistema financeiro, não deveria ser objeto de tiradas marqueteiras.

A escassa familiaridade da grande maioria dos brasileiros com o assunto deveria ser um motivo a mais para que os presidenciáveis se guardassem de usá-lo como tacape eleitoral. Fazendo a coisa errada, escancaram a pobreza substantiva das suas campanhas. A videopolítica, que privilegia o componente pessoal da competição pelo voto sobre o que efetivamente os competidores têm a oferecer ao País, completa o desserviço.


O Estado de São Paulo