Duas novas expressões apareceram ultimamente em textos do Banco Central (BC): "PIB potencial" e "taxa de juros neutra".
Nada impede que o BC tente calcular esses dois valores, desde que não divulgue o resultado dos cálculos e que não esteja fundando sua política monetária sobre valores em si muito discutíveis.
De fato, tanto o chamado PIB potencial quanto o juro neutro, além de implicarem grande margem de erros para serem calculados - a ponto de muitos economistas se recusarem a fazer essas estimativas -, ainda trazem o inconveniente de o resultado ser válido apenas por um curto prazo, e de ser muito flutuante.
Causou alguma preocupação o fato de o BC ter feito uma sondagem entre os economistas para saber qual seria o juro neutro na economia brasileira neste momento.
A taxa de juro neutra, segundo a definição de Gustavo Loyola, é aquela em que o PIB se iguala ao PIB potencial, com estabilidade da taxa de inflação no longo prazo.
Partindo dessa definição, pode-se perceber como é difícil atribuir-lhe um valor constante por um tempo suficientemente longo, pois um choque de oferta ou de demanda pode modificá-lo a qualquer momento, como, por exemplo, agora, quando estamos tendo os efeitos da criação totalmente artificial de liquidez mundial.
Cabe acrescentar que a manutenção do valor encontrado exige fiscalização constante e ampla dos fatores econômicos pelo governo.
É fácil prever o perigo para a economia, caso o BC procure fundar sua política monetária nesta hipótese. Estimar uma taxa de juro neutra até pode ser um exercício interessante, mas não para se tornar objetivo ou meta de política.
A noção de PIB potencial é certamente ainda mais perigosa, quando usada para atingir um certo nível de crescimento. Seu cálculo depende de uma série de fatores cujo peso relativo varia no tempo.
Por exemplo, a produtividade da mão de obra, que depende do volume de investimentos realizados, do seu grau de modernidade, da utilização da capacidade instalada, do nível médio de educação e de treinamento dos trabalhadores.
Hoje, por exemplo, a economia brasileira está se defrontando com a falta de operários especializados.
O BC procura calcular esse PIB potencial para avaliar desvios da sua política monetária.
Existe, porém, o risco de que um instrumento usado para testar uma política se transforme em objetivo dela, enquanto essa é uma tarefa do governo, que só deve contar com o apoio do Instituto de Emissão numa política monetária que visa a conter a inflação.
O Estado de S. Paulo
Nada impede que o BC tente calcular esses dois valores, desde que não divulgue o resultado dos cálculos e que não esteja fundando sua política monetária sobre valores em si muito discutíveis.
De fato, tanto o chamado PIB potencial quanto o juro neutro, além de implicarem grande margem de erros para serem calculados - a ponto de muitos economistas se recusarem a fazer essas estimativas -, ainda trazem o inconveniente de o resultado ser válido apenas por um curto prazo, e de ser muito flutuante.
Causou alguma preocupação o fato de o BC ter feito uma sondagem entre os economistas para saber qual seria o juro neutro na economia brasileira neste momento.
A taxa de juro neutra, segundo a definição de Gustavo Loyola, é aquela em que o PIB se iguala ao PIB potencial, com estabilidade da taxa de inflação no longo prazo.
Partindo dessa definição, pode-se perceber como é difícil atribuir-lhe um valor constante por um tempo suficientemente longo, pois um choque de oferta ou de demanda pode modificá-lo a qualquer momento, como, por exemplo, agora, quando estamos tendo os efeitos da criação totalmente artificial de liquidez mundial.
Cabe acrescentar que a manutenção do valor encontrado exige fiscalização constante e ampla dos fatores econômicos pelo governo.
É fácil prever o perigo para a economia, caso o BC procure fundar sua política monetária nesta hipótese. Estimar uma taxa de juro neutra até pode ser um exercício interessante, mas não para se tornar objetivo ou meta de política.
A noção de PIB potencial é certamente ainda mais perigosa, quando usada para atingir um certo nível de crescimento. Seu cálculo depende de uma série de fatores cujo peso relativo varia no tempo.
Por exemplo, a produtividade da mão de obra, que depende do volume de investimentos realizados, do seu grau de modernidade, da utilização da capacidade instalada, do nível médio de educação e de treinamento dos trabalhadores.
Hoje, por exemplo, a economia brasileira está se defrontando com a falta de operários especializados.
O BC procura calcular esse PIB potencial para avaliar desvios da sua política monetária.
Existe, porém, o risco de que um instrumento usado para testar uma política se transforme em objetivo dela, enquanto essa é uma tarefa do governo, que só deve contar com o apoio do Instituto de Emissão numa política monetária que visa a conter a inflação.
O Estado de S. Paulo
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