"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 09, 2013

Batalha contra inflação está longe de ser vencida


O IBGE divulgou o IPCA de setembro, que ficou em 0,35%, em linha com a expectativa do mercado. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,86%, abaixo de 6% pela primeira vez no ano. Conforme o esperado, a inflação cede um pouco, mas permanece em patamares elevados, mesmo com a atividade econômica fraca (o FMI acaba de revisar o crescimento para baixo, e espera agora apenas 2,5%).


Alimentos e bebidas foi o item que puxou para cima o índice, assim como habitação e vestuário. Transporte saiu de uma ligeira queda em agosto para uma alta de 0,44% em setembro. Ao que tudo indica, o Copom elevará a taxa Selic para 9,5% ao ano hoje, após quatro elevações seguidas depois que a taxa atingiu o mínimo histórico de 7,25%.

Vale notar que vários preços administrados pelo governo ainda estão congelados ou com aumento reduzido e insustentável. A gasolina é um exemplo claro, e o governo deverá autorizar aumento até o fim do ano. A última ata do Copom previa aumento de preços administrados abaixo de 2% em 2013. Não será possível segurar essas tarifas por tanto tempo com a inflação livre rodando acima de 7% ao ano.

A verdade é que a inflação brasileira ainda não foi domada. O BC deve elevar a Selic até 10% ao ano, mas isso, apenas, não será suficiente para conter o aumento de preços. Afinal, o governo ainda mantém uma política fiscal expansionista, enquanto o próprio Copom se engana alegando ser neutra. O crédito estatal também segue em crescimento acelerado.

O resultado é que nem mesmo o BC espera uma inflação convergindo para a meta de 4,5% tão cedo. Isso faz com que as expectativas do mercado se ajustem, e todos passem a esperar inflação na casa dos 6% ao ano, mesmo com crescimento econômico medíocre. Esse patamar, aliás, tem sido o corrente, como podemos ver abaixo, na linha rosa que é a média de 36 meses do IPCA.

Fonte: Bloomberg


A meta “oficial”, portanto, é 6% ao ano na verdade, e não os 4,5% que o governo diz. E para atingir essa meta, bastante elevada para padrões mundiais, o governo tem lançado mão de medidas heterodoxas que não se sustentam, como o congelamento de preço.

Com isso em mente, qualquer um que cantar vitória em relação à inflação está sendo negligente ou mesmo irresponsável. A batalha mal começou, e não será uma guerra fácil e indolor.

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